Por Acaso. escrita por Aliyah


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Leia as notas finais, por favor. :3



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         Se você me perguntasse como foram os últimos dias, eu não saberia exatamente como lhe responder. Quer dizer, já se passou um mês – ou até mais – desde a última vez em que eu vi Chris. Bem, nesse meio tempo eu apenas trabalhei, dei um jeitinho no apartamento, comi, dormi e pronto. Sim, a minha vida estava um completo tédio e eu não tenho muito ânimo para levantar a bunda da cadeira e fazer algo para melhorar.

         Mais um dia de trabalho, e eu estou apenas arrumando e colocando alguns cupcakes recém feitos pela Eileen nas prateleiras do balcão. Minha cabeça doía um pouco, mas era provável que fosse só por falta de alimentação. Bem, digamos que eu também não tenha sentido muito apetite ultimamente. Kurt está do outro lado da loja, me olhando como se estivesse prestes a jogar um tijolo bem no meio da minha cara. Solto uma risada rouca só de pensar na situação, o que o faz arquear as sobrancelhas e continuar ali, parado.

– O que foi agora, Kurt? – finalmente pergunto, incomodado com aquele silêncio todo e os olhares penetrantes. Ele demora para responder, mas finalmente se aproxima.

– Arthur, você está vivendo praticamente como um zumbi nesses últimos... Nesse último mês? Porra, você só trabalha e dorme.

         Encarei-o um tanto surpreso enquanto pegava um pedaço de torta e dava uma boa mordida. Só agora havia percebido o quanto estava com fome.

– Não, eu faço outras coisas... – me defendi.

– O que, por exemplo?

– Eu... Eu saio com meus amigos de vez em quando. – Beleza, por que eu estava mentindo? Que merda tem na minha cabeça?

– Não, você não sai com seus amigos. Você tem amigos, aliás? – ele perguntou, cruzando os braços e se apoiando no balcão à minha frente. Desviei o olhar por instinto, enquanto mordia e mastigava lentamente o pedaço de torta.

– Ta. Eu não saio, mas isso é problema meu.

         Oh, acho que eu não deveria ter falado isso. Kurt soltou um pequeno suspiro, finalmente deixando de lado aquela pose de durão – que no fim das contas, combinava com o seu físico, mas não com o psicológico. Ele enfiou a mão no bolso da calça e de lá retirou dois pequenos papéis pretos, entregando-me um deles e voltando a cruzar os braços.

– É a entrada de um show que vai ter hoje a noite. Tentei chamar uma garota e ela recusou, maldita. Enfim, você vai ir, cantar, beber e se animar um pouquinho.

         Eu realmente queria recusar. Shows? Não, me traziam lembranças demais. Além de me trazer aquela pequena parcela de esperança de encontrar Chris e, depois, a outra pequena parcela de culpa ao pensar em Ana. Encarei o ingresso em minhas mãos, mordendo os lábios.

– Onde vai ser isso? – perguntei, encarando-o e vendo um largo sorriso se abrir em seus lábios.

– É num bar perto da minha casa, te levo se quiser, ou passo o endereço... Seja como for, fico feliz que você vai sair um pouco dessa sua vida preta e branca.

         Certo, tudo bem, devo admitir que ver aquele sorriso bobo nos lábios grossos de Kurt me deixou um pouco mais animado. Ultimamente eu andava como se estivesse com uma nuvem negra sobre mim, e nada nem ninguém conseguia ficar feliz com a minha presença. Caralho, eu sou MUITO dramático.

– Me manda o endereço por sms. Vou com o meu carro, se eu quiser ir embora mais cedo, fica mais fácil. – dei um pequeno sorriso, olhando-o enquanto digitava e logo sentindo meu celular vibrando no meu bolso.

– Até... Depois. Vou ir comprar uns negócios pra minha mãe agora. Bom trabalho!

         Ainda com um sorriso de orelha a orelha, Kurt saiu da loja e sabe-se lá para onde ele foi. Continuei arrumando algumas prateleiras, depois vendendo alguns doces e logo já estava na hora de ir pra casa. Enquanto arrumava minhas coisas e logo em seguida me despedia de Eileen – ganhando um bolo de cenoura pra levar para casa por que, sim, minha patroa era uma fofa – me lembrei de que eu ainda não sabia o horário do tal show, e nem havia o perguntado para Kurt. Merda... Peguei o celular no meu bolso e vi que felizmente o horário também estava no sms, junto com o endereço. Eu ainda tinha cinco horas livres e tediosas, até meu primeiro compromisso nesse mês inteiro.

         Enfiei a chave no carro e dei a partida, dando algumas voltas pelo bairro antes de voltar ao meu apartamento.          Talvez eu devesse passar no mercado e comprar algumas coisas, minha geladeira estava abastecida apenas de cerveja e um pedaço de salame. Céus, eu nem sei como havia sobrevivido apenas com isso... Certo, eu passaria no mercado. Assim o fiz, virei a direita uma rua depois de ter passado pelo prédio de tijolos vermelhos e entrei no mercado, pegando tudo de bom que eu via pela frente: lasanhas, pizzas, legumes congelados, iogurtes, doces, salgadinhos. Claro, eu não era muito bom cozinheiro, então passei a maior parte do tempo na seção de congelados. Compras feitas, voltei pra casa e guardei tudo na geladeira, era até bom vê-la cheia dessa maneira. Parti para o chuveiro e tomei um bom banho quente... O que eu iria vestir? Nos últimos dias eu pegava qualquer coisa que visse pela frente, mas vai que eu encontrava alguém especial por lá? Ah, merda, eu estava novamente pensando essas coisas! Chris Chris Chris, eu tinha que me livrar desse cara maldito e partir pra outra. Vesti uma calça preta, coturno, camiseta branca e uma jaqueta de couro por cima. Simples, rápido e prático. Depois de me vestir e comer uma bela fatia de bolo, acabei adormecendo no sofá, assistindo algum filme sem graça – que devia ser engraçado – na TV.

         Acordei com o celular vibrando, Brody Dalle cantando em plenos pulmões e uma repórter falando qualquer coisa em francês na TV. Desliguei-a e peguei o celular, lendo a pequena mensagem que havia na caia de entrada. Como você deve imaginar, era de Kurt.

“MALDITO. Você tem vinte minutos pra chegar aqui. O show já começou, e se você não vir, não vai gostar nada do que farei com você assim que aparecer na sua porta. Com carinho, Kurt.”

         Ah, inferno. Por quanto tempo eu dormi? Ou melhor, que porra de ameaça foi essa? Com um suspiro, me levantei e peguei as chaves do carro, descendo pelas amplas escadas até o estacionamento.


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Notas finais do capítulo

Oi anjos, devo pedir desculpas novamente pela demora pra sair esse capítulo - e pela merda que ele saiu. Prometo que o próximo será melhor e espero que eu consiga escrevê-lo o mais rápido possível.
Obrigada por lerem e muitíssimo obrigada pelos reviews, vocês me fazem continuar. ♥



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