Por Acaso. escrita por Aliyah


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, quero pedir desculpas pela demora. Sei que eu demorei e muito pra escrever esse capítulo, mas quem escreve sabe como é, eu realmente preciso de inspiração pra sair algo bom. Hoje eu acordei às sete da manhã, e inspirada. Bem, esperem que gostem do resultado.



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            Depois de mais um beijo – um selinho, na verdade – Chris finalmente desceu de cima da mesa, me deixando ali, deitado e quase sem camisa. Ele se levantou e foi até um espelho que havia perto da porta, passando a mão sobre os cabelos e um lenço na testa suada. Apenas o observei, sentado em cima da mesa. Por que eu havia deixado tudo aquilo acontecer? Tudo bem, o motivo era mais do que óbvio, mas eu não queria me magoar. Por favor, não. E Ana? Ela estava grávida. Qual é o meu problema?

– Que foi? Está começando a se arrepender? Ainda nem fizemos nada. – Chris murmurou, voltando a se aproximar e fechando os botões da minha camisa, já que eu ainda estava parado igual um idiota.

– É claro que estou arrependido! Não por mim, mas... Caralho, me sinto como aquelas vadias que não se importam em sair com caras casados.

            É claro que Chris riu depois que eu disse isso. Riu bastante, aliás, e meus olhos se iluminaram ao ver aquele sorriso, tão próximo. Eu nunca soube como ou quando comecei a gostar de Chris. Claro, eu não gostava dele antes daquele primeiro beijo, e muito provavelmente demorei um tempo até gostar depois disso... Mas, ao ver aquele sorriso, eu sinto como se tivesse sido apaixonado por ele por uma vida inteira. Assim que ele terminou de abotoar minha camisa, começou a se afastar novamente, mas eu fiz questão de segurar seu pulso e puxá-lo de volta para mais perto. Não podíamos continuar com aquilo tudo.

– Chris, você sabe que isso tem que acabar. Aqui e agora. – murmurei, baixando o olhar para minhas próprias pernas. Pensei que conseguiria encará-lo, mas não o fiz.

– Foi você quem começou tudo isso, pra início de conversa. – senti que Chris fazia uma cara feia, provavelmente estava bravo. Mas ainda não conseguia encará-lo – Mas se é o que você quer... – ele murmurou, segurando meu rosto e me obrigando a olhá-lo nos olhos. Aqueles olhos... – Tudo bem. Não vamos mais nos ver. Eu não posso ficar perto de você sem fazer algo de errado, e imagino que seja o mesmo com você.

            Concordei lentamente com a cabeça, não arriscaria falar. Talvez, se eu abrisse a boca, protestaria e tudo iria por água abaixo. Inclusive o casamento de Chris. Ele apenas soltou um suspiro e se afastou de mim, saindo do escritório e me deixando ali, sozinho. Bem, eu deveria segui-lo. Deveria me despedir de Ana, pelo menos. Desci da mesa e já estava perto da porta quando me lembrei de uma coisa: o livro. Não faria mal se eu o pegasse, certo? Provavelmente Chris tinha uma cópia ou algo do tipo. Voltei e peguei o pequeno livro de capa preta, enfiando-o na mochila que carregava nas costas. Saí do escritório e fechei a porta atrás de mim, trancando-a com a chave que já estava na fechadura.

            Caminhei novamente até a área perto da piscina, e vi que Ana havia levado o bolo até lá. Ela estava pegando alguns pratos, copos e garfos quando me viu e ficou me encarando... Bem, ela não parecia suspeitar de nada. Apenas estava confusa.

– Ora, Arthur, pensei que você já tivesse ido embora... Quer dizer, não que eu queira isso, é que Chris estava no escritório e...

– Eu estava no banheiro. – eu disse, rapidamente. Dei um pequeno sorriso, mas senti que minhas bochechas estavam corando um pouco – Sabe como é, acho que bebi demais.

            Ana soltou uma risadinha, acenando como se dissesse “Vamos esquecer essa história” ou “Informação demais”. Voltou a arrumar os pratos e eu a segui, parando perto da mesa do bolo. Talvez houvesse apenas umas dez pessoas ali, e todas pareciam ser amigas de Ana ou apenas conhecidos de Chris. Este, estava sentado numa espreguiçadeira, olhando para a frente como se perdido em pensamentos. Ana se aproximou dele, passando as mãos no cabelo negro – e macio – de Chris. Ele apenas sorriu em resposta e se levantou, indo para trás do bolo e olhando rapidamente para mim. Como ele podia manter toda aquela pose pomposa e ninguém nem suspeitar do que estávamos fazendo naquele maldito escritório? Eu sentia como se tivesse um letreiro em cima da minha cabeça, com a frase “Ei, seu marido estava quase me comendo no escritório!” em letras neon. Desviei minha atenção à festa e logo todos começaram a cantar os parabéns. O mais legal em festas de aniversário é a cara de bobo que o aniversariante fica nessas horas, não sabendo de bate palmas, canta junto ou só fica esperando a tortura acabar. Acompanhei a música apenas batendo palmas. Chris deu o primeiro pedaço do bolo para Ana – como já era de se esperar – e depois uma das amigas dela começou a cortar e servir os outros pedaços. Eu já estava pronto para ir embora nessa hora, mas a garota loira me estendeu um pratinho com o bolo e eu não resisti, peguei-o e me sentei em uma das mesas. Observei o bolo que estava em minhas mãos, mexendo-o com cuidado com o garfo. Bolo de chocolate com recheio de morango. Se segurei para não rir, mordendo os lábios. Esse maldito bolo era o meu preferido, e o de Chris também. Assim que eu terminei de comer, já arrumei a mochila nas costas e me levantei, indo embora. Ana percebeu que eu estava indo e acenou para mim, um sorriso frágil nos lábios. Apenas acenei de volta e fui para o meu carro, jogando-me sobre o banco de couro. Finalmente.

            Eu já havia ligado o carro e estava prestes a sair quando ouvi algo bater na parte de trás. Ora, que diabo havia batido ali? Me virei a tempo de ver Chris dando a volta no carro e parando ao meu lado, apoiando-se na janela aberta.

– Você ia mesmo embora sem nem me dar tchau? – ele disse, a voz rouca e um tantinho bêbada. Eu havia me esquecido que ele muito provavelmente estava bebendo antes de eu chegar.

– Hm, sim. Você não disse que não íamos mais nos ver? Achei que fosse o mais normal ir embora e me poupar desse tipo de despedida. Não gosto de dizer adeus.

– Também não gostei de ter dito adeus da última vez. – ele murmurou, fechando os olhos – Olha Arthur... Eu queria que você tivesse vindo antes. Queria não estar quase casado, queria que Ana não estivesse grávida. Mas quando penso que queria tudo isso, me sinto tão egoísta... Você sabe, eu amo aquela mulher. Não posso largar tudo pra ficar com você.

Eu sei. – respondi, rápido demais. Era claro que eu sabia, isso era mais do que óbvio. Mas não é só por que eu sabia que eu queria ouvir. Ouvi-lo dizer tudo aquilo era como levar facadas no coração. Já era a segunda ou terceira, só no dia de hoje.

            Ao contrário de todas as outras vezes em que ficamos em silêncio, aquela quietude toda estava começando a me incomodar. Tudo o que eu queria agora se resumia em duas coisas: ou eu queria me jogar nos braços de Chris, arrastá-lo pra dentro do carro e nunca mais deixá-lo sair de perto de mim, ou eu queria dar partida e sair daquela maldita casa. Obviamente eu faria a segunda coisa. Era o certo.

– Chris, tenho que ir. – eu disse, finalmente. Ele suspirou e saiu da janela no meu carro.

– Adeus. De novo. – Chris murmurou, passando a mão pelo cabelo longo – E de verdade dessa vez.

            Ele riu com o próprio comentário, mas eu não conseguia rir desse tipo de coisa. Apenas dei um sorriso triste e, antes que pudesse me arrepender, dei a partida no carro e voltei o mais rápido possível para meu apartamento. Era a primeira vez que eu me sentia tão triste vendo aquelas paredes amareladas. Enfim entendi que eu estava apenas me sentindo sozinho. Por todo esse tempo, eu me peguei imaginando como seria se eu voltasse a encontrar Chris. Agora que eu o encontrei e descobri que nunca mais poderíamos ser como antes, eu apenas me sentia sozinho. Abandonado entre tantas pessoas, e precisando apenas daquela que eu nunca poderia ter.


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Notas finais do capítulo

Ah, também quero agradecer pelos reviews que estão me mandando. Muito obrigada. *-*' É bem provável que sem eles eu tivesse demorado bem mais pra escrever... Bem, obrigada, vocês são minha inspiração. ♥



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