– Mas que merda é essa?

Lucy veio atras de mim enquanto arrumava a roupa, mas eu já havia começado a correr. Os saltos não estavam me ajudando em nada então eu os tirei e joguei na calçada de alguma casa. Talvez quando eu voltar eu os encontre no mesmo lugar, se eu voltar.

***

Estava com os pés ardendo e minhas pernas pareciam estar debaixo de uma casa com tanta força que preciso fazer. Parei de corre e segui caminhando. Eu estava no bosque. A neve ajudava a amenizar a ardência dos meus pés mas as minhas pernas estavam falhando. Precisei fazer um imenso esforço para continuar subindo. Já havia andado bastante e o asfalto não estava mais ao alcance da minha visão, o bosque estava ficando mas íngreme demais para minhas pernas. Consegui avistar uma pequena casinha de madeira e estava tentando seguir em sua direção mas minhas pernas fraquejaram e eu cai com tudo na neve. Meu corpo estava rolando rápido demais e eu não conseguia para-lo. A única coisa que eu podia fazer era proteger minha cabeça e esperar até parar de rolar, mas na hora em que estava tentando levar meus braços atingi algo extremamente duro. Uma dor veio passando pelo meu corpo como se meu sangue estivesse preso e somente agora pode descer. Uma jorrada passava por minhas veias e sono tomou conta do meu corpo. Algo no interior da minha mente me mandava ficar acordada mas meus olhos tinham vontade própria e a escuridão se apossou de minha mente.

***

Eu estava na casa de madeira onde todos os empregados dos Hoffman tem de ficar. Eu havia ido pegar minha mochila pois hoje era meu dia de folga. Apenas hoje eu poderei ver minha família. Meus filhos . Minha esposa e nossa cachorrinho. Tudo estava bem até que vejo um emaranhado de cores rolando bosque abaixo. Corri na direção desse emaranhado , mas ele estava se movendo mais rápido do que eu. Continua seguindo o caminho que ele deixara e ouvi um outro barulho e um grito. Corri o mais rápido que me era permitido e logo achei o tal emaranhado de cor. Cheguei mais perto e notei aqueles cabelos ruivo alaranjados , era a senhorita que esteva aqui no outro dia. Como é mesmo o nome dela? Me lembro que a levei em casa , mas o nome não me vem a cabeça agora. Ela é amigo do Senhor Thomas.

–Senhorita? Senhorita? - eu sacudi seu corpo mas ela não parecia estar consciente. É melhor eu leva-la para a casa dos Hoffman , talvez alguém possa ajuda-lá.

***

–Alfredo! O que é isso ? - a senhora Hoffman não pareceu nada feliz em ver a menina machucada.

–Desculpe-me senhora, eu encontrei essa menina no bosque aqui perto de sua casa . - tentei explicar.

–E você resolve traze-la para dentro de minha casa?! - ela estava realmente irritada. - Como você tem a audácia de fazer uma coisa dessas Alfredo ?

–Como pode cometer tamanho arrojo? - o senhor Hoffman me olhava com desaprovação .

– Peço desculpas , meus senhores. - eles vou me demitir. - Mas a menina é amiga de seu filho e pensei que talvez o senhor Thomas pudesse leva-la ao hospital.

A senhora Hoffman ia começar a falar mas o Tom a impediu.

– Muito bem feito , Alfredo. Leve-a até meu quarto que eu irei chama o Dr. Edward.

A menina ainda estava em meus braços então eu só tive que subir as escadas. Coloquei-a deitada na cama e cobri seu corpo. Ela ainda estava cheia de neve . Deve estar congelando coitada. Mas acho que já me encrenquei o bastante por hoje. Resolvi apenas sair do quarto e deixa-la sozinha a espera do médico.

***

Ela estava deitada em minha cama, seus cabelos ruivos alaranjados estavam cheios de neve e pareciam ser a única coisa viva em seu corpo. A pele de Hermione estava branca como a de uma pessoa morta. Seu peito não subia então corri até ela para ver se ainda respirava. Sim ! Uma sensação de alivio passou por mim e depois de tocar sua pele gélida eu fui até o aquecedor e o liguei. Por que será que ela esta assim? O que será que a fez vir até aqui. Voltei meus pensamentos para a hora em que ela havia sido trazida por Alfredo.

Quando ouvi minha mãe gritando resolvi descer e ver o que estava acontecendo. Quando cheguei no alto da escada e visualizei Hermione inconsciente nos braços de Alfredo , meu coração começou a bater tão forte que eu senti meu peito doer e perdi o fôlego. Fiquei tentado recuperar a respiração até que ouvi meu pai falar com Alfredo. Quando Alfredo o respondeu eu me dirigi a ele antes que minha mãe pudesse falar qualquer coisa .

Não cheguei a ouvir onde e como Alfredo a havia encontrado . Estava indo procurar por ele quando o Dr. Edward bateu na porta do meu quarto e eu tive que ficar esperando ele examinar a Mione.

Depois de fazer vários exames e por alguns fios , que era ligados a uma maquina bem pequena que mais parecia um controle de televisão , na cabeça da Mione. O Doutor guardou todos os seus aparelhos e veio falar comigo.

– Thomas. - o médico parecia nervoso.

–Sim Dr. Edward.

– Pode se acalmar, sua namorada vai ficar bem.

Namorada? Ele disse namorada? Por que ele pensa que somos namorados?

–Ela não é minha namorada ,doutor. - eu não devia ter dito isso - Mas obrigada , o que aconteceu com ela ? O que eu devo fazer ?

– Bom, ela bateu a cabeça muito forte o que resultou no desmaio, é normal. - o médico parecia calmo agora. - Você deve esperar, troque as roupas dela e mantenha a temperatura do quarto o mais quente possível. Logo , logo ela estará consciente novamente.

– Certo Dr.Edward. Muito obrigado.- disse abrindo a porta para ele. - Meus pais resolveram o pagamento.

– Alfredo!! - gritei.

– Sim, Senhor Thomas. - ele já estava do meu lado.

–Chame alguma moça para trocas as roupas da Hermione e conduza o doutor até meus pais.

***

Minha cabeça está doendo muito , o que faz com que eu leve minhas mãos até ela. Lentamente abro meus olhos e vejo o Thomas. Ele está sentado numa poltrona no canto do quarto , lendo.

– Onde eu estou ? - pergunto com uma voz rouca e falhada.

– Você acordou! - disse o garoto após ter jogado o livro no chão para que eu não o visse.- Como se sente?

–Minha cabeça dói. - disse enquanto me sento na cama em que estou. - Onde eu estou, Tom ?

– No meu quarto, o Alfredo te achou caída na neve e te trouxe . Você bateu a cabeça numa … espera ai, você me chamou de Tom ?!

–O quê? Claro que não, eu te chamei de Thomas. T-h-o-m-a-s, Thomas !

– Você me chamou de Tom , sim.

– E você gosta de ler, seu nerd !- disse enquanto me levantava . Assim que eu fiquei de pé os olhos de Tom desceram até as minhas pernas e eu notei que eu estava de calcinha e com uma camisa grande por cima. Me joguei na cama novamente e puxei as cobertas para minhas pernas. - Pare de me olhar, seu pervertido!

– Desculpa, eu só estava vendo suas pernas, que alias são muito bonitas. - disse abrindo um sorriso sedutor que fez meu rosto esquentar.

O que ? Thomas Hoffman me pediu desculpas ? Mas como assim? Isso é impossível, acho que bati a cabeça com muita força.

– O que aconteceu com você? Como você foi parar no bosque ?

– Eu, eu eu …. - não podia responder a ele. Como eu poderia falar que eu tinha corrida para não cair no choro ? Como poderia falar que meus melhores amigos estavam  quase comendo um ao outro no sofá da minha casa ?

– Você, você… - ele me imitiu enquanto sentava-se na cama. - Se não quiser falar não precisa.

– Bom, eu estava correndo descalça e o asfalto estava queimando meus pés, então eu comecei a subir o bosque por que a neve estava amenizando a ardência , mas quando eu cheguei na parte mais íngreme minha perna não aguentou e eu caí e acho que bati a cabeça , não me lembro bem .

– Correndo descalça? Por que  fez isso ?

– Eu estava descendo as escadas e eu vi a Lucy e o Ryan sabe, eles são meus melhores amigos… - e eu comecei a chorar no meio da frase . 

Eu não posso chorar na frente dele. Pareço uma fraca. Que merda! 

– M-m-me desculpe . - tentei falar entre soluços.

– Não precisa se desculpar. - Ele disse chegando mais perto de mim.

Quando finalmente consegui parar de chorar eu me distanciei dele e finalmente tomei coragem de falar.

– Eles estavam ficando no sofá, sabe o sofá da minha casa. E eles são meus melhores amigos, eles tinham que me contar que estavam juntos. Foi horrível eu me senti traída. Como se eles não confiassem em mim .

Tom chegou mais perto de mim novamente e nossos corpos ficaram a uns quinze centímetros de distancia um do outro.

– Eles são uns tolos por não confiarem em você. - ele pegou meu queixo por entre o indicador e o polegar. 

– Você acha mesmo? - eu estava ficando nervosa e sequei o suor das minhas mãos na barra da camisa . 

– Não, eu só falei isso pra você ficar tranquila. - ele puxou meu queixo para mais perto fazendo-me fita-lo. 

– Me desculpe, pelo tapa.

Ele abriu aquele sorriso sedutor dele e fez meu rosto queimar. Aposto que estou corada. 

Depois de alguns minutos me afastei dele e falei : Acho melhor eu voltar para casa. Eles devem estar preocupados.

– O quê? São meia noite, você não vai sair sozinha a essa hora. Além do mais o medico mandou você ficar em repouso. 

– M-m-mas… - não terminei a frase pois Alfredo bateu na porta e sem ao menos esperar por uma resposta ele entrou.

– Licença Tom, mas o seu pai quer que eu ligue para o pai da menina e peça para ele vir busca-la. O que devo dizer? - ele deu um pequeno pulo ao notar que eu estava acordada. - Oh! Que bom que esta acordada senhorita.

– Alfredo, ligue para o pai dela e diga que ela irá ficar aqui ,até acordar, como o médico mandou e amanhã ela deve voltar para casa. Em hipótese alguma, conte a ele ou a meus pais que ela já acordou. - ordenou Tom 

– Sim senhor.

***

– Acorda! Mione, Acorda! - Tom balançava meus ombros com força demais.

– O que ?! - falei com uma voz sonolenta enquanto esfregava os olhos .

– Tenho uma surpresa pra você. Levanta logo e se troque. - ele disse jogando uma bolsa em mim.

No interior da bolsa tinha um vestido preto com uma listra laranja que ficou na meio da minha coxa , uma camisa jeans que ficou larga demais ( devia ser dele) e um all star branco . Devo confessar que a roupa ficou muito bonita. Gostaria de saber onde ele arrumou esse vestido. 

– Pronta?! - ele perguntou enquanto entrava no quarto sem ao menos bater na porta.

– Sim! Você vai me levar pra casa , né?

– É uma surpresa, agora vamos que já estamos atrasados.

Entramos no carro e depois de uma hora estávamos no pequeno aeroporto onde era preciso pegar um pequeno avião para sair da cidade.

– Pra onde nós vamos , Thomas?

– Se você me chamar de Tom eu te respondendo. - ordenou Hoffman. 

–Certo, Tom! - falei o nome dele de maneira sarcástica. -Ou você me responde ou eu vou gritar. 

– Se prepare Hermione, nós vamos para New York. - ele abriu a boca fingindo surpresa e depois estendeu os braços como se fosse me abraçar.