Ele levantou e me puxou pela cintura nossos rostos estavam a poucos centímetros e eu achei que ele faria o mesmo que fez na escola. Só que dessa vez ele não perguntou nada.Ele virou o rosto um pouco esquerda e beijou meu queixo.Voltou o rosto para a posição normal e ficou olhando para os meus lábios e depois me olhou fixamente nos olhos.Ele chegou mais perto e encostou a testa na minha.

–Para com isso!- disse enquanto olhava para minhas mãos que estavam cruzadas contra minha barriga já que eu não sabia o que faria com elas.

–Com isso o que ?- disse abrindo aquele sorriso que eu tanto odeio e que ao mesmo tempo amo.

–Sr. Hoffman a Srta. Stone está lhe aguardando no mesmo lugar de sempre e mando que se apressasse. - o homem era baixinho e devia ter uns 50 anos ,vestia um terno preto com uma imensa cauda parecendo um pinguim.

–Mande ela ir embora.- disse Tom irritado.

–Sinto informar senhor , que a Srta. encontra-se em um estado muitíssimo nervoso e seria melhor o senhor ir vê-la. - insistiu o mordomo.

–Bem, acho melhor você ir embora Hermione- disse enquanto botava minha bolsa no meu ombro e me empurrava em direção ao mordomo.- Alfredo, leve-a até a garagem. Pode escolher o carro que quiser…

–M-m-mas Thomas e o nosso trabalho?- disse me virando para ele que já estava no meio do longo corredor.

–Amanhã eu passo na sua casa.

Alfredo me levou até a garagem onde haviam uns 10 carros luxuosos estacionados. Na parede haviam muitas chaves e eu fiquei totalmente perdida. O mordomo não havia falado comigo em momento algum.

–Então.. qual o carro mais velho e mais seguro para eu levar.- disse entre dentes.

–Acho que o mais seguro seria o Cadillac Eldorado, 1967 -disse apontando para um carro preto baixo e antigo porém muito bonito e bem cuidado. -Vou pegar as chaves para a Srta.

Fiquei parada sem acreditar que eu voltaria para casa em um Cadillac. O mordomo me entregou as chaves e apertou um botão na parede que abriu a garagem. Eu entrei no carro , sentei no banco do motorista e joguei a bolsa no banco ao lado.Assim que liguei o motor eu travei. Entrei em estado de choque e novamente lembrei-me do pesadelo que foi o carro capotando. Tampei meus ouvidos e comecei a chorar. Poucos minutos depois eu estava sentada no chão encolhida e chorando feito um bebe. O mordomo me levou para dentro e pediu que eu sentasse no sofá. Eu já estava melhor mas com certeza eu não conseguiria dirigir até em casa.

–Qual seu nome Srta. ? - disse o mordomo enquanto me entregava uma xícara de chá.

–Dobrey, Hermione Dobrey.- disse olhando para a xícara de chá.- Desculpe mas posso usar o toilet?

–Ah o lavabo está quebrado então vá no segundo andar, no fim do corredor uma porta a esquerda. É fácil, qualquer coisa me chame. Sou Alfredo.

Eu subi as escadas e virei no corredor .Segui até o fim e entrei na primeira porta a esquerda.

–Mas que merda é essa? - gritei ao perceber que não era um banheiro e sim um quarto onde eu pude notar o Tom aos beijos com a Jessica. Sim a Jessica. A namorada no Ryan. A garota da voz irritante.

–Hermione? - disse Jessica após se recuperar do susto. - O que ela está fazendo aqui Tom?

–Você é um idiota, não acredito que eu quase beijei você.- disse enquanto sai voltando a percorrer o mesmo caminho que eu havia feito. Corri pelo corredor para que pudesse descer o mais rápido possível.

–Alfredo, você pode me levar até minha casa? - perguntei enquanto entrava na cozinha.

–Claro Srta. Dobrey, vou pegar o carro.

Voltei a sala para pegar minha bolsa e vi o Tom descendo as escadas.

–Hermione, prometa! Prometa que não contará nada a ninguém.

–Vocês estão namorando?- minha voz estava vacilando.

–Não, nós estávamos conversando e acabou acontecendo, mas foi a única vez. Eu juro.

–Você não tem que jurar nada a mim. - me virei e fui para a garagem.

Quando cheguei na garagem Alfredo já estava no lado de fora esperando que eu entrasse no carro. Como todos na cidade ele sabia onde era minha casa. Chegamos em menos de 15 minutos. Agradeci ao Alfredo e depois de ter certeza se eu estava bem ele foi embora.

–Hey, onde você estava?- perguntou James ao me ouvir fechando a porta.

–Boa noite pra você também! - disse indo a sala.- Eu estava fazendo um trabalho.

Quando finalmente cheguei a sala dei de cara com a Lucy. Ela estava sentada na poltrona com as malas aos seus pés. Corri até ela e tropecei nas malas caindo no colo dela.

–Que saudade!- disse enquanto a abraçava e tentava me levantar.

–Eu estava morrendo de saudades! Achei que nunca mais nos veríamos!Você faz muita falta!Tenho tanta coisa pra te contar!

–Eu também! Venha vou te levar até seu quarto .

Pegamos as malas dela e fomos até o quarto de hospedes que ficava ao lado do meu. Ajudei a arrumar tudo enquanto ela me contava as novidades.

–Sabe amiga, eu terminei com o John.- disse Lucy enquanto colocava suas roupas no armário.

–Porque Lu? Vocês namoravam a 1 ano já.O que aconteceu?- perguntei assustada.

–Ele me traiu com a Julia.-disse Lucy enquanto cai em lágrimas.

–Não fica assim amiga. Ele é ridículo e ela é um piranha de quinta. Eles não merecem suas lagrimas.

Conversamos durante uma hora e eu lhe contei da Jessica e do Tom. Contei sobre o Ryan. Ela disse que eu estava caida pelos dois . Contei da festa e ela disse que nós teríamos que ir.

[…]

Lucy e eu tomamos nossos banhos e fomos nos arrumar. Mesmo depois do que eu vi eu teria de ir a festa. Eu queria ver a cara da Jessica. Quero ver ela se ajoelhar e pedir para que eu não conte nada. Lucy colocou sua roupa e foi se maquiar enquanto eu fui me vestir e maquiar. Ficamos prontas e Lucy pegou meu carro e seguimos em direção a festa.

A festa era na casa do Tom. Eu já sabia o caminho mas mesmo assim usei o GPS. Assim que chegamos Alfredo veio pegar o carro para estaciona-lo.

–Srta. Dobrey é um prazer vê-la novamente.Você está melhor? - disse enquanto pega as chaves da mão de Lucy.

–Sim Alfredo, muito obrigada pela sua preocupação.

Os carros da cidade eram bem simples então quando chegamos no meu Porsche todos no estacionamento ficaram olhando e comentando.

–Bem que você disse , aqui é uma roça- disse a Lucy rindo.

Subimos rindo e quando chegamos na parte da piscina onde estava rolando a festa dei de cara com a banda mais maravilhosa do mundo e o que parecia ser a cidade inteira. Maroon 5 estava tocando na festa. Assim que chegamos no deck o Adam Levine, que era amigo das nossas mães deu um tchauzinho pra gente. Metade da festa virou para ver pra quem era.

–Você veio!- a voz fina e irritante veio gritando atrás de mim.

–Sim Jessica eu vim- disse abrindo um sorriso amarelo.

–Podemos conversar em particular?

– Esta é a Lucy- disse apontando para minha amiga- A Lucy sabe tudo que eu sei, portanto não precisa esconder nada dela.- fiz questão de deixar claro.

–Tá bem então, por favor não contem nada para o Ryan. Eu sei que vocês são amigos, mas ele tem um grande jogo que vai decidir a vida dele.Ele está muito tenso . Quando isso tudo passar eu prometo que contarei a ele. Eu e o Tom não gostamos um do outro , isso foi apenas uma recaída. Mas pode ter certeza que eu contarei ai Ryan. - disse com os olhos cheios de água.

–Pensarei a respeito- disse abrindo um sorriso. Agora poder me mostrar onde estão as bebidas?

–Perto da escada que dá para o andar de cima- disse cabisbaixa e com voz de choro.

Fomos andando até onde se encontrava um mesa cheia de bebidas.Tinha de todos os tipos de batidas, drinks. Muito álcool. Amanhã tem aula e terá muito gente de ressaca. Vai ser engraçado. Enquanto eu pegava um dry martini e a Lucy uma batida de morango. O Tom veio falar comigo. Ele estava atrás de mim e falou baixo no meu ouvido.

–Venha comigo, por favor. - disse tão gentilmente que eu nem acreditei que fosse o Tom.

–Lucy me dê licença um instante. Fale com o Ryan.- disse apontando para o Ryan que estava sentado numa cadeira.- Hey Ryan está é a Lucy, poderia fazer companhia a ela?

O Ryan assentiu e eu segui o Tom sem que ninguém notasse que estávamos entrando na casa.

– O que você quer comigo? Se for pra falar da Jessica eu nem ficarei para ouvir.- Ele nem sequer virou para me olhar, foi em direção ou seu quarto. E eu o segui igual a um cachorro sem dono.- Thomas ! Eu estou falando com você!

–E eu ouvi.- quando ele se virou para mim eu notei que sua camisa estava toda suja de vinho.

–Caramba! Você sabe que vinho mancha né?

Ele me ignorou e foi em direção ao guarda roupa.Ele tirou a camisa azul que estava e me olhou. Pegou duas outras camisas em seu armário e veio na minha direção. Ele estava sem camisa e eu não conseguia tirar os olhos de seu peitoril. Ele era extremamente forte e bonito. Seu cabelo precisava ser cortado e os cachos longos e grossos caiam sobre seu rosto me impedindo de ver seus olhos. Eu voltei minha atenção para seu peitoril. Ele riu.

–O que nós viemos fazer aqui?- disse depois que me recompus.

–Nos viemos terminar o que começamos hoje de manhã.

– O trabalho? Mas estamos numa festa!

–Foi por isso que mandei fazerem ela aqui. - disse abrindo aquele sorriso - Assim você não teria como escapar.

–Tudo bem então.

Me sentei na bancada onde estavam seu computador e várias folhas. Peguei um caderninho e vi que haviam desenhos em seu interior. Desenhos muito bonitos. Desenhos do Tom.

–São muito bonitos- eu disse mais para mim do que para ele.

–O que ?- ele se virou para mim e quando viu que eu segurava seu caderno ele arregalou seus olhos e ficou boquiaberto- Não mexa ai.

–Sou eu?- havia um desenho de uma menina sentada num tronco de árvore na praia, ela era ruiva e tinha cabelos longos como os meus. Alguns traços de seu rosto eram idênticos aos meus. A menina estava com uma aparência triste e cansada. A aparência que eu vejo todo dia no espelho.

–Sim . - disse enquanto tirava o caderno de minhas mãos e limpava meu rosto que agora se encontrava coberto em lágrimas. - Você não gostou?

–G-gostei s-s-sim . - minha voz estava vacilante.

– Então por que está chorando? - ele não tinha sentimento nenhum na voz.

–Porque eu não queria ser assim. Eu era tão alegre, magra , bonita e sempre disposta. Mas agora eu não sinto mais nenhuma vontade de viver. Eu apenas finjo sentir. Apenas finjo esquecer. Mas toda vez que eu chego na casa do James eu desabo. Sempre acho que encontrarei minha mãe na cozinha e Tyler no meu quarto mexendo nos livros que eu fiz tanta questão de esconder, mas eu nunca mais os verei. Porque eu os mat..- ele botou um dedo em meus lábios com a intenção de me calar.

–A culpa não é sua.

Ele me abraçou e eu deixei. Me alinhei em seus braços como uma criança indefesa. E assim ficamos . Em silencio. Enquanto eu chorava ele afagava meu cabelo e cantarolava em meu ouvido. Sua voz era doce e calmante como a canção de ninar de uma mãe. Eu adormeci em seus braços.

[…]

–Você viu a Hermione?- perguntei a uma menina que eu nem faço ideia de quem seja.

–Não- disse a estranha enquanto se preparava para regurgitar.

A festa já havia terminado e tudo que restava eram os bêbados que nem sequer sabiam quais eram seus carros. O Adam veio falar comigo e eu dei um fora nele, com certeza minha mãe iria me matar quando descobrisse. Achei a tal da Jessica.

–Hey você viu a Hermione?

–Não. Você viu o Ryan?- disse enquanto olhava em volta. - Será que eles estão juntos? Será que ela contou a ele?

–Acho que não. Ela sumiu a um tempão.

Foi nessa hora que nós ouvimos um grito vindo de dentro de casa. Nós duas corremos escada a cima e quando chegamos na sala demos de cara com a Hermione descalça, com a maquiagem borrada, o cabelo bagunçado o vestido amassado e gritando. Em sua frente haviam dois meninos brigando. Um deles era o Ryan e o outro eu não conhecia. Ela gritava para que eles parassem . Jessica foi correndo e começou a gritar junto com a Mione. Eles não pareciam sequer ouvi-las. Num surto de loucura Mione se jogou na frente do menino que eu não conhecia e gritou para o Ryan : Já chega !

–Ryan! O que aconteceu? -perguntava Jessica enquanto toca no olho roxo do menino.

–Nada demais ! - disse o menino que eu não conhecia e que tinha o nariz sangrando. Hermione o levou ao banheiro.

–Por que vocês estavam brigando? - perguntei ao Ryan- Quem era esse cara?

–Era o Tom! Eu encontrei a Hermione deitada na cama dele e o soquei.

–O que ? Você estava defendendo ela? Aquela vadia? - gritou Jessica.

–Vadia? Vadia é você! Pensa que eu não sei que você vem me traindo com todos os garotos que pode.- ele se livrou dos braços dela e desceu a escada.

– O que ? Quem lhe contou isso ?

– Os meninos. Eu só estou com você porque seu pai tem me pagado para isso. Ele sabe a vadia que você é . Ele não queria manchar o nome dele e me pagou para ficar com você.

Fui em direção ao banheiro .

[…]

–Thomas você é maluco? - repreendi enquanto limpava o sangue de seu rosto.

–Ele que me bateu primeiro.

–Você é maluco mesmo. Obrigada.- sorri abobalhada parecendo a nerd esquisita da minha antiga escola.

–Pelo que ?- ele parecia confuso.

–Por me ajudar. - dei um beijo em sua bochecha mesmo sabendo que iria me arrepender disso .

Ele retribuiu o beijo mas ele beijo no canto de minha bochecha bem perto da boca. Eu fechei meus olhos e ele me sentou na pia. E me beijou no mesmo lugar novamente.

–Thomas n-não faça isso.

–Isso o que ? - disse beijando meu queixo.

–Thomas! Por favor, não. - tentei empurrar ele mas ele era mais pesado do que imaginei.

– Tom , é Tom . - disse baixinho em meu ouvido.

Ele abriu minha perna , eu continuei de olhos fechados e senti seus olhos esmeraldas em mim. Ele beijou meu pescoço e eu apertei a pia tão forte que senti meus dedos gelarem. Senti seu hálito em minha boca e um bolo subiu em minha garganta.

–P-para de me torturar e me bei... - fui interrompida pela porta sendo aberta.

–Desculpem-me .- disse Lucy assustada.

Pulei para fora da pia e fui atras dela . O Tom me puxou pelo braço e me deu um beijo. Não um beijo, um selinho.

–Vai embora logo ruivinha. - disse com aquele sorriso de sempre só que desta vez estava mais pra sedutor do que pra irritante.

E eu fui embora da casa mas meu pensamento não.