Be Alright escrita por Carol Munaro


Capítulo 36
Por você fez isso?




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~Justin on~

Uma vez vi num livro "Amor significa pensar mais na felicidade da outra pessoa do que na própria, não importa quão dolorosa seja sua escolha". E foi exatamente essa frase que me faz chegar a uma conclusão.

Deixa eu explicar. Antes eu e a Mel estávamos indo pra escola. Ela não falou mais nada depois do "oi" ao entrar no carro, e eu também me calei. Percebi que ela tava com uma cara de quem tinha chorado a noite e perguntei o por que, mesmo já tendo quase certeza da resposta. E eu tava certo. O problema todo era o John e a chantagem idiota.

Não aguentava mais ver a Mel sofrer por isso. Ela nunca falou nada nem tinha chorado na minha frente, mas tava praticamente escrito na cara dela que ela não tava aguentando mais.

eu não aguentava mais ver ela assim. Era horrível.

Quando chegamos na escola e ela saiu do carro, percebi que só tinha um jeito de livrar ela disso. E ela tava certa, nem fugindo iria adiantar. Ela saiu do carro e eu fiquei parado encostado de lado na janela da minha porta e criando coragem pra fazer o que pretendia. Fiquei olhando pra ela. Pensando em como ela é perfeita e como ela aguentou passar por aquilo por mim.

Se eu ficasse mais um segundo ali, provavelmente enfraqueceria e desistiria de tudo. Antes que isso acontecesse, dei ré com o carro e sai. Mel ficou olhando pra mim sem entender nada. E escutava ela gritando meu nome e perguntando onde eu tava indo.

Eu não sabia quando veria a Mel novamente com a minha decisão, mas era da vida dela que eu tava falando. Não sabia se me arrependeria disso, mas com certeza não. Só em pensar nela eu sabia que não.

Cheguei na delegacia e pedi pro policial de plantão lá chamar o delegado. Entrei na sala dele e ele me olhava confuso.

– Você não devia tá na escola, garoto?

– É, mas preciso resolver isso.

– Então pode falar. - Ele disse se sentando e pousando as mãos na mesa. Respirei fundo.

– Eu cometi erros até um tempo atrás. - O delegado me olhou mais confuso do que já tava. - Eu infringi a lei.

– Que tipo de crime você cometeu?

– Roubos pequenos. Só. - Ele assentiu e procurou algo no computador.

Ele fez todas as coisas que tinham pra fazer lá, o que levou muito tempo, e mandou o mesmo policial me levar pra cela "provisória", como ele mesmo disse. Pedi pra fazer uma ligação e ele assentiu.

*Ligação on*

– Alo?

– Mel?

– Justin, onde você tá? Parece que tá um eco ai. E por que saiu daquele jeito da escola? Onde você foi? Você tá bem? - Ouvir a voz de preocupação dela me fez partir o coração.

– Tá tudo bem comigo. E eu to... eu to na delegacia, Mel.

– COMO ASSIM NA DELEGACIA? O QUE VOCÊ FEZ?

– Calma, amor. Fala baixo. Eu confessei o que eu fiz. Acho que nem vai demorar muito pra eu sair daqui, já que eu mesmo confessei. E Mel, eu dei queixa do John. Acho que ainda hoje eles ligam, ou mais provável que vão até a sua casa. - Ela não respondia e eu podia ouvir os soluços do choro dela. Aquilo foi o fim pra mim. Comecei a chorar junto. - Eu não vou demorar pra sair daqui. Prometo pra você. Só me espera e se cuida, tá bom?

– Eu sempre vou esperar por você. Mas você não devia ter feito isso. E se eles te deixarem ai por anos? Como eu vou ficar? Como você vai se virar ai dentro? - Resolvi não responder a isso, seria pior. Bem pior.

– Princesa, eu vou ter que desligar. Mas sempre que eu puder te ligo tá? Eu te amo demais. Promete pra mim que você vai vai ficar bem?

– Como eu vou ficar bem? Me diz, como?! - Não respondi. Não dava pra mim responder.

– Te amo. - Foi o que eu consegui dizer.

– Eu também te amo.

*Ligação off*

~Mel on~

Não conseguia me concentrar na aula de jeito nenhum. Eu tava com receio de que ele voltasse lá em casa e falasse com o John. Mas alguma coisa me dizia que não era onde o Justin tinha ido.

A Mari foi pra casa junto comigo e almoçou lá. John não iria fazer nada na frente dela, por mais que desconfiasse que ela sabia. Depois do almoço, ele e a minha mãe voltaram pro trabalho e ela foi embora.

Liguei pro Justin milhares de vezes e ele não me atendeu em nenhuma. Bom, aqui em casa ele não tinha vindo mesmo. John iria falar. E isso me deixava mais nervosa ainda.

Já tava me afundando no sofá de raiva, quando meu celular toca.

Justin me ligou da delegacia e disse que tinha confessado o que tinha feito. E que tinha dado queixa do John. Isso foi no começo da tarde ainda. Passei a tarde inteira chorando e com medo por não saber quando veria ele de novo. Saber que ele tá lá doía em mim. E muito.

As horas passaram e eu nem tinha visto ou percebido. Minha mãe e o idiota chegaram em casa e me viram chorando lá no sofá. Por um lado, eu tava com raiva da minha mãe. Se ela não tivesse começado a namorar aquele verme, a minha vida e a do Justin continuaria tranquila como antes de ele entrar na minha vida.

– O que aconteceu? - Perguntou minha mãe assustada e não respondi, subindo as escadas. Entrei no meu quarto, tranquei a porta e me joguei na cama. Eu precisava ficar sozinha. Só isso.

Passou um tempo e eu ouvi a campainha. Fui até a minha janela e vi um cara de terno com uma pasta. Imaginei que fosse alguém pra avisar pro John sobre a queixa que o Justin deu. E como eu tava curiosa pra ver a reação dele, desci. Ele mesmo abriu a porta.

– Senhor John? - Ele assentiu. - Vim entregar uma intimação pro senhor. - Juro que vi ele passar do tom normal de pele pra branco e depois pra praticamente transparente. Não consegui me conter, dei um sorriso mega largo.

Ele assinou um papel e recebeu outro. John fechou a porta e olhou pra trás, e me viu parada no pé escada olhando pra ele sorrindo e com uma sobrancelha arqueada. Ele chegou perto de mim e minha mãe só tava olhando pra ele, mas não falou nada, e ele não percebeu isso.

– O que você tem a ver com isso? - Fingi estar surpresa.

– Eu? Nada. Iria ter o que a ver?

– Você sabe muito bem o que. - Soltei um riso irônico e fui até a cozinha. Peguei uma fruta e subi de volta pro meu quarto.

Fiquei pensando em como tava o Justin. Decidi que amanhã vou matar aula pra ir ver ele. Não queria que a minha mãe sabia, apesar de ter certeza que ela iria saber, mais cedo ou mais tarde.

Mas antes da reação da minha mãe, pensava na reação do meu pai. Ele iria ficar uma fera. Isso era certeza. Ele sim eu sabia que iria me proibir de ver o Justin de novo. A vantagem de morar com a minha mãe era essa. Apesar que ela iria ficar muito puta da vida também. Ainda mais porque eu sabia e não falei nada.

Resolvi espantar esses pensamentos por um tempo e peguei um livro que minha mãe tinha comprado pra mim. Comecei a ler e quando olhei no relógio, já era bem tarde.

Coloquei o livro na mesinha e me arrumei pra dormi. Eu tava com receio do que iria acontecer amanhã. Pensava o que mais daria errado. Não demorou muito e eu adormeci.

Acordei, me arrumei e desci pra tomar café da manhã. Quando entrei na cozinha, reparei que só tava a minha mãe.

– Ué, cade o grude?

– Não fala assim dele, Mel. E ele teve que ir mais cedo pro trabalho. - Não falei nada.

– Justin vai vir te buscar hoje né? - Ouvir o nome dele me fez pensar onde ele tava e o que ele devia tá passando, fazendo meu estomago embrulhar e minha fome passar.

– Aham. Daqui a pouco ele deve tá ai.

– É, já tá quase no horário de você sair.

– Vou entrar na segunda aula hoje. - Ela assentiu.

– Bom, vou indo. - Se levantou e me deu um beijo na testa. - Boa aula e até o almoço.

– Tchau mãe. - Ela saiu e eu só tinha que esperar mais um minutos. Não queria praticamente abrir a delegacia. Arrumei um pouco meu quarto e sai de casa.

Fui até o ponto de ônibus e quando no mesmo, vi que tinha umas 5 mensagens da Mari perguntando onde eu tava. A ultima era um pouco "amável", e até me fez rir um pouco.

"Mas que caralho hein sua vaca. Me responde!!!!!!!!!! CADE VOCÊ???????"

Muito amor. Mas enfim, parei no ponto perto da delegacia e andei até lá. Falei com o policial de plantão que eu queria visitar alguém que tava lá preso. Ele perguntou o nome da pessoa e me levou até uma salinha estranha que tinha lá.

Andava de um lado pro outro inquieta pela sala. Até que ouço o barulho da porta. Vejo um policial tirando as algemas do Justin e ele entrando na sala. Corri até ele e o abracei. Ele não falou nada pra mim, e eu também não falei nada pra ele. Só fiquei com a cabeça encostada no seu pescoço, sentindo seu cheiro.


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