Be Alright escrita por Carol Munaro


Capítulo 35
E se...




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Acordei no dia seguinte feliz em tá bem com o Justin. Um dos pontos mega bons é que não preciso ir com o John, já que minha mãe percebeu que a gente não parou de se ver.

Enquanto eu me arrumava, pensava no que o Justin me disse ontem. É loucura, eu sei. Mas eu não tava nem ai. Eu tava pensando pra onde ir já. Não vou dizer que não tenho receio que tudo dê errado, porque é o que mais tenho no momento.

Desci e minha mãe não tava em casa. Só tava o idiota lá.

– Bom dia. - Não respondi. - Eu falei "bom dia". - Não respondi de novo. - Sua mãe não te deu educação não?

– Só uso a minha educação com quem merece. E você não é uma dessas pessoas.

– Não sei se você esqueceu, mas eu ainda posso entregar teu namorado. - Não respondi e continuei olhando pra dentro da geladeira pensando no que comer. Ouvi ele levantar e não me movi. Ouvi passos do meu lado e fechei a geladeira me sentando a mesa. Ele sentou do meu lado e pousou a mão na minha coxa. Olhei pra ele com olhar mortal e ele deu um sorrisinho sínico apertando.

Me levantei rapidamente e fui sair de casa. Isso me fez perder a fome.

– Aonde você vai? Eu que vou te levar pra escola. Ou você não viu o horário?

– Tenho carona já. - Disse e fechei a porta com raiva.

Fiquei uns minutos sentada na frente de casa e o Justin chegou. Saiu do carro e meu deu um selinho. Em seguida, abriu a porta do carro pra mim. Ele deu a volta no carro e entrou.

– Acho que vai ter assim sempre agora.

– Do que você tá falando? - Perguntei assustada.

– Não vou mais entrar na sua casa. Imagina eu entrando lá e dando de cara com o desgraçado? - É, ele tava certo. Ele iria matar o John. Literalmente ou quase literalmente.

– É...

– Pensou no que eu te falei?

– Era sério aquilo?

– Claro que era.

– Tá, pensei sim. Mas tenho medo de dar algo errado.

– E o que pode dar errado?

– Ah, não sei. Talvez, acharem a gente. - Falei como se fosse óbvio e fazendo cara de tédio pra ele.

– Vai dar tudo certo. E eu achei um lugar pra gente.

– É muito longe daqui?

– Um pouco.

– Conseguiu o lugar como?

– Falei com o Victor e ele tem uma casinha numa cidade no estado vizinho.

– Você contou o que exatamente pra ele?

– Que ele pode se fuder junto comigo se a gente não saísse daqui.

– Justin, sério, não sei se é uma boa ideia.

– Por que?

– Ele vai te entregar quando perceber que fugimos.

– E isso vai ser pra sempre? Não vou deixar ele encostar mais em você. E hoje, quando a gente voltar do colégio, você vai lá pra casa. - Não respondi e fomos o resto do caminho em silencio.

Entrei na sala e a primeira aula era só com o James. Tudo bem, acostumei já com a presença dele, mas é que ele é estranho.

– Oi. - Ele disse sentando do meu lado e sorrindo.

– Oi.

– Tá tudo bem?

– Tá, por que?

– Você tá com uma cara que parece que acabou o mundo.

– Nossa, que exagero. To normal.

– Certeza?

– Problemas só. Nada de mais. - Na verdade, tudo de mais.

– Com o Justin?

– Não. Tá tudo bem entre eu e ele.

– Pedro me disse que vocês saíram cedo da festa sabado.

– É. Não tava muito afim de ficar lá.

– Tava chato?

– Até que não. Mas eu tava... cansada. - Mentirinha básica.

Ele não falou nada o resto da aula. As outras aulas que passaram foram normais. Exceto pelo ciume do Justin no intervalo.

– Vi você com o James no final da primeira aula.

– Eu tava alone e ele veio me fazer companhia. Só.

– Que nem nos dias da carona?

– Nem nos falamos direito. Fiquei mais no tédio do que qualquer outra coisa.

– Do jeito que vocês saíram da sala, pareceram muito amigos.

– Nada a ver.

– Não tá me escondendo alguma coisa de novo?

– Claro que não. E por que esconderia? É só o James. - Disse rindo e ele olhou desconfiado pra mim. - To falando sério. - Disse quase num tom de desespero. Não queria brigar com ele de novo. E isso já tava ficando uma coisa frequente entre eu e o Justin.

Ele sorriu querendo mostrar que tava tudo bem. Sorri de volta.

Justin me levou em casa e eu inventei uma desculpa qualquer pra não ir pra casa dele. Queria ficar sozinha hoje. Entrei e dessa vez eu tava sozinha. Quase dei um berro quando chamei pela minha mãe ao entrar em casa e ninguém respondeu. Almocei e fiquei na sala "vendo TV". Entre aspas porque eu não tava prestando atenção. Eu tava pensando em tudo que tava acontecendo comigo.

Eu pensava sobre "E se eu deixar o John entregar o Justin?", "E se eu não aguentar mais?", "E se o Justin resolver me largar por causa disso?", "E se eu fizer tudo por ele e ele não fizer nada por mim?". Esses "e se..." enchiam a minha cabeça me fazendo entrar em desespero. Eram muitas perguntas e nenhuma tinha resposta. Eu pensei em como se fosse se eu desistiria e por um momento me imaginei a pessoa mais fraca que conheço. Só de pensar nessas coisas e em pensar que eu poderia tá errando em várias coisas e com algumas pessoas. E quando dei por mim, eu tava chorando.

Pensava em como minha vida tinha mudado. Eu tinha uma vida tranquila quando morava no Texas. Era só eu e a minha mãe. As vezes um almoço no domingo na casa da minha vó. Mas era só isso. Era completamente tranquila a minha vida, e, de repente, tudo muda. Foi tão rápido que eu não consigo explicar.

Eu e o Justin estávamos juntos a 3 meses e já tinha brigas frequentes. Tive outros namorados, e foi completamente diferente. Tudo com ele parece ser mais intenso, mais forte. E to falando tanto das coisas boas, quanto das más.

Olhei no relógio e vi que faltava pouco pra minha mãe chegar. Não tava afim de comer, de "terminar" de assistir a qualquer merda que tava na televisão, e também não tava afim de alguém ver minha cara inchada e vermelha de tanto chorar. Subi, tomei um banho rápido e deitei. Liguei a televisão, mas logo adormeci. É, dormi cedo. Mas sabe quando você não quer fazer além disso? Era exatamente assim que eu tava me sentindo.

Acordei no dia seguinte me sentindo fraca. Digo, não parecia que eu tinha dormido e descansado, parecia que eu tinha levado uma surra. E eu tava morrendo de dor de cabeça. Mas não conseguia mais ficar em casa. Sabia que iria ficar sozinha e até isso era ruim. Comecei a perceber que quando ficava sozinha só chorava e pensava nas coisas que tavam acontecendo. Não tava me sentindo o pior ser humano da terra, porque a errada não era eu. Mas eu sentia medo. Bastante medo. Em algo acontecer com o Justin, em se podia piorar algo entre eu e o John, se o Justin faria o mesmo por mim...

Entrei no carro do Justin pra ir pra escola e não falei nada além de um "oi".

– O que você tem?

– Nada não. - Ele deu um soco no volante nervoso e eu olhei pra ele.

– Por que você cisma em mentir pra mim?

– Tá bom. Já que você quer tanto saber, vou falar. Eu juro que to tentando mas não to aguentando mais. - Eu não precisei falar do que. Ele já sabia. - Eu tenho medo de até quando isso vai durar. E mesmo essa sua ideia maluca de fugir, eu sei que não vai dar certo. Só vai piorar tudo. - Quando terminei de falar percebi que meu rosto tava coberto em lágrimas novamente.

Justin não falou nada e só ficou bufando e dirigindo. Chegamos na escola e eu desci do carro e fiquei do lado de fora esperando ele sair. Mas ele não saia. Só ficava olhando pra mim e parecia estar pensando. No momento eu tenho medo de saber em que, mas resolvi não ir lá perguntar. A coisa que eu menos esperava que ele faria, ele fez. Deu ré com o carro e foi embora. Eu não sabia o que fazer. Tentei chamar por ele e claro que foi em vão. A Mari entendeu que tinha alguma coisa errada e foi lá me puxar pra dentro da escola, quem sabe pra tirar esses pensamentos da minha cabeça, o que somente eu sabia que era impossível.


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