Be Alright escrita por Carol Munaro


Capítulo 33
Não confia em mim?




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– Eu posso saber o que esse garoto tá fazendo aqui?– Ah, que lindo, fudeu tudo.

– Não te interessa.

– Claro que me interessa. Quero ver o que sua mãe vai fazer quando descobrir isso.

– Ela não vai descobrir nada. Para de ser insuportável.

– Mais um segredo pra lista, então? - Ele não vai querer falar disso na frente do Justin, não é?

– Não sei do que você tá falando. - Disse preparando meu sanduiche.

– Tem certeza? - Ele falou ficando do meu lado e o Justin não falava nada. Agora ele só tava olhando pra mim confuso. Olhei pra cara do John praticamente suplicando pra ele não falar mais nada e nem contar a minha mãe que viu o Justin ali e ele pareceu entender. - Enfim, vou subir. Boa noite pros dois. E fique feliz. Não vou contar nada pra sua mãe. - Ele subiu e o Justin continuou me olhando confuso.

– Se ele fosse chato e insuportável como você diz, sua mãe taria me expulsando daqui essa hora. - Eu não respondi. - E qual o outro segredo? - Merda. Aquilo era o que eu mais temia falar com ele.

– Não é nada.

– Eu já disse que odeio quando você mente pra mim.

– Mas eu to falando a verdade. Não é nada.

– Qual o problema de contar pra mim? - Não respondi. - O que ele sabe que eu não posso saber?

– Mas que caralho. Já falei que nada.

– Se não é nada, você já teria me contado. Não confia em mim? - Não respondi. - Pelo jeito as pessoas se enganam com as outras.

– Ele sabe das coisas que você fez. Pronto. - Bufei e apoiei as duas mãos no balcão fechando os olhos. Mesmo eu não vendo, percebi que ele tava olhando pra mim.

– E ele nunca contou pra ninguém? - Fiz que não com a cabeça. - E ele ganhou o que com isso?

– Nada.

– E eu sou otário.

– Você quer que eu te responda o que?

– A verdade ué.

– Mas eu já disse.

– Quer saber? Foda-se se você não quer me responder.

– Justin, para com isso. - Falei segurando os dois braços dele. - Você veio aqui pra me ver, não pra gente discutir de novo.

– Essa história tá muito mal contada. Eu só quero saber o que tá acontecendo. Quanto você deu pra ele?

– Como?

– Dinheiro, Mel. Quanto de dinheiro você deu pra ele?

– Não dei nada. Para com essas ideias. O cara nem precisa disso. - Ele ficava olhando pra qualquer outro canto da cozinha, menos pra mim. - Olha pra mim. - Ele não olhava. Mas que caralho. - Justin, olha pra mim. - Ae! Finalmente. - Esquece isso. Por favor.

– Por hoje. - Já é um começo. Sorri fraco e ele me acompanhou.

– Vamos? - Ele acentiu. Subimos e eu comi em silencio. Odeio silencio entre eu e o Justin. Sem contar que se torna uma coisa constrangedora. Já que ele fica me olhando com aqueles olhos de cachorro sem dono. O que faz eu me sentir culpada mesmo sem ter feito nada.

– Para de me olhar assim?

– Assim como?

– Com olhar de menino abandonado. - Ele riu.

– Bem que você gosta disso que eu sei.

– Gosto nada. É constrangedor.

– Você não gosta de mim?

– Não foi isso que eu falei. - Disse rindo e colocando o prato no criado mudo.

– Só aceito beijos de desculpa agora. - Sorri e o beijei. Ficamos lá nos beijando e nos abraçando. Acho que ele já tinha esquecido do que aconteceu lá na cozinha e eu fiquei completamente aliviada.

Eu tava quase dormindo, ai ele vem com essa:

– Ele não iria ficar calado por nada, Mel.

– De novo, Justin? Tá chato isso já.

– Eu preciso saber. - Ele ficou em silencio pensando em alguma coisa. - Se você pudesse, moraria com o seu pai?

– Sim. Por que?

– E isso começou quando seu padrasto mudou pra cá.

– Quer chegar onde com isso?

– Ele não te pediu pra fazer alguma coisa, né?

– Justin!

– É ou não?

– Não. Qual o seu problema hoje?

– Você mente mal, sabia? O que ele pediu pra você?

– Ele não pediu nada. Para com isso. - Juro que tava ficando desesperada já.

– Vou ver com ele amanhã então. Não quero acordar tua mãe agora.

– Meu, esquece isso. Vai falar o que com ele? Já falei que ele não pediu nada.

– Só vou perguntar o por que dele não ter feito nada quando descobriu o que eu fiz.

– Não precisa perguntar. Pode deixar que eu mesma pergunto.

– Por que você não quer que eu fale com ele? Qual o problema nisso? Pra mim não tem nenhum, já que ele sabe mais da minha vida do que muita gente que conheço.

– Eu já falei que não gosto dele.

– E eu não entendo o porque.

– Chega disso, por favor. - Ele não respondeu. - Eu to te pedindo. - Ele abriu a boca pra falar algo, mas fechou em seguida e começou a colocar o tênis.

– Onde você vai?

– Embora ué.

– Não to acreditando nisso. Vai amanhã na Mari pelo menos?

– Vou passar aqui pra te pegar.

– Mas Justin, minha mãe…

– Quero falar com ele ainda. Beijo.

– Justin! Não, volta aqui. JUSTIN! - Tentei chamar ele de volta, mas ele já tinha pulado a minha janela. E eu não poderia ficar berrando de madrugada pra rua inteira e, principalmente, minha mãe ouvir. Eu não fazia ideia na onde iria dar essa história toda. Ainda mais depois de saber que o Justin vai falar com ele. E o Justin não é burro. Ele sabe que eu vou tentar impedir, mesmo sem saber o porque. E não duvido que ele venha mais cedo só pra isso. Resolvi ligar pra Mari. Lembrei que é mais de meia noite, mas foda-se. Ela precisa me ajudar.

*Ligação on*

– Mano, tu já viu que horas são?

– Eu sei. Desculpa mesmo. Mas eu to desesperada pela sua ajuda.

– O que aconteceu? - Ela perguntou um pouco assustada.

– O idiota do John encontrou o Justin aqui em casa agora de noite. E ele falou algo tipo “mais um segredo entre a gente?” e o Justin quis saber do que ele tava falando. Eu disse que ele sabe sobre o passado não tão distante dele. Só que ele quer saber o porque dele não ter contado nada pra ninguém.

– Bom, ele vai só encher a sua paciência pra você contar. É só insistir que ele não pediu nada.

– Se fosse só isso eu não teria te ligado. Ele quer falar com o meu padrasto. Mari, me ajuda!

– Velho, acorda mais cedo. Fica esperando ele. Quando ver que o carro dele parou ai, já sai. Ai vocês vem pra cá.

– Como se fosse simples. Se eu fizer isso, primeiro: ele vai desconfiar mais ainda. Segundo: ele vai falar com ele do mesmo jeito. Nem que eu fique fora de casa esperando ele.

– Mel, sério, você não vai poder fazer nada. Ele vai desconfiar mais ainda. E outra, seu padrasto não vai ser burro ao ponto de falar o que ele tá fazendo pra você.

– É, com todo o meu desespero do Justin saber nem lembrei disso. Obrigado, amor.

– De nada, chata. Vai dormir?

– Aham. Boa noite.

– Boa noite.

*Ligação off*

Desliguei o telefone mais aliviada. Apesar de saber que o Justin viria aqui amanhã e minha mãe teria um troço, porque ela não queria ele aqui por um tempo. E sinto que o dia amanhã vai ser longo, que nem o de hoje.


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