Aquele beijo foi tão intenso que, quando nossos lábios se separaram em busca de ar, percebemos que, à nossa volta, haviam vários animais que habitavam aquela ilha. Por um momentos, sorrimos, e logo voltamos a nos beijar. Aquele momento estava tão bom, mas, estava ficando tarde e, bem, eu deveria chegar em casa cedo, por mais que tal desejo não poderia se concretizar. 

- Érr... - eu estava meio sem jeito para falar

- O que foi? - Hinka me perguntou querendo saber o que eu queria dizer-lhe

- Eu tenho que ir pra casa. Meu pai, digo, toda a minha família deve estar preocupada comigo. Eu saí de casa um pouco depois do almoço e ainda não voltei... Sabe como são os pais, né? - eu falei

- Ah, sei sim. Mesmo entre anjos, demônios e humanos, pais são pais. Eles vão sempre se preocupar conosco, mesmo estando nós, na tenra idade. - ele respondeu-me. Como ele é compreensivo - Eu vou te levar de volta pra casa, ou melhor, para aquele beco. Lá, ninguém será capaz de me ver mudando minha forma de anjo para humano. 

- Ah... Então você se transforma para vir pra cá? - eu perguntei. Uma pergunta idiota, mas perguntei

- Claro. Não tem como vir para essa ilha sem voar, ou pilotar algum barco, navio ou lancha. Mas como eu ainda sou jovem, eu prefiro voar mesmo, tanto que é mais prático. Não acha?

- S-sim... - espera aí. Por que eu respondi "sim" se eu não voei pra cá, mas sim fui traga, carregada pra cá pelos braços de meu amado? Bom, mas deixa pra lá. Que importa isso né? O importante é que eu obtive sua resposta e estou feliz com tal resposta

Ele mostrou-me novamente sua forma de anjo, mas, por eu estar em minha forma humana, olhar para aquela luz que Hinka emanava, poderia ser crucial para minha saúde e/ou vida de demônio. Então, para que ele não tivesse de me carregar, eu decidi usar minha verdadeira forma também. Assim, eu não seria enfraquecida pela imensa luz vinda de seu corpo angelical. 

Depois de alguns minutos, estávamos na cidade, mais precisamente naquele mesmo beco em que ele usou sua real forma para levar-nos àquela maravilhosa e linda ilha. Nós despedimos com um beijo e eu corri em direção à minha casa. Chegando lá, apenas belisquei alguns croquetes que mamãe havia feito e corri pro quarto. Estava felicíssima e não queria estragar aquela felicidade tendo que responder aos questionamentos de meu irmão sobre onde eu estava todo esse tempo. Meu pai não me questiona sobre essas coisas quando eu digo pra mamãe que não tenho hora pra voltar.

No dia seguinte, durante o intervalo para almoço eu passei meu tempo ao lado do Hinka, andando até de mãos dadas. Na verdade, durante todo  a semana, ou até mesmo do mês. Até que chegou um dia que meu irmão ficou desconfiado e resolveu me seguir, sem que eu soubesse.