Quando Caspian entrou com os outros, Cristine suspirou e tirou a espada da cintura com facilidade. Eustáquio olhava para ela impressionado. Cristine suspirou.

–-Acho bom entrar, assim dará menos trabalho.

–-Não, vou ficar aqui! Posso ajudar!

Houve um silêncio.

–-Não compreendo.

–-O que houve?

–-Onde estão os habitantes daqui? Apesar do nome destas ilhas, sempre houve bastante gente alegre, rindo. Não compreendo.

–-Talvez estejam escondidas nas suas casas.

Cristine olhou para Eustáquio, ela se aproximou.

–-Eustáquio, você viu alguma família dentro de alguma casa? Diga-me Eustáquio.

Eustáquio gaguejou.

–-Be-bem...sim, eu vi ali, naquela ali, mas...

–-E por que não nos disse?

–-Eu..eu, ora, não era importante.

–-Como não é importante?- Cristine suspirou- Fique aqui.

E ela foi em direção a casa. Eustáquio ficou ali segurando o punhal desajeitadamente. Cristine bateu na porta, ninguém abriu. Bateu mais uma vez e disse.

–-Abram em nome de Aslam.

Uma fresta foi aberta e uma menina apareceu.

–-Oi pequena, será que...

–-Vai embora, por favor. Não deixe mamãe e papai mais nervosos com essas batidas. Por favor, saia daqui. É perigoso.

E fechou a porta sem deixar Cris dizer algo. Cris estranhou e ouviu os sinos e quando virou-se viu homens chegando perto de Eustáquio e gritos dentro do prédio. Ela correu e começou a lutar. Pensava em sua família, em Dark, nos reis. Eram três homens, mas somente dois lutavam contra ela. Conseguiu derrubar um e fazer um corte feio na perna e no outro o chutou contra a parede.

–-Pare menina! Ou este aqui morre!

Cristine se virou e viu Eustáquio preso, indefeso. Com essa distração, um dos homens a empurrou e começou a amarrá-la e o homem com o Eustáquio entrava no prédio e fechava a porta. Quando a levantaram, Cristine tentou fugir, batendo a cabeça contra o queixo do homem, mas o outro fez um machucado horrível com o chicote no rosto dela. Cristine caiu de joelhos e ficou tonta. Sentiu o liquido escorrer da testa e cair na areia do chão e ficar vermelho. Levantaram ela e foram para a porta, quando ouviram o grito do homem dizendo algo sobre alguma menina, entraram.

Cristine viu todos algemados e presos. Droga. Se estivesse por perto para poder proteger Eustáquio, nada disso teria acontecido. Ooh céus, que droga! Dois homens a seguravam, ela se debatia loucamente por sua liberdade. Pisou no pé de um e quase conseguiu escapar, mas o outro pegou um chicote e entrelaçou seus pés e ela caiu.

–-Confesso-lhes, que nunca vi uma menina lutar tão bravamente como esta. Ela foi o príncipe encantado para salvar a donzela em perigo aqui.-disse e apertou a orelha de Eustáquio.

Um dos homens a pegou, a levantou e bateu em sua cara. Ela virou o rosto e o manteve firme, lágrimas ali queriam escorrer. Edmundo gritou com raiva.

–-O que pensam que vão fazer com ela?!

O outro homem esquisito, que fez o comentário sarcástico, provavelmente o chefe, chegou perto da menina e acariciou o rosto dela.

–-Muito jovem para perdê-la e eu preciso de uma escrava ultimamente.

Cristine tentou se esquivar da mão do homem, mas ele soltou o cabelo dela, revelando cabelos longos, ondulados e naquele lugar escuro, uma fina linha de luz caiu sobre seus cabelos, demonstrando-os cabelos brilhantes. Edmundo paralisou-se ao ver a cena, não havia como negar, ela estava linda com os cabelos livres. O homem pegou nos cabelos dela e os cheirou.

–-Esta fica comigo.-disse com um sorriso malicioso no rosto.

Edmundo ficou vermelho de raiva, como podia ser tão horroroso aquele homem? O homem ignorou Edmundo e com a mão ainda no cabelo de Cris comentou.

–-Você é igualzinha à sua mãe.

Cris parou de se mexer, tinha os olhos abertos e os ouvidos atentos. Todos os outros faziam silêncio.

–-Temperamento forte, linda e misteriosa.- o homem recolheu sua mão- mas é igualzinha ao pai também. Corajoso, habilidoso e teimoso.- o homem riu alto- Sim, conheci seus pais, mas você não quer saber isso...

Cristine tentou se soltar, mas os homens a seguraram. Até que o chefe deles mandou soltarem a corda da boca.

–-Você os conhece?! Onde estão?! O que você fez com eles?!

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O homem tinha um sorriso maldoso.

–-Não se preocupe, eles estão muito bem instalados. Abaixo da terra.

Cristine pareceu perder a cor. Engoliu em seco. Respirava com dificuldade.

–-Mas que diferença faz? Você nunca tentou vir atrás deles mesmo, não é?

–-Quem...

–-Eles morreram porque quiseram! Você, minha sobrinha querida, nasceu aqui!- o homem já gritava- Seu pai era meu irmão e sua mãe era uma Telmarina, veio para cá fugindo de guerras que havia na sua terra. Prenderam ela como escrava e eu a comprei para torná-la minha esposa, mas meu irmão, sempre o meu irmão, me roubou! Como sempre! E daí, desse belo amor, surgiu você! Seu pai fugiu com você para sua terra, mas te deixou na porta da casa de alguma amiga de sua mãe, não importa. Ele ia voltar para pegar sua mãe, ela estava tão linda naquele dia...

–-O que você fez com ela?

–-A mesma coisa com seu pai. Eu a matei.

Cristine estava louca de raiva, se mexia nervosamente, tentando mais uma vez, livrar-se daqueles estranhos homens.

–-Me soltem! Eu vou te matar, cretino! Me soltem!

Um dos homens bateu em seu rosto, agora, mais um filete de sangue escorria de sua boca, seu cabelo estava grudado em sua testa, ela soluçava.

–-Solte ela seu insolente!- gritou Caspian.

–-Solte-a!- berrou Edmundo, soltando-se do homem, pegando sua espada do chão e indo para cima do chefe.

Mas outros jogaram-se em cima de Edmundo, imobilizando-o.

–-Muito bem, tirem os daqui.

Começaram a levar Eustáquio e Lúcia para um lado. Lúcia gritava assustada.

–-Edmundo!

–-Lúcia!

Caspian e Edmundo foram para outro lado, Cristine sumiu nas sombras com os outros homens. Já entardecia nas Ilhas Solitárias e cada um pensava o que estaria acontecendo com os outros.

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