peguei um balde e uma esponja e comecei a esfregar a parede, Jessyka lavava o chão, Ester a ajudava junto com outras crianças, enquanto outras lavavam os sanitários, odeio os dias de lavar o banheiro, forcei numa mancha que insistia em ficar e cai para trás,

- Você ta bem ? -

 disse Jessyka rindo e estendendo a mão, segurei a mesma e levantei,

 - Bem molhada você quis dizer né -

 rimos, peguei o balde com agua e joguei em Jessyka, Ester pegou outro e jogou em mim, as outras crianças fizeram o mesmo, ficamos assim por alguns minutos, até que resolvemos terminar de lavar o banheiro, terminamos e fomos cada um para seu quarto se trocar, hoje tinha aula de culinária, colocamos nossos aventais e fomos pra cozinha,

 - Hoje agente vai fazer cupcakes, os ingredientes estão no balcão, e no balcão preto estão vários sabores, vocês podem pegar qual vocês quiserem -

 Disse a senhora Green, fomos até os balcões e pegamos os ingredientes que precisava-mos, ela foi falando e fomos fazendo, 1 hora depois estava tudo pronto, o meu ficou um pouco torto e estranho, mas mesmo assim ficou bom, voltamos para os quartos e nos arrumamos, descemos novamente, e fomos para o jardim, algumas crianças sentaram e deleitaram, outras faziam piquenique, peguei um regador e fui regando algumas plantas, cavei um buraco, peguei um pacote de sementes e coloquei algumas dentro do mesmo, cobri e reguei, me levantei e guardei o regador.

- Senhorita Schamer ? -

 disse a voz de uma mulher, me virei para olhar, ela era loira, baixa e tinha um sorriso muito bonito, assenti e me levantei.

- a senhora D. esta pedindo que a senhorita vá a sala dela em 15 minutos -

Assenti, ela deu de costas e foi embora, entrei no orfanato e fui até o quarto, lavei as mãos e troquei de roupa, desci novamente indo em direção ao escritório da Senhora D. a diretora do orfanato, cheguei na porta, havia uma placa escrito " bata e entre ", em todo o tempo que estou no orfanato, é a primeira vez que venho até o escritório da Senhora D., fiz oque a placa mandava e entrei, Senhora D. estava sentada em sua cadeira giratória, ela me olhou e sorriu. 

- Sente aqui Senhorita Liryes -

Sorri e me sentei.

- Creio que já possa imaginar porque chamei a Senhorita aqui -

Disse elame ajustei na cadeira e a olhei

- Pra falar a verdade, eu não tenho a minima ideia, mas se for por causa do incidente do banheiro, me descul.. -

Não consegui terminar minha frase pois fui interrompida por Senhora D.

- Que incidente no banheiro Senhorita ? -

ela disse e levantou uma sobrancelha, não sabia oque dizer

- O.. incidente do.. é que eu cai no banheiro -

Disse gaguejando

- Ah sim, mas não é isso que eu quero falar com você -

 ela disse e sorriu 

-Hoje, um casal compareceu aqui no nosso orfanato procurando adotar uma garota da sua idade, indiquei você e eles pediram para que pudessem conhecer você e saber dos seus interesses, amanhã após o almoço a senhorita comparecera aqui em minha sala e conversara com o senhor e senhora Bart-

olhei pra ela surpresa e me ajeitei na cadeira assentindo, ela sorriu e se levantou me guiando até a porta, ela dizia algumas coisas sobre o orfanato mas eu não prestei muita atenção, não conseguia parar de pensar em como seria bom ter mãe e pai pela primeira vez, e também não conseguia parar de pensar em como viveria sem Jessyka e Ester, eu cresci com elas e será muito estranho não ter elas por perto, sai da sala de Senhora D. seguindo até o jardim, de longe avistei as meninas e fui caminhando até elas.

- Onde você estava? -

perguntou Jessyka com um caderno e uma caneta em sua mão, ela amava escrever, poesias, historias, teatros, letras de musicas, a encarei e sorri, pensei em mil maneiras de contar sem magoa-la.

- Apareceu um casal aqui no orfanato procurando adotar uma garota de minha idade-

Disse e a encarei esperando o pior, mas ela sorriu e me abraçou, ouvi sussurrar um " Parabéns querida ", sussurrei de volta um " Logo será sua vez e a de Ester ", sentei ao lado dela pegando seu caderno, estava escrito uma poesia, algo sobre decepção, lembranças e passados, aquilo fez eu me lembrar um pouco do meu passado, as vezes eu olhava as fotografias velhas e me lembrava dela, do sorriso dela, do cabelo dela, do olhar dela, me lembrava de uma vez que ela me levou a uma loja de brinquedos, eu havia escolhido uma boneca de cera, simples, que eu guardo até hoje, Sempre que eu olho aquela boneca eu lembro do sorriso dela, do cabelo dela, do olhar dela, dela por inteira.

" O passado me assombra, como um fantasma assombra um garoto, ela bate em minha porta com um machado, e já na primeira batida consegue entrar, sem permissão nem nada, e ela me assombra, muitas pessoas dizem para eu esquecer ela, colocar coisas na porta para ela não conseguir quebrar, mas é impossível, ela sempre arruma um jeito de vir, e assim eu vivo, assombrada pelas magoas, pela trauma, pelo medo, pelas lembranças, pelo passado.. ".