Na semana seguinte, Peter estava tendo pressentimentos ruins, após a sua terrível luta contra o Duende Verde. Afinal, foi uma batalha perigosa, e o enorme susto que passou, ao salvar Mary Jane das garras dele, com certeza não seria o último.

   Seu maior medo era que um susto como esse se repetisse novamente. Precisava agir com todo o cuidado para que vilão macabro não se aproximasse de quem ele mais amava. Porém, por sorte, o Duende não tinha conhecimento da verdadeira identidade secreta do Homem-Aranha. Mas Peter não podia arriscar. Tentava proteger Gwen agora mais do que nunca, e evitava ao máximo ser visto com ela em seus braços, trajando sua roupa de Homem-Aranha.

   Peter ficou transtornado após essa luta. Lembrava-se do pavor nos olhos esverdeados de Mary Jane, e no ódio mortal que o Duende teve sobre ela. Buscou tanto descobrir o verdadeiro motivo desse ódio, mas não conseguia compreender. Quem estaria por trás deste vilão? Talvez agora fosse o momento certo para descobrir sua identidade. E sentado em sua cama enquanto pensava atenciosamente sobre isso, Peter decidiu ligar para Mary Jane.

- Alô.

- Oi, MJ? Aqui é o Peter.

- Oi Peter.

- Tudo bem com você?

- Tudo normal, e você?

- Bem... Mary Jane eu preciso muito conversar com você. É muito importante.

- Pode falar...

- Vai ser uma conversa muito longa. E tem que ser pessoalmente. Você pode passar aqui em casa por volta das cinco horas da tarde?

- Entendo. Tudo bem, se sua namorada ciumenta não se importar...

- Ela não é ciumenta Mary Jane. Já conversei com ela sobre isso...

- Está bem Peter. – ela suspirou. – Estarei aí.

- Obrigado MJ, tchau.

- Tchau.

* * *

   Mary Jane estava a caminho da casa de Peter, quando encontrou Harry se aproximando. O garoto tinha uma aparência horrível, pois começou a beber exageradamente depois que a perdeu. ‘’Que ótimo’’, pensou a ruiva sem paciência para o que estava prestes a escutar. Fingiu não ter visto o garoto, porém não adiantava.

- Ei, Mary Jane.

   Ela começou a andar mais depressa.

- Espera! – ele correu até alcançar o braço da ruiva.

- Me larga Harry, estou com pressa. – indagou tentando se livrar das mãos suadas do seu ex-namorado, que agarravam o braço dela desesperadamente.

- Por favor, me escute. Eu amo você, volta pra mim!

- Já disse que não, Harry. E você não me ama de verdade. Quem ama defende a pessoa, cuida, e jamais deixa alguém insultar ela.

- Você não entende! – ele gritou – Eu estou arrependido. Eu sei que eu errei, mas olha pra mim agora! – ele apontou as mãos para si mesmo, estava com um hálito forte de álcool e seus olhos repletos de olheiras enormes – Estou acabado...

- Harry, por favor, eu estou com pressa.

- Aonde você vai?

- Não é da sua conta.

- Você vai ver o Peter, não é?

   Mary Jane abaixou a cabeça.

- Me responde!

- E se for? E daí? Ele está com a Gwen.

- Você nunca gostou de mim né. Sei que você ainda gosta do Peter Parker. – ele enfatizou o nome com uma voz irônica – Caramba Mary Jane, o que esse garoto tem que eu não tenho?

- Harry, você está bêbado! – ela começou a ficar preocupada com a situação do garoto, que agora se ajoelhava no chão e beijava as mãos dela.

- Eu estou assim porque quero você de volta. Eu já enfrentei meu pai. Tive uma discussão com ele ontem. – começou a cambalear, mal conseguindo ficar de joelhos. – Volta pra mim princesa, eu te amo demais.

- Harry, você tem que parar com isso. Pare de beber, por favor!

- Então me dá outra chance caramba!

- Eu vou pensar... Mas agora me deixe ir. – ela se soltou com força dos braços de Harry, deixando-o sozinho e furioso mais uma vez.

   Levou mais um tempo até chegar à casa de Peter. A ruiva ficou indignada com o longo tempo que Harry tomou dela. Mas em uma coisa Harry tinha razão: Mary Jane ainda gostava de Peter, apesar de já não ter muitas esperanças de um dia poder voltar a namorar o Homem-Aranha.

   Quando finalmente chegou, Peter esperava por ela na varanda.

- Oi Peter. Desculpe o atraso, encontrei Harry no caminho. – ela suspirou cansada.

- Tudo bem, entre. – em seguida, ele abriu a porta para que ela pudesse entrar. Tia May estava fazendo uma torta na cozinha. Quando avistou Mary Jane, imediatamente limpou as mãos e dirigiu-se até a ruiva para cumprimentá-la.

- Olá Mary Jane.

- Olá tia May. Fico muito feliz que tenha melhorado.

   Em seguida, Peter e MJ aproveitaram a distração de tia May para conversarem. Afinal, May estava ocupada e assim não tentaria prestar atenção na conversa. Mas isso era algo que ela fazia muito raramente. Não se sentia totalmente a vontade para se intrometer nas conversas do sobrinho com seus amigos.

- Como está o Harry? – perguntou Peter.

- Péssimo... Ele quer muito voltar comigo, mas ele pisou na bola feio.

- Mas o que ele fez exatamente? Ainda não entendi essa história...

- Ai Peter... Preciso mesmo te contar? Odeio me lembrar da maneira que aquele velho idiota e arrogante falou comigo...

- O que? Como assim? Que velho arrogante? O Harry?

- Não. O Norman, pai dele.

- Espera aí. Explica-me essa história direito...

   Então Mary Jane ajeitou-se no sofá, cruzando as pernas, e começou a contar toda a história para Peter, que ficou impressionado com a frieza e o desprezo de Norman.

- Não acredito que ele fez isso com você, que imbecil! Ei, espere. – algo muito sério se passou pela cabeça do Homem-Aranha naquele momento.

- O que foi? – perguntou Mary Jane assustada.

- Essa história está muito estranha, não acha? Primeiro o Norman te agride verbalmente daquela maneira absurda. Depois o Duende Verde ataca você daquele jeito e quase acontece uma tragédia...

   Mary Jane ficou pensativa.

- Não pode ser... Peter, isso é muito estranho mesmo.

- Calma. O que eu peço a você é que fique longe do Norman.

- Mas e o Harry? Ele sempre me procura...

- Bom, você vai ter que fugir do Harry também. Mas nós vamos descobrir quem está por trás desse maluco neurótico.

- Com certeza. Afinal, você é o Homem-Aranha. – sorriu.

- Precisamos focar agora em como derrotar esse cara. E Norman é o nosso principal suspeito por enquanto.

- Aquele homem é um canalha. – bradou Mary Jane.

   Em seguida, a campainha tocou.

- Deve ser a Gwen.

- Bom, então é melhor eu ir.

- Ah não precisa se preocupar. Eu contei para ela que você viria.

   Peter dirigiu-se para a porta, mas tia May correu antes para abri-la. Parecia que ela estava mais ansiosa do que o sobrinho para ver Gwen.

- Boa noite querida!

- Boa noite, tia May. – cumprimentou Gwen.

- Oi Gwen. – Peter aproximou-se sorridente e a beijou. – você veio sozinha?

- Fica tranquilo Peter. Minha mãe me trouxe. – em seguida, Gwen notou a presença de Mary Jane. – Oi Mary Jane.

- Oi Gwen...

   Peter envolveu Gwen num forte abraço e ambos conversaram mais um tempo com Mary Jane, antes de a ruiva ir embora. Peter ficou impressionado, pois pela primeira vez não se notou nenhuma rivalidade entre as duas. Claro que Mary Jane sentia-se péssima por dentro. Mas acabou se dando bem com Gwen.

* * *

   Peter e Gwen saíram para tomar sorvete naquela noite. Com todo o cuidado, ele envolvia seus braços ao redor da cintura dela e caminhavam juntos pelo Central Park. Ela estava linda naquela noite, com algumas mechas do cabelo loiro presas para trás, revelando melhor seu doce rosto angelical. Seus olhos brilhavam no escuro como as estrelas do céu. E a lua estava linda, iluminando o casal apaixonado, enquanto tomavam sorvete e sorriam.

- Fiquei feliz hoje, por você não ter pulado no pescoço da Mary Jane. – brincou Peter.

- Engraçadinho. – Gwen riu – Mas ela até que é legal. Claro, quando não fica de olho em você.

- Ela é só minha amiga. Você sabe que eu só tenho olhos para você, meu amor.

   Gwen abriu um enorme sorriso, beijando suavemente os lábios de Peter.

- E sobre o que vocês conversaram tanto?

- Sobre o Duende Verde e aquele último ataque, em que MJ quase foi morta.

- E então?

- Temos um suspeito. – Em seguida, Peter contou a ela toda a história.

- Minha nossa! – Gwen levou uma mão à boca, em sinal de surpresa. – Faz sentido Peter. Talvez seja ele mesmo. Temos que investigar.

- Mas eu preciso que você tome cuidado. Meu maior medo é que aconteça alguma coisa ruim com você. – disse com sinceridade cada palavra, enquanto acariciava o rosto dela suavemente.

- Não se preocupe. Tudo vai acabar bem.

- Eu amo você, Gwen.

- Eu também te amo, Peter.

  

* * *

   Agora, ambos sobrevoavam pela cidade, até chegar ao apartamento de Gwen. Após entrarem pela janela do quarto da loira, Peter estava agarrado à cintura dela, beijando-a por todo o rosto. Gwen estremeceu, tinha medo do que a paixão fazia com uma pessoa. Porém não conseguia sentir medo do Homem-Aranha. Desejava ter Peter consigo mais do que nunca naquele momento.

Continua...