– Vai embora. – Gwen ainda suspirava, tentando se soltar dos braços do Homem-Aranha, que beijava seu pescoço sem parar. – Por favor...

Porém ela não conseguia resistir. O amor que nutria por Peter Parker, o Homem-Aranha, o homem que conquistou o coração dela desde o primeiro momento em que a viu, jamais morreria. Jamais esse amor seria esquecido ou apagado.

– Que saudade do seu beijo, do seu toque... – dizia Peter sussurrando, grudado à Gwen como uma aranha em sua teia.

– Por favor... – Gwen disse inutilmente essas palavras num sussurro. Ela não queria que ele fosse embora. Queria que aquele momento único durasse para sempre, assim como ele desejava o mesmo.

Ambos estavam molhados pela chuva, o que deixava o clima do beijo ainda mais emocionante. Foi um momento maravilhoso.

Mas de repente Gwen parou. Caiu em si. Imediatamente sua expressão mudou, soltando-se dos braços de Peter e observando-o seriamente.

– O que foi? – perguntou Peter confuso.

– Não deveríamos... Você não pode simplesmente vir me dizendo essas coisas e me beijar depois de tudo o que você fez. – Gwen tocou seus lábios e virou-se de costas para Peter. Fechou os olhos por um breve instante.

– Gwen eu sei que eu errei. Eu admito isso, e você não sabe o quanto me senti mal por ver você triste. Cada lágrima que você derramou por mim foi como uma facada que eu levasse bem aqui. – ele fez um gesto semelhante ao de uma punhalada em seu peito.

Gwen virou-se para o amor de sua vida novamente. Peter suspirou e se aproximou da garota, que parecia perplexa. Ficaram em uma distância minúscula um do outro. Seus rostos quase se tocaram.

– Eu estava lá. – ele confessou após um suspiro. – No funeral de seu pai. Eu estava lá, embora você não pudesse me ver.

Gwen sentiu seu coração acelerar. As palavras de Peter confirmaram o que ela sentira no dia do funeral de seu pai, quando olhou a sua volta procurando pelo homem que amava. Ela sentiu sua presença ali, embora não conseguisse ver.

– Eu terminei com a Mary Jane. Somos apenas amigos agora. – ao mencionar o nome da ruiva, Gwen desviou o olhar. – Eu aprendi que não importa com quantas garotas eu ficar... – Peter segurou o queixo da garota, fazendo-a voltar seu olhar para ele novamente – eu sempre vou amar você.

Ao dizer estas palavras, Gwen não conseguiu conter o sorriso que tentara esconder de Peter há muito tempo.

– Eu... eu amo você Peter. – Gwen olhou para baixo e podia sentir seu rosto corar. Falava cada palavra com seriedade. – Eu sei que eu não deveria dizer isso... Eu sei que pode parecer loucura, mas eu amo você. Sempre te amei.

Peter sorriu apaixonadamente. Podia sentir ambos os corações acelerando-se um pelo outro, e isso o deixava em completa felicidade. Não sabia se o que estava fazendo era o certo, pois ainda se preocupava muito com a segurança dela. Mas de repente, ele notou que ela esboçava um olhar triste. E como ele a conhecia muito bem, identificou essa expressão como medo.

– Ei... – ele acariciou o rosto de Gwen – não tenha medo. Eu não vou deixar você de novo. Não mesmo. Mas eu quero proteger você, eu preciso manter você segura. É tudo o que importa para mim.

– Peter... – ela começou, porém foi interrompida pelo Homem-Aranha, que tocou os lábios dela suavemente com uma das mãos.

– Shh. – ele sussurrou. – Nós vamos ficar juntos. Não duvide disso.

Imediatamente Gwen sorriu e o abraçou com ardor. Peter envolvia o corpo dela, intensificando o abraço, como se fosse a coisa mais importante de sua vida. E quando seus lábios se encontraram novamente, Peter percebeu que o longo tempo que ficara longe de Gwen com certeza não iria se repetir.

* * *

No dia seguinte, em Midtown, Peter e Gwen procuravam não ficar o tempo todo juntos, pois assim seria melhor para que ela ficasse segura. Quanto menos pessoas soubessem do romance dos dois, melhor seria para eles.

Peter sentiu um nó na garganta ao passar por Mary Jane. Tentou não olhar para ela, porém era difícil a ruiva não prestar atenção no garoto que mais importava para a vida dela. Quando o viu, ela correu imediatamente ao encontro de Peter.

– Peter! – ela acenou correndo na direção dele. – Espere!

Ele parou, de costas, fechando os olhos com força. Sabia que aquele momento seria difícil, e não queria magoá-la. Entretanto, não tinha outra saída. Queria que o chão se abrisse naquele momento e o engolisse. Pelo menos não precisaria passar por isso.

– Oi MJ. – ele virou-se lentamente.

– Tudo bem? – Mary Jane ficou tensa ao olhar nos olhos de Peter. – Você está estranho hoje...

– Olha eu tenho que te contar uma coisa... – Peter decidiu dar a notícia logo de uma vez, não iria suportar ver ela triste, porém não tinha outra escolha.

– Claro... – ela assentiu, porém seus olhos esverdeados continham medo. – Pode falar.

– Não fique triste... – Peter já estava começando a ficar nervoso. – Mas Gwen e eu voltamos.

Mary Jane o fitou assustada. Seus olhos transmitiam raiva, dor e desapontamento. Peter sentiu algo ruim ao olhar nos olhos dela.

– Na verdade, eu sempre soube que um dia vocês iam se acertar. – ela se limitou a dizer.

– Mary Jane, por favor, não me entenda mal. Eu gosto muito de você e quero continuar sendo seu amigo, mas eu e Gwen sentimos algo forte um pelo outro. Eu não consigo ficar longe dela...

– Você a ama Peter. – Mary Jane disse como se estivesse tirando as palavras da boca dele. – Eu sei disso.

Peter não conseguiu dizer mais nada. Sentia-se péssimo diante de Mary Jane. Sabia que ela sofria muito por dentro, embora não quisesse demonstrar.

– Me desculpe, MJ...

– Você não precisa me pedir desculpas. – ela o interrompeu novamente. – Afinal, eu também tenho uma notícia a lhe dar...

Peter a fitou confuso.

– Que notícia?

Não precisava de nenhuma resposta dela. Assim que Harry se aproximou, cumprimentando-o, Peter soube no mesmo instante.

– Harry e eu estamos namorando. – anunciou Mary Jane, permitindo que Harry a beijasse em seguida.

* * *

Na saída do colégio Midtown, Peter foi ao encontro de Gwen. Enquanto procurava por ela, a conversa com Mary Jane, horas atrás, não saía de sua mente. Principalmente o fato de que ela e Harry estavam realmente namorando. Aquilo parecia atordoante para ele. A ruiva não perdia tempo mesmo.

‘’Mas será que aquilo era verdadeiro, ou era apenas para me afetar?’’. Essa pergunta não saía da cabeça do Homem-Aranha, e antes que enlouquecesse, passou a procurar por Gwen mais depressa. Quando a viu, correu ao seu encontro. O colégio já estava praticamente vazio.

– Linda. – ele aproximou-se dela, aproveitando para assustá-la enquanto ela estava distraída. Não conseguiu conter o riso quando viu ela pular de susto.

– Peter! Você quer me matar do coração? – suspirou ela.

– Eu quero te levar para algum lugar hoje. Só você e eu. – ele aproximou-se mais da garota, envolvendo seus braços ao redor da cintura dela. – O que acha?

– Ah, é? – ela sorriu enquanto envolvia seus braços ao redor do pescoço dele. – Pois eu acho ótimo.

– Então eu passo na sua casa por volta das 20 horas, ok? – ele colocou uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha de Gwen. – A propósito, estou com saudades de sua mãe.

– É mesmo? – Gwen riu-se. – E eu tenho uma surpresa para você. Será que sua tia irá gostar de me ver novamente? Hoje eu tenho a tarde livre também.

Peter sorriu admirado.

– Claro! Tenho certeza que ela vai adorar, ela elogiou muito você.

– Sério? – os olhos de Gwen brilharam, o que levou Peter a beijá-la imediatamente. Ele não resistia ao olhar nos doces olhos azuis da garota que tanto amava.

* * *

A cada dia que estava com tia May, Peter percebia o quanto ela tinha melhorado e isso era ótimo. Peter sentia-se tão feliz por ver que sua segunda mãe estava ficando saudável novamente e por ter a garota que amava junto dele, que não conseguia parar de sorrir durante mais uma visita. Tia May, como o conhecia tão bem, soube no mesmo instante a escolha que seu sobrinho fizera.

– Tia May, Gwen gosta muito de você sabia? – ele percebeu que a loira corou e sorriu timidamente.

– É mesmo querida? – Tia May abriu um imenso sorriso. – Eu também gosto muito de você, sua companhia me alegra muito.

Gwen gostava muito da tia de Peter realmente. E parecia ótimo para ela, visitar a enferma sempre que pudesse.

Após conversarem muito, Gwen decidiu deixar a tia e o sobrinho sozinhos por um momento, e dirigiu-se para a sala de espera.

Imediatamente tia May fitou Peter tão impressionada, que ele corou e começou a ficar nervoso. No entanto, Peter amava muito sua tia, e com apenas um gesto, pode demonstrar toda a felicidade que sentia. Ao tocar a mão dela, sussurrou:

– Obrigado, tia May.