O Lago De Callibri escrita por Joana Hunter
A noite passou rápido. Eric sentia-se aliviado por estar com seu amigo Arthur, pelo menos ele não estava sozinho naquele mundo tão diferente do seu, mas por outro lado a angústia de imaginar ter que viver naquele lugar para sempre o pertubava. Sem contar que às vezes duvidava da própria sanidade, será que não havia sofrido um surto psicótico e não seria tudo aquilo fonte de sua imaginação?! Logo descartou a possibilidade ao refletir que um louco não teria consciência de sua própria loucura e viu que de algum modo aquilo realmente acontecera. Mas já que estava ali, por que não aproveitar o ambiente para tentar se destrair?! Conhecer o lugar também poderia o ajudar a sair dali, além de que ali não havia ninguém melhor do que Adara para lhe contar mais sobre o lago e até mesmo sobre Callibri. O galo cantou quando o dia nasceu e apesar de ter passado toda noite em claro Eric levantou disposto. Na fazenda de Marcus, Adara dormia junto a Helene em seu quarto. O pequeno William dormia no mesmo quarto em que Eric e Arthur e Marcus dormia em outro quarto.
- Arthur, acorde! – Eric dizia ao acordar o amigo.
- Que foi? – Perguntou Arthur sonolento.
- Você precisa nos ajudar com o trabalho na fazenda, lembra?!
- Tá legal, mas sabe que eu nunca quis ser um cowboy. – Disse Arthur.
- Vamos tomar o café da manhã. – Disse Eric.
Na mesa da casa da fazenda havia algumas frutas, pães e leite. Helene acabava de preparar a mesa. Marcus já estava sentado com o pequeno William à mesa e logo Helene se sentou. Eric e Arthur se juntaram à eles.
- O que vamos fazer hoje? – Eric perguntou.
- Cuidar das plantações. – Disse Marcus.
- Só cuidar de plantas? É isso o que vocês fazem? – Disse Arthur.
- Bem, é o nosso meio de sobrevivência. - Disse Marcus.
- Você ganha muito dinheiro com as plantações? – Perguntou Arthur.
- Conseguimos nos alimentar, e o que sobra é vendido na feira. Conseguimos algum dinheiro que vai para o rei. Pagamos muitos impostos. E vocês trabalhavam com o que? – Disse Marcus.
- Temos uma empresa de Publicidade. Fazíamos anúncios, propagandas. – Disse Eric.
- Não parece ser muito lucrativo. – Disse Marcus.
- Mas é. É como se você nos pagasse para vender sua colheita. – Disse Arthur.
- Huh... – Disse Marcus.
- Quanto tempo falta para a tal festa do reino? – Perguntou Eric.
- Ainda faltam muitos dias. – Disse Marcus.
- Que festa? Estamos convidados? – Perguntou Arthur.
- Uma festa no reino, neste dia Marcus nos ajudará à chegar ao lago. – Disse Eric.
- Eu vou tentar. – disse Marcus.
- Então é verdade que vieram do outro lado do lago? – Perguntou o menino William.
- É sim, procurávamos por Adara então eu caí. – Disse Eric.
- Em falar nisso, cadê ela? – Disse Arthur.
- Ainda dorme. – Disse Helene tímida.
- Espero que ela saiba que não vai ter a mordomia da nobreza aqui. – Disse Marcus. Depois da refeição, Marcus, Eric, Arthur e William foram cuidar das plantações.
- Sabe de outras pessoas que atravessaram o lago? – Perguntou Eric.
- Há boatos. Segundo Apolo isso acontece mais frequentemente do que sabemos. Tanto pessoas indo quanto vindo. – Disse Marcus.
- Quem é Apolo? – Perguntou Eric.
- Um amigo. Veremos ele hoje mais tarde. – Disse Marcus.
Adara acorda e come algumas frutas que Helene lhe oferece. Helene bordava um tecido e Adara pediu para ajudar. Apesar de ser da nobreza as mulheres nobres aprendiam algumas tarefas, dentre elas cozinhar , costurar, bordar, então Adara ajudou Helene nisso.
- Marcus, há alguns elfos na vila. O que faremos? – Perguntou um camponês que chegara à cavalo na fazenda de Marcus.
- Agora é um direito deles. Diga aos outros que nos juntaremos na fogueira com os elfos para comemorar a aliança hoje à noite. – Disse Marcus. O homem deu meia volta com o cavalo para dar o recado aos demais.
- Você disse elfos? – Perguntou Eric.
– Sim, elfos. – Disse Marcus.
– Ah meu Deus! estamos no mundo de “O senhor dos anéis” e se ficarmos aqui para sempre?! Eu não quero ficar igual ao Smigol. – Disse Arthur desesperado.
– Não seja ridículo Arthur, não vamos ficar aqui para sempre. – Disse Eric.
– Mas os elfos são do bem, certo?! Por que não podiam transitar na vila? – Disse Arthur.
– O rei invadiu e tomou muitas terras onde eles habitavam. Quase foram dizimados pelo exército do rei. Os poucos que restaram fugiram para longe, nas colinas e florestas mais distantes. Mas Igor, o líder de um grupo de elfos que moram na floresta, quer vingança. Ele e seu grupo vem nos ajudando a saquear e deter alguns funcionários do rei. Agora eles querem realmente se juntar a nós, não querem mais ser caçados como aconteceu décadas atrás. O rei falsamente propôs igualdade entre homens e elfos mas geralmente são tratados como bandidos e são muito perseguidos. Igor quer que nós vilões os ajudemos agora. – Disse Marcus.
– Legal, mas eu tenho a leve impressão de que o rei não vai gostar disso. – Disse Arthur.
– E não vai, mas não nos importamos. – Disse Marcus com um sorriso despreocupado.
– Por que fugiu do castelo? – Perguntou Helene.
– O que? – Adara respondeu destraída.
– Quero dizer, você tinha tudo lá por que fugiu? – Helene disse.
– Eu queria liberdade, poder andar livremente pelo reino. Como você. – Disse Adara.
– Como eu?! Você não conhece mesmo nossa vida. O rei e a sua família vem nos explorando há muito tempo. Não somos livres, somos todos escravos do rei, do duque e de toda a nobreza. – Disse Helene revoltada.
– Eu não me orgulho disso, de nada que meu pai nem o rei faz. Mas o que posso fazer?! Meu pai não liga para o que penso. – Disse Adara envergonhada pelas ações tiranas do pai.
A noite chegou e como Marcus havia dito eles fizeram um tipo de reunião em volta de uma fogueira na vila, junto aos elfos para celebrar a aliança. No local da reunião haviam não muitas mulheres mas vários homens, quase todos os homens da vila, e haviam também vários elfos, havia perto da fogueira uma mesa com bebidas e comidas, podia-se dizer que era uma grande festa . Adara e Helene acompanharam Marcus, Eric e Arthur até a fogueira.
– Fiquem por perto. – Marcus disse à Adara e Helene. Eles se assentaram perto da fogueira, como todos, e Marcus logo tomou a palavra.
– Irmãos humanos, e elfos é claro, estamos aqui hoje para celebrar nossa aliança . Lutaremos pelo que é nosso e venceremos! Quero que ajudem os elfos com o que precisarem, abrigo, roupas e tudo que puderem oferecer. Eu garanto que logo teremos recompensa. Todos nós! – Disse Marcus. Os homens e elfos gritaram em comemoração. Um homem se aproximou de Marcus e os outros. Era jovem, alto e tinha cabelos castanhos. Não trabalhava na vida como os demais vilões. Ele cuidava da montaria real.
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