Desceu do pedestal e colocou seu vestido de volta, colocando já a lição em prática, Mer sorriu para todo mundo.

    Alguém bateu na porta e Lady Catelyn mandou entrar.

     - Lady Meredith, Sor Richard deseja vê-la – disse um dos guardas que estavam na porta.

     - Mande-o entrar.

     Richard entrou envergonhado, todos os olhares da sala estavam nele.

     - Lady Meredith, Sua Graça ordenou que a chamasse.

     Era a vez de Mer ficar envergonhada, todas as senhoras lhe deram sorrisos maliciosos. Sentiu suas bochechas corarem.

     Mer pediu licença para as senhoras e saiu da sala com Richard. Caminharam calmamente de braços dados até o lado de fora do castelo, foram em direção ao pátio de atividades onde pode ver Bran com Hodor, e Rickon.

     - Onde estamos indo Sor Richard? – Rich ergueu as sobrancelhas e franziu a testa confuso – estou tentando aprender a ser cortês, você é minha cobaia – explicou Meredith.

     Richard revirou os olhos.

     - Aos alvos – foi a vez de Mer ficar confusa – não faço ideia de onde está o rei, achei que como o bom escudeiro que sou, deveria lhe proporcionar alguns minutos fora da realeza.

      Meredith riu, Richard sempre teve esta estranha capacidade de prever o que ela precisava. Pegou o arco e começou a atirar enquanto lhe contava sobre seu dia.     

      - Isso não está certo! – exclamou quando Mer lhe contou sobre as lições de Sansa.

     - O que você quer dizer?

     - Isso não é ser uma rainha, isso é ser uma droga de garotinha submissa! – Mer se assustou com seu tom de voz. – Me surpreendo que concorde com isso.

    - Não concordo! Mas não fui criada para ser uma rainha! Se ser uma garotinha submissa é o que o povo de Winterfell quer que eu seja, eu serei!  - gritou de volta.

    - Então é isso? Virar uma máquina de fazer filhos? Você percebe que se fosse isso que Robb quisesse que você fosse ele escolheria qualquer outra garota além de você?

    Lágrimas já escorriam dos olhos de Meredith a este ponto.

     - Eu sei que é assustador ser rainha Mer – disse Rich voltando ao seu habitual tom baixo – sei que você não faz ideia de como ser uma, também sei que você precisa de ajuda quanto a isso, mas você tem que entender que Sansa enfrentava uma guerra, e que precisava fazer tudo isso se quisesse permanecer viva. Seu casamento com Robb não se baseia em nada além de amor.

     Meredith respirou fundo.

    - E o que você sugere?

     - Que tal tentar ser você mesma? – disse colocando suas mãos nos ombros de Mer e olhando em seus olhos. Meredith balançava a cabeça em sinal de negação.

    - Eu não estou enfrentando uma guerra, mas isso não muda o fato de que Sansa iria se tornar uma rainha, e que eu também serei uma – disse se livrando dos braços de Richard.

    Suspirando Richard disso:

    - Tudo bem, faça o que bem entender, quero ver quanto tempo você, sendo quem é, irá aguentar isso.

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     Os próximos dias em Winterfell não foram dos melhores para Meredith. Com ela e Richard brigados, a única companhia que tinha era das moças Stark e das senhoras da corte quando se reuniam na pequena sala para discutir os detalhes do casamento.

     Richard ficava todas as noites de guarda na porta do quarto de Meredith, o que não ajudava a resolver o problema entre eles. Estava curiosa sobre a rotina da Guarda Real, mas seu orgulho a impedia de trazer o assunto à tona.

    Era assim todos os dias, Richard a escoltava para todos os lugares quando estava sozinha, não diziam nada além das palavras de cortesia de Meredith que ele se recusava a responder. Fazia de propósito, para provar que podia por as lições de Sansa em prática.

    Mas estava esgotada, não aguentava mais fazer o papel de boa moça para todos. Sorria para todos, reverenciava todos, tratava Robb como o rei que era e nunca o contradizia. Foi bem nos primeiros dias, mas depois, simplesmente, não aguentava mais. O próprio Robb a tratava diferente, não olhava em seus olhos e nem a beijava, eram poucas as vezes que se tocavam.

    Meredith não gostava disso, sabia que tinha algo acontecendo com ele, mas, tentando se manter no papel, não ousava perguntar.

   Entretanto, não conseguia mais sustentá-lo. Quando acordou na manhã que antecedia o casamento em dois dias Mer se sentiu como ela mesma, como a antiga Meredith Frey das Gêmeas. Colocou vestes não necessariamente masculinas, ainda eram roupas femininas, mas não possuíam a delicadeza dos vestidos que Mer usava ultimamente. Calças beges enfiadas em botas de montaria, um grosso casaco de peles bege preso à cintura com um cinto grosso. Sua típica trança estava de volta aos cabelos.

    Caminhou em passos rudes até o pátio de atividades, todos a observavam enquanto atravessava os corredores feito um furacão com um Richard confuso quase correndo tentando acompanhá-la. Não parou para o desjejum e sabia que não demoraria a ter fome.

    Robb duelava com o mestre de armas, Mer parou alguns metros longe. Uma pequena plateia que incluía toda a família de Robb estava atrás dela para saber o que acontecia.

    - Robb – chamou. O mesmo não respondeu – Robb!!

    - Só um segundo! – exclamou ainda lutando.

    - Pelo amor dos deuses!! – disse Meredith andando rudemente até o rei, arrancando a espada de sua mão e golpeando o peito de seu adversário com o punho da mesma fazendo com que o homem caísse no chão. Largou Gelo, agarrou o braço de Robb e o arrastou até a mata dos lobos com toda sua Guarda Real e sua família a encarando como se fosse louca.

   Não falaram nada por uns bons minutos até Robb quebrar o silêncio.

   - Isso não está certo Meredith... – começou Robb.

   - Pare de dizer isso! Por que todo mundo fica me dizendo isso? – explodiu Meredith.

   - Por que essa não é você! Você está agindo como uma garotinha estúpida encantada com a ideia de se tornar rainha, esta não é a garota que escolhi me casar!

    - Então talvez você não deveria ter me escolhido!

    - Não, porque você não é essa garota, você é diferente das outras, você não precisa interpretar alguém que não é! As lições de Sansa não se aplicam a sua situação. Se de todas as suas irmãs, eu escolhi você, é porque eu quero que você governe essa droga de Norte comigo e não para ser uma máquina de fazer filhos!

    - Máquina de fazer filhos, lições de Sansa? Você tem falado com Richard? – Robb assentiu com a cabeça – não acredito que ele te contou sobre isso.

    - Não precisou, vocês não estavam exatamente sussurrando naquele dia, todos ficaram sabendo.

    - Ótimo! – exclamou – agora sim todos vão achar que sou maluca e inapropriada.

    Robb revirou os olhos e segurou o rosto de Mer nas mãos.

    - É claro que acham isso, porque você é maluca e inapropriada, mas isso é o que a torna tão apropriada. – sussurrou Robb a beijando em seguida – posso ter minha antiga Mer de volta?

    Mer assentiu, se virou e voltou a passos rápidos para o Pátio com Robb em seus calcanhares. Todos os olhares se voltaram para ela que não parou quando viu que Robb não a acompanhava mais.

    - Ei aonde você vai? – perguntou elevando a voz devido à distância que se encontravam.

    - Comer, estou com fome!