A Terceira Geração escrita por Grushka


Capítulo 1
Capitulo 1 - minha vida muda em 7 dias




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Bem, eu sou o Thomas. Tenho 12 anos. Eu sempre vivi de uma forma diferente das outras crianças. Eu mudei diversas vezes de escola em escola, mas sempre sou expulso por confusões que acabo me metendo. Mas pra mim, isso já se tornou normal, meu cotidiano é entediante, mas eu posso dizer que já havia me acostumado. É esse é o problema, havia...

Minha vida mudou repentinamente logo apos meu 10º aniversario, quando começou o dia, uma tempestade horrível atacou a cidade da Pensilvânia, onde eu morava, a tempestade durou 7 dias, e por causa disso não pude comemorar meu aniversário, mas não fez tanta diferença, não tinha muitos amigos. Foi a semana mais entediante da minha vida entediante, eu fiquei trancado em casa por que meus pais adotivos tinham medo que eu saísse e fosse pego por um relâmpago. Até que não seria má idéia, já que eu sei que não faria a menos diferença nesse mundo. Era o que eu sempre pensara.

Depois da semana da tempestade, eu infelizmente voltei pra escola, eu odiava estudar. Principalmente quando é uma escola nova. Todos me conheciam apenas pelas confusões que já passou nas escolas anteriores.

Mas ir a escola tinha um lado bom. Eu iria rever meu melhor amigo, Connor. Ele tem sido meu melhor amigo a anos, e a prova de nossa amizade é que quando sou expulso de uma escola, ele se transfere pra outra junto comigo, só pra não me deixar sozinho. Ele é o melhor amigo de todos, sempre me faz sorrir quando estou meio pra baixo, e mesmo ele sendo cadeirante, e nossas diversões serem meio limitadas, nós nos divertimos bastante. Connor é um menino tanto quanto nerd. Ele é um ótimo inventor, ele consegue fazer qualquer coisa, com qualquer coisa. Isso realmente é incrível. Outro dia, quando o sol queimava mais do que a lava de um vulcão, ele fez dois mini ventiladores pra nós, feito de papel, clipes e papelão - foi às coisas que estávamos usando na aula de artes- e funcionava com uma bateria de celular velho.

Enfim, quando cheguei à escola, tinha um novo professor. Ele era alto, de cabelo longo, de certa forma atraente. As meninas piravam no que podiam ver de seu corpo bem definido, e ao andar, exala um ar de autoconfiança. Ele é o novo professor de história e geografia. O que nos contarem é que no período da tempestade, o antigo professor acabou sofrendo um acidente e acabou se ausentando. Todos nos achamos que ele tivera morrido. Nada contra o Sr. Jhownson, porem ele era velho e entediante. As poucas aulas que presenciei dele, ele só falou de como saber do passado poderia ser importante para o nosso futuro. Talvez ele não estivesse errado. Mas os animais da minha sala simplesmente não prestavam atenção em nenhuma palavra do que ele dizia. E o que eu poderia dizer? Em menos de dois anos eu já tivera sido expulso da minha quinta escola. Eu não tinha moral alguma ali.

Na quinta-feira, o dia que todos voltaram às aulas, a primeira matéria do dia era de Historia, e o Sr Robert, se apresentou de uma forma espetacular. Em cinco minutos ele conseguiu prender a atenção de todos a ele. E começou a explicar a matéria sem que pudéssemos notar, pois ele brincava com a gente e explicava de uma forma divertida, sem aquela coisa monótona de só ficar lendo e lendo e lendo mais um pouco. As aulas dele conseguiam realmente me chamar à atenção, era sobre mitologia grega, e era a única matéria que eu passei a gostar.

Os dias na escola passaram a ser mais legais com a companhia de Connor e de Sr. Robert. Eu estava começando a gostar de ir pra la.

Mas certo dia, todos os professores foram chamados para ir a uma reunião de emergência. Estávamos no meio da aula de matemática quando os vimos correndo em direção a sala dos professores no corredor. Na verdade, pareceu que o mundo estava acabando de tanto drama dos outros professores. O professor saiu da nossa sala e deixou os alunos bagunçando. Mas naquele dia, eu realmente tava afim de não ir pra escola, e tinha sido mandado lá a força, era o único dia da semana que não tínhamos aula com Sr Robert. Ou seja, o dia era chato. Quando os delinqüentes da minha sala começaram a brincar como retardados de cinco anos de idade, jogando bolinha de papel em todo mundo, rabiscando o chão, a parede e pregando peças nos alunos mais quietos, eu fiquei quieto no meu canto com Connor. Ficamos contando o tempo que levaria para os animais da minha sala se matarem. Logo então, comecei a brincar de desenhar com Connor, após um tempo, percebi que sua feição ficou seria e triste ao mesmo tempo ao olhar a correria dos professores ao andarem pela escola.

– Thom, você não sabe o porquê dos professores terem se reunido depressa né? - Connor me perguntou olhando fixamente pra janela da porta.

– Na verdade eu não sei, mas deve ser pai de um aluno que apareceu aqui na escola.- Tentei mentir pra mim mesmo, pra parecer que eu não era o pior aluno dali.

– Ah, tudo bem então, deve ser isso.

– Você acha que poderia ser outra coisa?

– Não, só queria saber. - Connor parou de falar como se ainda quisesse falar mais alguma coisa.

– Mesmo? Realmente parece que o clima esta meio estranho esses dias, não acha? Poderia ser outra coisa que... – Connor me interrompeu.

– Calma ai Thom, relaxa, não é nada de mais, com certeza! – Disse serio. Como se ele também quisesse acreditar nisso.

De repente, Connor foi chamado para fora da sala pelo Sr Robert. Pensei que ele ia levar uma bronca por algo que ele havia feito. Já estava preparado pra levantar da cadeira e gritar: “Ele é inocente, eu sou o culpado”. Mesmo não sabendo o que tinha acontecido. Mas afinal, Connor até que ela um bom aluno, eu que o levava pra fazer as coisas que acabavam nos prejudicando.

Então Connor foi levado e eu fiquei sozinho na sala de aula, me sentindo dentro de um zoológico.

Dentro da sala estava muito chato, então resolvi sair de lá. Fui ver se Connor precisava de minha ajuda, mas não havia ninguém no corredor. Quando eu estava apenas passeando pela escola, percebi que um homem estranho, que eu nunca tinha visto na vida, estava me perseguindo. Ele estava todo de preto, óculos escuros, chapéu, luvas. Tudo. Fui ao banheiro para molhar o rosto, e tive certeza da tal perseguição. Irritado por ter sido obrigado a ir pra escola e ainda por cima não ter aula do único professor que me tratava como um aluno normal. Não estava nem um pouco afim de aturar brincadeiras sem graças dos valentões da escola. Gritei:

– Hey! Você pode parar de me seguir? –

Já estava preparando o punho quando o rapaz retirou os óculos do rosto e pude ver seus olhos vermelhos com a íris dos olhos enormes parecendo uma jabuticaba, e senti o seu desejo de sangue em seu olhar. Ele começou a andar em minha direção, e eu fiquei paralisado. Não foi de medo. Como se aquele olhar dele tivesse me paralisado. Eu não sabia o que fazer. Minhas pernas e braços não respondiam meus comandos. Tentei gritar, mas apenas me ouvi dizendo em um tom normal:

– Saia de perto de mim!

Eu estava quase desmaiando, mas ouvi o estrondo da porta do banheiro se abrindo. E de repente o Sr Robert apareceu.

– Pra você encostar nesse menino, você precisa passar por mim primeiro. – disse com uma cara seria, como se já soubesse o ponto fraco daquele homem.

Ele então fechou os punhos, deu pra sentir sua ira, colocou novamente os óculos e se retirou de pressa. Pensei em correr atrás dele pra saber o que ele queria, mas estava fraco. Olhei em direção do corredor pela porta aberta e não havia mais ninguém no corredor. Fiquei me perguntando como aquele homem poderia ter desaparecido tão rapidamente naquele pátio enorme, porem eu fiquei mais surpreso pelo fato do meu professor de historia que acabara de chegar à escola já estava tentando me proteger, me ajudar. Uma coisa que nenhum professor tinha feito antes por mim. Afinal, eu era o maior encrenqueiro da historia.

Tudo ficou preto. Ao abrir meus olhos percebi que estava na enfermaria da escola. Eu não lembrava de muita coisa, mas Connor veio me explicar o que tivera acontecido. Ele dissera que um valentão da escola queria me encrencar e começou a me caçoar. E como sempre, eu não esperei muito pra começar a bater nele. Só que pelo menino ser quase o dobro do meu tamanho, ele me levantou e jogou no chão, e eu simplesmente desmaiei com a pancada na cabeça. Não consegui acreditar nessa historia, pois eu me lembrava do homem de preto. Mas não teria motivos pra Connor mentir pra mim. Talvez eu estivesse tonto e tivera imaginando coisas.

– Sr Robert, como você sabia que eu estava la? - Querendo saber se ele estava me observando também.

– Eu só apareci na sua sala Thom, e percebi que não estava lá, então seu amigo – Apontou para Connor- disse que você poderia ter ido para o toalete.

Eu realmente acreditei no professor, mas a cara de Connor estava estranha, como se aquilo não fosse verdade. Mas deixei pra lá, eles não mentiriam por uma coisa tão boba. Pensei que a cara de Connor era apenas pelo susto que tivera tomado quando me viu desmaiar. Sei la. A imagem daquele homem não saia da minha cabeça. Eu estava confuso se aquilo era realmente real, ou não.

Após a aula, quando estava indo pra casa com Connor, o Sr. Robert me chamou e me levou para um lugar mais afastado possível, como se ele quisesse que ninguém ouvisse o que ele queria falar.

– Thom, você sabe que você não é uma criança normal, não sabe?

Eu me senti ofendido, me pareceu que ele queria me dizer que eu precisava de mais atenção. Que eu era uma criança necessitada. Mas respirei fundo e o respondi calmamente.

– Sim senhor Robert.

– Sabe por quê? - Ele me olhou como se já soubesse a resposta.

– Sim senhor, por que eu sou uma criança com déficit de atenção, sem controle, que só me meto em confusão e... – O professor me interrompeu como se soubesse mais da minha vida do que eu mesmo.

– Meu rapaz, isso não interfere na questão se você é diferente ou não, todos nos temos defeitos né? Alguns deles nos fazem até melhores do que poderíamos ser... – Agora eu o interrompi.

– Olha, desculpa, mas você é novo aqui, você não sabe nada da minha vida, palavras bonitas não vão mudar o meu passado e quem eu sou.

Ele me olhou serio, e depois seu olhar se entristeceu. E eu realmente não queria ter falado aquilo, afinal, eu gostava do Sr Robert, mas estava cansado das pessoas tentando me entender, sendo que elas não me entendem.

Eu voltei pra casa, pensando em como pedir desculpas, pois a minha falta de controle já havia me causado vários problemas. Andando percebi que as ruas estavam desertas, e na minha rua não havia nenhuma alma vivente. Eu procurei não ligar por estar ali sozinho, então coloquei meu fone de ouvido, aumentei a música no Maximo, e apertei os passos pra chegar mais rápido em casa.

Quando estava quase chegando, comecei a ver vultos a minha frente, tentei fixar o olhar pra identificar o que seriam aquelas manchas pretas. Percebo que o homem de preto estava me seguindo novamente, mas dessa vez ele não estava sozinho. Não havia uma maneira de eu chegar em casa por aquele caminho sem ser pego pelos homem de preto, então virei na próxima esquina, e comecei a correr com toda velocidade possível. Nunca fui um bom corredor, mas esperava que naquela hora, aquilo fora o suficiente.

Ao chegar, vejo minha mãe assustada. Pensei que a escola havia ligado e avisado sobre o incidente, mas ela não sabia de nada, estava apenas preocupada pra saber como foi o meu dia. Foi estranho, mesmo minha mãe sempre sendo prestativa e sempre preocupada, senti que dessa vez era diferente, foi como se ela soubesse que algo ruim estava pra acontecer.

E infelizmente, ela estava certa...

De noite, quando estava prestes a dormir, ouvi ruidos estranhos vindo de fora, olhei pela janela e vi a sombra de um homem, que estava vestido da mesma forma que o homem que me perseguira o dia todo. Fechei a cortina da janela, e dormi na esperança de que daquilo fosse coisa da minha cabeça.

De manha, acordei totalmente desnorteado, como se estivesse dormido em um barco a remo, ou em uma montanha russa em movimento. Lutei para manter o equilíbrio, tentei me arrumar pra mais um dia emocionante de aula, como sempre fora. Tomei banho, tomei café, e quando estava saindo de casa, meu pai me chama.

– Thom, como esta a nova escola? – Ele estava se arrumando pra ir trabalhar, estava pegando a maleta que levara para a empresa.

– Ah, normal, como todas as outras... –Tentei não encará-lo, senti meu olhar vazio em lembrar o desgosto que fizera meus pais se sentirem por ser um péssimo filho.

Meu pai me encarou com um olhar que deu a parecer que ele sabia que ali era diferente. Mas depois mudou sua feição para um olhar decepcionado.

– Entendi, e tudo bem Thomas! - Ele me deu aquele sorriso inspirador, que ele sempre me dava quando alguma coisa não estava certa. Como se ele estivesse querendo dizer “vai ficar tudo bem”. Logo em seguida, ele tirou um pingente da maleta, era um símbolo parecido com o ying yang, só que de água e fogo. Ele me entregou na expectativa de eu colocasse aquilo naquele exato momento.

– Obrigado Pai... – Eu peguei, não sabia o que fazer. Não era acostumado a usar colares ou correntes, mas mesmo assim, pra alegrá-lo, eu o fiz.

Meu pai sorriu, me deu um abraço e disse:

–Boa Sorte Filhão! – Colocou sua mão em meu ombro e continuou- Todo dia é um novo dia para tentar ser diferente, e fazer o seu melhor.

Eu sorri, realmente me senti inspirado. Nunca meu pai tivera gastado tanto tempo comigo antes, me senti feliz por ter tido 5 minutos de atenção do meu pai naquela manha.

Olhei para o relógio e me dei conta de que estava atrasado para a escola. Então sai correndo pra esquina da padaria da cidade, onde eu sempre esperava o Connor pra irmos pra escola juntos.

– Eu estou atrasado, será que o Connor já foi? - Me perguntava ofegante.

Olho pra trás e o homem de preto mais uma vez me perseguia.

– Caramba, esse homem não vai me deixar em paz? - Pensei.

Mesmo cansado de fugir, tinha que ir pra escola e já estava atrasado. Comecei a correr novamente, gostaria de encontrar Connor no meio do caminho. Quando cheguei ao centro da cidade, o homem de preto estava me esperando na frente de um açougue.

– Mas.. Mas ele não estava lá trás? Perguntei-me sem entender como ele poderia estar na minha frente, sendo que ele não havia corrido atrás de mim e não havia outra rua ou maneira que chegasse ali primeiro.

Eu estava atrasado de mais pra me perguntar duas vezes o que eu devia fazer, tive que correr por outro e ultimo caminho que dava na escola. Eu não gostava de passar por ali, pois era a rua do cemitério onde minha mãe adotiva dissera que meus pais estavam enterrados.

Pra ser sincero, nunca entrei naquele cemitério, tinha medo de como iria agir quando visse o tumulo dos meus pais biológicos. Eu não os conhecia, mas sempre pensei de como seria se eles ainda estivessem aqui, e sempre quis saber onde estava o resto dos meus parentes.

Imagens de minha possível vida ficaram passando pela minha cabeça enquanto corria, e quando me dei conta, eu estava indo pra uma direção sem rumo, e acabei entrando em uma rua sem saída. Tentei sair dali o mais rápido possível, mas já estava cercado pelo homem de preto que estava bem atrás de mim. Pensei: “HÁ.. Esse é o meu fim”.

Mas o tal homem não pareceu querer me atacar. Ele apenas veio em minha direção. Não sabia se eu deveria tentar fugir, ou apenas me render.

– Thomas, tudo o que você vive aqui é uma mentira, nós não queremos machucá-lo, mas se não colaborar com a gente, iremos te levar a força.

Confuso é pouco para como me senti naquele momento. Não havia entendido lógica nenhuma no que acabara de acontecer. Mas ainda sim, indignado perguntei:

– Nós? Nós quem? Quem são vocês? O que querem? Vocês estão atrás do menino errado. E não importa o que digam, eu não vou a lugar nenhum com vocês.

– Se é assim que você quer, é assim que você vai ser. – Disse o homem.

De repente, surge outro homem de preto atrás dele. Idêntico, mesma estatura, mesmo jeito. Talvez essa fosse a resposta de como ele estava em todo lugar, a todo tempo. Havia mais deles.

Eu tentei me esquivar dos dois, mas o segundo me pegou e me segurou com muita força. Ele tirou seus óculos, e pude ver seus olhos. Aquele olhar... Aquele olhar de sangue me perturbava e me deixava paralisado. Eu estava certo do meu fim quando de repente surgiu uma voz. Uma voz do alem? Eu já estava morto?

– Soltem o moleque.- Era uma voz estranha, mas não tinha certeza se ja tivera ouvido antes.

Os dois me soltaram rapidamente, e sumiram virando pó. Eu fiquei totalmente desnorteado quando vi aquela cena. Não entendi como eles puderam sumir do nada. Eles tinham morrido? Eu tivera morrido? Eu não fazia idéia. Mas algo dentro de mim dizia que eu estava começando a realmente viver a partir daquele momento, e eu os veria novamente.


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Notas finais do capítulo

- Próximos Lançamentos: Segundo Capitulo - 07/11/12
OBS: Colocarei imagens para descrever cada personagem.



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