Adorável Depressão escrita por Cristina Abreu


Capítulo 9
7. Sorvete de baunilha e bons amigos.


Notas iniciais do capítulo

Hey, Apple Pies!!! Como estão?

Chegamos aos 200 reviews, todos respodidinhos! Imagina só como eu estou feliz! Obrigada a todos vocês que comentam, e, leitores fantasmas, façam uma mera autora mais feliz ainda comentando!

Então... Hoje eu não tenho muito o que falar nas notas iniciais e finais... Portanto, boa leitura!

P.S: O capítulo ficou uma merda ><'



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/288539/chapter/9

7. Sorvete de baunilha e bons amigos.


A chuva estava forte enquanto eu corria por ela, tentando escapar de suas gotas geladas, que me deixariam totalmente encharcada. Entrei no primeiro local que vi pela frente. Uma padaria pequena, que nunca antes havia notado. Suspirei e passei minhas mãos por meu cabelo molhado e embaraçado.

O que eu fora fazer fora de casa, afinal? Quando já tinha visto que iria chover? Cada dia que se passava, eu tinha certeza de que tinha problemas mentais. Acontece... Acontece que eu não conseguia mais passar um segundo em casa. Não vendo os olhos inchados e vermelhos da minha mãe de tanto chorar. Não quando eu não podia fazer nada a não ser chorar junto por minhas próprias razões egoístas.

Então eu decidira sair. Sem um guarda-chuva, sem um casaco... Sem um celular! Se eu estivesse com ele, pelo menos poderia ligar para Tiago e pedir que viesse me buscar. Eu sei que ele viria.

Enfiei a mão no meu bolso traseiro e torci para que tivesse algum dinheiro, seco, nele. Achei algumas notas e fui para o balcão. Precisava de algo quente que pudesse me aquecer... E relaxar. Era assim que me acalmava.

Pedi um latte e suspirei novamente. Tinha de esperar agora. Não só a bebida, mas como também a boa vontade da chuva. Nem fodendo que eu sairia naquela tempestade novamente.

Aquele não era meu dia. Mas e quando já foi um dia?! Bufei e deitei minha cabeça em meu braço, amuada.

— Eu achava que sua vida já era suficientemente amarga sem o café. – ouvi alguém dizer atrás de mim e instantaneamente reconheci a voz. Virei-me e me deparei com seus olhos cinza. Meu Deus do Céu... Quem tinha olhos cinza?! E de onde ele tinha surgido?!

— Pedi com leite. – arqueei minha sobrancelha.

— Você já tomou alguma coisa daqui? – Vitor puxou um banco ao meu lado. Balancei minha cabeça negativamente e corei.

— Não, nunca tinha visto esse lugar.

— Ainda bem... Você não vai conseguir esquecer o gosto. – sua boca se abriu em um sorriso irônico.

— Muito ruim? – mordi meu beiço. Eu já não gostava de café... Se esse fosse do jeito que ele descrevia... As chances de eu cuspir tudo no cara que me serviu eram grandes.

— Terrivelmente ruim. – riu. – Tô falando sério... É o pior café que eu já provei na minha vida. Se você estava se unhando por sei lá qual o motivo, vai querer se cortar depois de experimentar...

Ele parou quando viu minha expressão. Acho que ele ficou constrangido, pois corou. Pigarrei e voltei-me para frente.

— Digo, você não se corta, não é? – perguntou após um momento. Olhei-o de relance e tive pena de sua cara.

— Não. – murmurei por fim. – Não me corto, mas você não deveria brincar com isso. É insensível. Muitas pessoas que fazem isso...

Não completei, voltando a balançar minha cabeça. Vitor bufou e chegou mais perto.

— Você não pode me dizer que apoia isso. Tipo... É ridículo. Essas pessoas só machucam mais a si mesmas. E muitas vezes por motivos fúteis. São idiotas. Deveriam é mandar se foder e pronto. Mas não, guardam a dor não sei pra quê...

— Muitas vezes só o que elas têm é a dor. – eu queria gritar. – Quando tudo mais falta... Só sobra a dor. E a solidão.

— E você é bem poética, não é mesmo?

— Olha... Cala a boca. Vamos esquecer esse assunto. Não gosto de falar nisso e nem sei explicar o motivo que as defendo.

— Acho que sei. – seu sorriso idiota voltou. Suspirei, aliviada. O clima tenso se dissolveu com o erguer de lábios dele. E que lábios!, meu subconsciente falou. Revirei os olhos para mim mesma.

— Ah, é? Por quê? – desafiei. Se nem eu me entendia, ele certamente também não o fazia.

— Você quer salvar todo mundo. E muitas vezes consegue fazer isso, se tentar. Você seria um bom motivo para que eles parassem de se autoflagelar. Mas...

— Mas, o quê? – pisquei, atordoada. Vitor estava completamente errado. Eu só fodia com a vida das pessoas. Mas sim, eu gostava de tentar salvá-las, mesmo que isso me parecesse impossível.

— Mas você não sabe como salvar a si mesma. Por isso precisa de outra pessoa para fazer isso... E é por esse motivo que está com uma aliança no dedo. – concluiu. Olhei atônita para a aliança de prata que Rafael havia me dado semana passada, dois dias após eu ter aceitado seu pedido de namoro. Por reflexo, escondi a mão. Vitor deu-me outro sorriso. – Estou certo?

— Não. – respondi rápido de mais. O sorriso se alargou. Ele tinha a sua maldita resposta.

— Hm... E o que está fazendo aqui, com uma blusa branca transparente e grudada em seu corpo?

— Por que diabos você está olhando para ela? – guinchei, o rosto feito um pimentão. Merda!

Ele deu de ombros, continuando a encarar. Cruzei meus braços e ele riu.

— Sou homem. – respondeu.

— Um idiota também. – minha voz subiu algumas oitavas.

— Você gosta de idiotas, Kate? – pisquei. Ele ainda lembrava-se do meu nome? E qual era o problema disto, afinal? Eu também me lembrava do dele. Acho que podia-se dizer que éramos pessoas com uma boa memória. Arrã, tá bom.

— Qual é o seu problema com dias de chuva? – ignorei sua pergunta, não gostando de como minhas bochechas ficavam quentes a cada palavra que ele dizia. – Porque, quando fui procurar você em um lindo dia de sol, não te achei!

— Você foi me procurar? – seus olhos cinza se arregalaram. Por que parecia que eu enxergava raios em sua íris, fazendo seus olhos brilharem numa explosão de claridade?

— Na realidade... Não. Eu só fui ao parque novamente e quando cheguei perto da pista de skate... Bem, eu esperava que pudesse te encontrar, mas não te vi. Esperei que tivesse quebrado a perna.

— Desculpe, mas não quebrei. – meu coração saltava. Por que ele parecia tão feliz com o que eu dizia? E cadê o café para eu poder ir logo embora? Amaldiçoei o cara que não aprontava logo o meu pedido.

Vitor como se estivesse lendo minha mente, se levantou. Tentei não deixar transparecer que estava decepcionada. Eu é que queria fugir dele. Não o contrário. Bufei mentalmente.

— Você quer mesmo o seu café ou podemos ir andar? Sei lá, tomar alguma coisa mais... Agradável?

Sem nem pensar duas vezes, me levantei. Era óbvio que eu queria. Ainda mais com ele.

Quis me dar um tapa pelo último pensamento. Deus! Eu tinha namorado. Não era certo ficar dando trela para um menino problemático e desconhecido. Eu não era uma daquelas vadias da escola. Porém, ainda assim eu fui.

— Coloca. – Vitor estendeu sua jaqueta de couro. Sorri para ele, algo ligeiro e a vesti. – Não quero que os caras fiquem te encarando na rua. Não tô a fim de entrar numa briga hoje.

Meu sorriso tornou-se ainda mais carinhoso. Vitor também era fofo... Um fofo bem diferente de Rafael.

— Obrigada. – vesti rapidamente, inalando o perfume suave de sua colônia. Era bom e nada daquele tipo de cheiro onde os garotos misturavam milhares, que me dava nojo. – Aonde vamos?

Ele abriu a porta da padaria para mim. Felizmente, lá fora parara de chover. Deixei que um suspiro escapasse por meus lábios.

— Pensei que a gente podia só andar por aí... Talvez o parque, que tal? É aqui perto...

— Tudo bem. Eu estava nele antes que começasse a chover. – falei, andando na frente. O vento batendo em minhas roupas molhadas me fez tremer.

— Me procurando? – brincou. Corei. Eu tinha mesmo que ser tão estúpida a ponto de ter dito aquilo para ele.

— Nem me lembrava mais de você. – disse, petulante. – E o que você fazia na mesma padaria que eu?

Olhei para as suas mãos, mas ele não levava consigo o skate hoje.

— Não sabia que você tinha contrato de exclusividade naquele troço, mil perdões. – revirei meus olhos. – Assim como você, eu queria sair do meio das árvores. Sabe, não seria muito legal se uma delas fosse atingida por um raio e caísse em cima de mim.

— Seria algo maravilhoso! – eu ri, alegre. Ele fingiu uma expressão chocada e magoada.

— Por que você é tão má?

Ri ainda mais alto e continuei caminhando em direção ao parque, com Vitor logo atrás de mim.

— Você não costuma responder muitas perguntas, não é mesmo? – ele falou, após algum tempo em silêncio. Rolei meus olhos, mesmo que ele não pudesse ver.

— E você pergunta demais, não é? – rebati, dando-lhe um sorriso cínico. Vitor suspirou.

— Você é uma fêmea frustrante. – sua cara era desolada. Tentei não continuar sorrindo. Cara, ele era bom em me fazer rir.

— Fêmea? Que linguagem mais... Primitiva! É isso ou então você está me comparando a algum animal.

— Com certeza é a segunda opção. – Vitor alcançou-me e passou seu braço em volta dos meus ombros, em um abraço casual. Corei, mas não me afastei. O calor era muito agradável para que eu fizesse isso. Também tentei não pensar em como ele ainda era um desconhecido.

Não respondi, mantive-me quieta. Logo chegamos à entrada do parque, cheia de árvores. Gemi. O solo certamente estaria todo lamacento.

— Ah, vamos lá, princesinha. – bufei e entrei. Poucas pessoas estavam ali, andando. Os aparelhos para ginástica com certeza estariam todos molhados. Idem os brinquedos, o que era uma droga, já que eu gostava do balanço no qual, por milagre, eu ainda cabia.

Ah, foda-se. Já estava completamente molhada mesmo.

— Podemos ir no balanço? – perguntei.

— Você gosta de se balançar? Ainda? Com essa idade? – sua sobrancelha com o piercing se arqueou.

— Qual é o problema, senhor sou-muito-velho? Um balanço não é bom o suficiente para você?

— E lá vai você personificando as coisas. – suspirou.

— Não estou personificando nada. Agora, podemos ir?

— Ok, ok. Vai na frente... Vou comprar sorvete pra gente, pode ser? – Vitor indicou com a cabeça um vendedor ambulante, vendendo minha marca preferida. Assenti e minha boca se encheu de água. – Do que você quer?

— Chocolate com baunilha! – exclamei igual a uma criança pequena. Ele balançou a cabeça, mas notei um sorriso.

Enquanto ele comprava nossos sorvetes, fui para o primeiro suporte com balanços que encontrei. Até que não estava muito molhado, já que ficava embaixo de algumas árvores com grandes polpas.

Sentei-me e comecei a me balançar em uma altura baixa. Tinha medo de altura, mesmo que não admitisse. E isso aconteceu quando caí de cara no chão quando era pequena. O brinquedo me arremessou longe quando eu estupidamente soltei as correntes.

— Toma. – Vitor se sentou ao meu lado, entregando-me meu sorvete. Abri o pacote e mordi. O gelo do sorvete fez meus dentes doerem, mas estava muito, muito bom. Ele riu da minha expressão de prazer.

— Bom?

— Sim. Do que você pegou?

— Avelã. Quer? – inclinei-me para ele e dei uma mordiscada. Também era delicioso. Estiquei o meu e ele repetiu meus movimentos.

— Hm... É gostoso. – eu ri e meneei que sim.

— É meu favorito. – falei, depois de ter engolido. – Chocolate e baunilha juntos são a perfeição!

Ficamos em silêncio, então, aproveitando nossos gelattos.

— Que tipo de música você curte? – Vitor me perguntou abruptamente.

— Hm... Rock, Pop e Eletrônica. – respondi. – Você?

— Rock, apenas. Gosto do barulho.

— Eu também. – sorri. – É como se ele não te deixasse pensar nas coisas ruins...

— Exatamente.

— Então você também tem muita merda na cabeça, hein? – dei mais uma mordida e chupei o creme que escorria.

— Quem não tem? – ele balançou os ombros. – A vida só te dá coisas no que pensar. Muitas delas não são nem um pouco legais.

— É... Não mesmo. – murmurei e fiquei em silêncio.

— E como vão as coisas na sua casa? – hesitei antes de despejar a novidade do ano.

— Minha mãe vai se divorciar... Finalmente. – concentrei-me no sorvete. – Ela e o marido só estão discutindo, então... Bem, ele quer o divórcio.

— Eles nunca se amaram?

— O que é o amor, pode me explicar? – sorri com desânimo.

— Você não sabe? – Vitor arqueou suas sobrancelhas.

— Não, você sabe? – suspirei.

— Você tem um namorado... – tentou, franzindo a testa. Franzi a minha também.

— E daí? Só tenho 14 anos, porra. Não amo meu namorado... Não desse jeito. O amo como amigo e nada mais.

— Então por quê? – ele realmente estava confuso.

— Não sei. – respondi baixinho. – Ele gosta de mim. Muito. E eu também gosto dele. Digo, ele é bom para mim. Consegue me fazer feliz e... Eu sei que ele sempre estará lá quando eu precisar...

— Não. O seu irmão e a sua mãe sempre estarão lá por você. – fez uma pequena pausa e lambeu o creme de avelã. – Se você não gosta dele como... Algo a mais, não é justo ficar com o moleque, não é?

— Mas acontece que eu... Bem, eu não posso falar que aproveito todos os minutos com uma felicidade radiante, só que ele é legal. E é fácil de ficar com ele. Não é preciso muito esforço da minha parte.

— Porém você não sente desejo, né? Tô vendo pela sua cara que se fosse só amiga dele, não ia fazer assim tanta diferença. – engoli em seco e não o encarei. Não, realmente não faria diferença. Mas era algo que eu estava me habituando, certo? Ainda demoraria para eu poder... Sei lá, gostar ainda mais... Certo?

— Você tem namorada, Vitor? – me vi perguntando.

— Não. Não sou muito de namorar. – falou, constrangido. – Prefiro apenas ficar.

— Por quê? Medo de relacionamentos?

— Talvez. Mas não é bem medo... Diferente de algumas pessoas – enfatizou. – eu não iludo ninguém. E não vou namorar com ninguém até achar a certa. Aquela que não vou enganar, ou me enganar.

— E como vai saber que é a certa? Se você nunca tentar com ninguém antes?

— É isso o que você está fazendo com o pobre garoto que está apaixonado por você? Ele é seu teste?

— Não! – gritei. Alguns passarinhos que estavam na grama úmida voaram para longe. – E ele não está apaixonado por mim!

— Em relacionamentos há sempre alguém que ama mais. – deu de ombros. – Do seu, é ele.

— Ninguém ama ninguém, ok? Não desse jeito. Nos amamos como melhores amigos e isso é o importante.

— Você gosta de se enganar. – afirmou. Oh, sim, eu gostava. Mas enquanto acreditasse nisso... Talvez pudesse ainda haver uma chance de se tornar realidade. – Tá na cara que ele é caidinho por você, e olha que eu nem o conheço. Também, ele seria besta se não estivesse.

— Co-como assim? – gaguejei. O que ele estava dizendo? Seus olhos cinza cravaram-se nos meus, tirando todo o meu fôlego. Vitor era tão... Gato!

— É só olhar para você... Quem não iria te querer?

— Posso pensar em alguns nomes. – disse, ressentida. – Tipo, o garoto pelo qual eu realmente já senti alguma coisa.

— Talvez você só seja boa demais para ele.

— Ou feia demais, o que é o mais provável. – procurei meu sorvete para poder ter uma desculpa para não mais falar, mas ele já havia acabado.

— Você... Feia? – bufou. – Não mesmo.

Corei e não disse mais nada.

— Quer que eu te balance? – Vitor questionou, minutos mais tarde. Apenas assenti, meu rosto ainda estava em brasa.

Ele se levantou e se prostrou atrás de mim, segurando a corrente e tomando impulso, indo ainda mais para trás. Céus... Eu iria voar! Fechei meus olhos enquanto sentia meus cabelos indo para frente e depois para trás, quando eu descia.

Mordi fortemente meu lábio, tentando não gritar. Já falara que tinha medo de altura e o que eu estava fazendo? Quase tocando o céu! Minha última frase fez uma antiga lembrança aparecer em minha mente – Alessandro, ainda pequeno, empurrando uma eu alegre e com dentes faltando -, mas era tão antiga, e de tempos tão mais felizes, que deixei para lá.

— Abra os olhos, Katie! – Vitor gritou.

— Não consigo! Vai mais baixo! – minha voz demonstrava desespero. Minha mão estava agarrada com força nas correntes e meu corpo, entorpecido.

— Não me diga que você tem medo! Vai, abre os olhos. Não vai se machucar!

Ainda que estivesse nervosa, dei uma risadinha que me soou extremamente neurótica.

— Como é que você pode saber?! Eu posso soltar minhas mãos e tombar para frente! – o ar passava por mim e eu tentava respirar. Desta vez, era Vitor que ria.

— Você já fez isso uma vez, né? É por isso que tem medo.

— Sim! Vai mais baixo, por favor! – gritei.

— Não. Abre seus olhos, não vou deixar você cair. Vai logo! – era impressão minha ou ele estava me empurrando cada vez mais alto?

— Vitor... Para! – mordi meu beiço até que senti o gosto de sangue. Merda! Por que eu tinha de ser uma covarde?

— Não vou parar até você deixar de ser besta e olhar! – ai, eu ia vomitar!

Respirei fundo e tentei me acalmar. Eu queria voar, não queria? Pelo menos, quando eu era uma criança ingênua que nunca tinha metido a cara no chão. Ok, ok... Não vamos seguir essa linha de raciocínio ou eu piraria.

Depois de mais duas subidas e descidas, abri meus olhos de uma vez e voltei a fechá-los. Diabos... Estava muito alto!

— Estou esperando, Katie! Abra novamente! – e como ele sabia que eu já havia aberto? Tudo bem, tudo bem. Eu não iria cair, iria? Não. Ele disse que não, então bastava eu confiar nele. Em alguém que eu nunca havia visto por mais de duas vezes na minha vida!

Sabia que estava agindo feito uma criança medrosa e odiava isso. Tomando coragem, voltei a abrir os olhos e os deixei assim. Sorri, adorando o vento em meu rosto e ri.

— Essa é a minha garota! – Vitor também riu.

Epa. Espera. O quê?

Meu rosto queimou e não era pelo vento ficar constantemente o cortando. Por que Vitor tinha de ser tão... Informal? Como se já nos conhecêssemos há anos? Ele me fazia sentir coisas que não eram tão adoráveis assim.

Um trovão soou no céu e eu gritei, soltando a corrente de metal por reflexo, apenas por um segundo. Vi-me caindo, mas logo Vitor estava lá, imobilizando o balanço. Suspirei, aliviada.

— Obrigada.

— Eu disse que não iria te deixar cair. – sorriu e afastou os cabelos do meu rosto.

Tudo bem, agora era a minha vez de me afastar. Pulei do banco e dei alguns passos para trás, observando o céu que se tornava negro. Logo iria chover novamente, e minhas roupas ficariam ainda mais molhadas e imundas que agora. Além que eu tinha de ir. Agora.

— Acho melhor eu ir indo. – falei. – Não tô querendo pegar mais chuva e logo vai ser noite.

— Certo. – ele sorriu. – Quando vamos nos ver novamente?

— De preferência, quando houver sol. Sério, não apareça só quando estiver chovendo. – franzi meu nariz.

Agora seu sorriso era triste.

— É... Não tô conseguindo muito tempo pra sair. É raro. Tenho que... cuidar de algumas coisas.

Arquei minha sobrancelha com seu tom enigmático.

— Que coisas?

— Familiares. – respondeu, depois de um momento.

— Hm... Te entendo. – fingi coçar meu braço, o que era meu sinal de nervoso ou constrangimento.

— Eu imaginei que sim... Bem, nos vemos... Mais tarde.

— Claro. – pensei por um minuto, enquanto continuávamos nos encarando. – Quer meu número de celular? Assim você pode me avisar quando aparecer aqui de novo, em um tempo melhorzinho.

— Passa. – imediatamente, ele sacou seu aparelho e anotou meu número. Sorri e me voltei para ele, dando-lhe um beijo na bochecha. Ambos coramos.

— Tchau, Vitor.

— Tchau, Katie... Boa sorte com a sua mãe.

Suspirei.

— E você com seus... Ahn... Problemas familiares.

— Tá.

Sorri e fui embora, na direção oposta a dele. Sentia-me definitivamente mais leve. E culpada. Rafael e Ana certamente estariam me procurando. Idem minha mãe, como se ela não tivesse nada mais para se preocupar.

Novamente correndo, voei para minha casa. E só depois que já estava em segurança, e que a chuva voltara a cair, foi que percebi: a jaqueta de couro ainda me esquentava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Ficaram felizes, garotas?! Gostaram? Espero que sim!! Não deixem de comentar, por favorzinho!

Qualquer errinho... Falem! Eu corrigi, mas sabe como é... Sempre escapa algum.

Aqui eu também não tenho muito o que falar (raro, né?), talvez porque acabei de acordar hehe'

O próximo capítulo sai dia 18/01 (dessa vez eu olhei direitinho o calendário para não me enganar --')

AH! Eu fiz um Trailer para a fic... Vocês podem ver e me dizer o que acharam? Foi o meu primeiro e as idades dos personagens nele estão erradas... Não consegui achar pessoas entre 14 e 15 anos T-T

Mas vejam, sim? Por favorzinho? http://www.youtube.com/watch?v=7z_jIENiaCI

Beijos, Apple Pies!