Adorável Depressão escrita por Cristina Abreu


Capítulo 8
#Bônus de Ano Novo.


Notas iniciais do capítulo

Hey Apple Pies (eu gostei de chamar vocês assim), tudo bom? Como vão as celebrações?
Aqui está uma droga... Clima tenso pra caramba. Sério... Mamãe brigada com o marido, ou seja, vamos passar somente nós duas. Pelo menos, temos sorvete. E sorvete é vida. Sorte a minha.
Ok, ok... Mas vocês não querem saber da minha vida. Então... Vamos falar um pouco do segundo e último bônus.
Não ficou leve e agradável como o outro. Logo vocês perceberão. Mas também não tem as frases de efeito de Katherine. Deixemos a profundidade para nossa personagem principal.
Certo... Agora vou deixar vocês lerem, mas nos vemos de novo lá embaixo, ok? Ok!
Boa leitura!



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#Bônus de Ano Novo.


Papai havia feito suas malas perto do Natal e ido. Ele disse que viajaria, que mamãe e ele precisavam de um tempo longe um do outro. Mas não voltou ou ligou até a véspera de Ano Novo. Eu esperava que ele estivesse aqui, pois sem ele nada era completo. O Natal fora chato e irritantemente longo. Abrira meus presentes e ajudara minha irmã caçula com os dela, mas nada mais. Sem ânimo. Mamãe estava com uma cara terrível. Katie não percebia, mas eu sim. E não gostava nada do que estava vendo.

Agarrei o telefone, feliz. Tinha certeza de que meus olhos estavam brilhando e a esperança ameaçava aparecer dentro do meu peito de criança. Minha voz tremeu com emoção quando falei:

— A-Alô? – falei. Mamãe apareceu na cozinha, encarando-me.

— Tiago? Nossa... Sua voz está diferente, filho! Como você está?

— Você está vindo pra casa, papai? – ignorei suas perguntas. Meu coração martelava. Mamãe mordeu o lábio e Katie apareceu ao pé da escada, tentando se manter longe da nossa visão. Bem, eu te vi, Katherine.

— Hm... Não. Ando meio... Ahn, ocupado. Desculpe, filhão. Espero que você esteja cuidando das nossas meninas, hein? Elas precisam que alguém cuide delas e eu estou contando com você. Onde está Kate? Quero falar com ela.

— Por que não está voltando? Kate estaria melhor com você aqui. – tentei. Queria que papai viesse para casa. Quem sabe citar a princesinha dele não ajudasse?

— É complicado, Tiago. Coisa de adultos, entende? – sua voz estava nervosa. O que diabos acontecia? Arqueei minha sobrancelha para mamãe, que apenas encolheu os ombros.

— Não, não entendo. Quero você em casa, pai.

— Eu também estou com saudades, Ti... Mas não posso voltar. Ainda não. Mamãe e eu estamos passando por um sério... Hm... Problema. Isso requer tempo e esforços. Mas agora precisamos do tempo.

— A mãe do meu amigo disse que vocês estavam se separando. Isso é verdade? – sussurrei. Sabia que minha mãe e minha irmã ainda estavam tentando escutar. Ninguém precisava saber que eu sabia. Ou que, no mínimo, tinha uma ideia do que aconteceria.

— Quem lhe disse isso?! – ele quase gritou.

— É verdade ou não? – perguntei, novamente. Senti minha esperança diminuindo, já sabia a resposta.

— Sim. É. Mas não conte nada para Katherine, ok? Sua mãe e eu temos que contar. Sei que você é forte e que vai superar... Porque você já é grandinho. Já sabe mais das coisas. Katie ainda é pequena, então... Vamos manter em segredo por enquanto, tudo bem? Um segredo só nosso?

— Segredo? – zombei. Minha pequena esperança havia sido substituída por raiva, que eu tentava não deixar transparecer, sendo sarcástico. Essa era minha melhor arma. – Pai, toda a vizinhança já sabe. Não é mais segredo e daqui a pouco Katherine vai saber.

— Vou saber do quê, Ti? – Kate tinha descido e estava parada a minha frente, batendo o pezinho direito no chão, acanhada. Suspirei. – Papai está voltando, é isso?

— Não conte a ela, Tiago. – papai avisou, mas porque eu deveria seguir suas ordens? Logo estaria com outra mulher, com outros filhos. Katie e eu não seríamos mais nada em sua vida.

Somente fiz o que ele falava para que minha irmãzinha não sofresse. Não agora. Ela tinha tempo. Eu é quem estava fodido.

— Certo. – falei. Mamãe piscou e voltou para a cozinha. Seus olhos já estavam vermelhos. Odiei meu pai por isso.

— Posso falar com ela, por favor? – perguntou. Dei de ombros, mesmo que ele não pudesse ver. Passei o telefone sem me despedir e subi as escadas correndo.

— Merda... Merda! – reclamei, baixinho. Logo, eu sabia, mamãe entraria em meu quarto, querendo saber o que papai me contara. E eu diria a ela. E ela choraria. Como sei disso? Sou muito bom em desvendar as pessoas e minha mãe era uma mulher confusa e frágil, uma boneca de porcelana.

Kate? Kate era mais como vidro. Ela se estilhaçaria por dentro, mas colocaria um sorriso para fora. Um sorriso com dentes faltando. Seus olhos, no entanto, demonstrariam tudo o que sentia.

E eu... Bem... Não sei o que eu faria dali em diante. Não queria saber. Agora eu apenas queria deitar a cabeça em meu travesseiro e ficar sozinho. Sem absolutamente ninguém. Talvez uma música. Algo pesado para cobrir meus pensamentos, para me levar para longe daquele lugar.

— Tiago? – minha mãe gritou lá embaixo.

Joguei-me em minha cama e encarei o teto. Como seriam as coisas daqui em diante?

Ouvi o choro estridente de Katie e soube minha resposta.

***

— Tiago... Vou casar-me. – Paula disse. Respirei fundo e prendi o ar. O que ela estava falando?

Katherine arregalou os olhos e me lançou um olhar ao qual não retribuí. Encarei a mesa de madeira simples e fraca, sem dizer uma palavra. O que elas esperavam de mim?

— Ti? – mamãe me chamou. Ainda não ergui o olhar para nenhum delas.

Kate me chutou debaixo da mesa. Contraí meus tornozelos para trás e apoiei meus cotovelos na mesa. Estava em choque? Duvidava seriamente disso. Eu já esperava. Esperava por isso desde que ela apresentara Jorge, o tal cara. Nunca gostei dele e tentei afastá-lo de todas as maneiras possíveis. Coisa besta, eu sei. Mas era algo que eu sentia que tinha de fazer.

Talvez para mim. Talvez para papai, mesmo que o bastardo não nos visitasse mais.

— Ótimo. – falei por fim.

— Não seja assim, filho. – Paula pediu. Seus olhos estavam frios. Era nisso que ela havia se transformado desde que começara a namorar.

— Assim como? – murmurei, à meia voz.

— Ti... – Katie segurou minha mão. Ela tinha nove anos agora, e eu, doze. Bufei. – Fale alguma coisa.

Soltei minha mão da dela rispidamente e me levantei. Eu deveria sair de lá antes que dissesse algo que magoasse a todos. Comecei a encaminhar-me para a porta de entrada. Antes de sair, eu disse:

— Tanto faz.

Bati a porta com força e não olhei para trás. Papai também não havia olhado.

***

Paulista. Ano Novo. Fogos.

Tudo passava por mim em um borrão confuso. Eu estava cambaleando por aí com uma garrafa contrabandeada de Vodka Absolut nas mãos. Quase caí por diversas vezes, rindo comigo mesmo.

As pessoas estavam felizes, comemorando a passagem do ano. Pela primeira vez em muito tempo, eu também estava. Meus pensamentos tinham sido calados com a bebida, e uma letargia os confundia. Não pensava em nada coerente e não havia por que o fazer.

Hm... Encostei-me a uma parede e deslizei até o chão. Se algum policial me encontrasse, eu estaria perdido.

Uma garota se sentou ao meu lado. Ela também estava bêbada e parecia muito carente. Acho que eu vim com ela. Não podia me recordar agora, mas a menina me parecia muito bonita. Esperava que não fosse apenas a bebida.

Seu corpo se esfregou no meu e eu sorri. Já tinha 15 anos e as meninas começavam a me procurar. E eu procurava a bebida. Porém, hoje, poderia ter as duas coisas.

Beijei a boca dela e passei minha língua entre seus dentes. Logo ela estava no meu colo. Peguei a garrafa de vodca e derrubei o líquido em nossas bocas. Ela riu e eu sorri.

Como não fechava meus olhos para beijar, vi as outras pessoas dançando. Continuavam felizes. Que porra elas esperavam? Que o ano vindouro seria melhor? Baboseira. Cada minuto que se passava estava mais próximo do fim.

A garota se prensou mais contra mim e não me impedi. Ela também queria. Foi nesse momento em que a dança verdadeiramente começou.

O ano que entrou significava apenas uma coisa para mim: perdição.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? Do mesmo jeito, me falem! Os reviews de vocês são muito importantes. Eles que me fazem escrever. Senão, creio que já teria desistido. Sim, vocês são minha inspiração *O*
Por falar neles... Só faltam quatro para responder. Os demais... Tudo prontinho ^^
Ok... e agora vou começar minha lenga-lenga para o novo ano que está entrando. E vamos começar com um trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade - Receita de Ano Novo:
"Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre."
O poema é grandinho, então... Peguei apenas a última estrofe. E ela já resume tudo aquilo que eu quero dizer.
Que tal nós construirmos um ano verdadeiramente novo? E realmente deixarmos o passado para trás, em memórias? Tudo bem, não é fácil. Não mesmo. Mas acho que deve ser... bom. Concordam? Pois essa é a minha proposta.
Tá... e quem faz promessa aí? Eu não! O
Mas tenho alguns... hm... sonhos. Sonhos de que sou plenamente capaz de viver em 2013. Então, eu fiz uma listinha:
1º - Ser feliz (sempre. E 2012 não foi um ano bom. E nem seu desfecho está sendo);
2º - Sair do meu comodismo e fazer novas amizades. Isso eu nunca consegui, pois desde criança estou na mesma escola, com os mesmos amigos. Ano que vem, vou mudar e aí começa o desafio;
3º - Não deixar as oportunidades passarem. Acho que venho fazendo muito isso ultimamente, e não quero mais;
4º - Acabar Adorável Depressão;
5º - Finalmente acabar de reescrever minha primeira fic e, talvez, postá-la aqui;
6º - Quem sabe, encontrar... Alguém. Um garoto e algumas desilusões - que chamarei de amorosas, mas que não são, pois, quem é que pode ter alguma certeza de que é amor? - não podem fazer-me mal;
7º - Ler muitos livros. Ler muito mesmo. Pretendo, mais tarde, fazer minha meta de leitura no Skoob e espero completá-la;
8º - Sorrir mais do que chorar. Tá, não é como se eu chorasse sempre. Não choro. Só que isso não significa que não estou... Magoada, triste e sei lá mais o quê.
Muito bem. Não tenho mais nada. Essas são as principais coisas que mais desejo e espero fazê-las acontecer. E vocês, quais são as suas?
Bem... Agora eu me despeço e desejo-lhes um Feliz Ano Novo, e que este seja verdadeiramente novo. Que sejamos felizes e... Que tenhamos bons momentos, boas memórias. Nossa vida é constituída delas, afinal.
Um bom Ano Novo para vocês, Apple Pies!!!
P.S: O próximo capítulo só sai dia 11/01*, na outra sexta-feira.