Educação À Moda Antiga escrita por Sarinha Myuki


Capítulo 2
II - Conflito de Métodos e Gerações




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POV Edward

Eu não acreditei no que estava vendo, minha filha havia fugido de casa sem que eu percebesse para ir a essa festa sem minha permissão. As palavras de Jacob ecoavam em minha cabeça "meninos envolvidos com drogas e baderneiros", engoli seco ao pensar no que faria se ele não estivesse lá para arrastá-la de volta para casa.

O pior era a maneira como ela estava vestida… Parecia uma meretriz! Não era nem de longe minha menininha doce, que parecia uma bonequinha quando se arrumava. Seu vesido preto mal cobria uma calcinha, que ao que eu pude ver era pequena demais e rendada demais. O decote mostrava de leve a curva de seu seio e seu rosto estava escondido por um maquiagem carregada demais.

Dava para ouvir os gritos trocados entre Renesmee e Jacob, eles não namoravam oficialmente ainda, ao menos não pelo que eu sabia. Mas viviam juntos nos afazeres rotineiros, ele frequentava nossa casa e protegia nossa Nessie, mas eu ainda não sabia de nenhum namoro - que já estava liberado desde que nossa Nessie chegou aos quinze anos de idade, mesmo idade que Jacob aparentava ter.

Fiquei embasbacado com a cena, quando me lembrei de meu pai na sala. Ah, claro, eu não precisava de mais nada. Meu pai vem até a minha casa, escoltado pela Bella, para sugerir que eu fosse mais rígido com a minha bonequinha e ela me apronta a travessura do ano!

Mais rígido? Era quase piada. Eu apanhei dele a vida toda, e para um imortal, isso é muito tempo. O tempo foi passando e eu via como os pais tratavam os filhos, tudo mudava, menos Carlisle. Quantas vezes não voltei para a casa com a certeza que ele esquentaria meu traseiro, enquanto meus amigos humanos levavam apenas uma bronca ou um aviso.

Eu os invejei por muitas vezes. E agora que eu era o pai, o macho alfa do lar, o líder, ah… As coisas seriam da minha maneira. Eu li muitos livros de psicologia, cheguei até a cursar e não terminar a faculdade, e não iria deixar ele me dizer como criar minha filha.

Olhei para o lado e vi aquela figura que eu tanto amava e temia me encarando, fazendo pequenos gestos de desaprovação com a cabeça.

- Edward, enquanto conversávamos ela fugiu de casa depois de uma proibição expressa com essa roupa inapropriada para qualquer idade? - Disse meu pai num tom muito baixo, eu conhecia bem aquele tom, ele estava se contendo para não tomar alguma atitude.

Eu achei melhor ignorá-lo, eu não tinha respostas para ele. Apenas abri a porta de casa e gritei:

- Jacob, o que aconteceu?
- Edward, assim que você falou com ela, ela se arrumou numa velocidade vampírica e correu até a casa do Derik. Assim que eu entendi que ela não estava no banheiro, saí em busca dela, assim que eu cheguei lá, ela estava bebendo vodka e fumando um cigarro com a turma deles.

Jacob falava desesperado, ele vomitava as palavras sem soltar o braço da minha filha. Eu não olhava para o meu pai, mas pude ouvir um rugido escapar de seu peito quando Jacob falou que Renesmee bebeu e fumou.

- Calma pai, ela ficou fora por quanto tempo? Vinte minutos, meia hora? Não deu tempo de fazer muito estrago!

- Edward! Meu filho, acorde! Preste atençãoo – Disse ele chegando muito perto de mim e falando como quem quer me mostrar algo óbvio – Sua filha de dezesseis anos ignorou sua proibição de ir a uma festa, saiu logo em seguida, bebeu e fumou e ainda se vestiu como uma prostituta. E pior, você só percebeu a tempo porque ela foi arrastada por Jacob para casa!

- Pai, não venha me...
- Não vou ficar aqui assistindo isso! RENESMEE CARLIE CULLEN, VOCÊ VAI AGORA PARA O SEU QUARTO! - Disse meu pai que correu até o lado de Nessie, agarrando minha filha pelo braço e a levando até o quarto dela no segundo andar em meio a xingamentos por parte dela.

- Pai!

Eu bradei, mas ele me ignorou. Logo em seguida ele a largou na cama e fechou a porta. Eu estava pasmo, ele não tinha o direito de se intrometer na minha vida daquela maneira, não tinha o direito de entrar na minha casa e me dizer como criar a minha filha. Ele não tinha direito de interferir na minha vida. Não mais.

- Edward você precisa subir lá e...

- Saia daqui!- Eu o interrompi.

- O que? - Ele questionou.

- Edward, você ficou maluco?! - Foi a vez de Bella falar. Eu a ingnorei e continuei.

- Pai, o Senhor não tem direito de entrar na minha casa e dizer como eu devo educar a minhafilha. Muito menos de agarrá-la com dessa forma bruta e machucá-la. Se não sabe me respeitar, quero que saia daqui.

- Forma bruta? Essa menina está implorando por limites Edward! Você tem noção que se você ou qualquer um dos seus irmãos tivessem feito algo assim comigo que a reação jamais seria...

- Sim – Eu o interrompi – VOCÊ TERIA ESPANCADO QUALQUER UM DE NÓS, MAS AQUI AS COISAS SÃO DIFERENTES!

Eu gritei, gritei sem acreditar que estava gritando com meu pai. Ele arregalou os olhos e permaneceu calado me olhando até que disse.

- Prossiga Edward, pode continuar.

Eu respirei e tentei prosseguir sem mais elevar o tom da voz, mas era difícil falar com a mente dele gritando comigo. Em alguns momentos ele pensava que eu não sabia educar minha filha e em outros se perguntava se não deveria tirar o cinto e me dar uma surra naquela sala com a minha filha no andar de cima.

- Pai, eu não quero gritar com a minha filha, não quero que ela viva de castigo e, principalmente, não quero bater nela. Quero que ela entenda as coisas através de conversas.

- Entendo. Essas conversas estão adiantando muito, toda vez que venho aqui vejo móveis e objetos quebrados pela casa, gritos, palavrões e xingamentos saindo da boca da "princezinha". A Bella está cada dia mais desesperada e essa menina TOTALMENTE FORA DE CONTROLE!

- Você não pode me dizer o que fazer, essa casa é minha!

- Edward eu... - Nesse momento pude ler na sua mente que ele iria me bater, mas algo o fez mudar de ideia – Ok filho, se eu não sou bem-vindo aqui eu vou embora. Saiba que você pode me procurar quando voltar a si para pedir ajuda, afinal, eu serei sempre seu pai, mas lembre-se que isso não ficará em branco!

Ele saiu, não pude ler o que pensava. Se fosse possível para um vampiro estar mais branco do que já era, seria como eu estaria. Eu não acredito que havia acabado de desafiar o meu pai.

Logo, os pensamentos de Bella me tiraram do meu devaneio. Na verdade, ela estava possessa, mas antes que ela pudesse brigar comigo como tensionava, Renesmee saiu de seu quarto chorando.

- O vovô me machucou...
- Calma docinho, calma...
- Calma docinho? RENESMEE, ESTOU POR AQUI COM VOCÊ SUA GAROTA MALCRIADA! - gritou minha esposa.

Bella revirou os olhos e saiu de casa, sabia que eu defenderia Nessie. Claro que eu daria uma bronca nela, mas tanto meu pai quanto minha esposa estava exagerando. Nessie se sentou no meu colo.

- Pa-pai... Achei que o vovô fosse me bater...
- Eu jamais permitiria isso amorzinho. Mas você precisa entender que o que fez foi errado, o que passou por sua cabeça em sair assim, me desobedecendo?
- Eu queria muito ir, pai... Muuuito...

Minha ruivinha falou soluçando e chorando, eu não via lágrimas... Na verdade, quando ela chorava não apareciam muitas lágrimas, Bella dizia que era porque era um choro fingido.

- Ah meu amor, então devia ter pedido pro papai direito e não saído assim.
- Snif...
- Você vai fazer isso de novo?
- Não papai...
- Então pronto, acabou, vai se lavar e pense um pouco no que fez.

Vi minha garotinha cheia de caixinhos subir a escada, pronto, o problema estava resolvido. Não precisou de gritos, de castigos ou punições físicas.

Por algum tempo me peguei pensando no meu pai, em como falei com ele e no quanto ele deveria estar decepcionado comigo. Tentei afastar os pensamentos e saí para caçar.


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