- Hermione! – gritava uma voz seca do andar de baixo da casa dos Malfoy’s

- Sim? – disse uma mulher de mais ou menos um metro e setenta, cabelos longos, ondulados e castanhos, como os olhos.

- O que é que você fez com a minha camisa branca? Preciso ir a uma reunião, e não acho ela!

- Eu coloquei no seu armário, é só procurar direito...

Hermione foi até onde estava o armário do marido e revirou algumas roupas, depois de alguns segundos, virou-se.

- Acho que ainda não a lavei. Pra quando você precisa?

- Pra dez minutos! Vai achar a minha camisa ou... Ou...

- Ou? - Hermione cruzou os braços

- Esquece. Só acha a minha camisa!

- O.K., calma...

Hermione desceu novamente as escadas, chegando ao sótão, onde ficava a área de serviço. Procurou a camisa de Draco, mas não achava em lugar algum... Tentou se lembrar o que havia feito com ela, mas não conseguia. Subiu as escadas e saiu pela porta, indo até o varal. Lá estava a camisa branca de Draco, pendurada pela barra, secando. Hermione entrou pela porta e Draco estava ali, comendo biscoitos recheados.

- Draco, eu já estou fazendo o café, por que você está comendo essas bolachas recheadas?

- Se está fazendo eu não vi, e você demora muito na cozinha. Não consegue ser rápida, prática? É melhor eu abrir um pacote e comer a esperar você acabar de colocar temperinhos e fazer dancinhas pela cozinha. Achou a minha camisa?

- Achei, está secando no varal, você vai ter que ir com outra.

- Que outra, mulher?

- Não sei: a azul, a cinza, qualquer uma! Não sabe escolher uma camisa?

- Olha aqui, sua imprestável, não fale assim comigo!

Draco havia se levantado da cadeira e apontado o dedo para Hermione, que estava contra a parede.

- Eu trabalho todo o dia pra te sustentar, não ouse querer me desrespeitar! Acha que é quem? Resolveu se rebelar contra mim?

- Não, só acho que você deveria ser mais atencio...

- Cala a boca, idiota! Você não pode achar nada, tem tudo do bom e do melhor, não pode opinar. Agora, vou trabalhar, é melhor do que ficar aqui, ouvindo seus choros e suas reclamações sobre a vida!

Draco subiu as escadas e voltou com sua maleta e a camisa azul marinho na mão, e saiu de casa pisoteando e batendo a porta. Hermione ficou dura ali na parede, só olhando os movimentos do marido e pensando o que fazer.

Quando ele saiu pela porta de madeira, batendo-a, Hermione apoiou forte os pés e se arrastou pela parede, sentando-se no chão frio da cozinha. Colocou a mão na cabeça. Começou a pensar quando aquele amor tinha brotado.

~FLASHBACK ON~

 - Ah, que se dane. Não vou mais dar corda, até porque... AH! - os livros de Hermione haviam caido - Seu idiota! Olha o que você fez! Estragou meus livros, oh...

- Deixa que eu pego.

Draco se abaixou e pegou os livros, e quando os entregou, penetrou seu olhar no dela.

- Ah... Tudo bem, é...

- Hermione, vou ali buscar um suco. - disse a amiga morena da menina

- Então, Hermione. - continuou Draco - Prazer em lhe conhecer. Não da melhor forma, mas tudo bem, não?

- Ah, pois é... - suas pernas estavam bambas e ela estava trêmula - Qual nome é seu o seu nome?

- Er... Meu nome é Draco, Draco Malfoy. Como já disse, prazer, Hermione...?

- Hermione Granger. Prazer, é.

- Quer tomar um sorvete?

- Pode ser... Hum...

Os dois foram para a sorveteria e pediram seus sorvetes favoritos, chocolate, de Hermione, e morango, de Draco. Sentaram-se nas cadeiras de plástico.

- E então, o que faz da vida? Estuda? - perguntou Hermione

- Não, parei de estudar. Trabalho com o meu pai, quer dizer, ainda sou iniciante no ramo, mas vendo imóveis.

- Nossa, tão novo? Qual a sua idade?

- Tenho dezoito. E você?

- Eu tenho dezessete. Ainda estudo, entre aspas, é claro, porque odeio. Sempre quis ser cozinheira, mas meus pais não me incentivam, são uns idiotas.

- Já fez algum curso de culinária?

- Faço escondida, fiz um teste e deixaram eu participar de graça.

Os dois ficaram em silêncio.

- E os seus pais, como são? - disse Hermione

- Eles são bem ricos, me dão tudo o que eu quero.

- Ah, os meus também. - mentiu - Mas como eles são, assim, de personalidade?

- Não sei, não falo muito com eles. Mas vem cá, qual seu tipo de música preferida?

Hermione pensou bem: não poderia falar que gostava de clássicas e orquestras, ele a acharia ridícula.

- Gosto de rock e eletrônica.

- Sério? Eu gosto bastante de eletrônicas, essas músicas dance.

- É, eu também, adoro ir em festas e abalar com elas.

- Pois é, mas nunca esquecendo a garrafa de tekila na mão.

Hermione não sabia o que ele estava falando, mas deu um sorriso falso e concordou.

- Qual sua banda de rock preferida?

O QUÊ? Só conhecia The Beatles.

- Ah, sabe, gosto de Daltônicos. É uma nova banda, eles têm umas musicas bem legais.

- Nunca ouvi falar... Ah, só um momento.

O telefone de Draco havia tocado.

- Alô? Ah, oi, Luana. Sim, mais tarde. Como assim? Espera, não, espera Luana. Calma garota... CALA A BOCA, DEIXA EU FALAR, SUA IDIOTA!

Ele olhou pro celular e desligou a chamada, provalvelmente porque haviam desligado na cara.

- O que houve? - perguntou Hermione, apreensiva

- Nada não. Já acabou o seu sorvete?

- Já.

- O.K., quer passear, ou conversar?

- Não, éh, esqueci que tinha um compromisso, então... Tchau.

Hermione se levantou e apressou o passo até sua casa.

*

- Oi, Hermione, pode me ajudar a baixar umas músicas pro meu aniversário? - Helena, a irmã mais nova de Hermione, iria completar quinze anos em oito dias, e todos da casa estavam em ritmo de trabalho com os preparativos e os convidados. A única que não se importava era Hermione.

- É só jogar no Ares e pronto, tão difícil?

- Hermione, fale direito com sua irmã! - disse a mãe de Hermione, levantando-se da cadeira e colocando as mãos na cintura

- Não, mãe! A Hermione não sabe respeitar as pessoas! Só ela tem sentido! Deixe, deixe ela ir pro quarto dela e se fazer de durona! - berrou Helena, também levantando-se

- Cala a boca, me deixa em paz! Eu não me faço de durona, só cansei de me preocupar com os outros!

- Você tá cheia de músicas clássicas no celular, nos finais de semana vive tocando aquele piano idiota, assiste filmes românticos, quem você quer enganar?

- Eu não quero enganar ninguém, vai pro inferno sua pirralha, e me deixa em paz!

Hermione jogou duas almofadas na irmã e subiu as escadas da pequena casa, decidida a se enfiar nos travesseiros.

Não, eu não sou isso. Ah, Hermione, você é durona e sempre será, ninguém manda em você. Hermione, me escuta, você não é quem pensa! Hermione, você pisa em tudo e todos, você é perfeita! Não, Hermione, você é indefesa!

A porta do seu quarto bate. Em meio a lágrimas, ela grita:

- Não quero ver ninguém!

Do outro lado da porta, gritos de Helena ecoam:

- Hermione! Um dia você vai achar alguém que mude seu pensamento, e te mostre quem você realmente é!

Draco veio á sua cabeça.

- Cala a boca, demônia! Vai lá costurar seu vestidinho pra sua festa de princesinhas! - respondeu, um tanto grossa.

Silêncio.

As lágrimas voltaram, e mais intensas do que nunca.

"Tira, a máscara que cobre o seu rosto 

Se mostre e eu descubro se eu gosto 

Do seu verdadeiro jeito de ser "

Máscara - Pitty