Diferentes Direções (romione) escrita por Nicole Marcon


Capítulo 11
Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Oi gatas ^^
Venho aqui com mais um capítulo e um sorriso no rosto pra vocês.
Boa leitura c:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/288214/chapter/11

Rony ia voltando para sua casa e pensando no por que de Hermione não poder ir ao parque e por que o marido dela não podia saber que eram amigos.

Hoje seria o seu último dia de folga, depois, só no domingo.

Vou mandar uma mensagem pra ela, pensou.

“Mione, hoje é meu último dia de folga... Tem certeza que não pode sair? Seria legal ir no parque ou na praia, se preferir... Me responde, OK?”

Pensou duas vezes antes de enviar a mensagem. Ao apertar o botão Enviar, viu uma mulher muito parecida com Hermione na rua. Chegou a se confundir e ir até ela.

– Hermione? – falou o ruivo, esperançoso.

A mulher pareceu se assustar com o nome. Arregalou os olhos e fitou Rony por um momento.

– Conhece Hermione? – falou a mulher, parando de andar repentinamente.

– Eu... Hã? Desculpe senhora, me enganei. Tenho uma amiga chamada Hermione, pensei que a senhora fosse ela. Com licença.

– Espere! Não vá! Você é amigo de Hermione? – agora a mulher estava chorando e tentando manter a calma na voz.

– Sou... Por quê?

– Hermione... Hermione é minha filha. Por favor, me diga onde ela está... Por favor, me diga!

A mulher suplicava. Agora Rony podia notar leves olheiras e algumas rugas.

O ruivo se lembrou da história de Hermione: ela havia fugido de casa.

– Eu não... Eu... Acabei de ir visitá-la.

– Me diga onde minha filha mora, por favor!

Hermione sentia saudade dos pais, sentia falta da sua vida com a família onde nasceu.

– Hermione mora em uma linda casa com seu marido. Posso levá-la até lá, se a senhora desejar.

– Sim, por favor!

– Só um momento. A senhora é a mãe de Hermione, estou correto? Não se importa de me ajudar... Tipo, fazer uma surpresa?

– Se você me levar até a minha filha, eu faço o que você quiser. Por favor, eu só quero abraçá-la e conversar com ela, ouvir... Ouvir novamente sua voz.

A mulher chorava muito forte e gemia. Sua voz estava fraca, e agora as olheiras ficavam maiores.

– Tudo bem. Se a senhora quiser me acompanhar, chamarei Hermione.

– Obrigada! Muito obrigada! Não sei como lhe agradecer – disse ela, limpando as lágrimas e seguindo Rony até a cafeteria onde ele trabalha.

**

– Alô? – disse Hermione ao telefone.

– Hermione, preciso que venha até a cafeteria agora, por favor, é urgente! – a voz de Rony dizia do outro lado da linha.

– O que houve? Preciso mesmo ir?

– Por favor, venha logo, é muito urgente!

– Estou indo.

** POV HERMIONE **

O que Rony estava fazendo? Disso eu não sabia, só peguei minha bolsa e disse a Draco que ia comprar doces, deixando-o confuso.

Logo que saí pela porta, fui em disparada para a cafeteria.

Chegando lá, Rony me esperava.

O que houve, Rony? – perguntei furiosa, percebendo que não estava acontecendo nada com ele e nem uma emergência.

Um vulto saltou da porta da cafeteria e me abraçou. Não pude perceber quem era, pois não vi seu rosto.

Senti cabelos com cheiro familiar no meu rosto. Lágrimas pingavam na minha blusa florida e a mulher que me abraçava – sufocava – era mais alta que eu e mais velha.

Pude ouvir palavras abafadas pelo choro em meu ouvido; palavras como “eu te amo”, “eu nunca me esqueci de você”, “sentimos muito a sua falta”.

Rapidamente reconheci a doce voz da minha mãe. A minha mãe.

Larguei a bolsa no chão e correspondi seu abraço, apertando forte suas costas e começando a chorar um rio de lágrimas.

– Mãe... Mãe, eu... Eu me arrep-pendo de tudo, mãe... Me perdoa, p-por favor...

– Não, filha... Não me peça perdão... – minha mãe me soltou, mas eu não queria soltá-la. Queria ficar abraçada a ela pelo resto da minha vida.

– Peço, sim, mãe... Tudo o que eu te fiz...

– Não, não... Como de costume, leio histórias, você sabe... – e eu sabia. Minha mãe é viciada em ler, assim como eu. – Li um livro em que aprendi demais, minha Hermione... Aprendi que amar é jamais ter que pedir perdão. Eu te amo demais, e, se me ama, não me peça perdão...

– Eu te amo, mãe...

Soltei-a e passei minha mão sobre sua face. Ela é linda... Ela é minha mãe.

– Todos nós ficamos angustiados quando você foi embora de casa. Helena te procurou em todo lugar, virou a cidade... E aquela casa nos trazia tanta lembrança sua, que acabamos nos mudando para longe. Agora vejo que para perto de você.

– Vocês querem ir ali em casa conversar? Vamos lá, aqui é muito desconfortável. – disse Rony, limpando discretamente uma lágrima no rosto.

Por um momento me toquei que havia esquecido da presença Rony.

Abracei-o muito forte, soluçando “obrigada” em seus ouvidos. Ele me abraçou também e disse que não foi nada. Rony, por que tão gentil?

Fomos para a casa dele e continuamos a conversa.

Mamãe me contou que os próximos anos de convivência na casa foram tensos, e que a festa de Helena havia sido cancelada.

Eu fiz minha irmã cancelar a própria festa de quinze anos. Eu sou um monstro.

Rony preparou chá e nos serviu.

Segundo minha mãe, Helena estava igual a mim quando saí. Comprara roupas escuras, cortara o cabelo e usava maquiagem pesada. Não queria isso pra minha irmã... Esse jeito de durona me trouxe muitas complicações e uma vida terrível.

– Como está o papai? – perguntei ansiosa, bebericando meu chá de camomila.

– Ah, filha... O seu pai infelizmente faleceu cinco meses após a sua fuga... Eu sinto muito, meu anjo.

Não! O meu pai não podia ter morrido! O meu pai não, meu pai não! Eu nunca o tratei direito, sempre com desprezo, sempre tratei toda a minha família mal... Eu tinha vontade de me matar, eu tinha vontade de me jogar em um rio de novecentos mil metros de profundidade, tinha vontade de arrancar o meu coração pela garganta... Eu sou um monstro, eu faço tudo errado...

– Como... Como ele morreu? – pedi por curiosidade, chorando mais do que nunca.

– Bem... Ele pediu busca por você para a polícia, que demorou um mês para nos retornar e chegar a nossa casa. Ele começou a reclamar e dizer que o serviço da equipe era péssimo, e que eram um bando de retardados que só sabiam beber cerveja enquanto brincavam de oficiais. Sabe como seu pai é, gosta de justiça... Então, ele foi julgado por desacato a oficial. Condenaram um ano de prisão por chamar o juiz de balofo sem-vergonha. Não tínhamos dinheiro para pagar a libertação, então teve que ir. Ele não conseguiu resistir, sem você, sem a família, sem ninguém... Ele morreu de depressão na prisão. Sei que está triste por ele, mas saiba que morreu por nós. Morreu lutando por uma vida em família feliz.

Não acreditava que a morte do meu pai aconteceu por minha causa. Antes de perceber, estava sobre o tapete da pequena sala, deitada, com as mãos sobre o rosto. E, principalmente, chorando mais do que mil pessoas conseguiriam chorar.

Rony me ajudou a levantar e trouxe uma água e um pano úmido. Secou minhas lágrimas e me deu água para beber. Percebi que ele também estava comovido com a história, e que tentava me acalmar.

Enquanto eu contava a história da minha fuga e do que passei com Draco, é claro, sem entrar em detalhes de agressão e discussões mais sérias, minha mãe ouvia atentamente e Rony massageava minhas costas.

Trouxe outro copo de água e lenços, e se sentou ao meu lado. Acariciava a mão que não estava segurando o copo e me deixava cada vez mais corada...

Ronald Weasley, você vai me deixar louca.

Com ele acariciando minha mão, consegui, por um momento, esquecer da morte do meu pai. A presença da minha mãe também ajudou. Tudo voltaria ao normal entre nós... E agora sabia com toda a certeza que Rony queria o meu bem.

**

Logo depois de minha mãe me convidar para ir até a nova casa, ela teve que ir. Fiquei muito triste, mas sabia que minha mãe não iria para sempre. Afinal, eu iria visitá-la amanhã.

A porta se fechou e Rony voltou à sala.

– Hermione, posso ver o seu braço?

Concordei, esquecendo do que tinha acontecido antes de ir para a cafeteria.

– O que é essa marca aqui? – disse ele, apontando para o vermelhão onde Draco havia me dado um tapa.

– Nada...

– Você não tinha isso quando te visitei mais cedo.

– É que eu... Eu me queimei, é...

– Se tivesse se queimado estaria quente. Hermione, me diga a verdade. O que aconteceu?

– Tchau, Rony, tenho que ir. – falei, saindo correndo pela porta semi-aberta.

Agora estava chovendo, e eu estava sem guarda-chuva. Minha bolsa estava encharcada, somando meus sapatos e roupa de verão. Eu estava com frio, molhada e tossindo feito louca.

Do nada, um guarda-chuva cobriu minha cabeça e uma mão segurou meu ombro. Me assustei, mas logo reconheci a onda de cabelos ruivos sobre meu rosto.

– Eu te levo pra casa, vamos. – disse a doce voz de Rony, colocando seu casaco sobre minhas costas e me conduzindo pela calçada rachada.

Eu tossia cada vez mais, o que parecia que o preocupava.

– Ali – falei, apontando para uma quadra.

– Está bem? – ele falou, dobrando a esquina, como eu havia indicado.

– Poderia estar melhor, mas obrigada.

Após alguma caminhada a mais, parei na esquina e falei, ofegante:

– Obrigada, pode me deixar aqui.

Eu não sentia meus pés.

– Tem certeza?

– Sim, obrigada.

Devolvi o casaco e dei um último sorriso, atravessando a rua e partindo para a minha casa.

**

"É sempre em tempos como estes

Quando eu penso em você

E me pergunto

Se você alguma vez pensa em mim"

A Thousand Miles - Vanessa Carlton


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Cabeças de Hermione para todas nesse novo ano e para a volta às aulas.