As Desastrosas Aventuras da Guilda escrita por Hikaru


Capítulo 12
Tecnicamente zumbis


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo demorou por que eu cometi o erro de comprar Borderlands: The Pre-Sequel. Já tenho dois personagens no lvl 50. Não me arrependo de nada. Enfim, juro que vou tentar postar mais seguido



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– Ela tá na capela, no fundo do prédio do Vaticano – Ryuuko tinha finalmente achado uma planta do Vaticano, e não havia nada nela que fosse algo como uma “sala de exorcismo” então essa era a conclusão mais lógica.

– Freddie, você vai com a Ryuuko. Eu vou ajudar a Annya a segurar esses caras – ordenou Lilly.

– Cara, eu nem sei se ela precisa disso.

Assim que eles saíram do calabouço, presenciaram uma cena bizarra: metade do exército do Vaticano estava atirando na outra metade, enquanto Annya gotejava sangue e suor, suas roupas rasgadas expondo vários buracos de bala por todo o seu corpo.

– Eu nunca vou me acostumar com isso – comentou Ryuuko, enjoada.

João Paulo III estava igualmente enojado, mas não se abalou.

– Eu não tenho tempo nem paciência para lidar com essas pragas. Venham até aqui e cuidem dessas duas, e não deixem os outros dois chegarem até aquele demônio maldito – ele disse, como que falando consigo mesmo, colocando os dedos na orelha direita.

Das sombras de um canto do pátio, Lilly e Annya avistaram dois dos magos que haviam raptado Helena: O carnomante magrelo e psicótico, e o negro truculento que havia sumido logo que a luta havia começado.

– Uma necromante de verdade! Vocês estão ficando cada vez mais interessantes – disse o carnomante, com um largo sorriso no rosto – Eu nunca comi um necromante...

– E nem vai. Não hoje. Ainda não é a minha hora... – ela respondeu, com um toque de melancolia na voz – Vocês realmente querem fazer isso? Tem um exército inteiro morto pra eu usar aqui.

– Não temos medo de fantasmas – retrucou o outro mago, enquanto sacava duas adagas de algum lugar do seu sobretudo.

– Tecnicamente, são zumbis. Ou vão ser – corrigiu Lilly – Tanto faz.

– Bom, eu também trouxe companhia – disse o carnomante, enquanto puxava das sombras um homem, vestido igual a ele, mas visivelmente aterrorizado.

– Solta ele. Agora – ameaçou Lilly.

– Toma, é seu! – ele respondeu, enquanto controlava o homem indefeso para pular em cima de Lilly brandindo uma adaga. Ela desviou e segurou o homem pelos braços, imobilizando-o.

– Sério? Isso é pura covardia. Annya, fica com o outro. Eu vou encher esse cara de porrada.

– O outro... – Ela balbuciou, enquanto procurava-o. O companheiro do carnomante havia sumido completamente.

De algum modo, ele apareceu atrás de Annya, avançando no seu pescoço com a adaga. Pega completamente de surpresa, ela não pode fazer nada. A lâmina penetrou fundo na sua jugular, fazendo o pouco sangue que ainda corria pelas veias da garota jorrar. Num movimento brusco e brutal, o agressor puxou violentamente sua arma, dilacerando a carne do pescoço, de modo que a única coisa que ligava a cabeça de Annya ao resto do corpo era sua coluna vertebral. Usando os braços, ele partiu a coluna da jovem com um golpe rápido. Com um baque surdo, a cabeça decepada de Annya foi ao chão.

Lilly olhou para o corpo de sua amiga de tanto tempo, uma pessoa com a qual havia partilhado alguns dos melhores e piores momentos de sua vida. O corpo mutilado, decapitado e fuzilado de sua amiga. Suas roupas, sempre negras, estavam empapadas de sangue, que formava uma poça escarlate macabra pelo pavimento do mais sagrado dos lugares. A cabeça de sua amiga, confidente, companheira, ainda esboçando uma expressão perdida e confusa ao não localizar seu assassino. Sua pele, alvíssima, e agora mais ainda, como uma tela abstrata, a tinta de sangue no leito de morte.

Lilly, ao ver essa cena chocante, não esboçou a menor reação.

O assassino percebeu isso.

– É sério que ela ainda não morreu? – ele perguntou, indignado – eu arranquei a porra da cabeça dela! Que merda de monstro essa mulher é?

Lilly estava bastante dividida em segurar o homem que tremia e se debatia ferozmente nos seus braços e achar graça da inocência dele.

– Isso não é nada. Tinha que ver na vez que ela foi totalmente incinerada. Até eu fiquei chocada quando as cinzas dela estrangularam o piromante que tentou matar ela.

– Você é realmente um negro umbramante? – A voz de Annya provocou um calafrio no assassino – Você é racista cara.

O corpo decapitado de Annya se mexeu. Primeiro, alguns leves tiques nos dedos das mãos. Os braços então começaram a ganhar vida, apoiando-se no chão para levantar o corpo. A morta-viva se ergueu, seu sangue gotejando, fios de músculos pendurados nos buracos de balas. Lentamente, ela foi em direção à sua própria cabeça, e a pegou pelos cabelos.

– Isso é bastante inconveniente – ela disse, com uma expressão chateada – vai dar trabalho de colocar isso no lugar, sabia?

O umbramante repetia o sinal da cruz incessantemente.

– Deus não vai te salvar agora – ela caminhava na direção dele, que estava bastante perturbado com a visão – Mas fica à vontade pra gritar por ele enquanto eu arranco suas unhas pelos olhos e dou nós na sua língua.

Ele se deu um tapa na cara. Annya parou, surpresa.

– Jean, ou você acorda ou ela vai realmente matar você! – Gritou o carnomante, com um dos braços estendidos na direção dele, e outro na direção de Lilly e do homem controlado por ele.

Despertando do seu estado de choque, Jean pôs-se em posição de combate, e partiu furioso para cima de Annya. Num pulo, ele rapidamente enfiou a sua arma no estômago dela, apenas para receber um riso de escárnio de volta. Eles agora estavam cara-a-cara, a poucos centímetros de distância. Jean esboçava uma mistura de medo e raiva no rosto.

– Minha vez – rosnou ela, estendendo a sua mão para a foice, que jazia no chão. Como que atendendo ao chamado de sua mestra, a arma voou em sua direção. Jean teve que pular para trás para não ser cortado ao meio pelo golpe ágil de Annya.

Enquanto isso, o carnomante avançou para cima de Lilly, correndo desajeitadamente, mas bastante veloz. Prestes a entrar em combate, ele furou a ponta dos polegares com os dentes, dos quais jorraram uma quantidade anormal de sangue, que bailava no ar de forma sobrenatural. Ele girou os braços num arco amplo, de modo que seu sangue acompanhou o movimento, formando uma lâmina escarlate que cortaria Lilly e o inocente ao meio. Mas ela pensou rápido, transformando seu braço num grosso ramo de carvalho, que aparou o golpe a tempo.

– Não! Esse truque eu já vi! – disse o carnomante, visivelmente decepcionado – Me mostre alguma coisa nova, se não eu também não vou mostrar.

Não era a reação que Lilly estava esperando, mas ela aceitou o desafio.

– Que tal... Isso? – Ela tirou um pequeno frasco contendo uma minúscula haste com pelos rosados e uma garra.

– Que merda é essa?

– Isso... é uma quelícera de uma armadeira, a aranha mais venenosa do mundo. Com apenas seis centésimos de miligrama do veneno dela é possível matar um rato – e com essa frase ela espetou a quelícera no seu braço – Com essa magia eu posso produzir alguns litros desse veneno.

– Sim! Essa é uma ótima magia. Só o veneno? – o carnomante agora parecia uma criança que acabou de ganhar um brinquedo novo.

– Claro que não – Enormes quelíceras começaram a brotar da boca de Lilly. Debaixo de seu jaleco, dois pares de braços extras cresciam lentamente, rasgando as laterais de sua blusa como duas plantas germinando na sua carne. Sua pele ficou coberta de pelos marrons-claro, e seus olhos tornaram-se negros como ébano, e vários outros pares deles brotaram no seu rosto. Para finalizar a bizarra transformação, um grotesco abdômen de aranha nasceu como se fosse uma cauda desproporcional, recoberta de pelos, mal surgindo e já pondo-se a trabalhar em sua seda.

– Sua vez de me surpreender – sua voz era um suspiro sobrenatural, ao mesmo tempo quase inaudível e retumbante. Mas o tom de desafio era inconfundível.

– Você é realmente uma biomante de talento... Isso deve ter levado anos de pesquisa. Não acho que fomos apresentados ainda, senhorita...?

– Lillian. Alguns meses. O truque é não usar a circulação aberta dos aracnídeos.

– Hmmm. Isso vai ser difícil de combater. Talvez você tenha me obrigado a usar as minhas melhores magias – o sorriso dele ia de orelha à orelha.

Fazendo um gesto com o indicador, o homem que estava sendo controlado pelo carnomante, esquecido por Lilly enquanto ela se concentrava na sua transformação, correu na direção dele.

– Você não vai machucar ele de novo, seu... – ela ameaçou, armando um bote. O veneno já pingava de suas quelíceras.

– Se você chegar perto dele, um passo que seja, eu vou fazer todas as veias e artérias dele se contorcerem até ele virar uma bola de sangue, carne e ossos. Mas que falta de educação, Lillian. Eu esperei você terminar o seu show. Agora, você vai assistir o meu!

Com violência, ele puxou o cabelo de sua vítima para trás, de modo a obriga-la a abrir a boca. Ele colocou seu polegar furado acima dele, de modo que seu sangue gotejava e o pobre homem, sem escolha, engolia-o. Lilly começou a perceber que talvez tivesse cometido um grave erro quando provocou esse mago psicopata.

– E então... Haviam dois!

Nesse momento, o pobre homem entrou em uma convulsão violenta, e teria ido ao chão se o carnomante não estivesse segurando-o com força pelos cabelos e braços. Chocada, Lilly percebeu que a pele estava se deformando, como se seus músculos abaixo dela estivesse fervendo e borbulhando. Seu cabelo, antes curto e castanho, crescia aceleradamente, e logo assumiu um tom negro. Seus membros ficaram maiores, mais longos e esguios. Consequentemente, ele havia ficado um pouco mais alto. Seu nariz, olhos, orelhas e boca moviam-se lentamente pelo seu rosto, como que arranjando uma posição mais confortável para ficar. E então ele parou de tremer. O mago soltou-o, sempre sorrindo. Sua vítima limpou o suor do seu rosto. E sorriu.

– Quem é você? – Perguntou o carnomante.

– Eu sou Jeremiah Blood, o maior carnomante de Novo Mundo! – ele respondeu. Era agora uma cópia exata do carnomante. Em todo e qualquer aspecto, absolutamente indistinguível.

– E quem é essa bela moça? – Lilly se esforçava para sempre lembrar que o original estava à sua esquerda.

– Esse, meu amigo, é o nosso jantar!


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Notas finais do capítulo

Escrever esse capítulo foi muito divertido, principalmente a cena da Annya "morrendo"



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