We Must Be Killers escrita por Livis


Capítulo 4
Duplas.


Notas iniciais do capítulo

Postei finalmente o capítulo! Eu acho que ficou meio ruim, mas juro que no próximo vou recompensar. Espero que gostem e obrigado por lerem a fic *-*



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O professor se levantou espreguiçando-se, os olhos meio sonolentos e quando ficou de pé, o corpo ficou balançando para lá e para cá, como se fosse cair a qualquer momento. Ele acabou se apoiando em sua mesa para não ir de cara com o chão.

Algumas risadas e cochichos podiam ser ouvidos depois disso.

Bêbado, ouvi alguém sussurrar ao lado, nosso novo professor é um bêbado.

Outras risadas.

Ele acabou por fim sentando-se na mesa, cruzando os braços e fuzilando a todos com um olhar predador. Ficou sem falar nada por longos, longos minutos, deixando alguns desconfortáveis e outros entediados.

Por fim, ele começou a falar:

Silêncio. – disse, fazendo todos se calarem rapidamente. Não era necessário gritar; a voz dele era forte, firme e tinha presença, mesmo parecendo estar de longe sóbrio e o hálito de bebida estar impregnando a sala aos poucos. O professor abriu um sorriso de orelha a orelha, arqueando um pouco as sobrancelhas e depois focou o olhar em mim. – Qual é seu nome, queridinha?

Contive o impulso de revirar os olhos ao ouvir o queridinha.

Katniss. – disse alto o suficiente para ele ouvir. – Katniss Everdeen.

Os olhos cinza ficaram me encarando por um tempo, como se quisesse me decifrar, me analisar inteiramente. Ele apenas abriu um sorriso depois disso.

Então, queridinha, espero que não chegue mais atrasada se não terá que ir para a diretoria e...

Mas é o meu primeiro dia aqui! – protestei.

Ele fez um gesto com a mão no ar, visivelmente irritado.

Sem “mas”. – falou revirando os olhos e depois voltou a me encarar. – Não me importa se é novata ou o quer que seja. Na minha aula, você vai chegar na hora certa.

Soltei o ar com força da boca, também ficando irritada, inclinando o corpo levemente para frente e apoiando os cotovelos na mesa. Não me importava agora, eu iria me defender, nem se pra isso tivesse que começar uma discussão com um professor imbecil no primeiro dia de aula.

Abri a boca para falar, mas uma sensação quente tomou conta do meu braço, fazendo-me fechar a boca rapidamente, surpreendida.

Olhei para meu braço esquerdo. Uma mão estava em cima dele, segurando-o com força, mas não ao ponto de me machucar, apenas com firmeza.

Melhor não começar uma discussão agora. – Peeta sussurrou somente para eu ouvir. – Não vai querer brigar com o Haymitch.

Encarei ele por alguns segundos com o cenho franzido.

Com raiva de tudo, puxei meu braço com brutalidade, me afastando o máximo de Peeta que podia. A expressão dele murchou por um momento, ou talvez eu tenha imaginado, pois logo depois um sorrisinho sarcástico estava nos lábios de Peeta. Menino estranho. Professor estranho.

Tudo na minha vida é estranho agora.

E agora – recomeçou o professor, ou Haymitch, como Peeta me disse ser o nome dele. – quero que vocês façam um texto com suas respectivas duplas sobre a Guerra Fria.

Gemidos foram ouvidos logo depois.

Nós já aprendemos sobre a Guerra Fria há quatro anos atrás... – resmungou uma menina de cabelos louros com alguns cachos nas pontas, os olhos verdes virando pra cima por um momento. – Não pode dar um desconto? É o começo do ano.

Haymitch colocou a mão sobre o queixo, como algumas pessoas fazem quando estão pensando seriamente em tipo, teorias do universo, ou qualquer coisa do tipo. Mas o sarcasmo estava claro na cara dele.

Hmm... – ele tirou a mão do queixo e encarou a menina. – Não, Glimmer. E agora deixem de serem preguiçosos e comecem logo a fazer os malditos textos da Guerra Fria.

Depois, ele começou a distribuir um papel para cada dupla e quando terminou de distribuir tudo, voltou à sua mesinha e ficou digitando no computador que havia lá. Eu que estava com a folha, o lápis seguro firmemente em minha mão direita, tentando pensar em algo para escrever, mas não vinha simplesmente nada à minha cabeça sobre a Guerra Fria no momento. Não que eu não soubesse sobre Guerra Fria, eu sabia sobre ela, estudei sobre ela e poderia facilmente fazer um texto sobre esse tema. Mas havia algo me distraindo. Eu apenas não sabia o que era. Então, eu percebi o que estava me deixando dispersa. Era ele.

Peeta estava brincando com um lápis na mesa, parecendo muito interessado naquilo e concentrado, quase como se estivesse tentando decifrar um cubo mágico. Virei o rosto novamente para a folha branca à minha frente, tentando pensar em algo para escrever e ignorar totalmente minha dupla que estava a poucos centímetros de mim.

Peguei o lápis e escrevi o título:

“A disputa entre o Socialismo e o Capitalismo”

Era um título horroroso, mas era o que me veio à mente e também o achei parcialmente adequado. E depois, como esperado, travei. Fui escrevendo qualquer coisa que conseguia me lembrar da Guerra, mas sempre apagava depois e quando finalmente pensei em algo para escrever, a folha voou das minhas mãos.

Quer dizer, ela não voou, ela foi arrancada.

Olhei indignada para Peeta.

Ele não pareceu perceber meu olhar, pois estava já estava começando a escrever na folha, escrevendo tão rápido que parecia que alguém estava ditando um texto e ele estava apenas copiando.

Me devolve. – falei decidida para ele, fazendo-o levantar o rosto e olhar para mim. Arqueei as sobrancelhas.

E ela sabe falar – disse e depois abaixou os olhos, voltando a escrever na folha.

Franzi o cenho.

Me devolve. – repeti. – Me devolve a folha. Afinal, se você quisesse escrever o texto, era só ter me pedido.

Peeta parou de escrever novamente se voltando para mim.

Eu apenas quis ajudar.

Arrancado a folha da minha mão? Não, obrigada. Eu recuso sua ajuda.

Ele riu um pouco.

Tudo bem, tudo bem. – levantou as palmas da mão como se quisesse dizer que estava se rendendo. – De qualquer maneira, já fiz metade do texto.

Revirei os olhos.

Você só escreveu nessa folha por uns cinco segundos.

Os olhos dele brilharam por um instante. Tentei decifrar aquilo. Então ele esticou a mão e entregou a folha para mim. Peguei-a desconfiada e comecei a passar os olhos pelo texto, mas não sem antes arregalar os olhos um pouco. Eu esperava pelo menos duas linhas e meia completas, no máximo três, mas não vinte linhas.

Olhei para ele.

Como conseguiu?

Ele estava novamente brincando com o lápis, passando ele entre os dedos e sem olhar na minha cara perguntou de um jeito meio entendiado:

O quê?

Como conseguiu escrever vinte linhas em menos de dez segundos?

Ele deu de ombros.

Digamos que, eu faço coisas que a maioria das pessoas não conseguem. – ele virou os olhos para mim. – Não que escrever rápido seja a coisa mais incrível que eu faça.

Sem perceber inicialmente, vi que tinha aberto um pequeno sorriso nos meus lábios e ele acompanhou. Então dei de ombros.

Se isso vai fazer a gente ganhar um ponto com esse professor, pra mim tanto faz. – disse.

Peeta balançou a cabeça, concordando, ainda sorrindo.

Quer sair amanhã? – perguntou ele de repente.

Isso me pegou de surpresa. Não sabia bem o que dizer, pois apenas uma troca de sorrisos não quer dizer que eu já goste dele ou que confie, pois ainda acho alguma coisa inquietante nele. Peeta percebendo meu silêncio continuou a falar:

Relaxa. Não é um encontro. – falou. – Eu preciso te mostrar uma coisa.

Isso chamou minha atenção e me deixou novamente surpresa e desconfiada.

Me mostrar o quê?

Vá hoje à floresta às sete horas. – ele disse tão baixo que eu tive que me inclinar para frente para ouvir melhor o que estava dizendo. – Na entrada da floresta.

Franzi o cenho e fiquei encarando ele tentando ler seus pensamentos.

Obviamente não era um encontro. Ninguém marca um maldito encontro onde duas pessoas quase foram comidas por lobos recentemente. E ninguém em sã consciência iria a um encontro desse aonde quase foi morta.

O sinal tocou logo depois disso, fazendo vários alunos se levantarem para irem a suas outras aulas, mas eu continuei sentada e falei para Peeta:

Olha, eu...

Ele começou a se levantar e antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, como por exemplo recusar, ele sussurrou em meu ouvido:

Te encontro lá. – falou. – Não leve ninguém. Não conte para sua mãe nem para ninguém. Sete horas em ponto.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^