Irmãos, Apenas Irmãos... escrita por Duda


Capítulo 38
Capítulo 38 - Onde você se meteu?


Notas iniciais do capítulo

Novo capitulo, bem grande e cheio de aventuras para vocês. Caprichei bastante nesse e as coisa digamos que levaram uma reviravolta, para a descobrir é só lendo.



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A aula de Português tinha sido aborrecida como sempre, quase adormeci. Depois tive Ciências e finalmente Matemática. Sai com Marta e ficamos esperando pelos rapazes no portão.

_Que cara é essa? – Marta perguntou.

_É a minha. – falei rindo.

_Você está bem?

_Estou.

_Não, não está. Já conheço você muito bem e sei que não é de me dar respostas curtas como um “ estou”. Vá, o que anda aí?

_Eu não consigo esconder mesmo nada de você, pois não? – Marta abanou a cabeça.

_Eu sabia. Você para estar com essa carinha tinha que ter rolado alguma coisa e justamente com o Bernardo. Agora me conta.

_A gente ontem “brigou”- fiz aspas com os dedos quando disse “brigou”.

_Porquê brigou? – Marta também fez aspas no brigou.

_Porque…, sei lá. Esqueça.

_Esqueço? Não. Agora você começou, vai acabar.

Contei o que tinha rolado a Marta e ela deu a sua opinião sobre a coisa. Me fazendo rir. Ela era muito tola e brincava com qualquer parada. Acho que ela conseguia tornar o complicado fácil. Acabamos falando de Miguel também. Ela me contou como tinha sido seu fim de semana mega louco com ele. Parece que Miguel estive ensinando ela a surfar. Acho que quando ela me falou isso uma vontade louca de ser uma mosca e ter visto esse momento, de Marta em cima de uma prancha, se tentando equilibrar e movendo os braços de um lado para o outro. Devia ser hilário. Estava tentando imaginar a cena mas acho que nem a minha imaginação conseguia alcançar essa aventura. Estávamos rindo sozinhas:

_E por falar nessas duas coisas perdidas, onde eles se meteram?

_Não sei não. Vou ligar para Bernardo, para ver onde ele anda.

_Acho que não precisa. - Marta fez cara feia e ao mesmo tempo de admiração.

_Porquê? Já o viu?

_ Ver? Não eu nã… - Marta estava atrapalhada e fixa em qualquer coisa atrás de mim. Virei para ver o que era também.

Bernardo estava agarrado a uma loira a beijando. Não consegui reconhecer a piriguete que o agarrava. Ela estava de costas e muito colada nele. Os dois se beijavam como se o mundo fosse acabar e pelo que parecia nenhum estava disposto a parar. Todo o mundo estava fixo neles. Olhei para Marta que me encarava sem saber o que falar depois de também ter assistido á cena. Voltei a olhar para os dois e finalmente os vi descolando um do outro. Bernardo segurava os braços da garota, olhou á sua volta e finalmente me encontrou, sua expressão mudou completamente. Lhe abanei negativamente com a cabeça. Pegando depois nas minhas coisas e saindo correndo.

_Leonor, Leonor… Onde você vai? Espere. – Marta gritou, mas eu nem sequer me limitei a olhar para trás.

Corri com toda a minha velocidade pela longa estrada fora. Queria ir para bem longe dali. Não estava acreditando naquilo que estava vendo. Como ele foi capaz depois de tudo o que me falou hoje no café da manhã, ontem, em todos os outros dias. Onde estava aquele Bernardo que eu julguei ter mudado?

Afinal, acho que o que mudou foi a minha maneira de o olhar. Ele continuava sendo o mesmo mulherengo, o mesmo canalha e cafajeste que usa e deita fora, o mesmo playboyzinho que tinha fama por toda a escola e que tinha todas as garotas que queria na mão, era só escolher.

Respirava fundo e tentava controlar as lágrimas que já se formavam em meus olhos. Ainda estava correndo, correndo sem destino, até onde minhas pernas permitissem e minhas forças deixassem. O ar batia forte em meu rosto e as lágrimas que antes se formavam agora já escorriam por meu rosto se perdendo depois de traçarem um caminho de água.

Cheguei num cruzamento, segurei meu cabelo e olhei para todo o lado. Passei a mão em meu rosto tentando controlar aquelas gotas quentes mas foi em vão. Eles estavam incessantes. Senti um frio dentro de mim, uma sensação estranha me percorria e sentia minhas mãos tremerem.

Vi um táxi passando e fiz sinal para ele parar. Entrei nele e dei as indicações:

_Para a praia, por favor, o mais rápido possível.– tentei não mostrar minha fraqueza, porém acho que o condutou notou. Não perguntou maus deu para perceber pela quantidade de vezes que olhou pelo retrovisor.

Tinha minha cabeça colada no vidro do táxi e minha respiração quente já começava a ficar marcada no vidro. Avistei o mar ao longe e percebi que estávamos chegando e preste a parar.

Entreguei o dinheiro ao taxista e sai, quando estava fechando a porta ele me impediu.

_Não é nada bonito ver uma garota maravilhosa como você chorando. Abra um sorriso nesse seu lindo rosto. Não há razão para tantas lágrimas, nem tantos soluços. Tenho certeza que depois da chuva vem sempre o sol!

Não sabia o que havia de falar e por isso fingi um sorriso e fechei a porta de vez. Peguei minha bolsa e desliguei o celular. Sabia que não tardava e iam começar caindo chamadas e mais chamadas de Marta.

Fui até ao areal e descalcei meu calçado. Deixem meus pés tocarem na areia quente do sol escaldante de três horas da tarde. Me aproximei mais do mar e me sentei na areia olhando as ondas vindo e indo. A praia não tinha muita gente, bem pelo contrário estava deserta. As lágrimas cada vez caiam com mais frequência por meu rosto e lembranças minhas e de Bernardo esvoaçavam em minha mente. Desde o dia em que a gente se conheceu. Aquela troca de olhares, aquele simples “oi”. Lembrei de quando ele cantou para mim, quando a gente se beijou e todas aquelas tardes que passamos nos beijando. Quando ele me pediu em namoro e de todas aquelas vezes que adormeci em seu colo. Recordei da nossa noite aqui na praia e de nossas confissões.

Afinal o que foi tudo isso?

Apenas um teatro onde eu era a coitadinha e ele o herói?

Na realidade agora sim eu tava intendendo o que é verdadeiramente o amor. Sim, se estão se perguntando “Mas era amor?”, sim. Na verdade aquilo que eu sentia por Bernardo era amor. E acho que eu não estava fugindo da palavra mas sim do significado. Apesar de não o admitir, eu estava apaixonada por Bernardo. Ao menos eu acho, ou achava. Mas agora… Agora acho que tudo não passou de um filme.

Acho que me esqueci que gostar não é como nas novelas, onde tudo é cor de rosa, ou onde depois de uma grande luta, se vive feliz para sempre. Me iludi com um amor que foi traiçoeiro, que foi momentâneo, que foi passageiro…

Dei o melhor de mim, acreditei naquilo que sempre sonhei e que pensei que era realidade. Acordava todas as manhas com um motivo, esboçava um sorriso, que embora fosse meu… tinha uma origem. Senti a necessidade de entregar meu coração, meu corpo, sem pensar em sexo, porque na real o prazer? Não aparece simplesmente porque sim. Porque o calor do momento não aparece do nada. O calor do momento cresce, o clima se vai criando á medida da gente.

Percebo agora que amar é um dom, e sofrer ? Só pode ser sinonimo. Mas acredito que o amor? Foi o melhor sentimento que Bernardo despertou em mim. Todos esses dias foram mágicos. Foi tão bom, apesar de ter sido uma ilusão.

Mas agora refletindo em tudo… Acho que mais do que gostar eu amei Bernardo, e não me arrependo, afinal a vida são dois dias e amanha podia não ter essa oportunidade.

Perdi completamente a noção das horas e quando dei o sol já estava desaparecendo e a noite chegando. Limpei meu rosto e respirei bem fundo fechando meus olhos e abrindo meus braços, rodei meu pescoço e me libertei. Já era tarde e imaginava que devia ter todo o mundo querendo saber de mim. Peguei no celular e o voltei a ligar. Como previa Marta tinha deixado umas quantas mensagens na caixa, fora a lista infindável de chamadas não atendidas que ela também fez questão de deixar. Bernardo também me havia ligado, porém não deixou nenhuma mensagem no correio. Disquei o numero de meu pai e deixei chamar.

_Estou pai. Sim eu estou bem. Olhe, estou na casa de Marta fazendo um trabalho e ainda vai demorar, ela me convidou para jantar e para passar cá a noite e como já é tarde pensei em aceitar seu convite. A gente se fala amanhã. Beijo grande pra você.

Não sabia para onde havia de ir. Ou melhor, eu até sabia. Apanhei o primeiro táxi que me apareceu e fui até á casa de Marta. Não queria olhar para o rosto de Bernardo e muito menos dormir na mesma casa que ele.

Não era muito tarde quando cheguei em casa dela e ainda havia luz em seu quarto. Toquei na sua campainha e sua mãe me apareceu.

_Boa noite Leonor. Veio falar com a Marta?

_Boa noite. Sim vim, ela está?

_Sim claro entra.

O pai de Marta estava no sofá e veio me cumprimentar quando me viu.

_Olá Leonor. Está tudo bem, querida?

_Olá Vítor. Sim, está tudo bem. – falei nervosa.

_Não está com muito boa cara. Parece estar ansiosa e nervosa. Tem certeza que está tudo legal?

_Sim, certeza absoluta. – a mãe de Marta voltou a aparecer na sala.

_Ela está acabando de tomar banho. Ela vem já cá ter.

_Obrigado. Mas se ela não puder, eu depois falo com ela.

_Não tem problema nenhum, Leonor. Ela desce já. Você está bem? Parece cansada, triste, preocupada.

_Não, está tudo bem. – remexia em meus dedos e olhava para todo o canto.

_ Berta, e que tal se fosse lá na cozinha e pegasse um copo de água com açúcar parar a Leonor?

_Eu vou fazer mesmo isso.

_Não é preciso. Eu não quero incomodar.

_Incomodar? Você não incomoda nada. Eu volto já.

Berta voltou lá de dentro com um copo e me deu. Bebi devagar o liquido que ele continha e depois vi Marta aparecer. Troquei uns olhares com ela.

_Como você tá?

Olhei em volta e ela percebeu isso era uma conversa entre nós as duas, por isso fomos até ao quarto.

_Fiquei preocupada com você, hein! Onde se meteu? – pousei minha bolsa e me sentei ao seu lado na cama.

_Fui dar uma volta. Precisava de esfriar a cabeça.

_Como você tá?

_Triste, mal. Sem forças e me sentindo a maior idiota do mundo.

_Hey, isso você não é e se você tivesse esperado ouviria a justificação de Bernardo.

_Pra que é que eu precisava de justificação se eu vi. Ninguém me contou, Marta, eu tava lá, pó. Eu vi com meus próprios olhos.

_Eu sei que você viu. Aliás todo o mundo viu. O que eu estou querendo dizer é que não foi Bernardo que beijou a Rita. Foi ela que o beijou e ele não sabia o que fazer.

_Sim, ele não sabia mesmo o que estava fazendo, né. Por isso é que a estava agarrando daquele jeito…



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Notas finais do capítulo

E agora? Como ficaram as coisas entre eles?

Quem gostou? Deixem reviews com a vossa opinião.

Bj grande para todos os leitores e indivíduos secretos que não gostam de deixar sua marca comentando.

Duda :)



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