Dead Or Alive escrita por Juh Begnini Collins


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Como não recebi nenhuma review ainda e o capítulo 2 está prontinho, estou postando ele aqui.
Espero que gostem.



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Bastou Sammy chegar no quarto de motel com um pacote da Hamburgueria do Bill para que eles partissem, comendo no carro – por mais que Dean odiasse que houvesse qualquer risco de cair molho no estofamento do seu precioso Impala Chevy 67, da família Winchester durante duas gerações e que ele mesmo havia aconselhado seu pai a comprar, antes mesmo de ter nascido.

Demorou um dia para chegarem até Stanford, mas ao estacionarem o veículo na vaga de deficientes físicos do campus da escola, sabiam que era um de seus casos. Afinal, nenhum acontecimento rotineiro conseguiria desertar uma universidade e seus arredores tanto quanto este o fizera.

Por um segundo, perceberam que aquilo parecia jamais ter sido habitado. Se Sam não conhecesse aquele lugar como a ponta de seus dedos, diria que havia sido abandonado haviam décadas.

E pensar que havia uma semana aquele lugar era o point de adolescentes irresponsáveis porém inteligentes, que ocupavam vagas na universidade apenas para fugir de seus pais ou “firmar sua independência”.

- Lar doce lar, Sammy! – disse Dean, irônico, ao passar por seu irmão assim que descia do carro, dirigindo-se ao prédio da administração do local.

O Winchester mais novo apressou o passo para alcançar seu irmão.

- O que foi agora, Dean?

- Isso não te lembra nada, garoto? Não te lembra de como você FUGIU de seus compromissos, de sua família, de toda a sua vida, e se exilou nesse fim de mundo sem graça, o Nerd’s Planet?

- Qual é, Dean! Vai ficar me esfregando isso na cara por aqui também? – disse Sam, fechando a cara para o loiro.

- Claro que vou! – refutou Dean, seriamente. – É meu dever, sou seu irmão mais velho, remember?

O mais novo bufou, apressando ainda mais o passo para passar na frente do outro. Com uma risada, Dean continuou calmamente andando pelo campus deserto.

Sam não sabia brincar, e Dean adorava usar aquilo contra o garoto.

Entrou na recepção do prédio administrativo da universidade, onde Sam já o estava esperando. O mais velho chegou em frente a um balcão vazio e pegou uma plaquinha daquelas de metal, onde lia-se o nome Sarah Jane Mitchel, bem como o cargo Secretária. Passou os dedos pelas letras cursivas pretas delineadas no metal dourado e largou-o de volta no lugar e apertou uma sineta que encontrava-se ao lado à mesma.

Passaram-se alguns segundos e uma formosa garota, de cabelos castanhos presos em um coque frouxo, olhos cor chocolate derretido e sorriso contagiante apareceu por uma porta de vidro atrás da bancada.

Estava distraída com um livro em mãos, mas assim que virou-se de frente para os Winchester e ergueu os olhos em direção a Dean, seu olhar brilhou como uma luz esverdeada, como duas pequenas esmeraldas.

- Olá, meu nome é Sarah Jane. Em que posso ajuda-lo?

- Eu sou o agente Carter, e esse é o agente Mitchelson e...

Dean queria continuar falando, mas surpreendentemente, Sam e a garota já estavam abraçando-se. O mais velho tentou conectar seu cérebro ao que falavam, para entender que situação estava vivenciando.

- Sam! Cara, o que é que você está fazendo aqui? Pensei que nunca mais te veria!

- Olá, Lory! Desculpe, eu tive que esfriar a cabeça caçando algumas criaturas por aí, mas claro que quando ouvi falar do que estava acontecendo por aqui, tive que voltar.

O loiro sobressaltou-se. Sam estava mesmo contando para uma garota qualquer o que eles faziam? O que é que aquele idiota tinha na cabeça?

- Agente Carter, hum? – disse a garota, sorrindo docemente para Dean. – Deixe eu adivinhar: Seu nome é, por acaso, Dean Winchester?

O rapaz deixou o queixo cair.

- Aham. – respondeu apenas.

A garota pulou por cima do balcão com uma maestria inimaginável e abraçou Dean pela cintura. Ela era não muito menor que o loiro, mas parecia muito frágil em contraste com o corpo musculoso do rapaz.

Por um segundo, Dean deixou-se apreciar a sensação. Depois, Sarah Jane, ou Lory, começou a falar.

- Prazer, meu nome é Lorane Claré. É uma honra conhecer o tão famoso e comentado Dean Winchester! Acredite, não foi só Sammy que falou de você.

- Eu pensei que você fosse a tal Sarah Jane. E de onde conhece Sam?

A garota riu, e sua risada ecoou como o sonar de sinos, doce e meigamente, deixando sua imagem frágil ainda mais delicada. Dean tinha medo de apertar demais os braços ao redor daquele esguio corpo e acabar por machuca-la.

E por que, afinal, ela ainda o abraçava?

- Oh, não, Dean! Meu nome não é Sarah Jane! Esse é só meu nome falso, para poder me infiltrar nessa imundícia aqui... na verdade, eu estudo aqui, desde a época em que Sam estudava. Afinal, alguém tem que cuidar dos demônios daqui. E eu não estou falando dos professores. – disse ela, dando uma piscadela para o loiro.

- Então você era colega do Sammy?

- Eu era NAMORADA dele. Antes de Jess, você sabe... aliás, Sam, como você está lidando com isso?

Sam passou as mãos pelos cabelos, mas agora já sorria.

- Foi difícil, mas sabe, matar demônios faz as coisas se ajeitarem aos poucos e...

- Espera aí. – Dean interrompeu. – Você namorou o panaca nerd aí? Por que do nome falso? E como você sabe dos demônios?

Sam e Lory se encararam mutuamente, depois olharam para Dean.

- Ah, espera. Sam não falou de mim para você? – ela sorriu, docemente. – Eu sou uma caçadora! Por isso o nome falso. E eu ainda tenho identidades falsas, cartões de créditos, distintivos... prazer, agente Levells, FBI.

Dean sentou-se em cima do balcão e olhou para Sam, que agora divertia-se com a careta do mais velho.

- Sam, eu pensei que você estivesse aqui para fugir da caça e...

- Entenda, Dean, eu não sabia o que ela era quando a conheci e, surpreendentemente, ela também não sabia de mim, então...

- Oh wait, Winchester, está querendo dizer que é mais digno de reconhecimento do que eu? – disse ela ao Sam, e agora a afronta parecia ter virado uma brincadeira.

- E você ainda tinha dúvidas? Você não é ninguém, Lorane Claré.

- Ah, então é assim? Você não pensava isso quando eu e você...

- CALEM ESSAS BOCAS! – gritou Dean, irritado. – Dá pra alguém me explicar, afinal, o que é que está acontecendo?

O rapaz virou-se em direção à porta, não com o intuito de sair, mas com o intuito de respirar um ar um pouco mais puro que, agora, passava por entre as pesadas portas de mogno do local. Mas ao virar, deu-se de frente com uma imagem muito familiar, o que não evitou que ele levasse o maior susto de sua vida.

- Puta que pariu, Cass, quer me matar?

- Ela veio para ajudar, Dean. – disse o anjo de sobretudo, ignorando a última exclamação do Winchester mais velho. – Faz alguns anos, um demônio estava pondo essa universidade de cabeça para baixo. Sam já estudava aqui, e Lory seguiu para cá graças aos presságios. – continuou o anjo. – Isso foi antes de ele conhecer a Jess. Eles namoraram por um tempo e só descobriram sobre a identidade real do outro quando, acidentalmente, Sam descobriu uma mala de viagem cheia de sal, armas e facas de prata pura.

- E eu podia te explicar a história – principiou-se Sam – mas parece que Castiel sabe mais ela do que eu.

Agora o rapaz parecia magoado, como se estivesse com raiva por ter tido sua privacidade invadida. Aquilo era algo só dele.

Dean estava confuso. Acima de tudo, estava confuso sobre como seu irmão nerd revoltado tinha conseguido DUAS namoradas lindas em Stanford.

Se ele tivesse descoberto antes que entrar para a faculdade te rendia namoradas lindas e inteligentes de maneira tão fácil, talvez tivesse seguido os passos do mais novo e entrado para a irmandade Alfa, Beta, Gama ou qualquer outra irmandade idiota de universitários estúpidos.

- Mas Dean, ouvi falar barbáries de você! – continuou a garota dos olhos cor de chocolate. – Astuto, um caçador nato e de nascença. Cuidou do irmão mais novo durante toda a sua vida, nunca parou em uma mesma escola mais de um mês. Infância difícil, criado apenas por um pai desesperado e ausente, jogado à própria sorte, com sua própria vida e a vida de seu irmão depositadas em algumas balas de revolver nas mãos de um garotinho indefeso. Isso te ver criar garras, e te tornou um dos melhores e mais famosos caçadores vivos. Último grande feito: uma possessão demoníaca em massa no Texas.

Agora os olhos verdes de Dean já estavam maiores que duas nozes graúdas. Aquela linda garota estava começando a dar medo. Lembrou-se instintivamente de Becky e de sua loucura, e os pelos de sua nuca eriçaram-se.

- Cara, você sabe muita coisa da minha vida.

- Man, você é praticamente meu ídolo! Eu idolatrava o chão que você pisava antes mesmo de toda essa barra pré-apocalíptica, mas agora? Agora você tornou-se quase um Deus na minha concepção! Sério, um dos motivos de eu me tornar caçadora foi por que me criei trabalhando em um bar para Hunters, e um dia, chegaram-me com a história de um dos filhos de John Winchester, e eu decidi que queria isso para a minha vida.

Agora o rapaz olhava para ela como se fosse a criatura mais burra do universo. Talvez ela realmente fosse.

- Sinto muito, garota. Fico lisonjeado, mas você escolheu uma péssima vida para seguir. Acredite, devia ter ficado com a vida Apple Pie, tido uma família e filhos, uma penca de filhos.

- E então eu jamais seria feliz. Teria “tudo o que podia pedir”, e mesmo assim, nada de felicidade.

Dean refletiu momentaneamente sobre o que ela acabar de dizer a ele. Realmente, ele se identificava demais com a garota. Não importa como ela tinha entrado naquela vida, de qualquer maneira, ela parecia ter nascido para ser uma Caçadora.

Durante mais uma hora, ouviram ela contar maravilhada sobre as criaturas que conheceu e venceu com o tempo. Seus olhos brilhavam de entusiasmo com a simples menção de qualquer coisa sobrenatural. Ela entregara-se de corpo e alma para aquela vida desnaturada e sem fundamento.

Demorou apenas um pequeno espaço de tempo para Dean ter absoluta certeza de que sim, ela havia nascido para o trabalho.

Quando seu maravilhoso relato terminou, o Winchester mais velho sabia tanto sobre a garota à sua frente que achava poder casar com ela. Sua vida havia sido inteiramente narrada: a má convivência com seus pais, a tristeza de sua solitária adolescência, o bar em ruínas onde trabalhava, a primeira história que havia ouvido sobre Dean, aquela que a motivara a seguir por aquele caminho...

Ela o lembrava Jo. Tudo o que ele menos queria, naquele momento, era lembrar-se da loira.

Juntou o casaco da sua “fantasia de agente do FBI” que, naquele momento, jogada na bancada, vestiu-o e, sem dizer nada além de um cumprimento qualquer – ele nem prestara a atenção no que dissera – saiu, em direção à noite fria, pretendendo hospedar-se no motel barato ao lado da universidade, tomar um banho e esquecer completamente das coisas sobrenaturais que caçava.

Definitivamente, um banho faria quase tão bem quanto férias.

E ah, como ele queria férias.



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Notas finais do capítulo

E era isso! Agora as investigações sobrenaturais dos nossos Winchester começam, e aí... quem sabe o que vai acontecer, não é?
Beijoos, e espero que tenham gostado.