Eu escutava vários zumbidos. Não sei do que era, mas, estava me irritando demais. Fiz o esforço para abrir meus olhos. No começo, estava tudo tonto. Minha visão estava meio verde e distorcida. Depois, pude ver claramente uma mulher inclinada, analisando... Alguma coisa, no meu rosto.

– O homem está acordado. – a mulher disse. E foi aí que eu notei que os zumbidos eram, na verdade, a sirene de uma ambulância. Era lá onde eu estava. A mulher usava uma roupa branca... Resolvi que ela era uma enfermeira. O que diabos eu estava fazendo deitado ali? Eu iria me casar no dia seguinte! Não posso ficar sendo cobaia de enfermeiras em treinamento! Havia essa enfermeira e mais dois homens. Talvez também enfermeiros, ou médicos, eu não consegui decifrar o que exatamente eles eram.

E havia outro homem. Ele estava sentado, preocupado. Não estava de branco como as três pessoas de pé. Ele vestia um casaco verde escuro. Ele parecia que vinha de uma guerra. Ou de uma caça a raposas. Eu não fazia ideia de quem era aquele cara. Mas ele apontou com o queixo para a maca que estava ao meu lado. E meu mundo parou.

Era minha Elena. Minha doce, gentil e sutil Elena. Ela estava desacordada. Foi quando eu vi uma cicatriz em sua cabeça que eu lembrei. O cachorro. O carro. A testa de minha amada... Estava sangrando. E ela estava desmaiada... Agora, naquela maca, seu ferimento na cabeça parecia ser cessado. Se ela estava sem ferimentos, então, porque ela estava ali? De olhos fechados? E porque eu não conseguia me mexer direito?

– Ainda está muito cansado. – disse um dos homens de branco para mim. Eu olhei para o homem e, depois, olhei desesperadamente para Elena. Senti o impulso de tocar minhas mãos nas dela. Eu conseguia me mexer. Eu estava bem... Porque ela não estava? Eu me inclinava sobre Elena. Ou tentava.

– Não faça esforços, senhor.

– Salvem-na. – E essa foi a última coisa que consegui falar antes de tudo ficar preto novamente.

Ela estava linda. A luz do sol batia em seus cabelos e ela sorria. Ela estava sentada em um pano, que ela colocou na grama. Havia comida... Comida até demais para o que deveria ser um piquenique de somente nós dois. Ela abriu os braços para mim, e eu sorri. “O que é tudo isso?” eu disse. “Olha, não sei de você, mas, eu estou faminta,” Elena disse, esfregando suas mãos uma nas outra. Eu sentei e ela me beijou. O beijo dela era puro. Calmo, suave. Ela sorriu para mim, parando o beijo. “Feliz aniversário!” ela disse animada antes de fazermos um brinde com torradas.

Estava no hospital quando acordei novamente. Havia máquinas sobre mim. Muitas máquinas. Olhei para os lados, procurando ajuda. Elena não estava lá. Uma médica abriu a porta.

– Olha só quem acordou. O Senhor Misterioso! – ela disse.

– Salvatore. Damon Salvatore – eu disse confuso.

– Salvatore! Sou a Dra. Fell, pode me chamar de Meredith, se desejar. É quase um milagre você estar vivo, sabia? – a mulher disse, sorrindo. Não me sinto confortável chamando-a de Meredith. E nunca na minha vida precisei chamar alguém de “doutora”, então, vou continuar chamando-a de “mulher”. Médicos são sinistros. Eles falam com a gente como se fossemos amigos íntimos.

– Elena Gilbert... Minha noiva, onde ela está? – eu disse, ignorando completamente o que a mulher disse.

– Então... Esse é o nome dela? – o sorriso desapareceu do rosto da mulher.

– “Dra. Fell”... Onde ela está? – eu disse. Eu estava ficando preocupado. A mulher respirou fundo.

– Sabe que é errado falar coisas como essa em seu estado, mas...

– Direto ao ponto – eu disse, olhando para baixo. Já estava me deixando irritado. Onde isso vai parar?

– Elena Gilbert, sua noiva... Ela não conseguiu lidar com o acidente como você.

– O que está tentando dizer? – eu falei, com meu coração bombeando rápido demais. Tão rápido que, se eu quisesse, não acho que conseguiria contar as batidas.

– Elena está em um coma, Senhor Salvatore.