O Feiticeiro Parte I - O Livro de Magia escrita por André Tornado
O Palácio Celestial foi varrido por uma rajada de vento.
Toynara sentiu frio, mas suportou-o com o estoicismo de um sacerdote do Templo da Lua. Os olhos marcavam cada movimento de Ten Shin Han e do kami-sama que permaneciam junto aos limites do recinto circular do Palácio, a olhar inexplicavelmente para baixo, quando o que só se via eram brumas espessas. Mr. Popo estava ao seu lado e, tal como o kami-sama observava as nuvens, observava-o a ele e leu-lhe claramente as dúvidas.
- Queres saber o que é que estão eles a ver, Toynara-san?
A pergunta sobressaltou-o. Respondeu acanhado:
- Gostaria muito de saber. Eles parecem tão concentrados. Mas daqui de cima não se deve ver nada do que se passa no mundo.
- Pelo contrário. – Mr. Popo sorriu. – Vê-se o mundo muito bem.
- Honto?
- Do Palácio Celestial é possível ver tudo o que se passa na Terra. Kami-sama tem essa possibilidade.
- Mas eu julguei que aquelas nuvens grossas não o deixariam ver.
- Kami-sama vê com a mente.
Toynara compreendeu.
- Hai! Ver com a mente é importante. Sim… É um dos ensinamentos do Templo da Lua. Um sacerdote, com o devido treino, também consegue ver com a mente. E Ten-san? Também o faz?
- Claro. O seu treino nas artes marciais ensinou-o a sentir os espíritos dos seus adversários. Por isso, também ele vê com a mente.
Ten Shin Han acabava de apertar os punhos, preocupado.
- Ele é um grande guerreiro?
- Hai.
- Ele é um saiya-jin?
Mr. Popo desatou a rir. Toynara corou, não gostava que se rissem dele.
- Não. Ten Shin Han é chikyuu-jin. Como sabes tu da existência dos saiya-jin?
- Sei que a Terra está protegida por guerreiros das estrelas. Está escrito nos livros da Sala Sagrada do Templo. Sei que os saiya-jin vivem entre nós, no anonimato, e que levam vidas normais. Ninguém sabe quem são, a não ser aqueles que lidam ou lidaram diretamente com eles.
- Sabes muitas coisas, Toynara-san.
- Sou um sacerdote e um feiticeiro. Devo saber muitas coisas.
O sorriso de Mr. Popo desconcertou-o. Toynara ficou rígido.
- Ainda não me disse o que estão eles a ver… eh…
- Chamo-me Mr. Popo.
Toynara arrepiou-se. Percebeu que o estranho serviçal do Todo-Poderoso tinha a faculdade de ler as mentes e ocultou todos os seus pensamentos, embrulhando-os num casulo opaco. Teria de ter muito cuidado dali para a frente para não revelar demasiado. Repetiu:
- Ainda não me disse o que estão eles a ver… Mr. Popo.
- Estão a ver o que se está a passar no Templo da Lua, Toynara-san.
- O que é que se está a passar no Templo da Lua? – Perguntou, a dominar as emoções.
- Os guerreiros das estrelas estão a combater.
- Contra Zephir?
- Ainda não… O caminho até ao feiticeiro tem obstáculos.
Toynara regressou ao silêncio e Mr. Popo também se calou.
Na beira do recinto, Ten Shin Han sentia-se estalar com a tensão que lhe tolhia o corpo. O que percebia vindo do templo não era tranquilizador. Eles tinham-se dividido e combatiam separados. Goku e Vegeta estavam com o saiya-jin, Trunks e Goten tinham desaparecido no interior dos edifícios a perseguir os dois demónios e Piccolo, que se opusera aos kucris, acabava de perder os sentidos.
- Piccolo… – murmurou inquieto.
O rosto de Dende crispou-se ao perceber a queda do namekusei-jin. Quando esperava o ataque fatal, as criaturas negras, estranhamente, recuaram, indo postar-se na porta do edifício principal e no buraco do muro. Protegiam as entradas do recinto.
- Alguma coisa não está bem – afirmou Ten Shin Han ao sentir as movimentações dos kucris.
Dende concordou com ele.
- Zephir prepara alguma coisa.
- Trata-se de uma armadilha, kami-sama.
- Uma armadilha?
- Hai.
Ten Shin Han anunciou:
- Eu vou para o Templo da Lua!
- Nani?
- Piccolo já não está em condições de lutar. Goku, Vegeta, Trunks e Goten estão demasiado entretidos com os seus adversários e deixaram Zephir livre para fazer o que bem quiser. Alguém tem de ir procurar o feiticeiro e eliminá-lo, senão estaremos todos perdidos.
- A situação é perigosa no Templo da Lua.
- Eu sei. Mas irá tornar-se ainda mais perigosa se ninguém fizer nada.
- Gohan está também a dirigir-se para o templo.
- Ainda bem. Precisamos de toda a ajuda, neste momento.
A decisão, apesar de arriscada, era acertada e Dende concordou, acenando afirmativamente com a cabeça.
- Tens razão. Devemos combater Zephir com todas as nossas forças. Se existe essa armadilha que pressentes, Goku-san e os outros estão a cair nela sem se aperceberem.
Ten Shin Han respirou fundo.
- Só espero não chegar demasiado tarde.
- Tem cuidado. Zephir é um feiticeiro muito poderoso.
- Terei cuidado. Conheço as minhas limitações. – Reparou em Toynara. – Cuida bem dele, kami-sama.
- Não te preocupes. Sei o quanto Toynara é importante para nós.
Dende mostrou um sorriso pálido e completou:
- Iremos vencer. Se não hoje, no futuro.
- Hai!
Ten Shin Han reuniu o ki e atirou-se num voo vertiginoso atravessando as brumas que amparavam a base do Palácio Celestial. Partia sem hesitações, o que era louvável e tenebroso, a um tempo. Contudo, ele era um guerreiro, não fazia parte da sua natureza ver o desenrolar dos acontecimentos impassível. A sua força já não era significativa por comparação à força dos saiya-jin, mas continuava a ser um homem forte e iria contribuir com o que pudesse para destruir o feiticeiro.
No Palácio Celestial, Dende agarrou o bordão de madeira com ambas as mãos. Chamara Son Goku para combater Zephir, porque a situação se tornara preocupante. Teria sido tarde demais?
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Próximo capítulo:
Um verdadeiro saiya-jin enfrenta o medo.