Always! escrita por Srt Dubs


Capítulo 20
Capítulo 20 - E tudo rodou até escurecer...


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora!!!
Espero que gostem...



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Cheguei a minha casa e fui direto para meu quarto, disse a Maria que depois almoçaria, ela pareceu preocupada, mas não disse nada. Me deitei esperando que dormindo parte daquele peso saísse de cima do meu peito. Rolei de um lado para outro e nada de dormir, então talvez essa realmente não a solução.

Me levantei, troquei de roupa e fui para a academia de boxe. O meu treinador era o sr. Torres, ele tinha mais ou menos 30 anos, mas parecia ser mais jovem, tinha um corpo atlético, bem definido, porem sem exagero. Era bonito, alto e tinha uma voz grave que o deixava bem charmoso.

- Sophia, hoje não é seu dia de treinar, é? – ele perguntou confuso e eu neguei, minha cara não devia estar muito boa, pois ele logo disse. – Sinta-se a vontade, qualquer coisa é só chamar.

- Obrigada...

Calcei as luvas e comecei uma série de golpes em um saco de pancadas, uma forma perfeita de extravasar a raiva, frustração, medo e pensamentos que nada me fariam bem. Pular corda também era muito bom, as pernas ardiam tanto pelo esforço que nada além da dor passava pela minha cabeça.

- Treinar é bom, principalmente, quando algumas coisas acontecem, no entanto tudo em excesso faz mal... – O treinador disse interrompendo meus abdominais. – Hora de ir para casa!

- Ok, já estou terminando...

- Não! Vá agora, antes que você desmaie, está com uma cara horrível. – ele disse sério e eu bufei.

Fui ao banheiro e joguei uma agua fria no rosto, foi uma sensação revigorante, tanto que tive vontade de ficar por ali mesmo, mas... Caminhei tranquila para casa, apesar de cansada me sentia muito melho.

- Finalmente! – Maria exclamou ao me ver entrar em casa, não entendi a urgência. – Você tem visita...

- Tenho? – eu perguntei e nesse instante a Marina apareceu na porta da cozinha. – Ah, é você... Se importa de me dar mais alguns minutos?

- De forma alguma! Sinta-se em casa. – ela disse arrancando um sorriso involuntário de mim.

Fui ate meu quarto, peguei uma roupa qualquer e entrei no banheiro. Tomei uma ducha rápida, troquei de roupa, penteei o cabelo e antes de sair respirei fundo.

- O que farei? – eu resmunguei para mim mesma. – Devo ou não contar tudo? Cadê o Murilo nessas horas?

Sei que ele diria algo como: Siga seu coração, mas se eu o fizesse corria o risco de nunca mais vê-la... Ainda assim, não me sentia bem em mentir para a Marina.

Na ultima missão ela tinha dito “Desde quando você mente para mim?”, ouvir aquilo me fez congelar, pois apesar de tudo eu me sentia na obrigação de ser sincera com ela, afinal é isso que amigos fazem.

Ainda pensando sobre isso ouvi alguém bater na porta, era ela... Ai, meu Deus! E agora?

- Em que posso ajudar? – eu disse com naturalidade e a Marina sorriu, provavelmente, lembrando que sempre fazia essa mesma pergunta a ela.

- Eu vim terminar nossa conversa de hoje cedo...

- Não me lembro de ter deixado nenhuma conversa inacabada. – Marina arqueou a bendita sobrancelha e por isso fui obrigada a continuar dizendo. – Ah, você veio contar qual é o seu grande segredo! Sente-se, por favor, e não se esqueça dos detalhes, eu gosto de detalhes...

- Há quanto tempo você sabe? – ela perguntou sentando-se na cadeira que tinha perto da janela.

- Sei o que? De que você tanto me acusa? – eu perguntei com tom de impaciência. – E por que insiste em dizer que sou a tal Sarah?

- Não sei explicar, mas sei que é você, sei que já sabe meu segredo e que tem me ajudado nas minhas ultimas missões. – Não consegui definir o sentimento por traz do tom de voz da Marina. – Ela sempre surge quando mais preciso de ajuda, sempre tão corajosa, prestativa, e fiel. Apenas duas pessoas me trataram assim, aqui no Brasil... Sinto que é você, Sophia, tem que ser.

- Sinto em dizer que não sou Sarah Marfini! – Marina sorriu e em um movimento rápido jogou a caneta em minha direção, mas eu desviei agarrando o copo que ela jogou em seguida. – Ei! Pare com isso!

- Eu nunca te disse o nome todo da Sarah, e você jamais teria uma agilidade tão semelhante a dela sem prática. – Tentei manter meu semblante, mas em seguida bati palmas jogando tudo pelos ares.

- Boa observação!

- Por que fez isso? – Marina perguntou me deixando chateada.

- Preciso mesmo responder? – eu perguntei e a Marina negou quando percebeu que era uma pergunta idiota. – Quando descobri quis te ajudar, embora soubesse que você negaria minha oferta de ajuda.

- Não quero pessoas se arriscando por mim...

- Que egoísta! – eu disse e ela me olhou confusa. – Não se importa com o sentimento dos outro... Sou sua amiga, Marina, pelo menos me considero assim, tenho o direito de me preocupar e até mesmo de me arriscar por você.

- Já te disse... Pare de se preocupar com o que não te diz respeito! – Marina disse se levantando e dando as costas para mim, olhando pela janela.

- Qual é o seu problema? – ela permaneceu de costas, e eu continuei assim mesmo. – Primeiro diz que a fidelidade é a minha melhor qualidade e agora fica aí me dizendo para mudar... Talvez você queira seu anel de volta.

O anel de Claddagh, presente da Marina, eu não tirei desde o dia que ganhei, mesmo sem ter certeza de que era dela. Ela se virou com um olhar marejado e isso me surpreendeu, Marina voltou a se sentar pondo a cabeça entre as mãos. Depois de alguns minutos de silêncio ela voltou a me olhar, havia recuperado a expressão firme de sempre.

- Você não sabe o que eu passei, por causa dessa vida que levo... Ser agente é algo importante para mim e me custou coisas tão importantes quanto. – Eu me sentei, esperando ela continuar a historia. – Não permitirei que tudo se repita, por isso, por favor, se afaste de mim. Nada de bom virá com de nossa amizade, não tenho nada a te oferecer, não mereço sua fidelidade.

- Sabe que não é assim... Você sabe que nos damos muito bem, mesmo nesses últimos dias em que estivemos afastadas. – ela sorriu por um instante e voltou a ficar seria quando eu comecei a dizer. – Podemos...

- Não! Não, Sophia! Pare de insistir... Amanhã, eu irei...

- Pedir demissão? É estou sabendo... – eu disse quando ela mais uma vez demonstrou surpresa. – Ouvi você e a Helena discutindo hoje, sinto muito por isso!

- Por isso estava na sala dos professores... – ela concluiu e eu concordei, Marina se levantou, não parecia brava ou nada do tipo. – Então, você sabe que manterei minha palavra, não sabe?

- Sim, tenho certeza de que irá. – Marina era fiel as suas promessas e eu a admirava por isso. – Só quero que saiba que foi muito bom trabalhar com você.

- Também achei... – Marina sorriu de um jeito gentil como há muito não via. – Era sempre um alivio quando você aparecia... Muito obrigada!

Eu me levantei estendendo a mão para ela que ignorou me abraçando, mais uma vez me deixando surpresa.

- Sinto muito, que as coisas tenham que ser assim, entre nós... Sua amizade é muito especial para mim. – Ela disse se afastando e cruzando os braços. – Mas...

- Não precisa, Marina! – eu disse me lembrando da conversa que tinha escutado de manhã. - O que te move é algo maior, por isso você permanecerá na CIA, queria que isso não te impedisse de ser minha amiga, mas entendo o seu lado.

- Obrigada! – Ela manteve seu olhar no meu e eu pude sentir um carinho e admiração que jamais imaginei conseguir de alguém. – Essa será a ultima semana.

- Então podemos ao menos conversar como antes? – eu perguntei esperançosa, ela pareceu considerar a ideia, por fim sorriu. – Pois bem, até amanhã, Marina!

- Até, Sophia! – Marina disse ainda sorrindo.

- Quer um abraço? – Murilo perguntou solidário, ele parecia tão bom de ser abraçado que eu não resisti. – Tenha fé, pequena! Você é fiel as suas causas e será recompensada por isso, entretanto ainda há obstáculos a serem vencidos.

- Ah, estou muito mais aliviada! – eu disse ainda abraçada a ele, talvez fosse algo estranho, mas ele era meu amigo, pelo menos se denominou como tal desde o primeiro encontro. – Obrigada, por toda a ajuda que me deu!

- Eu é que agradeço! Você protegeu a mulher mais importante da minha vida... – eu me afastei e ele sorriu desaparecendo.

Tudo a minha volta girou rodou e o que me apareceu foi a secretaria da escola, era uma cena do meu passado, mais especificadamente, o dia em que conheci a Marina. Ela estava sentada conversando com a Gloria, a secretária, eu fiquei esperando a minha vez, para que assim pudesse pegar o meu horário.

Observei-a atentamente, ela parecia ser uma advogada ou executiva, então logo imaginei que ela fosse a mãe de algum aluno novato. Ela era linda e muito bem vestida, tive vontade de me aproximar e perguntar quem ela era, mas isso seria ridículo.

- Olá, Sophia! – Gloria disse ao reparar a minha presença. – Como foram a férias?

- Tudo ótimo! E você, Glória, como vai? – A atenção da tal mãe estava em nossa conversa, ela me observava com um olhar divertido, mas eu não podia imaginar o porquê daquilo.

- Muito bem, obrigada! – Gloria estendeu o meu horário e eu me levantei para busca-lo. – Tenha um ótimo ano letivo.

- Obrigada, Glória! – eu disse sorrindo, olhei para a mulher do meu lado, ela era mesmo intrigante.

- Ah, Sophia, está é sua nova professora de português, Marina Calliari. – Segurei o queixo para que ele não caísse enquanto olhava para a mão estendida que ela estava me oferecendo.

- Prazer! Sou Sophia Stwart... – Segurei firme a mão dela como se assim pudesse ter certeza de que estava mesmo fazendo-o. – Seja bem vinda!

- Obrigada, senhorita Swart! – Achei engraçado ela me chamar assim, mas me limitei a sorrir e ir embora.

A cena voltou a mudar e agora, eu estava na sala da Marina, aquele foi o dia em que simbolizamos o inicio da nossa amizade, por assim dizer.

- O que está fazendo? – eu perguntei quando a vi enfiada no armário dela.

- Procurando... – ela respondeu como se já não fosse obvio.

- É eu já imaginava que fosse algo assim... – Marina me ignorou e continuou procurando e quando finalmente encontrou, colocou a cabeça para fora do armário, com um sorriso largo. – O que? Achou?

- Sim! Eu sei que você gosta muito de ler por isso decidi que vou te emprestar o meu livro favorito. – Entao toda aquela procura era por causa de um livro? Porque ela daria tanta importância a isso? – Será uma forma simbólica de dizer que agora confio plenamente em você...

- Ah, claro! Porque não pensei nisso antes? – eu disse sem, realmente, entender a finalidade daquilo tudo.

Marina deve ter percebido, pois sorriu pacientemente e me estendeu um exemplar, edição limitada de capa dura e com ilustração, volume completo das Crônicas de Narnia. Perfeito!

- Vou tentar explicar... Emprestar esse livro é a minha forma de dizer que confio plenamente em você, não ria, eu estou falando sério. Esse livro tem mais historia do que imagina, minha mãe me deu de presente, aquele foi o ultimo natal que passamos juntas, tem ideia do quanto esse livro é importante para mim? – Me senti mal por ter rido sem antes ouvir tudo que ela tinha a dizer, afinal aquela era mesmo uma forma de demonstrar confiança.

- Eu entendo... É porque me pareceu bem peculiar. – Marina sorriu de um jeito gentil e pouco comum.

- Sei que vai gostar das historias, não precisa ter pressa para ler, tenho certeza de que você cuidará bem dele...

 E com essa frase marcamos mais uma fase da nossa amizade, era mesmo uma forma diferente, mas tudo que a envolvia tendia a ser bem fora do comum.

Acordei e estava tudo escuro lá fora, olhei para o relógio e ainda era meia noite. Demorei a me dar contar do motivo por ter acordado, minha mão estava ardendo e isso me fez pular da cama. Me vesti correndo, peguei meu bastão e antes de sair pensei “Devo ir mesmo?”

- Claro que sim! – eu respondi quase instantaneamente.

Desci as escadas, no escuro e quando estava quase saindo ouvi alguém dizer:

- Aonde pensa que vai? – era a Maria, quase morri do coração, respirei fundo e tentei pensar em algo.

- Correr, vou correr...

- Já viu que horas são? – ela me perguntou incrédula.

- Estou sem sono... Preciso de ar... Não vou demorar! – e antes que ela me dissesse mais alguma coisa, eu saí porta a fora.

Corri de verdade, deixei a marca me levar até a Marina e era mesmo incrível que eu conseguisse encontra-la, independente de onde ela estivesse. Sem contar a energia e rapidez que a rosa angelical me proporcionava.

Vi de longe que a Marina estava correndo atrás de alguém, por instinto peguei outra rua com a intenção de cortar caminho e assim consegui interceptar quem estava fugindo, coloquei o pé no caminho do homem que vinha a toda em minha direção.

- Que cara é essa? – eu perguntei quando reparei o olhar da Marina sobre mim.

- Estou, apenas, pensando... Porque raios você está aqui, Sophia? – Eu não acreditava naquilo, ela estava mesmo brava com a minha presença ali, sendo que eu acabara de derrubar o camarada que ela estava perseguindo.

- Vim ajudar... – eu respondi inocentemente e a Marina balançou a cabeça negativamente, abriu a boca para falar algo, mas voltou a fecha-la. – Não vai prendê-lo?

- Vou sim, e você vai embora. – Ela disse dando fim a nossa conversa.

- Você é realmente surpreendente! – Eu disse ironicamente, Marina sustentou meu olhar como se não se importasse com o que eu diria, entretanto eu diria mesmo assim. – Tento te ajudar, ser sua amiga e você sempre tentando me afastar, um simples agradecimento de vez em quando cairia bem, sabia?

- Já te disse isso, mas vou repetir: Nunca pedi nada de você. – Alguem consegue imaginar uma patada de leão, devia ser parecida com a sensação que tive naquele momento. – E caso não tenha percebido, eu estou tentando te manter longe de problemas que nem você sabe que está envolvida...

- Hum... Senhoritas, vocês se importam de terminar essa conversa outra hora, eu realmente preciso ir...

- Dá pra calar a boca?! Obrigada! – eu vociferei e ele se calou, voltei minha atenção para a Marina e perguntei. – O que quer dizer?

- Acha que ninguém percebe, quando tem alguém novo entrando nesse mundo? Seu disfarce é ótimo, você só surge quando menos esperam e só por isso ainda não te acharam, contudo se continuar com isso, eu mesma terei que prendê-la. – O tom de voz da Marina me fez recuar alguns passos, não tinha medo dela, independente da postura que ela assumisse, porém aquela fala dela tinha sido tão forte que eu não pude evitar. – Hoje mesmo, meu chefe me contou que tem alguém infiltrado no nosso meio e que é aqui, no Brasil. Alguém que está próximo... Como conseguiu uma carteirinha da ABIN?

- Eu não te contei que tinha uma, contei? –Ela esboçou seu melhor sorriso sarcástico e eu me senti desarmada.

- Foi isso que eu quis dizer com “problemas que nem você sabe que está metida.”. Acha que meu trabalho é para amadores? Se me considera boa o suficiente, é porque não tem nem noção do nível da CIA. – Marina se apressou a prender o homem que ainda estava no chão e o colocou rente a parede. – Vá, Sophia, quanto menos se envolver melhor será sua chance de escapar, pois tenho certeza de que já tem gente a sua procura e acredite quando digo que é só uma questão de tempo.

- Muito gentil da sua parte, me manter informada... – eu disse tentando disfarçar o quão chateada e com medo eu estava. Marina soltou o homem por alguns segundo para que pudesse ficar de frente para mim.

- Quando eu for embora, sua vida voltará ao normal, eu sei que parte da culpa é minha e sinto muito por isso. – Que droga! Odiava quando ela começava a assumir a culpa ou quando nossa conversa tomava esse rumo de despedida. Sem percebermos o homem começou a sair de mansinho e quando percebemos o que ele estava fazendo, ele deu no pé. – Oh, miséria! Vou pega-lo...

- Eu te ajudo! – eu disse instantaneamente.

- Não! Você vai para casa... – Marina disse brava e eu abri a boca para argumentar, embora não houvesse argumento. – Agora!

Quem conseguiria dormir depois de uma discussão daquelas? Não havia sido a pior, entretanto, eu revisei todas as falas, várias e várias vezes. Por que tinha que ser assim? Por que não podíamos ser apenas boas amigas? Ok, seria fácil demais, eu sei... Mas custava facilitar de vez em quando?

As horas foram passando e nada do sono vir, a verdade era que eu estava cansada, e mesmo assim quando fechava os olhos tentando dormir, eu não conseguia.

Peguei os fones e o Ipod ligando o volume no máximo, pois assim abafaria meu pensamentos. Talvez a Milly tivesse razão, eu precisava de um namorado, o difícil era encontrar um.

Meu celular vibrou e era incrível que alguém estivesse acordado aquela hora, mar se eu estava... Enfim, era uma mensagem do Stefan.

Olá, Sophia! Desculpa a hora, é só que eu estava pensando em você e... Bem, eu só queria dizer ‘oi’...”

O que eu responderia? E por que eu estava feliz com uma mensagem tão boba? Foi, então, que a Erika surgiu em minha mente dizendo: É obvio que você gosta dele!

Oi, Stefan! Fiquei feliz com a mensagem, mas isso lá é hora de pensar em mim? Haha...”

          Quase imediatamente ele respondeu.

Não sabia que tinha hora permitida... A verdade é que tenho pensado muito em você...”

Preciso dizer que meu coração acelerou? Acho que não, não é? Um sorriso involuntário se abriu, no meu rosto.

Ora, o que é isso, Sr. Handell? Uma declaração?

Era bobeira mandar uma mensagem assim, contudo eu não consegui resistir.

Quem sabe... Amanhã poderíamos conversar um pouco sobre esse assunto, se quiser... Até!

Apesar de faltar pouco para o amanhecer, eu acabei adormecendo e quando o despertador tocou eu me senti como se tivesse dormido na casinha do cachorro. Não que o Boris durma em uma... Ah, é só uma frase de efeito.

Me levantei como se fosse um zumbi daquela serie The Walking Dead, fui para o banheiro, tomei um banho demorado e saí sem tomar café. Maria insistiu para que eu não saísse sem comer, mas não adiantou, eu não estava com fome.

- Bom dia, Sophia! – Marina disse vindo do estacionamento, ela estava elegante como em todas as manhãs e sorria como se nossas discussões jamais tivessem ocorrido.

- Ei, Marina, bom dia! – eu disse ajudando-a com o material que ela carregava em mãos. – Como você está?

- Muito bem, obrigada! – Era cômodo fingir que estava tudo bem, então me tranquilizei com aquela situação. -    Fico feliz por poder conversar com você normalmente.

Eu também estava, mesmo que aquilo fosse durar apenas mais uma semana. Helena passou por nós com evidente raiva e eu me limitei a ignora-la.

- Vai fazer algo especial hoje? – eu perguntei puxando assunto e ela tentou entender aonde eu quis chegar com a pergunta. – Não precisa responder, se não quiser, eu não perguntei por mal...

- Na verdade, eu não tenho nada, você quer sugerir alguma coisa? – Marina parou na frente da sala dela, eu queria propor algo legal, mas nada vinha a minha cabeça.

- Poderíamos ir... – Eu me interrompi quando o sinal tocou e ela permaneceu esperando. – Ah, deixa para lá... Até mais tarde!

- Ei! – Marina disse e eu a olhei percebendo uma certa preocupação em seu olhar. – O que houve? Por que não terminou o que ia dizer?

- Por medo! – eu admiti sem saber ao certo de onde vinha aquele sentimento. – Não sei explicar...

- O que acha de irmos almoçar juntas? – Ela sorriu para mim e essa era uma ótima forma de me convencer. – Não posso ignorar os fatos e um deles é que quero muito me desculpar por toda a confusão que causei.

- E acha que almoçar comigo é a solução? – eu perguntei rindo e ela concordou inocentemente. – Realmente, é um bom começo...

Ela se despediu, entrou com alguns alunos na sala e eu fui para minha primeira aula.

- Sophia! – Milly disse quando me viu no intervalo da segunda aula. – Bom dia!

- Ei, Milly, bom dia! – eu a abracei feliz.

- Quanta felicidade! O que houve? – Milly perguntou curiosa.

- Recebi umas mensagens interessantes ontem e a Marina vai almoçar comigo hoje. – Milly fez uma cara de “Conte-me tudo!” que me fez rir. – Depois conversamos!

- Ah, não! Odeio quando você me deixa curiosa...

Seguimos para nossas aulas... Eu estava concentradíssima em meus exercícios quando senti minha mão arder, no susto joguei minha lapiseira para o ar o que, claro, chamou a atenção de todo mundo.

- Desculpa! – eu disse pegando a lapiseira do chão.

Minha mão latejava, algo estava para acontecer com a Marina. O que eu deveria fazer? Ela havia me pedido para parar de ajuda-la nas missões, entretanto eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com ela, mesmo que isso nos afastasse de vez.

- Professora, preciso ir ao banheiro! – eu disse já indo para a porta.

- Só depois que me mostrar a resolução dos exercícios. – eu olhei para ela sem acreditar, já tinha terminado mais da metade deles e algo me dizia que não daria tempo de fazer o restante. Em um momento de muita indecisão eu simplesmente virei as costas e saí correndo pelo corredor.

Entrei na sala dela, mas a Marina não estava lá, o alunos olhavam para mim com incredulidade, pois eles eram mais velhos e não gostavam que a sala fosse invadida com tamanho desrespeito.

- Cadê a Marina? – eu perguntei e ninguém me respondeu de inicio. – Vocês sabem?

- Ela disse algo sobre ir buscar algum material no carro... – Corri até a janela e lá estava ela indo em direção ao estacionamento.

Nada parecia errado, todavia minha mão ardeu ainda mais naquele momento, então fiz a loucura de descer por ali mesmo. Pisei na borda da janela e saltei para a árvore que tinha ali logo na frente, senti meu joelho quando cheguei ao chão, mas ainda sim, quando vi a Marina voltando sem prestar atenção no carro que vinha a toda velocidade, consegui correr até ela.

- Marina, pare! – Ela parou mesmo, só que no meio da rua... Droga! Me joguei contra ela, tirando da frente do carro e de repente tudo rodou até escurecer.


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