Os Legados De Lorien - A Origem escrita por Cherles Belem


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

O fim da luta de Pittacus.
Espero que gostem. Comentem o que acharam e deem suas opiniões, positivas ou negativas. E recomendem para seus amigos. ;]



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Quando o garoto de Kupin já estava no meio do caminho uma lufada de vento, provavelmente criado pela telecinese do meu irmão, arrastou uma porção de pétalas de flores cor-de-rosa na direção de Pittacus criando um redemoinho de pétalas ao redor dele. Pela velocidade em que o garoto de Kupin estava seu soco seria forte o suficiente pra arrancar a cabeça de alguém. Quando ele se aproximou de meu irmão e desferiu seu golpe houve um estrondo. O impacto causou uma lufada de vento que dissipou o redemoinho que envolvia meu irmão espalhando as pétalas para longe e os arrastou alguns metros.

Mas a cena a seguir surpreendeu a todos. A surpresa e espanto em meu rosto se refletiam no de todos os outros, e era ainda maior no rosto de Três. Meu irmão estava com a perna esquerda um pouco flexionada, a direita reta para trás, o corpo um pouco inclinado para frente, de modo a conter a força do impacto. As mãos estavam uma sobre a outra em frente ao rosto segurando a mão do garoto de Kupin. Mas o que causou o espanto de todos foi o fato de que meu irmão era agora uma estátua de pedra, com o mesmo aspecto do Três. Este assustado recuou alguns saltos para trás, arfando pelo esforço da corrida. Ele nem conseguia falar, mas acho que isso se devia mais à surpresa do que ao cansaço. Meu irmão desfez sua pose desfez sua pose e alongou os braços. Olhava ainda com sua habitual maneira calma e serena para Três.

– O quê que...? Como...? Eu, eu não...

– Isso? – Perguntou meu irmão mostrando sua mão de pedra. – Minha fitocinese vai muito além de criar e controlar plantas. Eu posso gerar plantas especiais, com habilidades únicas. O cipó espinhoso que prendeu você no começo de nossa luta, ele não foi um golpe ao acaso. Quando seus espinhos furaram você ele analisou e me passou todas as suas informações, tipo sanguíneo temperatura corporal, cada informação do seu organismo e como ele funciona. Além de injetarem minúsculas sementes dentro do seu corpo que continuaram a me passar cada informação do que se passava nele. Minhas plantas também estão espalhadas pelo solo, acima e abaixo. Quando você estava se transformando elas estavam analisando através do solo o que exatamente você estava fazendo. Desse modo eu tinha uma analise precisa do que acontecia dentro e fora de você enquanto usava seus legados. Entendendo como o seu organismo agia para ativar seus legados eu podia fazer com que o meu fizesse a mesma coisa. Isso se chama empatia. Quando você toca em uma superfície você analisa a estrutura molecular dela e as moléculas do seu corpo começam a se reajustar dando às suas células a mesma estrutura molecular daquela superfície. Acho que nem você sabia exatamente como o seu legado funcionava exatamente não é? Pelo visto eu conheço seus poderes melhor do que você. Quanto ao seu golpe, enquanto você corria você esmagava sem se preocupar minhas plantas que estão no chão. Quando você pisava nelas elas antes de desfalecerem me passavam o seu peso, calculando isso com a velocidade e aceleração com que você estava correndo foi fácil analisar qual seria sua força de impacto, me permitindo me defender dele de maneira mais eficaz.

Estávamos todos pasmos, mas ninguém superava o garoto de Kupin. Eu não conhecia esse legado do meu irmão. Então ele também escondia cartas na manga. Miserável, que ódio. Com isso ele pode usar qualquer um de nossos legados, talvez até todos eles. Mas nenhum legado é perfeito, este certamente também tem suas limitações, eu só preciso descobrir quais são. E ele realmente aprimorou a fitocinese dele, isso somado à inteligência fora do comum que ele tem... Mas outra coisa que me deixou intrigado é que os Anciãos ficaram se entreolhando de uma maneira estranha, como se tivessem percebido algo a mais. Mas preferi não dar muita importância pra isso. Só então reparei que a Número Oito me olhava de lado de novo, mas virou para frente quando nossos olhares se encontraram. Afinal qual é a dela? Será que está lendo os meus pensamentos? Isso já está me irritando.

– É, acho que tenho mesmo que parar de subestimar suas flores garoto planta. E a você também.

–Obrigado, - Agradeceu meu irmão, sorrindo de maneira sincera e inocente como sempre. – Fico realmente lisonjeado e satisfeito por não menosprezar mais minhas plantas. Sabe elas não gostam muito disso.

– Sei, sei. Elas ficam tristes né? Pode deixar, eu vou falar com carinho com elas a partir de agora pra não ferir mais seus sentimentos.

– Muito obrigado.

Meu irmão sempre fez aquele estilo bobo alegre, inocente, bonzinho de tudo. Mas ai também já era demais. Eu não sei se ele realmente não percebia o tom de sarcasmo na voz do Três ou se agia assim só pra irritá-lo mais.

– Seus legados são realmente bons garoto planta, mas... vamos ver como você lida com isso.

Três ficou ereto e voltou ao normal. Ele respirou fundo e de repente seu rosto começou a enlanguescer assim como seu corpo. Seu corpo começou a se duplicar, como se outro Luke estivesse saindo de dentro dele. Então haviam dois dele.

– E então garoto planta. – Falou o primeiro Número Três.

– O que acha? – Falou o segundo. Eles pareciam revezar quem falava cada frase. Pelo visto todos aqui gostam de fazer essa palhaçada.

– Nada mal hã?

– Será que você dá conta de enfrentar dois de nós?

Mas eles pararam de falar. Estavam com uma expressão estranha. Não pareciam muito bem.

– O... quê que... ta havendo? – Perguntou um deles. Estavam todos estranhando sua atitude, menos meu irmão, que continuava parado, calmo e tranqüilo.

– Parece tudo... eu...

Eles pareciam tontos, meio desnorteados. Um deles caiu de joelhos no chão e começou a se desfazer, virando pó. O outro então caiu também e parecia estar sentindo dores por dentro. Ele ergueu a cabeça olhando para o meu irmão como que pedindo uma explicação.

– Ah, eu havia me esquecido de mencionar. Os espinhos do cipó que te prendeu no inicio da luta, eles eram venenosos. Eu utilizei um veneno fraco, que demorasse a surtir efeito por que estava curioso em conhecer seus legados, mas acho que a utilização de tantos de uma vez te enfraqueceram e aceleraram o processo de envenenamento.

Assim que meu irmão terminou de falar Três de cara no chão, suando e ofegante. Pittacus caminhou até ele calmamente. Conforme ele caminhava o restante de suas flores murchavam e morriam. Ele se agachou junto a Três, pegou um fruto roxo que eu não conhecia de seu bolso e o fez comer.

– Isso vai ajudá-lo.

Assim que acabou de comer o fruto Três já estava um pouco melhor, mas ainda fraco, suando e ofegante. Meu irmão o ergueu pondo o braço dele em torno de seu pescoço e o ajudou a andar até onde estávamos, encostando-o na parede atrás de nós sentado. Todos estavam sem palavras. Meu pai foi o primeiro a tomar a palavra.

– Bem, foi realmente impressionante filho. – Pittacus apenas sorriu para ele em agradecimento e continuou a cuidar do Três. – O que acham agora de... Um e Dois?

– Ãããã... Como? Um sou eu. – Comentou a garota loira de jeito delicado.

– Então eu acho que era com você que ele estava falando né? – Comentou de maneira debochada a garota de cabelo vermelho e preto, no que Um retribuiu com um olhar de desprezo. – Então querida, vamos?

Dois foi se encaminhando para o centro da sala do lado direito e Um a seguia relutantemente indo para o lado esquerdo. As duas pararam uma de frente para a outra. A diferença entre elas era nítida, acredito que não poderiam existir duas pessoas mais diferentes. Um era delicada, maquiada, cabelo cuidadosamente penteado, postura elegante, roupas caras de moda. Dois era atlética, tinha um jeito enérgico, mais largado, usava roupas... ããã... diferentes, uma espécie de militar com gótico, pulseiras de correntes nos pulsos, cabelo preso em rabo de cavalo de modo prático e por algum motivo não conseguia imaginá-la usando maquiagem. Mas ambas eram bonitas, cada uma a seu modo.

– Olha, eu não gosto de brigas. – Falou Um. Dois respondeu com uma risada debochada.

– Então eu acho que você veio parar no lugar errado amiguinha. Somos guerreiros, viemos aqui para sermos treinados, aprendermos a lutar.

– Lutar contra quem? Nós nunca temos guerras. Estamos aqui para aprendermos a ser diplomatas, sabermos como dirigir um país.

– Um líder precisa ser forte.

– Um líder precisa ter classe, é uma posição de importância. Precisa ser alguém que os outros admirem.

– As pessoas admiram lideres fortes. E isso aqui não é um concurso de beleza. E nunca sabemos quando pode haver uma guerra, como Anciãos precisamos sempre estar preparados pra tudo.

– Você não passa de uma bárbara rude.

– E você uma patricinha mimada.

Ah não, fala sério! Uma discussão de mulheres uma hora dessas? Eu mereço.

– Bom será uma pena estragar sua maquiagem perfeita.

– Ah nem fala. Como se já não bastasse essa cicatriz horrorosa no meu tornozelo. Short ou saia curta com sandália agora nunca mais.

– O quê? Você ta falando sério? Você ta preocupada com as roupas que vai usar?

– Mas é claro! Eu não vou ficar saindo por ai com uma cicatriz horrível dessas à mostra.

Gostaria de saber se sou só eu que to ficando de saco cheio disso.

– Ai. Karin, Karin. – Suspirou uma moça que estava próxima de mim. Tinha um cabelo loiro, curto. Devia ser a Cepân dela.

– Quer saber, pra mim já deu. Vamos começar ok?

– Então ótimo! – Pelo visto Dois conseguiu realmente irritar a Um. É, vamos ver no que isso vai dar.

Dois olhou para seu ombro esquerdo. Então um pedaço de osso pontiagudo saiu de dentro dele. Ela o segurou e continuou puxando até uma lança de osso, com ponta definida e tudo saiu de dentro dela. Ela segurou a lança em sua mão direita e virando-se novamente para seu ombro que sangrava. Mas o buraco aberto em seu ombro começou a se fechar até estar curado quase instantaneamente e sem cicatrizes.

– Esses são dois dos legados de Leona. Sua manipulação óssea permite que ela controle como desejar os ossos de seu corpo, criando novos ossos, aumentando-os, projetando-os para fora do corpo e retraindo-os e curando-os. Além de possuir uma excelente habilidade de regeneração celular, o que casa perfeitamente com sua outra habilidade. E a propósito, eu sou Hana, a Cêpan da Número Dois.

Hana parecia uma versão mais velha da Dois, mas se vestia de modo mais normal. Tinha um porte atlético e cabelos loiros, longos e ondulados. Eu só queria saber se todos eles vão mesmo ficar dando explicações óbvias dos legados de cada um sempre que eles forem utilizados.

Dois entrou em posição de ataque, segurando habilidosamente sua arma recém criada. Ela empunhou sua lança e correu na direção de Um. Quando chegou perto girou sua lança para frente, mas Um se esquivou para trás. Ela caiu de costas, mas se apoiou com as mãos viradas para o chão, continuando o movimento de seu corpo usou o impulso da queda para dar um chute para o alto acertando o braço de Dois. A lança voou para o alto rodopiando. Dois parou a alguns metros da Um. Quando a lança estava caindo ainda em rodopio Um a pegou e continuou girando-a ao redor de seu corpo habilidosa e graciosamente, parando com ela em postura de luta.

– É, nada mal. Pelo visto você sabe fazer alguma coisa, o que mais? – Disse Dois em tom de desafio.

– Cara que legal! É a primeira vez que vejo garotas brigando, é tão excitante! – O garoto de Kupin estava de pé ao meu lado.

Meu irmão já havia terminado de curá-lo e estava do seu outro lado.

– Eu to torcendo pra saradona, a Dois, e você? – Ele me perguntou, mas preferi fingir que não ouvi. Era um idiota. - Ah, a propósito, meu nome é Luke, mas pode me chamar de Três se quiser. – Falou estendendo a mão para mim. Novamente fingi que não o vi e continuei de braços cruzados olhando pra frente. Ele recolheu o braço e falou pelo canto da boca com meu irmão tentando inutilmente cochichar para que ninguém mais ouvisse. – Cara estranho esse.

– É meu irmão.

– Ah! Mas parece ser muito gente boa por dentro. – Falou ele surpreso e sem graça. – BEM por dentro.

Idiota! Voltei novamente minha atenção para a luta que era o melhor que eu fazia.

Um deu us leve sorriso de lado e apontou a lança para Dois, mas algo estranho ocorreu. A lança foi atirada como um projétil na direção de Dois em grande velocidade. Mas a lança continuava na mão de Um. Dois se esquivou por pouco do tiro de lança e também estranhou o ocorrido. Então Um fez de novo. Era como se uma nova lança saísse de dentro da original que estava na mão de Um. Ela foi lançando várias contra Dois que pulava, corria e se esquivava para não ser atingida, mas os projéteis de Um eram muito rápidos e iam um após o outro. Alguns acertaram Dois fazendo cortes em seu corpo e rasgando um pouco suas roupas. Ela deu um salto para o alto, mas Um continuava a atirar lanças contra ela, que se movia no ar se desviando. Apesar de seu jeito, Um realmente era habilidosa.



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