Os Legados De Lorien - A Origem escrita por Cherles Belem


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o hiatus, é que estou em outro projeto e fica difícil conciliar os dois. Mas ai está mais um capítulo. Espero que gostem e deem suas opiniões. Em especial sobre os personagens e os legados.



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- Como a Um está fazendo isso? – Perguntou o garoto de Kupin.

Quem respondeu foi a mulher de cabelo loiro e curto, a Cêpan da Um.

- Muito prazer, eu sou Isao, a Cêpan de Karin. Um tem a habilidade de criar cópias de quaisquer objetos que toque. É o que ela está fazendo, criando cópias da lança da Dois e atirando-as com sua telecinese. Realmente muito engenhoso. – Ela falava com um nítido orgulho na voz. – Ela é um pouco dispersa, preguiçosa e fútil de vez em quando, mas quando decide levar algo a sério, ela é surpreendente.

Enquanto Dois ainda se movia no ar se desviando das lanças de Um, mais ossos começaram a se projetar saindo da parte de trás de seus braços, um indo do cotovelo até a mão e se estendendo um pouco sobre ela, e outros curvos, um do lado do outro saindo do meio onde estava o principal, formando uma espécie de escudo em cada um de seus braços. Ela juntou os braços na frente do corpo formando um escudo maior para se proteger do ataque. Aparentemente esses ossos eram mais fortes, pois as lanças se estilhaçavam quando batiam com força contra eles. Ela foi caindo e parou no chão agachada atrás de seu escudo. Devido a sua habilidade de regeneração todos os seus cortes já haviam se curado.

Um parou de atirar as lanças. Dois se levantou encarando-a, ainda com os escudos de osso nos braços.

- E então, gostou? – Perguntou Um com ar de deboche.

- É, realmente nada mal. Mas agora estou um pouco sem paciência, então vamos acabar logo com isso. Pelo que percebi ataques à distância não funcionam muito contra você, então vou ter que ir no corpo a corpo mesmo.

Ela levantou os braços de frente para si e os ossos começaram a se retraírem de novo.

- Pronto. Vamos lá.

Mas no momento seguinte eu fiquei totalmente perdido. Um estava a metros de distância da Dois e do nada estava atrás dela. Ela não podia ter corrido, nem eu sou tão rápido assim. Será que foi teletransporte? A lança de Dois caíra no chão. Ela estava de joelhos agachada para frente. Um estava de pé atrás dela puxando seus braços virados para trás.

- Agora, eu não quero ter que machuca-la ou quebrar seus braços. – Um disse, mas virou ainda mais os braços de Dois fazendo-a gritar de dor. – Então por favor, diga que se rende sim.

- Nunca. – Um falou entre os dentes numa mistura de raiva e dor. – Você não devia ter me tocado, agora vai se arrepender disso.

O salão foi totalmente preenchido pelo grito de Dois. Um que estava tendo os pulsos segurados agarrou também os pulsos de Dois. Não dava para saber o que estava havendo, mas parecia que Dois estava sendo eletrocutada.

- Karin chega! – Sua Cêpan gritou.

Um olhou para ela e seja lá o que estivesse fazendo parou, pois Dois havia parado de gritar. Quando Um soltou seus pulsos ela caiu para trás de encontro ao chão e Um se levantou calmamente.

- Acho que exagerei um pouco, desculpe. – Um falou olhando para a outra, mas não havia nenhum sinal de remorso em sua voz. Ela se virou e veio caminhando em nossa direção.

Meu irmão e Três foram correndo até Dois junto com Hana, sua Cêpan. O garoto de Kupin que era mais forte a pegou nos braços e a trouxe, deixando-a sentada recostada contra a parede. Meu irmão abriu seus olhos para analisa-los, tirou seu pulso.

-Ela ainda está consciente, mas um pouco debilitada. Eu cuido dela. Mas o que exatamente você fez com ela?

- Eu tenho eletrocinese, é a habilidade de criar, liberar, absorver e controlar energia elétrica. Eu só dei um choquezinho nela, nada demais.

- É, nada demais. – Repetiu o garoto de Kupin com sarcasmo. Mas Um deu de ombros.

- Bem, meu filho está cuidando dela, então tudo ficará bem, não foi nada demais. Então, vamos dar prosseguimento?

- Se me permitem a ousadia de tomar a palavra, eu adoraria a oportunidade de poder enfrentar o Nove. Pela dele creio que será um excelente desafio para mim. – Disse Seis, com aquele sorriso de superioridade que ele sempre esboçava. Por mim eu também adoraria a oportunidade de quebrar a cara dele.

- Por mim tudo bem. – Falei da forma mais casual que conseguia expressar.

- Então que seja, Seis e Nove então. – Anunciou um dos Anciãos.

Nós nos cumprimentamos com um aceno de cabeça e nos dirigimos ao centro da sala. Nos posicionamos cada um de um lado. Aquele sorriso de superioridade constante na cara dele me irritava profundamente.

- Então você é o famoso Setrákus. É uma honra conhecê-lo. Dizem que você é um verdadeiro prodígio.

- Se você acha, obrigado. Eu infelizmente nunca ouvi falar de você, lamento.

O riso dele vacilou por um instante, mas logo ele o forçou novamente.

- Acho que vai ser interessante demonstrarmos nossos legados.

- Bom, me desculpe se eu não demonstro o mesmo interesse em saber qualquer coisa a seu respeito ou do que você possa ser capaz. É que pra ser bem sincero, isso não me interessa a mínima.

Seu sorriso vacilou novamente e novamente ele forçou para voltar a esboçá-lo, porém com um pouco mais de dificuldade dessa vez pelo que pude notar.

- Ok. Então vamos deixar de papo e começar.

- Por mim.

Ele assumiu uma posição que misturava ataque e defesa. Qualquer um podia ver que ele era um bom lutador. Presumo que seus legados muito provavelmente sejam mais físicos, como os meus. Vamos ver.

Ele começa a correr em minha direção. Eu ainda não me sinto ameaçado, então não me movo. Seis eleva o punho para trás preparando um soco. Acho que me enganei quanto à sua habilidade de batalha. Um bom lutador nunca revelaria o que pretende fazer de tão distante, permitindo que eu me preparasse para me defender. Mas ele não espera chegar nem perto de mim e de onde está mesmo desfere um soco em minha direção. Deve ser louc...

Sou pego de surpresa, mas consigo me desviar a tempo. Seu punho disparara uma rajada de energia em minha direção. Ela me erra, mas ao atingir a parede atrás de mim perfura o aço abrindo um pequeno buraco na parede de rocha. Ele me encara com orgulho e satisfação. Miserável. Mas como será que ele fez isso? Engraçado que agora aqueles Cêpans idiotas não falam nada. Inúteis. Mas não importa. Seja lá o que for isso definitivamente não vai ficar assim.

Dessa vez sou eu quem parto pro ataque. Corro em direção a ele. Seis não se move, apenas fica me encarando sorrindo, como se estivesse aprontando alguma. Não dou atenção e continuo. Me preparo para atingir seu rosto em cheio. Mas... meu punho... meu punho atravessa sua cabeça, como se ele fosse apenas uma projeção holográfica. Como estava correndo não consigo parar de imediato. Ele aproveita, se vira saltando e ne dá um chute forte no pescoço, me desequilibrando. Caio de cara no chão e sou jogado para longe, arrastando meu rosto. O desgraçado usou minha força contra mim. Procuro me recompor rapidamente e me levanto. Novamente ele me encara com aquele riso e ar de orgulho e superioridade. Esse cara definitivamente está conseguindo me irritar. Pela canto do olho consigo ver que seu Cêpan também esboça o mesmo sorriso. Vermes malditos, estão se divertindo às minhas custas, rindo de mim, me ridicularizando na frente dos outros. Se quando ele nasceu já estava predestinado a ser um membro da Garde, eu farei com que ele se arrependa amargamente deste dia.

Mas não adianta ficar de cabeça quente. Relaxo minha posição, respiro fundo e procuro me acalmar. Eu preciso ser racional. O que aquele idiota quer é me irritar para que eu não consiga me concentrar na luta. Então vamos analisar o que houve até agora, afinal, já que seu Cêpan não fala, preciso tirar minhas próprias conclusões. Primeiro, ele consegue disparar rajadas de energia pelos punhos, ou algo semelhante. Ok. Segundo, meu soco o atravessou, mas ele me deu um chute logo em seguida, o que significa que não se tratava de algum tipo de ilusão. Ele simplesmente se desmaterializou. Intangibilidade talvez? Pode ser. O que significa que minha força não valerá de nada, maravilha. E não posso revelar meus outros poderes assim. O que eu faço?

- Está difícil de bolar uma estratégia Nove?

Ele zomba. Respiro fundo. Procuro não me deixar levar. Estão todos observado com atenção. Então é isso! Já sei o que fazer. Me jogo no chão sentado, cruzo as pernas, apoio meu queixo sobre uma das mãos e recosto o cotovelo sobre a coxa com ar de indiferença. Seu sorriso logo se desfaz, dando lugar a uma expressão de surpresa.

- O que você está fazendo? – Ele pergunta com um tom levemente irritado. Vai dar certo.

- Nada.

- É, eu estou vendo que você não está fazendo nada. É disso que estou falando. Você vai ficar ai parado? E a nossa luta?

- Luta? Você chama um empasse entre eu e você de luta? Por favor, não se superestime tanto. Isso não passa de uma brincadeira para mim. Uma pequena distração para divertir os outros.

Ele estava ficando irritado. Orgulho. Era este o seu ponto fraco. Bom, o meu também. Mas diferente dele, eu sabia controlar perfeitamente minhas emoções.

- Então vamos ver se você vai continuar parado aí. – Ele levanta a mão e a fecha no ar como se estivesse segurando alguma coisa. – Pensei em usar o truquesinho da Um e da Dois também.

De repente uma lança pontiaguda se materializou em sua mão. Mas não era como a da Dois, parecia feita de energia. Entendi.

Eu me levanto. Ele sorri como se estivesse orgulhoso por ter me feito mudar minha postura. Ele me atira a lança com força. Sua mira é excelente, mas uso minha velocidade para me desviar alguns centímetros, apenas o necessário para não ser atingido. Ele continua seu ataque, criando e arremessando lança após lança. Eu apenas me movo poucos centímetros de cada vez para os lados, girando, me curvando, e assim vou me desviando com facilidade de todas elas. Até que ele finalmente para. Agora sim ele demonstra irritação.

- Era só isso? – Ele cerra os dentes de raiva. – Olha eu já compreendi como seus poderes funcionam e como havia imaginado, não é lá grande coisa. Você consegue materializar energia. Aquele seu primeiro ataque, eu havia pensado que fosse uma rajada, mas não. Você apenas criou uma bola ou projétil de energia e o lançou rapidamente contra mim usando sua telecinese, talvez tentando me confundir acerca de seus legados. Ah e não vamos nos esquecer da intangibilidade. Foi como você evitou meu soco. Eu só não sei ainda se ela é total ou parcial, se todo o seu corpo fica intangível ou apenas uma parte por vez, ou ambos. Apesar de que isso não faz tanta diferença. É só eu não usar golpes físicos e evitar seus ataques de energia, o que pra mim como você pôde ver é extremamente fácil. Comparado à minha velocidade, seus ataques são extremamente lentos.

Seus dentes estavam trincados e seus olhos semicerrados de fúria, mas mesmo assim ele tentava se controlar.

- Tudo bem. Já que ataques de longa distância não funcionam, vamos ver o que você acha de um bom e velho ataque corpo-a-corpo.

Ele ergueu mudou de postura, equilibrando o peso igualmente sobre as duas pernas deixando-as levemente flexionadas e erguendo os punhos na altura do peito. Parecia estar se concentrando. Então uma luz, não, uma energia azulada começou a sair de suas mãos, envolvendo seus braços até os cotovelos. O mesmo aconteceu com as perna, a armadura de energia indo dos pés aos joelhos. Uma couraça de energia envolvia o peitoral, o abdome e os ombros. E um capacete sua cabeça e parte do rosto. A armadura de energia não oscilava como com as lanças, parecia totalmente sólida e resistente. Ele ergueu o rosto me encarando com um olhar de determinação. Ele estava diferente agora.

- Vamos começar de novo.


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