Os Legados De Lorien - A Origem escrita por Cherles Belem


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!
E comentem bastante!



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Quatro e Sete já estavam posicionados no centro da sala. A diferença deles era nítida. Chegava a ser quase covardia colocar os dois para lutarem. Todos aparentávamos ter entre dezesseis e vinte anos, assim como Quatro, mas Sete parecia ter uns doze anos apenas. E enquanto Quatro demonstrava confiança, Sete parecia apavorado.

- Olha amiguinho eu não quero machucar você tá? Então por que você não desiste? Assim a gente acaba logo com isso, que tal? – Sugeriu Quatro de maneira amigável.

                Sete pareceu ponderar a proposta. Ele estava tenso, apertava as mãos uma na outra.

- Lóridas! – Chamou alto um homem, seu Cêpan provavelmente. Quando Sete olhou ele lhe deu um sorriso de encorajamento. – Você consegue!

                Sete assentiu com a cabeça, mas ainda parecia não muito confiante. Ele se virou novamente para Quatro que deu de ombros.

- Que seja, mas eu não vou pegar leve com você só por ser uma criança. Se pretende ser um Ancião então tem que aprender a lidar com situações difíceis. E já que é pra darmos uma demonstração de legados...

                Ela abriu os braços e fechou os olhos se concentrando. De repente começaram a crescer grossos pelos cinzas por todo o seu corpo. Seu cabelo também cresceu e assumiu a mesma cor cinzenta. Seus músculos pareceram aumentar, assim como todo o seu corpo na verdade. Ela estava parecendo... uma mulher gorila. Acho que o garoto de Kupin não devia estar mais achando-a tão atraente agora.

- Então, o que achou? – Perguntou Quatro para Sete.

- Estranho.

                Quatro riu.

- Pelo menos você é sincero, gosto disso. Se chama transformismo animal parcial. Eu assumo as características físicas de qualquer animal que quiser. Mas não me transformo em animal totalmente, apenas sofro uma mutação. Essa é de gorila. Mas agora, vamos ao que interessa.

                Ela correu na direção de Sete que estava tão assustado que nem se moveu. Seu soco foi bem mais forte do que eu esperava, jogou Sete para longe. Agora entendi o que ela quis dizer com assumir características de animais, ela tinha realmente a força de um gorila.

                Sete se pôs de pé com dificuldade. Quatro repetiu o golpe jogando-o para outro lado. Depois de novo, e de novo, e de novo. Sinceramente não fazia ideia de como ele ainda conseguia se pôr de pé depois de tantos golpes. Estava sangrando e machucado. Ele não fazia nada além de apanhar, acho que nem tinha desenvolvido legados ainda para poder se defender.

- Vai baixinho desiste. Você é resistente, isso já ficou claro, mas não tem a menor chance nessa luta. Desista, vai ser mais fácil.

                Pelo canto do olho vi o Cêpan de Sete sorrir como se estivesse achando graça. Era um homem de estatura mediana, cabelos curtos castanhos, um rosto amistoso. Mas devia ser louco para estar rindo numa situação dessas. Ou talvez o baixinho ainda tivesse uma carta na manga.

- Que seja. Saber a hora de desistir também é uma lição importante a se aprender. Mas é com você mesmo.

                E a seção de golpes recomeçou. Um, dois, três, quatro, cinco. E Sete continuava a se levantar. Mas dessa última vez ele quase não conseguiu. As garotas pareciam aflitas observando a cena. E mesmo os garotos que tentavam demonstrar força não estavam sendo tão bem sucedidos. Até eu já estava incomodado com aquilo, mas por que não tinha a menor graça ver o baixinho só apanhando. Quatro já se preparava para mais um golpe. 

- Ei garoto!

Era meu irmão quem falava. Quatro interrompeu o avanço. Sete mal conseguia se mexer, então ó virou um pouco o rosto na direção de meu irmão.

- Você vai ficar ai parado só apanhando é? Não vai fazer nada? Eu sei que você é mais forte do que isso, então reage!

                Pittácus estava irritado. Era raro vê-lo assim. Como sempre se preocupando com os fracos e oprimidos. Mas seu incentivo de motivação deu certo. A expressão de Sete mudou levemente, assumindo uma certa determinação, um brilho nos seus olhos escarlates. Ele se virou novamente para Quatro cerrando os punhos. Todos da plateia olharam para meu irmão e sorriram, incluindo a própria Quatro, que depois se virou novamente para Sete.

- Viu baixinho, estão confiando em você. Vamos ver se faz jus a essa confiança.

                Ela se concentrou novamente, estava mudando de forma. Seus pelos diminuíram e assumiram um tom amarelado, seu corpo diminuiu de volume, suas unhas e dentes aumentaram se tornando garras e presas e suas pupilas tomaram a forma de fendas. Agora ela parecia uma mistura de mulher com algum tipo de felino. Quatro investiu novamente na direção de Sete, dessa vez com uma velocidade maior, mas parou no meio do caminho de sobressalto.

                No primeiro instante eu não entendi o porquê, mas então eu senti. Um calafrio, um arrepio na espinha. Um vento estranho percorreu a sala. Não entendia o que estava acontecendo. Era Sete. Uma energia estranha emanava dele. De repente ele começou a... crescer? Ele parecia estar... ficando mais velho. Mas como? Ele era um Laubriano, não tinha como ele ser um...

- Aeternus?

                Quem falou foi Adrien, o cêpan da Cinco.

- Exatamente. – Falou o cêpan de Sete. – Eu sou Mika, o cêpan de Lóridas. E sim, como vocês haviam deduzido pela cor dos olhos dele ele é um Laubriano, e pelo que vocês acabaram de ver, sim, ele é um Aeternus.

- Mas é impossível. Não tem como ele ser das duas raças.

- E por que não?

O garoto de Kupin perguntou. Eu sabia a resposta e por isso mesmo sabia, assim como Adrien que era impossível. Mas Adrien tratou de explica-lo a razão.

- Como você já sabe, nosso planeta é dividido em dez países, cada um com suas leis e normas. Claro que algumas são de uso geral para todo o planeta. Mas também existem certas raças de lorienos que são diferentes da maioria, algumas com habilidades e/ou características únicas, isso devido a diferenças genéticas dessas raças. Mas acharam por melhor que essas tribos se mantivessem afastadas, assim elas foram separadas entre os países de nosso planeta.

- Mas por que isso?

- Para evitar que elas se relacionassem entre si. Se duas dessas raças procriassem, a instabilidade genética causada pela mistura era totalmente imprevisível. E por isso também foi implantada nessas tribos a cultura de que elas não deveriam se misturar umas com as outras, para não perderem a pureza de sua raça.

- Mas isso não é um tanto errado? Quero dizer, não vejo o governo do nosso planeta criando uma cultura separatista dessas. Não é isso que nos é ensinado.

- Às vezes, um governante precisa tomar decisões difíceis pelo bem geral do povo. – Um dos Anciãos falou de forma séria. Realmente, dividir o governo de um planeta inteiro não devia ser fácil.

- Então esse Lóridas é...? – O garoto de Kupin começou a indagar.

- Um híbrido. – Respondeu Mika. – Seu pai era Aeternus, sua mãe era Laubriana. Eles se conheceram em uma viagem, total obra do acaso, e acabaram se apaixonando. Lógico que essa união foi proibida não só pelas famílias, mas como por toda a tribo de ambos. Eles não tiveram outra opção senão fugirem. E dessa união proibida, nasceu Lóridas, um lorieno único.

- Então, se ele é um Aeternus... quantos anos ele tem? – Perguntou Dois.

                Mika apontou para o centro da sala, onde agora havia um rapaz alto, de cabelos negros um pouco maiores, que aparentava ter nossa idade. Ele mantivera os olhos fechados durante a mudança de idade. Quando terminou, ele os abriu, mas agora estavam diferentes. As íris ainda eram vermelhas, mas agora estavam mais brilhantes, como se houvessem chamas vivas neles, mas o restante de seus olhos... onde deveria ser branco, como há alguns instantes, estavam totalmente negros. E as feições amedrontadas do garoto haviam sumido, dando lugar a um rosto totalmente sem expressão, o que de certa forma o deixava ainda mais medonho.

- Me desculpem a ignorância, eu sei que Laubrianos possuem sempre as íris vermelhas e geralmente possuem Legados diferentes da maioria, mas o que é um Aeternus? – Seis perguntou. Dava pra ver que todos foram pegos de surpresa com aquilo.

- Aeternus possuem a habilidade única de mudarem de idade. Por isso eles podem viver por séculos, apenas voltando a uma idade mais tenra conforme vão envelhecendo. – Adrien respondeu. Dava para ver que ele ficara um pouco tenso, como todos na sala.

- Tá, ele é híbrido, e o que isso tem de mais? – perguntou Um.

- A junção genética dessas duas raças causaram uma certa instabilidade em Lóridas. – Explicou Mika. – Ele possui um grande poder, mas em contrapartida, acabou gerando uma espécie de dupla personalidade.

- Dupla personalidade? – Perguntou Pittácus.

- Geralmente ele é um rapaz dócil, bondoso, um tanto ingênuo até, não gosta de violência. Mas ele tem um lado reprimido, que dificilmente vem à toa, apenas quando Lóridas perde o controle. Esse lado é um tanto quanto, digamos, frio, sem emoção. Da primeira vez que Lóridas perdeu o controle... seu outro lado veio à tona pela primeira vez e... acabou matou seus pais.

                Todos ficaram atônitos com aquilo. Mas o que havia dado nos Anciãos? Escolherem um cara desses para governar o planeta. Se bem que... quem sabe. Talvez esse outro lado do baixinho pudesse ser interessante.

- Por isso Lóridas sempre tem tanto receio de lutar. Ele não se perdoa pelo que fez e tem medo de esse seu lado vir à tona.

- E mesmo assim você deixou que ele lutasse? Você é louco? – Pittácus estava realmente revoltado.

- Suprimir esse seu lado nunca foi a solução. Ele não deixaria simplesmente de existir. Quanto mais ele fosse reprimido, contido, mais forte ficaria. A melhor solução seria Lóridas aprender a controlar e equilibrar ambos seus lados. Mas ele tinha medo demais. Mas uma hora ele teria de tentar começar a aprender a controlar esse seu lado. Se ele iria ser um Ancião, achei que o melhor seria se ele começasse agora.

                Me virei para o centro da sala. Quatro parecia uma gata assustada. Sete percebeu sua hesitação e deu um sorriso de lado malicioso. Ele realmente parecia outra pessoa agora.

- Então a gatinha queria lutar? Ok, já que era o que queria, vou realizar sua vontade.

                Sete ergueu o braço em frente ao corpo movendo a mão, se concentrando. O chão começou a tremular um pouco. O que será que ele iria fazer.

- Agora vamos brincar um pouco com a gatinha. 


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