"Richard, o que a Katherine está fazendo aqui?" perguntou Martha ao entrar no loft.

Rick havia levado Kate para lá depois de ligar para os rapazes e confirmar que Kate estava okay. Estava preocupado com o bem estar dela e queria que ficasse por perto, para que pudesse cuidá-la. Alexis estava em êxtase com a ideia de sua melhor figura materna ficando com eles naquele dia - e talvez até mais tempo!

Quando ficaram a sós, Kate lhe contou tudo que sabia em detalhes, como sua mãe havia sido brutalmente assassinada à facadas e deixada num beco escuro e frio.

A jovem agora dormia no sofá, onde a havia deixado quando foi lhe preparar um chá, que acabou tomando sozinho, algumas horas antes. Do outro sofá, o mais próximo daquele em que Kate estava deitada em sono aparentemente profundo, assistia-a inspirar e expirar calmamente. Bom, até ser interrompido pela estridente voz de sua mãe.

Levantou-se rapidamente e a levou para a cozinha, para que a maneira alta como Martha falava não acordasse Kate. "Mãe, hoje é um dia difícil para ela. Faz 4 anos que a mãe dela morreu e acho que você é capaz de imaginar a tristeza dela. Ela não tinha me falado nada, mas os colegas de trabalho disseram que ela não estava lá, e, mãe, a senhora devia ter visto o estado em que a encontrei..."

"Richard, filho, essa menina não vai lhe fazer bem. A última problemática que você trouxe para casa te deixou uma filha e um buraco permanente na conta bancária. Não cometa esse erro de novo, querido. A Katherine -"

"É perfeita, mãe. Ela é ótima com a Alexis - ela realmente se importa - e ela é carinhosa, engraçada, culta, linda e, o mais importante, ela não se importa de deixar seus defeitos - que são muito poucos e absolutamente adoráveis - aparecerem!" gritou e logo se arrependeu. 

Olhou por sobre o ombro, para ver se a morena tinha acordado ou ao menos se mexido, mas viu as cobertas, que havia usado para aquecê-la, reviradas, e nada de Kate. Talvez tivesse ido ao banheiro e não tivesse ouvido a conversa, mas checou o loft inteiro e não a encontrou.

Pela segunda vez naquele dia, retirou o casaco do cabide perto da porta e saiu desesperado atrás de Kate, deixando bem claro para sua mãe que era sua culpa.

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Kate já tinha escutado o suficiente. Sabia que tinha muitos problemas, muita insegurança quando se tratava de uma relação amorosa, mesmo que desse tudo de si. Mas ouvir Martha dizer todas aquelas coisas fez com que se sentisse mal.

O mais discretamente possível, saiu debaixo das cobertas e disparou em direção a porta, deixando-os para trás.

Não ligava que estava descalça naquele dia de inverno, não se importava que as pessoas na rua a encarassem e gritassem com ela quando, chorando, ela os esbarrava. Tudo que queria era chegar ao seu apartamento e chorar toda a sua mágoa.

Corria o mais rápido que podia, mesmo que seus pés e pernas doessem, não só por conta do exercício, mas também pelo frio. Mesmo assim, não parava. As lágrimas guiavam seus próprios caminhos pelas bochechas rosadas de Kate enquanto ela desviava de mais algumas pessoas, que saíam da estação de metrô mais próxima.

Estava há duas quadras do apartamento de Castle, em Tribeca, mas seu apartamento era muito longe para correr e estava sem dinheiro para qualquer meio de transporte, então decidiu ir para Lanie.

Mudou de direção subidamente, correndo pelo meio da rua, na direção que considerava, em seu péssimo estado, correta.

Ela nem viu o ônibus vindo, apenas sentiu a pancada do lado esquerdo e, depois, sua cabeça atingindo o chão com força, antes de, ao som de gritos, tudo ao seu redor escurecer.