37 edição dos Jogos Vorazes escrita por bruno


Capítulo 21
A Grande Turnê


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Estou de volta :D
Infelizmente aconteceram algumas coisas aqui em casa e não vou poder fazer as provas ._. É a vida, né.
Enfim, tenho um pedido importante a fazer. Leiam as notas finais antes de fechar a página! o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/286712/chapter/21

Eu sentia a areia nas minhas mãos e, de cinco em cinco segundos, uma pequena onda gelada encontrava meu corpo. Eu estava deitada na areia, de olhos fechados, sentindo as ondas e a brisa fresca vinda do oceano. O Sol esquentava meu rosto dolorosamente, já que eu estava acostumada ao clima chuvoso da Capital, mas eu estava disposta a sentir o calor de meu distrito novamente. Aquele mês de férias no Distrito 4 tinha renovado completamente minhas energias, e eu me sentia ótima por estar novamente em casa. Eu virei de costas para o céu para procurar conchas na areia, meu passatempo preferido enquanto estava com tempo livre. Um pequeno caramujo saiu de sua toca e eu acompanhei seu caminho até o mar com o canto dos olhos quando, de repente, uma sombra surgiu atrás de mim.
– Oi, Kala.
Olhei para cima e avistei minha amiga, Lauren. Eu sentei na areia e, então, ela se ajoelhou ao meu lado. Pegou um montinho de areia e começou a fazer um pequeno castelo que, por fim, foi ao chão.
– Como você está? - Perguntei.
– Estou bem.
Ela respondeu aquilo olhando para suas mãos, as quais trabalhavam no castelo novamente. Seu olhar era distante e, pela tremulação na sua voz, senti que queria chorar.
– O que aconteceu, Lauren? - Perguntei, envolvendo-a com meus braços. Ela olhou para mim, desta vez chorando.
– Disseram que vão levar você de novo para a Capital.
– Oh, Lauren, eu... Só vai levar um mês, eu vou voltar. Você sabe, todos os Vitoriosos precisam visitar os distritos.
– E se chamarem você para ir à Capital várias vezes, assim como fazem com os outros Vitoriosos? Você é bonita, Kala, eles podem...
– Ei! Ei, Lauren, acalme-se. Lembra o que eu disse durante a entrevista? - Perguntei, enxugando suas lágrimas.
– Eu preciso ser menos chorona. - Ela respondeu, sorrindo por um momento.
– Isso. Eles não vão me escolher, fique tranquila. Eu não sou tão bonita quanto os outros vencedores e, além disso, minha única família é minha mãe, e ela é uma Vitoriosa. Não a matariam se eu recusasse...
– Não duvide deles, Kala. Não duvide.
Suas palavras foram tão gélidas que, por um segundo, tive medo daquilo realmente acontecer. Mas não iria, certo? O que poderia acontecer de ruim se eu recusasse? Muitas coisas, respondi a mim mesma. Afastei o pensamento da cabeça e, por fim, voltei a falar com ela.
– Não se preocupe. Eu não vou demorar. Nunca mais vou te deixar sozinha e tão preocupada. Eu vou estar bem, acredite.
– Oh, Kala, o tempo que você ficou nos Jogos foi terrível! - Ela exclamou, apoiando-se em um de meus ombros - Eu tive muito medo de perder você e de ficar sozinha para sempre. Ninguém falou comigo durante todo aquele tempo e...
– Você não dá abertura para as pessoas, Lauren! Deve deixá-las falar com você, e não somente encará-las com um olhar mortífero.
– Acredite, não é assim tão fácil.
– É sim! Você só precisa... Tudo bem, não é. - Eu confessei, rindo - Mas não se preocupe, eu estarei de volta.
– Tudo bem. - Ela respondeu, por fim - Vamos voltar?
Assenti e passei as mãos pelo meu corpo, retirando o excesso de areia. Coloquei as sandálias de volta nos pés e, juntas, fomos em direção aos grandes edifícios do distrito.



– Estou pronta. Vamos embarcar? - Perguntei, olhando para Uranie. Seus cabelos ainda tinham a mesma coloração esbranquiçada, mas desta vez tinha diversas mechas coloridas.
– Sim! - Ela exclamou, acenando para a multidão atrás dela.
Eu estava subindo o primeiro degrau quando, de repente, uma mão segurou um de meus braços.
– Kala! Eu... Boa sorte. - Desejou Lauren, novamente com os olhos aguados. Ela me abraçou e pude sentir uma lágrima escorrendo pelo meu ombro.
– Ora, Lauren, não chore! Desse jeito eu não me sinto bem. - Repreendi.
– Tudo bem, desculpe. Eu não consigo evitar. - Ela se desculpou, sorrindo - Às vezes acho que gosto de chorar.
– Você é louca! - Eu disse, dando-lhe um beijo na bochecha. Entrei no vagão e, pela janela, abanei para a multidão.
– Você é boa nisso. - Disse Mags, sentando-se na mesa e enchendo uma xícara com café.
–O que quer dizer? - Perguntei, arqueando uma sobrancelha. Ela largou a xícara e, então, olhou para mim.
– Que você é boa nisso. O que mais?
Revirei os olhos e fui para o vagão que continha os quartos. Olhar para dentro de todos os cômodos até achar o que continha minhas coisas e, então, fechei a porta atrás de mim. Retirei os sapatos e deitei na cama, suspirando. Com o leve barulho da chuva e do meu coração, adormeci.
Os dias que se seguiram foram marcados pelo tédio e pela solidão. Os noticiários de toda Panem avisavam que a mais nova Vitoriosa dos Jogos estava a caminho de sua primeira parada, o Distrito 12. Pela janela eu avistava a mudança de clima e culturas. De montanhas a depressões; de usinas a campos de plantio até que, em um determinado momento da manhã, chegamos ao menor e mais ridicularizado distrito de Panem, o Distrito 12. Ao longe pude ver as minas de carvão e as pequenas casas de madeira. Incrédula, abservei a fome e a pobreza estampadas no rosto de cada cidadão. Todos falavam que que a miséria neste distrito era extrema, mas nunca imaginei que chegasse a esse ponto. As casas com telhados furados pareciam formigueiros se comparados aos prédios do Distrito 4. Agora eu entendia o motivo de, em trinta e sete anos, o Distrito 12 nunca ter tido um Vitorioso. Passamos a tarde lá, visitado as pessoas e acenando para as câmeras. A festa foi singela, tendo somente música, dança e um pequeno banquete para mim e para a minha equipe. Durante a noite seguimos para o Distrito 11, deixando para trás aquelas pessoas famintas e sedentas por justiça.
O mês se passou extremamente rápido, e logo estávamos saindo do Distrito 2. A próxima parada era a que eu mais temia: o lar de Verizon e Arany, tributos que morreram cruelmente por minha causa. A população de lá, tão refinada e bem-vestida, provavelmente olharia para mim com ódio e desgosto. Quando avistei as montanhas e jazidas de pedras preciosas, meu coração bateu mais rápido. Estávamos finalmente chegando. Fui até a sala e encontrei Uranie tomando chá. Ela me olhou e, assustada, levantou-se.
– Oh, Kala, o que houve?
– Estamos no 1, Uranie. No 1. - Respondi, sentando-me em uma poltrona. Ela sentou-se novamente no sofá e olhou para mim, enrugando a testa.
– Pare de pensar neles, Kala. Você fez o que deveria fazer. Eu só acho que poderia ter sido menos...
– Agressiva? Ora, Uranie, não seja ridícula. É isso que a Capital quer. Veja só a fama que ela conseguiu! - Interrompeu Mags, entrando no vagão.
Fechei os olhos e respirei fundo, tentando ao máximo ignorá-la. Quando voltei a abri-los, ela estava sentada em um banco com um pequeno baú de madeira em seu colo. Ela o abriu e, de lá, pegou diversos pedaços de arame. Começou a torcê-los e, dessa forma, criar diversos anzóis. Ela fazia isso quando estava entediada ou pensativa em relação a alguma coisa.
– Kala, querida, venha se trocar. - Disse Sionc, entrando no vagão.
Soltei a mão de Uranie, que sorriu para mim, e fui até o vagão ao lado. Sionc me mostrou um vestido extremamente brilhoso que ia até um pouco acima do joelho e tinha a coloração alaranjada, como o céu no fim da tarde. Mana 1 e Mana 2 chegaram e maquiaram meu rosto, tapando cada centímetro de pele. Logo nós quatro fomos até o outro vagão e nos juntamos a Uranie e Mags.
– Você está linda! - Exclamou Uranie, olhando-me dos pés à cabeça.
Mags limitou-se a olhar para mim com o canto dos olhos, suspirar e voltar sua atenção aos seus queridos anzóis. Ela os desmanchava e, depois, rapidamente os formava. Ela simplesmente não se cansava daquilo. Minha avó costumava dizer que minha mãe conseguia fazer anzóis com qualquer material que encontrasse, até mesmo diamantes. Aquilo me parecia um pouco fantasioso, mas é sempre bom termos imaginação.
– Chegamos. - Disse Mana 1, sombria.
Mana 2 deu um pequeno beliscão em seu braço e olhou para mim, triste. Todos entendiam minha situação, até mesmo Mags parecia um pouco desconfortável.
Descemos os degraus e embarcamos em um luxuoso carro que nos levou até o centro da cidade. Obedecendo às dicas de Uranie, abaixei o vidro e acenei para a população, que caminhava normalmente na rua e, talvez, nem sequer notava minha presença. Apenas umas crianças e uns poucos adultos paravam na rua para me ver e sorriam levemente. Estávamos em uma velocidade constante quando, de repente, freiamos.
– Kala, cuidado! - Gritou Uranie, puxando-me para o seu lado do banco.
– Assassina! Assassina cruel! - Gritou uma voz do lado de fora do carro. O motorista, através de um botão, fechou o vidro mas, mesmo assim, a garotinha de grandes olhos azuis continuava batendo na janela - Você deixou a minha irmã morrer! Assassina!
Olhei, horrorizada, enquanto alguém abraçava a garota e puxava-a para trás. Era uma mulher alta e elegante, também de olhos azuis. Ela abraçou a garota, chorando, e olhou para mim. O carro voltou a andar e olhei para as duas até que sumissem de minha vista.
– O que foi aquilo? - Perguntou Uranie, horrorizada - Você está bem, Kala?
– Eu... Estou. É só que...
– Talvez aquela seja a irmãzinha de Arany. Ela falou sobre ela na entrevista com George, lembram? - Perguntou Mags, do banco da frente.
Olhei para as minhas mãos trêmulas e pensei por um momento. Sim, só podia ser. Aquelas eram a mãe a irmã de Arany. Os olhos redondos e azuis...



O carro estacionou atrás do Edifício da Justiça e rapidamente um serviçal abriu a porta para mim. Entramos e fomos recebidos pela prefeita Jade Helder, uma elegante mulher de brilhantes olhos verdes e cabelos loiros que chegavam até os ombros. Indicou-nos o caminho e ficamos atrás das cortinas, de onde logo eu sairia. Respirei fundo, tentando me acalmar.
– Eles não gostam de você. Esteja preparada para todo e qualquer tipo de comentário. - Avisou Sionc, olhando em meus olhos.
Abracei-o e, juntos, esperamos a hora. Jade falava sobre os Jogos e, depois de alguns minutos, finalmente anunciou:
– Recebam Kala Vitazny, a Vitoriosa da Trigétima Sétima Edição dos Jogos Vorazes!
Uranie olhou para mim e acentiu levemente. Ouvi um barulho de aplausos inacreditável, o que me fez sorrir por um momento. Quando olhei para a multidão, porém, percebi que poucas pessoas aplaudiam e, mesmo assim, era por medo, porque olhavam para os Pacificadores que estavam ao seu redor. O restante da população apenas me observava, silenciosa, o que me fez ter certeza de que a prefeita tinha instalado som de aplausos em uma caixa de som.
Fui até o centro de palco e, mais uma vez, cumprimentei Jade. Olhei para a frente e, na primeira fila, avistei cinco pessoas sentadas. Todas elas eram loiras e tinham olhos azuis, como a maioria da população desse distrito. Os cinco olhavam para mim com uma mistura de ódio e tristeza e, só então, percebi que a garotinha que gritara estava lá, no meio de dois adultos que, provavelmente, seriam os seus pais. Os pais de Arany. A sua direita avistei um homem e uma mulher de mãos dadas que deveriam ser os pais de Verizon.
Um homem rechonchudo, talvez algum administrador do distrito, me entregou um imenso buquê de rosas azuis e me abraçou, parabenizando-me. Voltei a olhar para a população, que ainda me olhava de uma forma quase que fantasmagórica. Olhei para as famílias de Verizon e Arany e percebi que todos os cinco ainda me encaravam, esperando que dissesse algo.
Mas eu não diria. Tudo o que eu queria era sair de lá.



Dei um último aceno para a população do Distrito 1, que continuava me ignorando, e embarquei no trem. As portas logo se fecharam e a natureza ao redor dos trilhos virou um grande e verde borrão.
– Em poucas horas estaremos no Capital. Logo você estará livre deste inferno.
Olhei para trás e admirei-me ao ver que a pessoa que havia dito aquilo era Mags. Ela se sentou no sofá e apoiou os pés nas almofadas, atitude que Uranie certamente repudiaria se presenciasse.
– Inferno? Pensei que você tivesse gostado quando ganhou os Jogos. Pensei que estivesse gostando de estar aqui. - Respondi, arqueando uma sobrancelha.
– Não seja tola, garota. É claro que eu gostei de vencer os Jogos. Todos gostam e, sinceramente, duvido que você não tenha gostado. É só que... algumas consequências... a Capital... - Ela disse, deixando as palavras sumirem no ar. Ela olhou para o nada, mergulhando em seus próprios pensamentos.
– O que você tem contra a Capital? - Perguntou Uranie, entrando na sala. Mags pulou do sofá e acomodou-se rapidamente.
– Nada que você precise saber. - Respondeu.
– Pelo menos não tratamos nossas crianças como lixo. - Rebateu Uranie, olhando para mim.
– É claro que não, vocês preferem matar as crianças dos outros.
– Ora, não se finja de amargurada, Magdalena. Se você realmente se importasse, nunca teria mandado sua filha para cá.
O vagão entrou em um silêncio extremamente profundo, sendo cortado apenas pelo barulho do vento. Uranie corou, percebendo que havia dito demais.
– Eu tenho meus motivos, Uranie. Não duvide da existência deles.
Mags levantou-se, saiu do vagão batendo os pés no chão e fechou a porta do quarto com força atrás de si. Uranie olhou para mim, visivelmente magoada.
– Oh, desculpe, Kala, eu não queria...
– Tudo bem, Uranie. Eu não me importo, é sério. Já me acostumei a ser sozinha.
– Oh, Kala, eu sinto tanto... Eu...
– É sério, eu estou bem. - Respondi, colocando suas mãos entre as minhas. Ela me olhou e sorriu levemente, mostrando-se aliviada.
– O que será que sua mãe quis dizer quando falou que tem seus motivos?
– Não sei, Uranie. Mas é algo que pretendo descobrir logo que chegarmos à Capital.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi de novo *u* q
Como eu disse antes, tenho um pedido a fazer. Este foi o penúltimo capítulo da fic e eu nunca exigi comentários de vocês para continuar postando. A maioria dos autores aqui no Nyah pede N reviews para escrever o próximo capítulo, e eu sempre fui contra isso.
Mas tem um lado ruim D: Eu não conheço todos os meus leitores nem o que pensam da fic. Por isso, eu gostaria de pedir que todos vocês comentassem no próximo (e último) capítulo com uma revisão geral da fic. Se gostaram, se vão sentir saudades, enfim, escrevam o que quiserem. Podem escrever bíblias, eu gosto de reviews grandes 8D
Espero ver todos vocês lá, afinal digitar não mata :P
Obrigado por terem ficado todo esse tempo comigo e por terem lido até aqui. Até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "37 edição dos Jogos Vorazes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.