37 edição dos Jogos Vorazes escrita por bruno


Capítulo 17
Emergindo


Notas iniciais do capítulo

Wheeee, aqui estou eu de novo. Obrigado por todos os comentários, pessoal, já tenho quase 100! Eu não mereço leitores como vocês *_*
Enfim, boa leitura :D



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Dias se passaram desde que Arany se fora e, mesmo assim, eu continuava em choque. Passava os dias inteiros deitado no chão lamacento e observando o céu numa tentativa de relembrar momentos que eu havia passado com ela. Seu rosto magro e alterado por veias não saía de minha memória e a culpa por tê-la deixado morrer enchia meu coração de mágoa e rancor contra mim mesmo.
– Eu deveria tê-la protegido. É isso que amigos de verdade fariam. - Sussurrei, desaprovando minhas atitudes. Eu tinha passado e me considerar completamente irresponsável depois do acontecido e, sinceramente, eu estava morrendo psicologicamente. Minha sanidade estava se esvaindo, porque por diversas vezes surpreendi-me dando altas gargalhadas e, posteriormente, voltando a chorar. Isso me amedrontava, de certa forma, já que a Capital provavelmente não estaria gostando de minha tristeza e inatividade. Eles esperavam ação e frieza de Carreiristas, mas eu não conseguia ser tão frio ao ponto de esquecer a morte de minha única e maior amiga. Outro fator que não estava a meu favor é que os Jogos estavam no fim. Todos esperavam muita emoção e luta nesses últimos dias, mas eu me limitava a ficar deitado, olhar para o céu e imaginar o que os outros tributos estariam fazendo naquele momento.
Eu também começava a me sentir fraco, já que minha comida se resumia a duas frutas secas por refeição. Só me restava meio cantil de água e, infelizmente, meu corpo já começava a apresentar sinais de desidratação. O que eu mais precisava naquele momento eram dádivas, mas eu provavelmente tinha arruinado tudo. Meu luto certamente havia espantado todos os meus patrocinadores, que agora teriam seus olhos sobre Cihla.
– Onde será que ela está? - Voltei a sussurrar. A Arena devia ser realmente grande, já que não nos encontramos uma única vez depois do banho de sangue. Ela ainda estava com Mursten, mas era provável que o matasse assim que tivesse vontade. Ela não pensaria duas vezes antes de golpeá-lo pelas costas e, pior ainda, não teria o trabalho de pelo menos dizer tchau ou coisas do gênero. A frieza e competitividade dos tributos do 2 era quase sempre incomparável com os do 1, não importava quantos anos eles tenham treinado em academias para Carreiristas. Sua criação era muito rígida e severa. Já ouvi rumores de que até os faxineiros podiam manusear uma faca tão agilmente que poderia cortar você em pedaços em poucos segundos. Essa história me parece um pouco fantasiosa, mas acredito que a realidade seja mais ou menos assim naquele distrito.
Pelas minhas contas, estávamos no décimo primeiro dia de Jogos. Os primeiros tinham passado com enorme rapidez mas, os últimos, após a morte de Arany, pareciam uma eternidade. O lado positivo disso tudo, porém, é que eu tinha descansado o suficiente para outra batalha. Sem comida eu não sobreviveria muito, e isso me deixou aflito. Eu estava pensando em deixar o acampamento e ir atrás de um tributo quando vi um paraquedas prateado caindo por trás da lona. Fui até lá, agradecido por ter os óculos noturnos, e peguei a embalagem brilhosa. Ela era bem maior e mais pesada do que a anterior, o que me deixou animado. Voltei para perto de minha mochila e recostei-me em uma árvore. Apoiei o pacote nas pernas e, ansioso, retirei a tampa. Um papel dobrado cautelosamente caiu ao chão e, desconfiado, abri-o. Ótimo trabalho. A audiência está adorando seu sofrimento e luto. Continue assim. O quê?! Eles achavam que toda a minha tristeza era fingimento! Pensei em recusar a dádiva, mas mudei de ideia. Qualquer coisa que fosse, era algo de que eu precisava.
Coloquei a mão dentro do pote e surpreendi-me ao sentir outros potes dentro dele. Tirei um a um e coloquei-os no chão, intrigado. Contei cinco potes e, depois, retirei as tampas de cada um deles. Comida! Olhei, surpreso, para a quantidade que haviam enviado. Era suficiente para satisfazer uma pessoa faminta por três dias, no mínimo. Avistei arroz temperado com ervas finas, frango ao molho branco, lasanha de legumes, algum tipo de peixe - Kala provavelmente saberia dizer qual era a espécie - e até uma sobremesa de frutas vermelhas. Senti falta de água, mas seria abuso reclamar. Eu estava tentando evitar a fome mas, assim que senti o cheiro de alimento, meu estômago roncou. Sem pestanejar, comecei a comer como um louco. A Capital deveria estar rindo da forma como fazia os tributos dependentes dela, mas era disso que gostava - estar no poder. Afastei o pensamento da cabeça e passei a saborear o alimento. Sentia minhas energias renovando-se e a cor voltando a minha pele. Comi todo o peixe, metade da lasanha e uma boa parte do frango. O arroz tinha um gosto não convidativo mas, mesmo assim, comi um pouco para reforçar meu metabolismo. No fim, dei-me o luxo de comer a sobremesa. Guardei o restante dos alimentos na mochila e, estufado, decidi descansar mais um pouco. Meu estômago deveria estar muito contraído com a falta de comida, já que sentia minha barriga latejar.
Deitei no chão e voltei a pensar em Arany. A paz tinha durado pouco. Ela fazia muita falta desde que tinha me deixado, e isso era algo que vinha me deixando louco. Ela foi minha única amiga durante toda a vida, e agora eu estava sozinho. Virei-me de lado e meus olhos voltaram a lacrimejar. Eu podia apenas ouvir o som de grilos cantando e de meus soluços quando, de repente, o hino de Panem retumbou. Olhei para o céu e, surpreso, avistei o rosto de Mursten. Seus cabelos negros desgrenhados e seus olhos cor de mel deixavam-no com um visual maldoso, próprio de Carreirista.
– Eu sabia que ela iria matá-lo. - Sussurei, convencido.
Eu havia passado os últimos dias tão absorto em tristeza e lembranças que não tinha escutado o barulho de canhão. Agora os Jogos estavam, portanto, no décimo segundo dia. Éramos somente três, e eu tinha que voltar a pensar de novo. Não podia me entregar tão facilmente. Eu precisava vencer. Decidido, coloquei a mochila nas costas e me despedi do acampamento. Os Jogos durariam no máximo mais três dias, e eu queria que acabassem logo. Passei pela lona e dei uma última olhada onde tinham sido meus momentos mais recentes com Arany. Senti um aperto no peito e, relutante, dei às costas para o local que tinha sido meu abrigo por dias.
Caminhei por horas e cheguei numa nova área da Arena. Estava em um local muito além de meu antigo acampamento, mas próximo de onde Kala morrera. Podia ver diversas árvores verdes a minha frente, o que dificultava a caminhada. Felizmente eu tinha meus óculos noturnos e não precisava tatear o caminho ao meu redor. Estava saindo de uma área arborizada quando um brilho em um galho chamou minha atenção. Voltei alguns passos e olhei para cima, em um dos galhos mais altos de uma árvore. Cerrei os olhos e pude destinguir o número 1.
– Arany?! Como isso é possível? - Sussurrei, espantado.
Os galhos, então, se movimentaram. Algumas folhas caíram e, intrigado, escondi-me atrás de um tronco. Alguém estava descendo da árvore. Quando o tributo chegou mais perto do solo pude distinguir outro 1 em seu ombro. Sim! Era o garoto do 11. Agradecido por ter tanta sorte, esperei ele descer até o chão. O garoto olhou ao redor, desconfiado. Ele então inclinou a cabeça para cima e... farejou? Aquilo me deu vontade de rir, mas conti minhas emoções. Infelizmente dei um passo em falso e quebrei um galho, despertando sua atenção. Ele olhou para a minha direção, arrumou a mochila nas costas e correu. Não tendo mais opções, corri atrás dele. O menino olhou para trás, espantado, enquanto cortava caminho por entre as árvores, mas aquilo de nada adiantava. Eu me aproximei dele rapidamente e, instintivamente, joguei minha mochila em seus pés. Ele tropeçou e caiu de barriga ao chão, gemendo. Tentou se levantar, mas eu fui mais rápido. Sentei em suas costas, pisei em suas mãos e o imobilizei. Peguei meu machado em suas costas e, antes de decepar sua cabeça, sussurrei em seu ouvido.
– Boa noite.
Desci o machado e, poucos segundos depois, pude ouvir o canhão.
Levantei de seu corpo inerte e recoloquei o machado em meu cinto. Agora éramos apenas dois. Talvez os jogos acabassem ainda hoje. Voltei a caminhar mas algo atravessou meu caminho. Mais uma dádiva! Gargalhei e corri ao seu encontro. Abri a embalagem e de lá tirei uma massa de três bolas, cada uma incrustada com diversos espinhos de metal. Admirei a arma e avistei outro bilhete. Cuidado, ela está viva. Mate-a.
Como assim? Quem está viva? Somos somente Cihla e eu. Será que Auksas quis dizer algo como ativa ou atenta? Não, sua intenção não era essa. Ela queria me alertar.
Alguém mais além de mim e Cihla estava vivo na Arena.


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Notas finais do capítulo

OMG quem será que está vivo? :O
Não adianta me perguntar, eu não vou responder :K Muahahaha okn



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