A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 3
A garota que se escondia mostra sua face


Notas iniciais do capítulo

Primeiro... ok, me desculpem. Eu postei um capitulo de outra fic aqui ontem, tipo assim... nunca postem nada depois das 2h da manhã. O resultado pode ser catastrófico. Desculpem mesmo
:(
Mas enfim... agora vai o capitulo real da fic. Espero que gostem. Bjaaaum



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Katniss estava aterrorizada. Como ela poderia ter sido tão estúpida? Aceitar assim tão facilmente trabalhar para os estados do norte e libertar os escravos? Isso era quase suicídio. Além do mais, ela não confiava em Peeta Mellark. Ele pareceu tão gentil mas, por que, afinal de contas, ele estaria interessado em libertar os escravos? Ele não teria nada a ganhar com isso. E Katniss sabia que ninguém nunca fazia nada que não fosse para antever um bom benefício próprio.

Além disso, ela nunca teve interesse em se envolver nesse tipo de conflito. É claro, ela odiava os escravagistas com todas as suas forças. As histórias que a avó contava ainda lhe davam pesadelos. O jeito como os senhores deixavam os escravos sem comida, o que eles faziam com as mulheres que se negavam a deitar com eles, o jeito como separavam as famílias.

Uma vez a sua vó contara de um menino, devia ter uns cinco anos, que foi morto na frente da mãe. A mulher não havia cumprido a cota do dia na colheita, ela não podia, tinha dado a luz na noite anterior. Então o capataz simplesmente pegou o filho mais velho dela e lhe deu um tiro na cabeça. A mulher foi encontrada morta no dia seguinte, tinha se suicidado com a faca que usava na colheita. A mulher era a bisavó de Katniss.

Katniss nunca esqueceu essa história. E daria tudo para poder acabar com os escravagistas. Mas ela não podia esquecer o conselho do avô. “Katniss quando você não é normal, é melhor manter sua cabeça abaixada e tentar passar o mais despercebida possível. Você já terá muitos problemas apenas por ser quem é” E claro que ela sabia que o avô estava falando do fato de ser mestiça.

E foi o que Katniss fez. Até agora. O avô nunca deixou ela esquecer quem era, e o pai também. Mas eles também a ensinaram a utilizar o fato de ser branca para ficar protegida. E essa foi uma lição que ela aprendeu muito bem.

Mas lá estava ela, passeando com a mãe e com a irmã, morrendo de medo do que pudesse acontecer se alguém descobrisse o que ela estava fazendo. Peeta já lhe entregara alguns documentos para que ela traduzisse. E uma pequena soma de dinheiro.

–Você está trabalhando para mim, então, tem que ser paga- disse ele, lhe entregando uma pequeno bolo de dinheiro.

Quando Katniss recebeu este pequeno salário, ficou tão atônita que não soube o que fazer. Ela estava trabalhando e estava fazendo coisas perigosas como tentar liberar os escravos. Como um homem. Isso a encheu de uma excitação que a garota pensou que não pudesse existir.

Obviamente ela tentou devolver o dinheiro, dizendo que não teria como explicar a mãe o que ela tinha ganho, e disse a Peeta que estava fazendo isso pela causa, por sua avó. Mas ele não ouviu.

– Não se preocupe. Abra uma poupança, ou gaste como quiser. O dinheiro é seu. Não estou lhe pagando pelos serviços para os abolicionistas, eu sei que estamos fazendo isso pela causa, mas pelas traduções que você fez. Que aliás ficaram ótimas.

Katniss não soube por que, mas sentiu um calorzinho gostoso na beira do estômago quando ele disse isso. Talvez fosse por que ninguém nunca tinha dito que ela fazia algo bem. Ou talvez tenha sido o jeito como ele a olhou. Mas isso era algo desconcertante demais para admitir, até mesmo para si mesma.

Elas chegaram a uma loja de vestidos e as divagações de Katniss foram interrompidas por outro perigo ainda maior. O fato de ela estar em uma loja de vestidos com a mãe e a irmã. Isso não seria nada divertido, Katniss tinha certeza.

Assim que entraram na loja uma mulher loira vestida de forma elegante as recebeu com o maior sorriso que poderia dar.

–Senhora Everdeen, que bom que apareceu. Esteve tão afastada nos últimos tempos.

–Ah sim, muitos compromissos como já sabe.

Katniss tentou adivinhar quando falta de dinheiro se tornou “muitos compromissos”.

A mulher sorriu como se entendesse, mas Katniss sabia que ela estava pensando a mesma coisa. Mas obviamente não arriscaria perder uma de suas melhores clientes.

–Minha nossa como suas meninas estão lindas!- Exclamou a atendente no que Katniss tinha certeza que era a expressão mais falsa que ela já tinha visto na vida.

–Prim tenho vestidos maravilhosos que você vai amar. Nossa você está cada dia mais parecida com uma princesa- disse a mulher se dirigindo a Prim.

Katniss deu graças a Deus que elas passaram da fase da falsidade. Prim realmente era muito linda, agora Katniss... E a garota tinha certeza que a vendedora não a achava bonita. A maioria das pessoas não achavam. E então ela se sentou no sofá, enquanto esperava a mãe e a irmã provarem milhares de vestidos. A vendedora já sabia que bajulação não ia funcionar com Katniss, então a ignorou até que a mãe e a irmã lhe obrigassem a experimentar os vestidos, como sempre faziam.

Depois da sessão de tortura em que Katniss ouviu repetidamente “Se você não tivesse comido aquele bolo de chocolate o espartilho não teria ficado tão apertado”  "Credo Katniss, pelo amor de deus, levante esses seios”. Katniss pensou que seria uma boa morrer na mão dos escravagistas nessa hora. Talvez nem eles conseguissem ser tão cruéis quanto sua mãe.

Depois que elas escolheram alguns vestidos, os quais Katniss nunca usaria, foram pagar a mulher. Assim que estavam saindo da loja uma confusão começou do lado de fora. Todo mundo correu para ver o que estava acontecendo.

A primeira coisa que Katniss percebeu foi um homem com um chicote batendo em um negro. E depois seus olhos pousaram do outro lado da rua. Peeta estava lá, com uma expressão chocada.

Katniss sentiu uma onde de choque trespassar seu corpo quando percebeu que o homem que estava estirado no chão era Tresh, um velho amigo e o irmão de Rue, sua melhor amiga.

O homem estava segurando a cabeça ensanguentada de Tresh e o arrastou até onde alguns viajantes amarravam seus cavalos na frente do Saloon mais próximo.

–Então você estava com fome não é Criollo? – Perguntou maldosamente o capataz- Que tal comer isso?

Ele pegou com as mãos um dos dejetos do cavalo e já ia obrigar Tresh a comer quando uma voz na multidão grita

–Não! O que você pensa que está fazendo?- Katniss tem um sobressalto ao perceber que a voz era de Peeta.

–Dando uma lição nesse Criollo senhor. Você não é daqui não se meta nisso. Esse escravo não é seu.

–Ele só pegou leite e pão, pelo amor de Deus- Diz Peeta desesperado.

–Eu já disse- disse o capataz ameaçadoramente com a arma apontada agora para o peito de Peeta- Escuta aqui nortenho, eu não tenho tempo para suas besteiras. Deixe que nós, os sulistas, façamos  nosso trabalho.

Peeta se aproxima mais do capataz.

– Deixe-o em paz- diz Peeta trincando os dentes.

O homem dá um soco em Peeta e ele cai no chão. Katniss deixa escapar um gritinho que faz com que o capataz notasse ela e sua famíia no meio da multidão.

–Senhoras- diz ele levantado o chapéu- Desculpem o incomodo. Sabe como são esse negros.

–Ah sim, eu sei. Podem ser terríveis- diz a mãe de Katniss.

Katniss teve tanta raiva que teve vontade de bater na mãe. Ela foi casada com um mestiço, tinha duas filhas com sangue negro. Como podia dizer aquilo?

Sem querer seus olhos vão em direção a Peeta. Os olhos dele estão de um azul tão intenso, Katniss tinha certeza de que nunca tinha visto um azul assim.Eles parecem perguntar "Você realmente vai deixar isso acontecer?”

Katniss então lembra do dia em que Tresh a salvou de uma briga no bar onde os negros costumavam tocar. Do dia em que ele sorriu para ela cantando e dizendo "Katniss você é garota branca mais negra que eu já vi” e ela riu também. Katniss lembrou de Tresh,  Rue e ela brincando na rua, sem que ninguém visse quando eram crianças. E seu coração se afundou de culpa e medo. Ela não podia fazer nada.

Mas quando o capataz foi para cima de Tresh tentando fazer com que ele comesse a bosta de cavalo, algo aconteceu por que Katniss sabia que ela não poderia ficar só olhando.

–Pare! – seu grito pegou até mesmo ela de surpresa.

O homem olhou atordoado para ela. Tresh sorriu triste

– O que a senhorita disse?

–Deixe-o em paz por favor.

–Garotinha não se meta do que não é da sua conta.

A raiva tomou conta de Katniss,

–Eu já disse para deixar ele em paz

O homem a olhou irritado

–Garota já chega, pare de fazer mal criação. E me deixe fazer meu trabalho. Saia da frente.

–Eu não vou sair, me mate antes se quiser.

–Garotinha você está pedindo.

Então o homem aponta a arma para Katniss. Katniss ouve um grito. Um grito de Peeta mas não se importa. Ela ataca o homem com um chute e ele cai no chão. Katniss pega a arma dele e aponta direto para o peito do capataz.

– Saia daqui agora. Deixe-o em paz, ou eu juro por Deus que vou fazer um buraco no meio do seu peito.

O homem sai correndo tomado pela surpresa. Assim que ele vai embora Katniss cai no chão sem forças. Um braço a segura.

– Katniss- sussurra Peeta.

Mas a mãe de Katniss lhe dá um puxão no braço.

–Vamos para casa mocinha- diz ela numa voz perigosamente controlada- você vai ter muito o que explicar.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Ah quem quiser matar curiosidade, gostar de Heróis do Olimpo e quiser ler minha fic o nome é Penny Jackson e o vaso de Pandora. Enfim... desculpem ai ahhaah Bjaum



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