Better Off This Way escrita por CWritting


Capítulo 14
First Day




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/286472/chapter/14

O despertador tocou na manhã de segunda-feira, mas eu não me movimentei com intenção de levantar. A cama nunca parecera tão convidativa como agora.

“Zack é melhor levantar se não quiser se atrasar” minha mãe comunicou, batendo levemente na porta de madeira. Aquele era o problema, eu não queria me atrasar, o que eu queria mesmo era não ir.

Empurrei o lençol fino para o lado e estiquei os braços, tentando inutilmente afastar o sono devastador. Levantei usando nada além da cueca boxer preta e arrastei os pés até o banheiro. Optei pela água gelada e não demorei muito em baixo do chuveiro potente. Sequei os cabelos castanhos com uma toalha vermelha e abri o guarda-roupa em busca de alguma peça limpa. Marie deveria ter lavado boa parte das roupas já que se dependesse de mim, eu não teria uma camiseta que não estivesse suja.

A calça escura e as botas maltratadas estavam largadas ao lado da cama. Passei pelos ombros a camisa quadriculada azul escuro e preta de botões, agarrei a jaqueta de couro presa no cabide de madeira e antes de descer as escadas puxei para as costas a mochila acinzentada.

Thomas já se encontrava de pé ao lado da grande geladeira de inox. Tinha nas mãos uma fruta e sorriu na minha direção a me ver passar “Alguém parece atrasado” ele murmurou com deboche “Não se esqueça de que quem te leva sou eu” respondi ironicamente.

Escovei os dentes sem pressa, não faria mal se atrasar já que era o primeiro dia de aula e nem ligaria para isso. Abotoei os botões da camisa e puxei o celular do bolso da jaqueta. Mike havia me ligado há pouco mais de dez minutos. Resolvi não retornar já que estaríamos nos vendo em pouco tempo “Vamos” andei com Thomas até o carro, sendo seu primeiro ato ligar o rádio e largar-se no banco do Land Rover. Joguei a mochila no assento de trás e dirigi rumo ao colégio.

O caminho não sofrera muitas alterações desde a última vez que vim ao colégio. Algumas lojas e restaurantes foram abertos, mas fora isso nada de tão novo. O estacionamento estava abarrotado de estudantes, dos novatos que iniciavam o High School, mais conhecidos como Freshman, aos senior em seu último ano.

Estacionei o carro em uma das vagas afastadas, já que as mais próximas da entrada já estavam todas ocupadas. Alunos chegavam tanto em bicicletas, como nos ônibus escolares, em seus próprios carros e de carona com amigos ou com os pais que sorriam animados para os filhos.

Thomas se despediu e antes mesmo de eu desligar o carro já tinha a porta aberta, indo em direção aos portões do colégio. Iria começar o Sophomore year, classificado como décimo em ordem numérica. O garoto ainda teria que sobreviver mais dois longos anos naquele inferno. Tirei a chave da ignição e desprendi o cinto de segurança para logo depois descer. Abri a porta do passageiro e lancei a mochila em um dos ombros.

Chequei duas vezes se havia trancado o carro e coloquei as chaves dentro do bolso da calça. Caminhei despreocupadamente pelo estacionamento de asfalto que tinha as marcações das vagas em tinta branca. O prédio da escola era grande. Tinha a pintura em cores claras já que os tijolos eram bem conservados, um misto de tom pastel e vermelho desbotado. Ao redor alguns jardins eram preservados em uma grama verde e bem cuidada. Muitos alunos aproveitavam o tempo do almoço para relaxarem, sentando-se nos bancos, na grama ou em baixo da sombra que as árvores faziam.

Os degraus que davam acesso ao prédio principal eram de concreto e muitos dos alunos já ocupavam os mesmos enquanto o sinal do primeiro período não soava. Jason puxou-me para seu lado quando me viu passar próximo à sua caminhonete “Mike estava te procurando e traga seu horário aqui depois” ele disse ao me cumprimentar com um aperto de mãos. Saudei Kevin que estava ao seu lado e fui até a secretaria em busca da grade de aulas.

A sala era larga e bem ventilada. Duas funcionárias, de aparência atarefada, tinham as mesas bagunçadas por fichas, arquivos e papeis espalhados pela superfície de madeira escura. Cadeiras de estofado macio eram ocupadas por poucos alunos que checavam cadernos e livros.

“Posso te ajudar?” uma das secretárias perguntou-me com a voz suave, tirando-me da pequena análise do ambiente. Hesitei a olhando e respondi “Ahn... Sim, por favor. O horário das aulas” pedi educadamente “Seu nome e ano” a mulher de meia idade me questionou inquieta “Zachary Hobsbawm, senior year” a observei remexer algumas pastas e digitar poucas letras no teclado branco.

Não demorou muito e eu já tinha as classes da semana em mãos. Os horários não preenchidos seriam ocupados por eletivas e esportes ou continuariam em branco.

Coloquei-me para fora do escritório das senhoras e me deparei com o corredor já cheio de adolescentes que conversavam animadamente com os amigos, checavam folhas, trocavam mensagens e riam entusiasmados. O piso polido do longo corredor era de cor clara, quase branca, as paredes eram de tijolos escurecidos e os armários eram longos e cinzas. O teto tinha um sistema de iluminação eficiente, transparecendo claridade por todo prédio.

No final dos corredores, certo espaço era dedicado à janelas gigantes que cobriam o tamanho inteiro das paredes, dando assim vista para a  frente do colégio, ou seja, os jardins e o estacionamento. Entre os conjuntos de armários que eram pregados à parede havia algumas portas de madeira com o quadrado de vidro quase sempre fechado por uma pequena cortina, as salas de aulas.

Caminhei pelo longo corredor até o armário 117, no canto esquerdo. O cadeado era pequeno e prateado com os números e marcações pretas e de fácil manuseamento. Sem esforço coloquei a senha indicada no papel e o armário se abriu. Depositei poucas coisas e senti uma mão tocar minhas costas.

Mike tinha um sorriso nos lábios e os olhos brilhantes como de costume. O cabelo loiro estava penteado, ele usava uma camisa branca com dizeres de uma música e bermudas pretas “Já rondou pelo colégio?” ele perguntou puxando das minhas mãos o pedaço de papel com as aulas esquematizadas “Não sai daqui por enquanto” respondi fechando a porta do armário. O prédio principal tinha três grandes andares, sem contar nas divisões, como a área esportiva que incluía o ginásio, a piscina e os vestiários. Os campos de futebol e lacrosse ficavam na parte dos fundos da propriedade.

“Temos essa primeira aula juntos Zacharias” Mike comentou divertido “Maravilhoso” respondi sarcástico enquanto ele ria “E Kate?” perguntei olhando ao redor e respondendo com pequenos acenos e sorrisos a alguns conhecidos “Não a vi ainda hoje” ele murmurou, escrevendo no papel com um lápis amarelo e com uma pequena borracha vermelha na ponta superior.

Meu olhar prendeu-se em duas figuras que tinham as mãos dadas não tão distantes de mim e de Mike. Megan e Logan caminhavam entre a multidão conversando e sorrindo, mas eram interrompidos a cada segundo por algum rapaz ou garota que se juntava aos dois.

Quando Megan percebeu que eu encarava sorriu timidamente e Logan ao notar acenou com a mão levemente. Eu retribui com um pequeno balançar de cabeça e um sorriso tranquilo. O casal continuou o caminho e Mike anunciou, lembrando-me de que ainda estava lá “Acostume-se amigo. Essa cena vai se repetir muito” ele me reconfortou tocando meu ombro e sorrindo.

Por incrível que pareça o ciúmes não me atingiu de primeira. Vê-la andando pelos cantos com Logan só reafirmava que os dois estavam realmente juntos e que não haveria, por agora, nada que eu pudesse fazer.

“Você acha que eu não sei?” o sinal tocou e caminhamos no corredor apertado por alunos que iam de um lado para o outro para suas primeiras aulas “Vamos ver o que acontece” ele aconselhou.

Eu não tinha opção além de concordar e me conformar, por enquanto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Better Off This Way" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.