Enquanto eu subia para o refeitório, vi algumas filas indo também, algumas menores, outras maiores. Cada fila se sentou em uma mesa, e eu comecei a contar, por curiosidade. A mesa de Zeus, que eu sabia que era de Zeus, pois Nick estava nela, tinha dois integrantes. Ele e o garoto do arsenal. A de Poseidon estava vazia, de Hades havia uma pessoa, a qual eu não sabia o nome, ela tinha cabelos castanhos e uma franja, e conversava com um garoto de cabelo encaracolado preto que lhe deu um beijo e foi para a mesa de eu classificaria como de Hefesto. Havia uma meia dúzia de crianças lá. Na mesa de Ares havia umas oito pessoas, e na de... Pera, agora que eu reparei, havia muitas mesas aqui... Não eram para ser só doze?

Antes de eu poder pensar algo mais, ouvi o barulho de um casco batendo no chão de madeira.

–Ok, ok... Silêncio. Antes de começarmos o jantar, o senhor D. dirá algumas palavras. – eu olhei o homem que falava de cima a baixo... Sim, era metade cavalo. Como era mesmo o nome disso? Hum...

–Centauro! - eu falei alto, sem querer e todos olharam para mim, alguns dando risinhos baixos, eu fiquei roxa de vergonha, o que fez vários, principalmente da mesa de Afrodite, rirem mais.

–Sim, criança, sou um centauro... Silêncio, todos... Senhor D.?

–Ok, Chatinhos, agora os avisos. Como já perceberam, tem uma garota nova no acampamento. Iuria Pamps e...

–Iuiara Pâmela – eu o interrompi, e ele me olho com olhos que diziam: se eu pudesse te enforcaria com uma vinheira, só por me interromper. Gente me deixe lhes explicar. Sr D. era um homem baixinho, com uma barriga de quem bebe muito vinho e olhos roxos que queimavam, sim, queimavam, quando ele parecia ficar com raiva.

–Ora, ora – ele... Riu? – Outro campista novato que ousa me desafiar... O que há com essas crianças hoje em dia? Enfim, Iura Pamell, Quíron irá lhe explicar tudo direito mais tarde. É isso crianças, agora podem... Fazer o que fazem sempre.

Eu não gostei daquele homem, mas, as vozes me diziam para ficar quieta e respeita-lo. O homem-cavalo voltou a falar.

–Bem, crianças. Jantem, e logo depois do jantar teremos a fogueira. Não se esqueçam da corrida de canoas amanhã as 15h. – ele se aproximou de mim - E, lhe peço desculpas por estar ocupado hoje, espero que você esteja aceitando bem tudo por aqui... – eu assenti... Realmente não entendi o porquê, mas não senti medo, nem fiquei assustada com aquele lugar, eu apenas... Me senti em casa. Então ele voltou para seu lugar, ao lado da mesa principal, onde Dan estava, ele acenou para mim e sorriu, encorajador.

O senhor D. disse que eu podia escolher onde me sentar, e Dan discretamente apontou a mesa de Apolo. Fui sentar-me na mesa lá, com a tal Duda. Lá eles riam e conversavam animados enquanto serviam a comida. Aquela alegria até quase começou a me contagiar... Se não fosse o fato de metade da mesa me olhar torto, e a minha cabeça doer tanto, talvez eu entraria na conversa. E então, finalmente, começaram a servir a comida.

Quando todos pegaram a comida, eu estava morta de fome, mas vi que todos se levantavam e se dirigiam a uma fogueira, e jogavam a melhor parte da comida para seu pais, ou mães. Eu achei melhor me levantar e ir também. Eu não sabia quem era meu pai, nem esperava que ele me reclamasse, mas, eu simplesmente joguei a comida toda no fogo, em agradecimento por tudo, o fogo deu um pulo, e parecia vir em direção a mim. Eu fiquei paralisada de medo, mas, quando percebi o fogo já estava normal e, quando me virei, todos olhavam para minha cabeça, espantados.

–Que foi, minha faixa tá queimando?! – perguntei e olhei para cima, mas, tudo que vi foi algo parecido com um holograma, que já desaparecia. Algo como um... Chapéu de corno?

–Hades! – A garota que se sentava só na mesa de Hades falou. – Bem vinda ao clube... Bem, sou Sabrina. Sabrina Paes – ela soprou a franja para fora dos olhos – Seja bem vinda ao chalé 13.

–Obrigado – fui me sentar na mesma mesa que ela. Todos voltaram aos seus lugares e continuaram a comer, e foi aí que eu percebi que estava sem comida. No mesmo instante vi um prato ser estendido a minha frente. – Obrigado – eu disse sem saber quem era, e, quando olhei para cima... Ele. Ele já havia se virado e ido para o anfiteatro. Eu comi a comida que ele deixou, com todo mundo me olhando torto.

Quando todos terminaram de comer, fomos todos para o anfiteatro e cantamos a noite toda. Não posso dizer que não achei divertido. Eu cantei, e ri, com a Duda, a Sabrina e o Patrick, que sempre estavam se xingando, um dizendo que o outro cantava mal. Achei divertido, e ri um bocado. Comemos doces, conversamos, até altas horas da noite, quando Quíron nos mandou ir dormir, para as atividades do dia seguinte.

Eu fui com Sabrina para o nosso chalé, e, quando cheguei lá, vi que até que era um ambiente agradável. Escuro, fresco... Bem, fui dormir e não precisei de nem de cinco minutos. Assim que encostei a cabeça, dolorida por sinal, no travesseiro eu dormi... E tive meu primeiro sonho.