We know the name of the flower escrita por Miahh


Capítulo 9
O velho caderno de desenhos


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente, esse cap aqui é o especial u.u espero que gostem :))



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No dia seguinte, eu acordei sem Anaru do meu lado.

Olhei para o despertador e constatei que estava mais atrasado do que nunca para o meu trabalho. Ou seja, Anaru já havia acordado e ido para o trabalho, apenas se “esquecendo” de me acordar. E para piorar ela ainda havia desligado o despertador.

Sempre que ela está brava, ela faz isso. Tanto ela quanto eu sabemos que isso é uma atitude meio infantil de sua parte. Porém, eu nada falo senão as coisas pioram para o meu lado.

E realmente hoje eu não queria brigar.

Era o dia que eu iria mostrar a Miya a nossa base secreta. Eu estava empolgado com isso, afinal, quem sabe isso não trouxesse alguma recordação em sua mente? Nada era impossível.

Me troquei rapidamente e corri para o serviço. Graças a infantilidade de Anaru, tive metade do meu salário do dia descontado.

Para piorar, os clientes pareciam bem mais exigentes. Tudo era motivo para reclamar.

Depois de quase quatro horas de trabalho pesado, eu finalmente fui liberado.

E faltavam um pouco mais de vinte minutos para as três, o horário que eu iria para a escola dela.

“– Por favor, esteja lá na hora”.

Corri para a estação de trem e comprei duas passagens – ida e volta – para mim. Esperei impacientemente, batendo o pé no chão de forma sincronizada, até o trem de listras azul, vermelho e verde chegar.

Entrei e tive a chance de sentar em um lugar na janela.

Até aquele momento, o meu dia havia se resumido em correria. Eu não tinha tido a chance de observar a paisagem do lugar onde eu estava, muito menos o céu.

E sem duvidas, aquele dia estava radiante. Um dia normal de fim de verão: O sol quente aquecia a cidade sem interferência de nuvens de chuva, as arvores se preparavam para o rigoroso inverno, deixando que suas folhas secas caíssem sobre o chão, formando uma fina camada marrom por envolta das arvores. E o mais importante: As flores.

As pequenas e amarelas flores que estranhamente só apareciam no verão, estavam lá, balançando-se junto a brisa, deixando seu pólen voar para cantos desconhecidos.

Aquela flor.

Ninguém sabia o nome daquela flor.

Ninguém sabia o nome da flor que vimos aquele dia.

“-Jintan, tem cheiro de verão!”

Menma.

-Proxima parada, Yokoze. Desembarque pelo lado esquerdo do trem.

Eu me levantei e caminhei até a porta. Me virei para olhar as flores novamente, porém entramos em um túnel que dava para a estação de trem. Tudo ficou escuro por segundos e depois acendeu.

Esperei alguns segundos e a porta se abriu, acompanhado de um apito agradável, que mais parecia uma musica. Do lado direito, pessoas entravam e caçavam os bons lugares.

Pisei para fora da estação e olhei para o grande relógio da parede.

Faltavam cinco minutos para as três.

Caminhei rapidamente para fora, sem saber muito bem onde era a escola dela.

Procurei por todos os cantos até enxergar lá longe, uma grande construção branca e diversos alunos de uniformes azuis escuro por perto. Era lá. Era lá a escola onde Miya estudava.

Sem duvidas aquela escola era uma das melhores da cidade: seus alunos pareciam sempre impecáveis, comportados e sérios. A escola por fora era linda, e por dentro eu imaginava que também era.

Me lembro de como desejei ter aquele uniforme azul. Aquele uniforme azul que deveria ser meu, e não de Yukiatso.

E ele fazia tanta questão de exibir isso na minha cara, que chegava a dar raiva.

-Jinta? – Uma voz doce por detrás de mim, me chamou – É você?

Era ela, Miya. E como ela estava linda.

Seus cabelos prateados estavam presos em duas tranças. A blusa branca com o colete e saia azuis – junto com uma gravata roxa – parecia se encaixar muito bem para ela. Parecia ter sido feita para ela. Suas meias brancas iam até a altura do joelho e um sapato preto fazia o contraste com o resto das roupas. Sua bolsa de ombro rosa claro ornava com tudo.

E aqueles olhos azuis. Como eles brilhavam.

-Você chegou mesmo na hora – Ela prosseguiu com o mesmo tom de voz calmo de antes – Vamos? Se andarmos um pouco mais rápido, poderemos pegar o próximo trem na hora.

Assenti com a cabeça.

Fomos andando de volta para a estação de trem, em um silencio reconfortante. De vez em quando, eu a sentia olhando para mim. Eram olhares rápidos e discretos.

Quando sentamos no trem, permanecemos calados, sentados frente a frente, porém nos comportando como se fossemos estranhos. Eu queria puxar assunto com ela, mas as palavras pareciam não se formar em minha cabeça. Afinal nós tínhamos tanto para conversar. Foram tantos anos separados.

E agora que estamos juntos frente a frente, eu simplesmente não consigo ao menos trocar um olhar para com a garota.

Saimos da estação e caminhei com ela até a saida. Então nós paramos na porta e ela sorrindo, perguntou:

-Para onde vamos agora?

-Pa... Para a base secreta – Respondi, tentando não gaguejar de tanta vergonha.

-É muito longe?

-Não... Eu sei um atalho.

Ela assentiu, fechando os olhos e sorrindo novamente.

Aquele sorriso.

Caminhamos o único caminho que eu conhecia. Andávamos lado a lado com a grande cerca de madeira que impedia de alguém cair nos trilhos do trem. E para a minha surpresa, bem nos cantinhos da cerca, florzinhas amarelas davam o ar da graça, misturado com o matinho que ali crescia.

-Eu não conhecia esse caminho. – Ela finalmente disse. –Quer dizer, eu não conheço muita coisa da cidade ainda.

-Se quiser posso te mostrar um dia. Tem muitos lugares legais aqui.

-Tem algum lugar que venda Ken-chan ramen? – Eu a encarei confuso e transtornado – Faz tempo que eu não vejo vendendo nos supermercados...

-K..Ken-chan ramen?

-Sim? Não conhece?

-Eu costumava comer isso quando era criança.

-Ah... Eu também! – Ela sorriu.

Só tinha um problema nisso tudo: não existia mais essa marca de ramen, desde que era criança.

-Sério?

-Sim!

-Mas... Mas eu não encontro em loja nenhuma, há anos.

Ela me olhou surpresa e levemente boquiaberta, virando a cabeça para o lado.

-Ehhhh? – Ela levou os dedos no lábio – Então eu não sei o que eu comi. – Afirmou com um tom de voz desapontado – Garigari-kun?

-O que?

-Garigari-kun? O sorvete azul. É tão gostoso, deixa a língua toda colorida. – Miya disse com empolgação – Você não gosta, Yadomi?

-Jintan. – Respondi – Me chame de Jintan.

-Jintan? Esse é o seu apelido?

-É.

Ela soltou uma risadinha baixinha.

-O que foi? – Eu perguntei.

-É que é engraçado.

Eu sorri. Jintan é mesmo um apelido engraçado para quem não conhece.

Continuamos andando em direção a base secreta, finalmente iniciando uma conversa tímida, porém relaxante.

-Então, o que você fazia com um cachorro, perto do rio, naquele dia que você sofreu o acidente?

-Era o meu emprego de verão – Respondeu, mirando as casas que foram construídas perto dos trilhos – Eu precisava de algum dinheiro extra, então comecei a passear com os cachorros da vizinhança. Aquele dia, o Bob estava impaciente e quando percebi, ele tinha arrebentado a coleira. Então eu corri atrás dele e bom... Tudo aquilo aconteceu.

-Wow... Cachorros... E a dona dele? Ela está brava com você?

-No começo ela estava – Explicou – Mas depois que a minha mãe contou o que tinha acontecido comigo e que eu estava no hospital, ela se acalmou. Acabaram que no final das contas, Bob voltou para casa sozinho.

-Sério?

-Pois é – Ela riu – Acho que a missão dele era tentar me matar e depois voltar para casa.

Ou talvez fosse trazê-la de volta para nós.

-Vai continuar passeando com cães?

-Eu acho que não, depois desse pequeno assassino em série de quatro patas, eu não pretendo continuar fazendo isso.

Apenas sorri, sem nada responder.

Continuamos caminhando silenciosamente. Um trem expresso passou por nós rapidamente e fez os fios soltos de Miya balançarem com o vento.

Então, repentinamente, a garota se abaixou na cerca e começou a arrancar aquelas florzinhas amareladas.

-Mi...Miya?

Ela se levantou com uma porção delas na mão, segurando-as como se fosse um buque.

-Sinta o aroma, Jintan – Ela colocou sob meu nariz – Elas tem cheiro de verão!

Aspirei a deliciosa fragancia que elas exalavam. Uma lagrima quis brotar em meu olho e eu me virei rapidamente, ficando de costas para a garota.

-Jin...Jintan?

-Você não mudou nada. – Murmurei, limpando as lagrimas com o pano da blusa.

-O quê?

-Nada, nada... – Me virei e reparei em como ela parecia chateada. – Me descul...

-Jintan, eu tenho que te mostrar uma coisa. – Disse, abrindo a bolsa. Ela se agachou e começou a remexer nas coisas dali de dentro. Vi cadernos, lápis, tudo extremamente arrumadinhos. – Aqui está. – Ela se levantou com um caderno velho em mãos.

-O que é isso?

-Um caderno velho de desenhos – Ela entregou-lhe para mim – Quero que veja.

Assenti com a cabeça e comecei a folhear.

O caderno de capa dura era feito especificamente para desenhos. As primeiras folhas tinham desenhos do que eu creio ser “pessoas” em rabiscos e de forma meio geométrica.

-Foram os meus primeiros desenhos – Respondeu ruborizada – Vá adiante.

A medida que eu folheava o caderno, percebia em como os desenhos estavam melhorando. As formas geométricas foram ficando para trás e desenhos mais elaborados iam entrando.

Eram pessoas. Cabelos castanhos, pretos, ruivos, com roupas simples, apareciam em quase todos os desenhos.

Então eles foram sumindo e apenas um desenho se tornou recorrente. Era um garoto de camiseta vermelha e cabelos pretos. Seus olhos eram puxados para o verde, mas haviam desenhos em que seus olhos estavam mais para o castanho.

E não era impossível imaginar que aquele garoto, era eu.

Afinal era igualzinho a mim.

-Me...Meu... Meu Deus – Eu balbuciei. – Sou eu?

-Eu não sei.

Me virei para ela, extremamente confuso.

-Como assim?

-Todas essas pessoas... Eu as desenho desde pequeno, porém eu não sei quem elas são! Mas esse menino... Esse menino ele é tão parecido... Parecido com você, Jintan. E... Eu sei que isso é estranho, mas e se ele... e se ele for você?

-Eles... Eles estão nos esperando.

-Eles quem?

-Os super protetores da paz! – Eu recolhi sua mochila e segurei delicadamente na mão da Miya. – Vem.

“Jintan, o tipo de amor que Menma sente por você, é daquele tipo de querer se casar”.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem os erros, eu tô com um pouco de pressa hoje :))) Beijos e até sabado que vem *----*

Espero que tenham gostado.