Lily Evans.

Eu fico impressionada com o fato de que os dias passam se arrastando como se fossem lesmas paraplégicas quando você está ansiosa para algo.

Mas como todo sofrimento acaba em luz, chegou o dia pelo qual eu estava aguardando loucamente.

Como vocês já devem imaginar, eu fiz a tal prova pro Intercâmbio e fiquei com nada menos que o primeiro lugar. Oque me leva a ser a primeira entrevistada.

Eu sempre achei que os orientadores pedagógicos fossem aqueles velhos frustrados que não tiveram sucesso na carreira artística como mostra em todos os seriados americanos.

Mas não, eu estava redondamente enganada. A minha orientadora era nova, bonita e feliz.

– E então Srta. Evans, pra onde você quer ir?

– Nova Iorque.

– Vou te falar uma coisa, você deu muita sorte. Esse ano só tem uma vaga para Nova Iorque, você vai ficar com a família McKinnon, e olha só que ótimo, eles tem uma filha da sua idade!

Toda a minha alegria foi embora em um passo de mágica. Quero dizer, quais são as chances de ela gostar de mim? Isso aí, nenhuma.

– Eles só têm uma filha?

– Na verdade não, eles têm um menino que é um pouco mais velho que você. Mais é coisa pouca, um ou dois anos. Tenho certeza que vocês três vão se dar absurdamente bem.

Se eu fosse ela, eu não teria tanta certeza assim.

– Ah, tudo bem então...

– Agora eu vou ter que fazer uma pergunta chata e que eu odeio. Afinal, a resposta é meio óbvia, se você não quisesse não estaria aqui.

Eu acho que eu fiz uma cara bem estúpida por que ela simplesmente revirou os olhos, pegou uma cartilha dentro da gaveta e perguntou com um tom tedioso:

– Veja bem mocinha, é isso mesmo oque você quer? Tem certeza?

– Tenho absoluta certeza.

Tá, isso não foi totalmente verdade, mas veja bem, minha mãe estava observando tudo e se eu desse qualquer sinal de dúvida colocaria tudo a perder.

A orientadora feliz deu um sorriso de orelha a orelha que deixou ela parecida com o bozo, olhou pra minha mãe e disse:

– Acho que já podemos fechar o contrato Sra. Evans.

Minha mãe assentiu e me deu um breve sorriso, depois saiu da sala com a orientadora me deixando sozinha com um folheto chato de recomendações chatas sobre o Intercâmbio.

No folheto tinham coisas como “Não namorar durante a viagem” ou “Não se apegar de mais aos amigos que fará na nova escola”, coisas que realmente não são precisas recomendar para uma pessoa como eu.

Pulando toda essa parte de recomendações óbvias, vinha a parte de oque devemos levar e oque não devemos levar.

Tem que levar coisas simples como: Roupas, sapatos, livros e filmes preferidos, celular, câmera fotográfica, pequenos vídeos e fotos de parentes e amigos... E coisas que eu nunca imaginaria ter que se levar para um Intercâmbio como: Uma foto ou um vídeo de pessoas que você odeia, uma lista de coisas que você quer mudar em um ano como cor e corte do cabelo, peso, estilo e esse tipo de coisa...

Oque não pode levar são coisas como, amuletos espíritas, revistas pornográficas, baralho de tarô e nem nada que ofenda a cultura de um país desconhecido a você.

Na boa, oque eles acham que eu sou? Uma maníaca louca por sexo com espíritos? Isso é, se isso for possível.

Minha mãe finalmente voltou com a cartilha de informações que continha à data e a hora em que vou viajar, o endereço e o telefone da minha “nova” família temporária e todas essas coisas importantes pras quais eu não ligo.

Nos despedimos da orientadora e fomos tomar sorvete.

– Eaê Lily, gostou do presente?

Apesar da idade, minha mãe é bem jovial. Ela consegue conversar com você e te deixar a vontade, como se fosse uma amiga de longa data que você conheceu no maternal e que te conhece melhor que ninguém.

– Ah, eu adorei mãe! Muito obrigado. E esse sorvete aqui também está muito bom.

Falei de boca cheia mesmo, e ela fez uma careta.

– Lily quantas vezes eu já te disse pra não falar de boca cheia? É assim que você vai se comportar na casa dos outros?!

Ela podia ser legal e tudo o mais, mas continua sendo a mãe que quer te educar a todo o custo, inclusive gritando com você em uma sorveteria lotada.

– Tá bom mãe, tá bom. Sem gritos.

– Melhor assim.

Eu estava no meu quinto sorvete quando – pra minha infelicidade – vejo Potter, Black e Remus entrando na sorveteria.

Potter e Black nem se quer olharam pro lado, foram direto pra uma mesa que tinha várias garotas enquanto Remus olhava o local.

Ele me avistou, sorriu e veio até a mesa onde eu e minha mãe estávamos sentadas.

– Oi Lily, Sra. Evans eu suponho.

– Oi Remus, senta aí.

– Oi... Lily eu já vou indo, se não vou me atrasar pro trabalho, você vai ficar?

– Vou, bom trabalho.

Ela deixou o cartão dela comigo e foi embora sem dizer mais nada.

– E então Remus, oque faz com esses dois híbridos de gente com galinha?

– Nem começa Lily. Mas a questão é, oque você faz aqui?!

– Ué, eu não posso sair pra tomar um sorvete, não?

– Até poderia, se você não se chamasse Lily Evans e não odiasse o mundo.

– Ei, eu não odeio o mundo. E é esse o motivo. – Falei jogando a cartilha e o folheto com as recomendações na cara dele.

Ele ficou lendo as duas folhas por algum tempo e depois olhou pra mim novamente.

– Você vai mesmo fazer Intercâmbio?

– Yeah.

– E vai pra onde?

– Nova Iorque.

– Meio longe né?

– Nem tanto se for de avião.

– Vou sentir sua falta Lily.

– Vai nada, vou te encher o saco todo dia por mensagem de celular.

– Sei, vai mandar na primeira semana e depois vai se esquecer de mim. Mas quando você volta?

– Não sei, talvez eu nem volte mais, se eu gostar de lá e arranjar um emprego legal que dê pra pagar meus estudos, meu pai paga o apartamento e eu fico por lá mesmo.

– Nem se atreva. Quando você viaja?

– Daqui a quatro dias. Só dá tempo de arrumar as coisas mesmo.

– E se despedir dos amigos?

– Estou fazendo isso agora, né?! Então Remus, é com um peso enorme no coração que te digo que tenho que ir.

– Já?

– Aham, tenho que arrumar muita coisa e só de pensar nisso já me dá vontade de chorar!

– Quer que eu vá com você?

– Acho que seus amigos híbridos não vão gostar disso!

– Eu não vou pedir a opinião deles.

– Então vamos logo.

– Ok, deixa só eu avisar pra eles.

Remus foi até Black e Potter que estavam se agarrando com duas garotas que provavelmente nunca tinham visto na vida. Nada fora do normal pra eles.

Remus trouxe atenção dos dois para ele e falou alguma coisa fazendo com que Potter olhasse pra mim por um longo tempo e depois voltasse a beijar a garota como se nada tivesse acontecido.

Black também não se importou muito com o fato de Remus ter que sair e voltou a se agarrar com a segunda garota.

Remus voltou e nós fomos andamos até a minha casa conversando e rindo muito.

– Então é isso né Lily, até breve, espero. – Ele falou com um sorriso triste.

– Anw, não fica assim. Nós vamos nos falar muito, todos os dias, e você nem vai ter tempo de sentir saudades, um ano passa muito rápido!

– Mas e se você não for mais voltar?

– Eu vou vim visitar você.

– Promete?

– Prometo.

Então Remus me abraçou como se fosse um irmão. E naquele momento eu tive certeza, Remus era meu amigo, meu melhor amigo.

– Então se cuida, tá bom?

– Tá bom.