My Germany escrita por UmGreyjoy, Florita


Capítulo 17
Thomas Roys


Notas iniciais do capítulo

Chap do Roys ^^ a tempo e a hora. Só que não kkkk Desculpa a demora, enfim, ta ai, boa leitura.



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Disparei na direção de casa de Adena Devet, na melhor velocidade que pude, devido a meu braço ferido. Logo gente das patrulhas, do exército, das milícias, e só Deus sabe mais de onde estariam disposto a me matar como traidor, porque era isso que eu era agora. Strauss, sem dúvida me odiava, e eu podia afirmar, o sentimento era recíproco.

Mas isso não era tudo. Meu ódio, acima de tudo era contra mim mesmo. Onde diabos eu estava com a cabeça? Era como se eu pegasse minha vida inteira e a jogasse no lixo, com as duas. Por uma judia que me desprezava, como ela mesma havia dito, em nosso último encontro. O pior é que eu agia mais por instinto que por razão. E já não havia mais como voltar atrás.

- IVY! - Gritei na entrada da casa.

Não demora muito. É a própria Dena quem abre a porta. Ela fica me olhando meio hesitante, e então percebe o ferimento.

- Venha, entre!

Ao adentrar no ambiente contemplo toda a família Savinna. A provável mãe está no sofá, e fica assustadíssima com minha presença, juntamente com uma bonita garota mais nova. Dimitri se levanta com o pai, não satisfeito diante da minha visão.

- Ivy? – O pai pergunta, incerto sobre o que fazer.

Dena o ignora, olhando para mim:

- O que aconteceu?

- Levei uma facada, mas estou bem. – Respirei fundo, antes de dar a triste notícia. - Eles sabem que você está aqui agora. Precisa ir.

- O que está havendo aqui? – O pai grita, para Dena. Ela parece estática. Apenas consegue murmurar para mim:

- Eles? – A dor era visível.

- Quem são eles? – A irmã de Adena.

Respirei fundo. Talvez a família Savinna ainda não tivesse se tocado do que estava acontecendo.

- É o seguinte. Os alemães estão vindo para cá. Não sei quando, nem quantos, mas vocês devem sair daqui logo. Porque quando eles chegarem vão matar todo mundo. Não vai haver a menor misericórdia. – Senti tristeza ao falar aquilo. Tanto por já haver participado daquele tipo de massacre, como pelo fato de que agora eu seria morto também.

- Meu Deus! – A mãe grita aflita. A irmã de Adena se senta no sofá ao lado dela, tentando acalmá-la. O pai anda de um lado para o outro pensativo, muito preocupado. A reação mais violenta vem de Dmitri.

- Foi você, não foi?! Você contou a eles! – Berrou.

- Não, eu não contei. – Trinquei os dentes. Maldito Strauss. - Mas foi culpa minha assim mesmo, e é por isso que eu estou aqui. Para ajudar vocês.

- Sério? – Ele pergunta sarcástico. – E o que você pode fazer? Convencer uma patrulha de amigos seus a nos proteger?

Dmitri transbordava ódio, o que era normal, mas não podia pensar nisso agora. Estávamos perdendo segundos preciosos aqui, e eu simplesmente não poderia me salvar sozinho. Ou todos eles morreriam, e eu não queria mais mortes inocentes em minhas costas. Ao mesmo tempo me amaldiçoava profundamente.

Cada segundo que eu perdia, estava me arriscando a morrer, por uma família que eu sequer conhecia. Tinha jogado meu futuro fora. Todos os meus sonhos de glória e vida no pós-guerra. Em minha cabeça, eles estavam mortos.

O ombro doía, e a cabeça latejava. Ia ficando difícil pensar. Eu sentia a morte ao redor. Era apenas questão de tempo. Droga Bulletooth, porque eu te matei? Seu maldito canalha! Estava irado, mas não podia parar agora. E pensar não adiantava mais. Era hora de agir.

- Pai? - Dimitri questiona, mas ele não tem resposta.

O nervosismo é visível. A mãe está tendo surto psicótico, enquanto é auxiliada pela filha. Adena totalmente apática. Estão condenados, todos eles, tenho cada vez mais certeza disso. Então Adena reage, finalmente:

 - Vocês precisam ir embora, todos vocês. Agora. Saiam da Alemanha. – Olha para mim. - O que faz aqui? Eles vão acabar com você, também. Isso é traição. – Que consolo. Aparentemente Adena era ótima em ler mentes.

- Eu já sou um traidor. Matei um deles hoje de manhã. Não tenho mais muito a perder. – Eu já havia perdido tudo. Menos minha vida...

...mas...

Se Deus não pode me salvar, eu tenho que salvar a mim mesmo, e aos outros. Afinal, eu não vou morrer de jeito nenhum. Minha mente se põe a trabalhar, rapidamente, tentando bolar um plano que me salve desse inferno. Strauss não deverá vir pessoalmente, ele provavelmente fará um relatório, e mandarão uma patrulha. Mas ela provavelmente não conhece a família de Adena. Tenho que tirá-los todos daqui agora.

- Vamos pessoal, mexam-se, cada segundo é precioso. Eles conhecem a casa, mas não conhecem o rosto de nenhum de vocês. Precisam ir embora. AGORA!

O pai finalmente toma a decisão:

- Vamos. Milla, Dimitri, peguem só o que puderem levar.

- Pra onde vamos? – A mãe grita, aos prantos.

- Vamos todos para Rússia. A Alemanha não é mais segura, nunca foi.

Eu o corto na hora.

- O Fuhrer vai invadir a União Soviética. Não é boa ideia.

Isso o deixa ainda mais preocupado. Ele reflete um pouco, ante de se virar para mim, perguntando:

- Qual a melhor opção?

- Suécia. – Respondo. – Ainda é área de ocupação nazista, mas é muito mais branda. De lá, arrumem um jeito de pegarem um navio para a Inglaterra. Vocês tem dinheiro?

- O suficiente. – Ele responde.

- E Adena?! - Dimitri berra.

E então percebo o olhar que é dado para Adena. Um olhar com pena. Um olhar do tipo “eu sabia que esse dia chegaria”. Eles já fizeram tudo que podiam por ela, mas não vão se arriscar mais. Dimitri fica paralisado. Ele percebeu a situação. Então, diante daquele olhar frio e compadecido que Adena recebe, minha voz ressoa nos ouvidos de todos.

- Não precisam se preocupar... Ela vai comigo.

Dimitri não esconde sua surpresa, como o resto da família.

- Pra onde? Pra um campo de concentração?

- Não. - Digo correndo até a janela, verificando que a patrulha ainda não está vindo. - Para Dortmund. – Ou não...

- Não, não! - Dimitri diz, segurando os cabelos. Todos os outros membros da família correm, fazendo malas às pressas. Quando estão reunidos e prontos, vários minutos se passaram.

Dena caminha até o irmão, e dá um abraço confortante nele.

- Dimitri, você precisa ir. Ou todos nós vamos morrer.

- Dena,, eu não posso... Eu não posso te abandonar agora.

- Você não está me abandonando. Você salvou a minha vida, e está salvando de novo. Agora, por favor, vá. Vá com sua família. Não demorem. Eu irei com ele... – Lembrei as palavras de meu pai, tiradas de um livro qualquer que ele lia para mim quando pequeno. Quando se salva a vida de uma pessoa, você se torna responsável por ela. Mas eu ainda não havia salvo Adena, apenas arrumei esse problema, para nós dois.

- Pessoal, se aprontem. Não sei quanto tempo vai demorar. – Disse, incentivando-os a partirem. - E eu não quero morrer aqui hoje.

Eles pegam os últimos bens, e dinheiro, enquanto escuto o som do choro da madrasta e uma praga do pai, sobre perder sua coleção de Whisky. Whisky. Uma ideia me ocorre.

- Vocês tem bebida alcoólica e álcool aqui? - Pergunto.

- Sim. - Adena diz, me encaminhando com mais calma do que gostaria até a cozinha, e pega um dos vidro de whisky guardado no armário. Enche o copo e dá para mim. Ela não entendeu minha ideia. Não fazia mal. Bebi a copo de um gole, precisaria de álcool mesmo para colocar meu plano em prática. Então abro a “adega”, que possuía whisky, vinhos e alguns champanhes. Deveria haver umas 30 garrafas lá dentro. Uma boa coleção.

Escuto a voz de Dimitri atrás de mim.

- Não vou desistir Dena. Vou vir buscar você, eu prometo.

- Eu sei. – Responde apática.

Olho para eles. A dupla me observa de maneira atônita e curiosa.

- Estão esperando o que? Um convite. Me ajudem?

Falo em voz alta, para que a família na sala pudesse escutar.

Tirando a mãe, desesperada demais, todos começam a me ajudar a trazer as garrafas para o centro da casa.

- O que pretende? - Dimitri me pergunta desconfiado.

- Tranquem as janelas. – Falo focado, ignorando a dor no braço. - Vamos matar a patrulha.

Todos estão apáticos de mais. Aquele dia é irreal. Eu e Dimitri temos que fazer o trabalho todo sozinhos. Ele tranca as janelas, enquanto eu espalho a bebida alcoólica em pontos estratégicos, para que o fogo comece mais rapidamente. A estrutura é basicamente de madeira, e estamos no verão. Ela vai se incendiar como uma pira.

- Não! - Dena grita. - Não! Não podem fazer isso! Vai ser pior! - Corre até mim e grita desesperada: - Eles vão caça-los! Não pode colocá-los nisso!

Ignoro-a, e corro para a última janela aberta. Vejo a patrulha vindo. Sem a menor pressa. Quatro. Mais que o suficiente para matar uma jovem garota.

- Eles ficaram de fora, não se preocupe. As provas vão queimar junto. Pessoal, porta dos fundos. Agora!

Todos correm, alucinados, para fora da casa, pelos fundos, enquanto eu ando para a porta da frente e retiro a chave.

O líder da patrulha pareceu surpreso em me ver, e principalmente o sangramento do meu braço. Sorrio para ele.

- Demoraram demais...

- Onde você estava? Não o vi no quartel quando o comunicado foi feito.

Então um dos homens olhou para mim com mais atenção.

- É o parceiro do Strauss.

- Exato. – Respondi. Eles provavelmente haviam recebido a ordem de um superior, não do próprio Strauss. E não sabiam nada sobre minha traição. Eu contava com aquilo para meu plano, e por sorte, minha suposição estava correta. – Ele foi dar o comunicado, e eu vim garantir que a judia morresse.

- E ela morreu? – Perguntou o primeiro.

- Não. Não sabia se era para mata-la ou para captura-la.

- O que houve com seu braço? – Perguntou um dos patrulheiros.

- O irmão adotivo dela lutava bem com a faca. Esse está morto, como vocês logo poderão conferir. Obrigado por terem vindo, odiaria ter que carregar a garota sozinho até o quartel.

Os homens da patrulha começaram a entrar na casa.

- Isso não será necessário. As ordens são apenas matar. Onde ela está mesmo?

- No segundo andar. – Indico, enquanto o último homem entra na casa. Ele se vira para mim.

- Você não vem?

- Estou ferido cara. E já fiz o serviço todo. Ainda quer mais?

Ele assente, não muito satisfeito, e entra.

Assim que eles dão dez passos lá dentro, de costas para mim, tratei de sacar a Colt, e mandar todos eles para o inferno. Estavam de costas, foi fácil. O primeiro levou um tiro no pescoço. O segundo, direto na cabeça. O terceiro, baleei nas costas, e o quarto novamente na cabeça. Eles sequer perceberam o que estava acontecendo. Eu era rápido no gatilho.

Precisei de mais um tiro, para liquidar o terceiro rapaz, que ainda agonizava no chão. Ótimo, só tinha mais uma bala na pistola. E não levei nenhuma de reserva, eu sabia que não ia precisar.

Pelo menos ainda tinha 4 na Luger. Usei logo a última da Colt numa cortina embebida em álcool, que se incendiou. O álcool estava espalhado pela casa de madeira, logo tudo ali viraria uma pira, e levaria os cadáveres com ela. E uma nova patrulha não viria no minuto seguinte. Possuímos algum tempo, ainda que pouco. Tranquei a porta, para aumentar o calor e dei a volta na casa. Alcancei a família do outro lado, a respiração bem ofegante.

- Deu certo.  - Digo enquanto percebo o olhar grave de todos.

- Vamos. – O pai diz, depois de um tempo. – Vamos sair do país agora mesmo.

Dena observa todos. Sei o que ela está sentindo. Insegurança, medo, solidão. Provavelmente os três. Dimitri e a irmã abraçam-na juntos, e sussurram algo.

- Vamos! – A mãe berra.

- Sinto muito. – O pai diz. Ela sorri fraca, não responde.

Eles se vão, andando rapidamente na manhã fria. Imagino que tem boas chances de conseguir. Os vizinhos podem fazer retratos, mas nenhum deles tem a capacidade de Strauss, e esses retratos não ficariam perfeitos.

Nós, por outro lado...

- Vai querer realmente vir comigo? – Pergunto.

- A questão é se há lugar pra ir. Há?

- Eu costumo criar minhas chances.

- Você realmente não precisa me levar. Porque que está fazendo isso?

- Eu... eu não sei... Não sou muito pensar. Ajo no instinto.

- Não me importo comigo. Só diga que eles vão conseguir sair daqui. Você pode me levar se quiser...

- Confia em mim? – Perguntei.

 Ela tenta tomar o folego, e demora a responder.

- Sim.

Sorrio, exausto. O latejar no braço incomoda, mas o sangue está tão quente e a adrenalina tão alta que eu mal percebo.

- Temos que sair. Agora.

Começo a andar, ou melhor, praticamente correr, na direção da casa de Baron, que agora jamais poderia ser considerada minha. Afinal seria o primeiro lugar onde iriam nos procurar. Uma armadilha inescapável.

- Pra onde vamos? - Ela pergunta, me seguindo. Não faço a menor ideia.

- Quem sabe não tiramos Ashira de Auscwitz. - Digo sorrindo, talvez aquilo melhore o humor dela, e eu preciso de tempo para pensar, ainda que pouco.

- Isto é possível?

Respondo sinceramente, olhando para ela.

- Faremos o melhor que pudermos.

Dena fica olhando para trás o tempo inteiro. Mas não estou preocupado com o fundo. Minha preocupação é em frente. Afinal não é sempre que Strauss está no meu caminho, doido para me matar.

- Olá Roys. – Ele diz, segurando uma metralhadora.

- Strauss...

Ele aponta a metralhadora para mim. Olho intenso para ele.

- Não precisa ser do jeito que você acha que precisa.

- Você matou meu parceiro. E está protegendo essa vadia.

A intensidade da cena é brutal.

- E também não quero matar você, mas vou, se me ameaçar de novo.

- Você está ferido. E eu estou com uma metralhadora. Não pode me matar.

- Então porque ainda não me matou?

- Porque eu quero que você desista dessa loucura. Ainda há salvação para você, Thomas Roys.

- O que quer dizer?

- Mate a puta. Agora. E eu talvez pegue leve com você.

- Como assim? – Perguntei sem entender. Ele me mataria de qualquer jeito.

- Você vai poder voltar para Dortmund, lá Baron dá um jeito de você não ser culpado da traição que com certeza cometeu. Mas tem que matar ela. Agora.

Olho para Adena. Talvez Strauss esteja certo. Talvez realmente... Não, não fiz tudo isso para que ela morresse agora. E... ahhh era muito difícil. Porque eu ia morrer. E sabia disso. E Adena estava condenada, de qualquer jeito.

- Faça o que tem que fazer. – Ela me disse, receosa. – Eles estão salvos. Não me importo.

Assinto lentamente...

Coloca a Colt na cabeça dela e puxo o gatilho.

Mas a Colt não tinha mais nenhuma bala...

...O que não a impediu de fazer um barulho extremo...

...Por sorte, o susto da Dena foi tão grande que ela caiu para trás, meio desmaiada...

...E Strauss fez a besteira de abaixar a metralhadora, ciente de ela havia morrido, e olhar para a garota...

... E eu não perdi a chance...

“Não sou muito pensar. Ajo no instinto...”

Acertei o ombro de Strauss, com a Luger PO8. Ele teve que soltar a arma. Parte de mim queria mata-lo, mas eu sabia que não deveria fazer aquilo. Até por causa de Anoy. Corri até ele, que ainda gemia um pouco. Strauss era muito inteligente, mas não era nada impressionante no trabalho de campo.

- Maldito! – Berrou olhando para mim, tentando se abaixar.

Chutei sua barriga, fazendo-o se curvar.

- Somos dois. – Golpeei sua nuca com força, utilizando a pistola de metal. Foi um golpe preciso Strauss caiu apagado no chão.

Os civis, olhavam ao nosso redor, sem entender nada, assustados, de janelas e sacadas. A maioria, entrava, ou fechava as aberturas da sua casa. Era mais seguro não se meter em assuntos do governo.

Bati em uma porta.

- Cuidem dele. – Disse, para as duas garotas que estavam aflitas dentro.

Não fiquei para ver o resultado. Gastei dois minutos para despertar Adena, e sem a menor explicação. A levei comigo, a caminho de lugar nenhum.


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Notas finais do capítulo

E então? Emocionante? Quero reviews xP



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