Ele corria pelas ruas cheias de gente desconhecidas. Sentia-se um homem perdido. Seus pés já estavam cansados, porém ele continuava como se o mundo dependesse daquilo. Ele observava as pessoas como se eles estivessem precisando de ajuda. Mal ele sabia que era ele quem precisava de salvação. Sua fé estava aos poucos sendo jogada em um abismo sem fim. Estava a um passo, olhando para aquele buraco que aos poucos engoliria todo o seu ser e o jogaria a um lugar sombrio. Ele estava perdendo a fé.

Sua fé estava completamente abalada. E o que ele ganhava com aqui era apenas ódio. Aquele ódio incomum que o corroía por dentro. Que dormia em seu peito ao lado de seu coração. Ele não conseguia imaginar o que aconteceria quando aquela silenciosa arma que era o ódio acordasse e abraçasse o seu coração. Ele se sentia perdido, era apenas um humano fraco que precisava que alguém lhe guiasse para um caminho melhor. Aquele homem que um dia pensou em ser um herói agora clamava para que o seu herói aparecesse e o salvasse da perdição que estava prestes a cair. Ele precisava ser salvo daquele ódio. Não queria imaginar o estrago que aquela praga faria quando alcançasse seu coração. Ele não queria se entregar ao ódio e deixar todo o amor que ele já sentiu sumir como a poeira sobre o vento.

Era mais uma guerra pronta para atacar. Pronta para lançar suas bombas. O inimigo se aproximava como se soubesse todos os pontos fracos daquele homem, de fato era verdade. Ele estava exposto e não sabia para onde correr. Queria cair sobre seus joelhos e chamar pelo seu herói, mesmo sabendo que ele não iria aparecer. Ele queria tentar. Não poderia deixar mais uma família se destruir. Aquele homem a um passo do precipício sentia que precisava de alguém. Ele precisava tentar sobreviver ao ódio. Sentia como se paredes estivessem se fechando ao ser redor. O mundo estava tentando destrui-lo de todas as maneiras. E ele estava perdendo.

Aquele homem que tentava lutar para sobreviver. Algo tão comum nos dias de hoje. Tentar sobreviver ao mundo lá fora. O ódio tentando vencer o amor. Dói ver como às vezes o ódio ganha. E ele não queria ser um dos perdedores. Era apenas um homem comum tentando sobreviver a esse dia nublado. Tentando lutar contra o ódio. Como um soldado no meio de um campo de batalha. Desviando de balas e tentando manter a fé. Só querendo viver mais um dia. Ele precisava sobreviver. Sua mente gritava por uma saída. Ele queria gritar ao mundo como se sentia. Queria que as pessoas ouvissem o que ele tinha para falar. Nem que fosse um grito de socorro. Apesar de tudo ele ainda continuava em pé. Esperando a dor surgir em seu peito. Sentir seu coração ser dominado pelo ódio. Ser manipulado pelo que há de ruim. Ele queria aguentar firme, mas era apenas um homem comum. Um civil que andava pelas ruas, ia trabalhar para pagar suas contas e que chegava em casa depois de um dia cansativo e ainda tinha tempo para sorrir para sua família.

Onde estava seu herói? Ele estava cansado de olhar para aquela escuridão que poderia consumi-lo a qualquer momento. Ele tinha medo, pois é isso que as pessoas normais sentem. Algumas não querem de demonstrar, mas é exatamente o que elas sentem. Uma matança, corações que deveriam estar amando estão se transformando em apenas órgãos com a função de bombear sangue para o corpo. O amor se foi. E apenas o ódio permanece ali. Uma máquina de matar em contagem regressiva.

Mas ele não era assim. Ele não iria deixar aquilo tomar conta de si. Tinha em sua cabeça que alguém precisava abrir os olhos de todos. E ele poderia fazer isso. Ele poderia lutar pelos fracos, ajuda-los a sobreviver ao que estava por vir. Ele tinha sim um herói, mas ele estava ocupado ajudando os perdidos. E ele entendia isso. Porque ele sabia que era capaz de ajudar também. Todo mundo tem um herói vivendo dentro de si. E naquele momento o herói dele havia acordado para acabar com o ódio que queria consumi-lo. E deixar o amor fazer o certo.