I Will Save You escrita por WhiteTurtle


Capítulo 3
Desfecho


Notas iniciais do capítulo

E aqui termina IWSY. Espero que gostem, meus pombinhos. *u*



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Fiquei um bom tempo olhando para o mapa, até dobrá-lo novamente e calçar minhas sapatilhas.

Me levantei e saí do quarto, começando a lembrar de tudo que havia acontecido no dia anterior e de como eu tinha ido parar na casa do meu amigo.

Me senti envergonhada por um momento, já que eu havia me oferecido para dormir ali.

Encontrei Ett sentado no sofá lendo o jornal. Ele ainda estava de pijama e também segurava uma xícara, que parecia ter algum líquido quente, já que saía vapor da mesma.

– Bom dia - eu disse, tentando sorrir.

Ele me olhou de forma gentil e sorriu:

– Bom dia.

Caminhei lentamente até a porta do apartamento dele e girei a chave, destrancando a mesma.

– O que está fazendo? - ele indagou curiosamente.

– Estou indo - respondi com a voz baixa. - Preciso terminar isso logo.

– Mas não vai nem comer nada?

– Não precisa. Obrigada por cuidar de mim essa noite, Ett e desculpe se te dei trabalho.

Abaixei um pouco a cabeça, desviando o olhar. Percebi que ele levantou-se e veio em minha direção. Pude sentir os braços dele me envolvendo num abraço confortável.

– Você nunca me daria trabalho - Ett disse com sua voz suave. - Sempre estarei aqui se precisar de mim.

Eu retribuí o abraço, sem pronunciar uma palavra. Mas logo nos soltamos e ele afagou meus cabelos, num ato de carinho.

– Agora vá, Emily, creio que esteja com pressa em terminar seu trabalho. - ele só me chamava pelo nome quando o assunto era sério.

Eu respirei fundo e assenti com a cabeça, não queria falar nada, estava sem vontade de abrir a boca. Então eu abri a porta e saí o mais rápido que pude daquele prédio, olhando o tempo todo para o tal mapa que encontrara mais cedo.

Pra minha sorte, a parte da cidade que estava desenhada no mapa era exatamente onde eu estava.

Pelo papel, eu pude ver que não era muito longe do prédio do Ett; era um caminho relativamente simples, até demais, eu diria.

Eu andei pelo meio da aglomeração de pessoas na rua, olhando por todos os prédios por onde passava.

Quando cheguei a um ponto, as pessoas foram parando de aparecer gradativamente, até que já não podia ver nenhuma circulando pela rua, havia somente eu mesma.

Pelo que o mapa indicava, eu havia chegado ao meu destino. Parei e olhei em volta.

A construção que se projetava diante de mim era colossal, grande mesmo. Não podia nem imaginar quantos andares aquela coisa tinha. Mas isso nem era o pior. O prédio estava desativado, abandonado e caindo aos pedaços. Imaginei que, provavelmente, o elevador não funcionaria lá dentro, ou seja, eu teria que subir pelas escadas. A única coisa que eu esperava no momento era que Miranda não estivesse tão longe do chão.

Entrei no prédio com certa relutância, estava com medo, é claro. Imagine-se sozinho dentro de uma construção abandonada e escura. Os arrepios subiam pela minha espinha só de entrar pela porta.

Caminhei até o elevador e apertei os botões, mas como eu já suspeitava, ele não estava funcionando. Só me restavam as escadas de emergência, então fui até elas.

Para eu poder subir, ainda precisava abrir a porta que dava para as escadas. Naturalmente eu virei a maçaneta da porta, mas como eu sou bem azarada, a maldita porta estava emperrada. Ah, eu não podia aguentar coisas como essa acontecendo comigo, parecia que tudo me impedia de chegar ao meu objetivo.

Me exaltei e dei um chute na porta. Ela abriu-se com um forte estalo. É, talvez eu só aparentasse uma menina frágil.

O caminho estava mais escuro ainda do que do lado de fora. Não conseguia enxergar nada e não tinha nenhum meio de iluminar o caminho, assim fui apenas tateando na escuridão e segurando o corrimão, tomando o máximo de cuidado para onde eu estava pisando.

Subi, subi e subi aquelas escadas até minhas pernas latejarem. Estava realmente cansada.

Tateei alguma coisa ampla em minha frente, talvez fosse uma porta. Procurei uma maçaneta e a encontrei, girando a mesma que, por sorte, não estava emperrada também.

Quando eu abri a porta fui recebida por um vento gelado e forte, fazendo meus cabelos ficarem bagunçados. Estava no topo, no final da linha.

Era ali que todos aqueles pesadelos aconteciam, era ali que eu precisava estar agora. Era?

Se era, por que Miranda não estava ali? Eu vasculhei por toda aquela parte, procurei por ela, mas não havia nenhum indício da menina, nenhum sequer.

Será que era o lugar errado? Mas não era possível, estava no mapa.

Suspirei profundamente e sentei no chão, sentindo um único fiozinho de esperança desaparecer.

– E agora, o que vai fazer, Emily? - sussurrei a mim mesma.

Eu não consigo explicar, mas era como se Miranda fizesse parte de mim, era como se eu já a conhecesse ou que já fosse ela, não sei. Só que era meio estranho que eu me sentisse "atraída" assim por uma pessoa que eu não fazia ideia de quem era, não conhecia e jamais tinha visto em minha vida. Normalmente, eu não faria uma coisa perigosa dessas para ninguém, mas acontece que eu me apeguei à ela.

Ergui o olhar. O céu estava coberto de nuvens acinzentadas, parecia nem estar de dia.

Olhei para todos os lados, procurando novamente por alguma coisa que me guiasse. Vi uma borboleta. Sim, uma azul das que eu sempre via nos meus sonhos.

Estava voando alegremente pelo céu, como se estivesse me chamando. E já que era assim, eu fui.

Desci novamente as escadas, um pouco mais rapidamente; caí algumas vezes pelo trajeto, mas não me importei, até porque eu precisava ser rápida, não precisava me importar comigo mesma naquela hora.

Cheguei ao primeiro andar e logo deixei o prédio, prestando atenção máxima na borboleta.

Corri atrás dela, a seguindo cada vez mais para fora da cidade.

Não sabia para onde estava indo. E se eu ficasse perdida? E se algum animal selvagem me atacasse? Acho que não faria mal, ninguém sentiria minha falta. A não ser, talvez por Ett. E a senhora Thompson, mas ela já havia partido naquela altura.

Quando já estava quase desistindo de correr, vi que a borboleta não voava mais. Pelo contrário, ela estava caindo, morta.

Segui até onde julguei que o inseto estaria.

Bingo!

Ali mesmo, onde a pequena borboleta azul caíra, havia uma casa feita de madeira, bem simples e tímida, no meio de todo tipo de mato que se pode imaginar.

Tomei fôlego e caminhei até a porta da casinha, abrindo a mesma com determinação. Já não tinha mais medo, o que mais poderia acontecer para me assustar?

Pura ilusão dizer que nada mais me assustaria.

O odor de carne podre invadiu minhas narinas, me causando ânsia.

Cobri o nariz com a mão, procurando o que tinha me levado ali.

Olhei pelos cantos, mexi nas tábuas do chão, olhei embaixo de uma mesa, até que vi um armário posicionado no canto da parede. Fui até ele e, quanto mais eu me aproximava, mais forte o cheiro ficava. O abri de uma vez, sem exitar. Tive que me afastar rapidamente, pois alguma coisa bem grande se espatifou perto de mim.

Mesmo que o cheiro estivesse insuportável, fiquei ali, parada, olhando.

A "coisa" que caíra perto de mim usava um moletom grande na cor bege, uma saia rodada e meias brancas. Seus cabelos eram castanhos e estavam presos num coque aparentemente frouxo, mas acho que era muito bem preso.

No fim de tudo, eu não consegui salvar Miranda, ela se encontrava morta bem na minha frente, com seu rosto pálido, magro e doentio, pior ainda por causa da morte.

O que eu fiz? Fui embora.

Segui para Sheffield novamente, afinal eu não podia fazer nada. Ela havia morrido e eu só podia salvá-la em vida. Agora que tinha passado dessa para uma melhor, eu só podia deixar que seus ossos virassem poeira.

x x x x x x

– Boa tarde, eu sou a doutora Emily Marshall, pode sentar-se, por favor senhor Walker. - disse ao meu paciente.

Observei ele sentar-se e começar a contar sua história de vida.

Ah, claro! Agora, com vinte e sete anos, me formei em psiquiatria e trabalho aqui em Sheffield mesmo. Achei que depois de minha experiência nada agradável, devia ajudar as pessoas que tivessem problemas como o meu.

Sobre o meu problema; nunca consegui entender o porquê de eu ter sido escolhida pra salvar aquela garota. Nunca obtive respostas, ninguém nunca me contou de onde Miranda viera e nem para onde fora.

Ela nunca mais me visitou em meus sonhos. Será que tinha ficado brava? Ou só tinha alcançado a liberdade?

De qualquer maneira, eu gostava de imaginar que ela estava sempre ao meu lado, me apoiando e me dizendo as poucas coisas idiotas que pude ouvir saírem da boca dela.

Miranda podia ter morrido, mas estava viva dentro de mim.

Não sei o porquê. Não sei como. Não sei se era possível ou real, mas eu gostaria que fosse assim.

Egoísmo? Talvez. Ou quem sabe fosse medo de ficar ou deixar que ela ficasse sozinha.


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Notas finais do capítulo

Essa fic foi inspirada em um sonho que eu tive, por isso é meio confuso. :s
Mas é isso, concluo ela por aqui, realmente espero que Ana, Felipe e Mush tenham curtido essa fic curtinha e bobinha que eu fiz. x3



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