I Will Save You escrita por WhiteTurtle


Capítulo 2
Amizade


Notas iniciais do capítulo

Depois de mais de um mês aqui estou eu postando de novo. q
O capítulo era para ser mais comprido, mas deixei assim mesmo, pois queria postar logo.
No mais, espero que gostem.~



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Cheguei em casa correndo. Já passavam das 18h e a louca da senhora Thompson já devia estar surtando. Do jeito que era.

Eu não queria chamar a atenção, talvez ela nem notasse que eu tinha chegado em casa, porém, quando eu entrei, fechei a porta com muita força e ela fez um barulho aterrorizante. Digo que foi aterrorizante porque foi incrivelmente alto, até eu me assustei.

Parei na entrada, esperando levar uma bronca ou ser recebida por um grito. Mas nada disso aconteceu.

Estranhando, eu passei pela sala e cozinha. Nada da senhora Thompson por ali. Ela devia ter saído para comprar um lanchinho, talvez.

Fui para o meu quarto, mas quando passei pelo banheiro - que ficava um pouco antes - senti um cheiro estranho, estava mais para um fedor, na verdade. Como algo podre.

Como sou bem curiosa, decidi ir lá ver o que havia de errado. Primeiro deixei minha mochila encima da minha cama, no quarto, depois voltei até o banheiro. Abri a porta devagar, percebendo que o ar fétido se proliferava conforme a fresta na porta ficava maior. Tive medo de olhar lá dentro, mas, por algum motivo, continuei abrindo a porta, até que a mesma estivesse escancarada.

O ar que saía dali invadiu minhas narinas, fazendo meu estômago virar do lado avesso. Tapei o nariz e entrei de uma vez. Era estritamente impossível descrever o que senti no momento em que vi aquilo.

A cortina de plástico da banheira estava parcialmente arrancada. Nela havia rasgos, amassados e manchas frescas de sangue. As paredes também estavam sujas; e, na banheira; coberta com sangue, com as roupas rasgadas e um corte que parecia bem profundo na garganta; estava a senhora Thompson. Morta.

Fiquei ali por menos de um minuto, eu acho, mas consegui reparar em tudo.

Depois de me desesperar e sair correndo do banheiro, pude perceber o que estava realmente acontecendo: a mulher com quem eu havia passado cinco anos acabara de morrer no banheiro da minha casa. E agora? O que eu faria? Pensei em ligar para os meus pais, mas não sabia ao certo que tipo de reação eles teriam. Ou ficariam desesperados e viriam correndo para cá ou me acusariam de inventar uma coisa terrível dessas.

Provavelmente seria a segunda opção.

Tentei me acalmar, mas a cena da senhora Thompson na banheira não saía da minha cabeça.

Saí correndo de casa, sem rumo. Precisava logo lembrar de algum lugar que me acalmasse, que não me deixasse tão apavorada. Ou alguma pessoa. Se bem que eu não tenho muitos amigos de confiança a não ser por um único garoto com quem fiz amizade na biblioteca uma vez. 

É claro, a biblioteca!

Descobri meu rumo ao lembrar desse lugar, então corri até lá.

Parei na porta de entrada da biblioteca e respirei fundo, não queria entrar lá parecendo uma doida.

Entrei vagarosamente e me dirigi até o corredor dos livros de biologia, que foi onde o vi pela primeira vez. Se eu tivesse sorte, o encontraria ali, já que a biblioteca era quase como sua segunda casa.

Andei pela extensão do corredor e, por algum motivo, ele estava bem cheio. Corri meus olhos por ali e finalmente consegui identificar meu amigo no meio do alvoroço.

Não era tão difícil achá-lo. Ele tinha cabelos claros, olhos claros, pele clara. Tudo nele era claro. Era alto, usava óculos, tinha dezessete anos e tinha vindo da Itália há cinco anos, no mesmo tempo em que eu havia conhecido a senhora Thompson. Seu nome era Ettore, mas eu o apelidei de Ett. Ele não gostava muito da ideia, mas era uma forma de eu me sentir mais próxima e amiga dele. Como retorno, ele me chamava de Lily.

Ao me aproximar dele, segurei seu braço, esperando ele se virar e me dirigir um sorriso confortante, e foi isso que ele fez. 

- Olá Lily – seu sorriso se desfez quando olhou direito para mim. – Você está pálida, tudo bem?

- Preciso conversar com você, Ett.

Ele fez sinal positivo com a cabeça e guardou o livro que tinha em mãos na prateleira.

Andamos até um cantinho mais reservado na biblioteca, onde sempre íamos para conversar ao invés de ler.

Nos sentamos um de frente para o outro e ficamos nos olhando por algum tempo, sem dizer nada.

- Então? Não vai me contar o que está acontecendo? – Ett indagou.

Eu tentei falar, mas tudo ficou entalado, e o que saíram não foram palavras de minha boca, mas lágrimas de meus olhos. O desespero tomou conta de mim naquele momento, eu não sabia o que fazer. Meus pais tinham quase que me abandonando, minha babá havia morrido e eu só tinha a Ett.

- Ei, ei, Lily, não chore. Se não estiver pronta para me contar o que está acontecendo, não precisa.

- Não, Ett – eu disse, enxugando as lágrimas -, eu preciso mesmo que me ajude. Eu não sei o que fazer, eu estou sozinha, meus pais não se importam comigo, eu encontrei minha babá morta na minha banheira e preciso salvar alguém que eu nem conheço, meu mundo virou de cabeça para baixo e eu estou sozinha.

É, eu desabei mesmo a falar, mas qualquer um na minha situação se sentiria assim.

 - Você não está sozinha, eu estou com você – ele sorriu, tirou os óculos e segurou minha mão. – Agora me conte direito tudo isso, por favor.

Passamos o resto da tarde e parte da noite ali conversando, eu lhe contei toda a história e, no final, ele parecia nem acreditar. 

Quando a biblioteca já estava fechando e precisamos sair, entrei em pânico novamente. Era óbvio que minha casa era o último lugar para onde eu gostaria de ir.

Me ofereci descaradamente para passar a noite na casa do Ett. Por sorte ele morava sozinho num pequeno apartamento no centro de Sheffield.

Fomos para o apartamento dele. Achei isso meio errado. Uma garota de quinze anos indo para um apartamento de um amigo de dezessete, solteiro e que vivia sozinho.

- Você pode ficar com a cama – ele me disse enquanto fechava a porta do apartamento -, eu durmo no sofá.

- Nada disso Ett! A casa é sua, eu durmo no sofá.

- Não, não, mocinha – Ett passou a mão em meu cabelo, o bagunçando um pouco. – Você precisa dormir bem e o sofá definitivamente não é um bom lugar pra isso. Eu vou lá arrumar o quarto, fique à vontade enquanto isso.

E ele foi na direção do quarto, me deixando sozinha na sala.

Eu me sentei e fiquei esperando. Tentei segurar meu choro, mas as lágrimas teimavam em cair. Eu nem ao menos tentei secá-las, sabia que não ia adiantar de nada.

- Não chore, Emily – disse uma voz ao meu lado.

Eu olhei na direção da voz e vi a última pessoa que eu gostaria de ver.

- E como você quer que eu não chore? – perguntei a ela com certa ironia na voz.

-Sua babá morreu.

- Isso não é um motivo para eu parar de chorar, sua idiota. Eu não entendo, Miranda. Por que eu? Por que eu tenho que te salvar? E do quê? 

- Você não precisa entender, só precisa fazer o que lhe foi dado.

 Eu fiquei em silêncio por um momento e olhei para a palma das minhas mãos. Assim, que ergui a cabeça, lhe perguntei:

- Você pode me dar uma dica de como te achar, pelo menos?

Mas ela já havia sumido. Ótimo, era exatamente disso que eu precisava: mais uma lacuna sem preenchimento.

Não demorou muito para Ett aparecer na sala com um travesseiro e alguns cobertores. Ele aproximou-se e sentou ao meu lado.

- Hora de dormir, mocinha.

- Ah, claro. Eu já estou indo, mas posso te fazer uma pergunta antes?

- Pergunte.

- O que você faria se estivesse no meu lugar?

- Bem, eu... tentaria salvar mesmo essa menina, independente do fato de conhecer ela ou não. Acho que se quiséssemos que alguém nos salvasse, por qualquer que seja o motivo, e essa pessoa cumprisse a tarefa, ficaríamos muito felizes, não?

- Obrigada Ett. Agora acho melhor ir dormir, boa noite.

- Boa noite, Lily.

Fui para o quarto e desabei na cama. Tudo aquilo tinha me deixado cansada, então só queria dormir.  

Naquela noite eu tive outro sonho. Não era como os malditos pesadelos que sempre estavam em minha cabeça. Dessa vez mostrava uma bela jovem correndo por um campo florido. Ela sorria alegremente enquanto parecia se divertir por entre as flores. Imaginei que aquela poderia ser a senhora Thompson. Acho que eu estava certa, de qualquer forma.

Acordei de manhã, com o cantarolar dos pássaros. Sentei na cama e esfreguei meus olhos com as costas da mão. Quando fui levantar, algo caiu das cobertas. Um papel. Eu o peguei do chão e o olhei atentamente. Era um mapa, e estava escrito todo em vermelho. Era complicado e eu não sabia qual era o lado certo. O virei de todos os lados e consegui entender, depois de algum tempo. Havia escrituras estranhas em seus cantos e, pelo que pude ver, era o mapa de apenas uma das partes de Sheffield. O centro, onde se situava a maior concentração de prédios.

Era para lá que eu precisava ir agora, e precisava ir rápido. De qualquer maneira, eu ia conseguir salvar essa Miranda e ia ter que conseguir isso rápido, pois no mapa dizia que eu tinha menos de vinte e quatro horas. 

Por Deus, como faria isso eu não sei, mas faria.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? *-*
Gostaria de agradecer à Mush, que me ajudou de um maneira indireta com o nome do Ett.
Também fiquei sabendo que meu outro amigo - o Felipe - está lendo, obrigada, seu lindjo. *u*
E é isso aí, não sei quanto tempo vou demorar para postar o próximo, mas espero que seja logo.
Beijos. ;*



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