O Espelho De Plartya escrita por jho brunhara


Capítulo 7
O tigre negro


Notas iniciais do capítulo

Se gostou dê reviews, é importante!!! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/285608/chapter/7

Caímos em um caminho de pedras, que levava a uma casinha amigável. Os três sóis brilhavam no céu, mas não era absurdamente quente. Um campo de flores de variados tipos se estendia até onde não se podia mais ver. Eram flores verdes, amarelas, rosas, vermelhas, azuis, laranjas... Muitas cores. O caminho de pedra continuava para frente, e para trás também. Porém parecia que não tinha fim, se voltássemos. Continuamos a caminhar, e chegamos à frente da cabana que havia ali. Fui bater, mas a porta se abriu sozinha.

– Já esperava a sua chegada. – Motraide disse com uma cara de surpresa – Entrem.

Entramos. Eu, Renan e minha mãe. A casa era maravilhosa. O piso era de madeira, e havia uma fonte em uma das paredes, muitas janelas, e muitas “gaiolas” com velas dentro. Era lindo. Havia muitos vasos de flores espalhados pela sala, e uma mesa baixa no canto, com almofadas do lado. Havia uma árvore no meio da sala, que cresceu pelas madeiras.

Ela veio, abraçou Renan fortemente, e deu um beijo em sua bochecha. Riu.

– Sentem-se nas almofadas. – nos sentamos – O que os trouxeram aqui, afinal?

– Karanto destruiu a cidade... – Renan respondeu – E ameaçou matar a mãe da Mirella.

– Olá! Qual seu nome?

– É Caroline... – minha mãe engasgou – Onde estamos?

– Em Plartya! – Motraide respondeu mostrando a visão para fora da janela - Karanto tentou atacar vocês?

– Sim... Mas alguém apareceu e lutou com ele, e ele fugiu. – Renan mostrou um ar meio triste

Motraide levantou. Usava um roupão branco, com flores da cor rosa claro e algumas azuis.

– Venha Caroline. Já pedi para Frittie para encher a banheira.

– Quem é Frittie? – perguntei surpresa

– Ah sim! É um divirío. São cogumelos que andam, pensam e falam, do tamanho de anões. A maioria é rabugenta, mas Frittie é...

– Senhorita Motraide, já enchi a banheira. – Frittie apareceu

Era um cogumelo verde com umas bolinhas brancas, devia ter uns quarenta e cinco centímetros. Seus braços eram folhinhas, e as pernas também. Era um ser que eu jamais vira, totalmente longe dos pontos de normalidade dos humanos.

– Vamos, Carol?

Minha mãe olhou para mim, e eu assenti com a cabeça.

Saímos da casa.

– Renan, devíamos voltar pra Blanche... Não sei onde meu pai está... E nem meu gato Oliver.

– Se você acha que sim, então...

Um som de gritos ecoou do longe, no nada. Algo que lembrava um tigre pisoteava as flores em nossa direção. Era negro, e parecia estar com fome.

– Corra! – Renan agarrou na minha mão, e começamos a ir em direção à casa

– Motraide! Motraide! – ninguém respondia – Mãe? Frittie?

Alguém estava vindo do corredor. Os passos eram lentos e pesados.

– Olhe só, quem está aqui! A pequena Mirella. – Karanto nos encarava

Que homem repugnante. Tinha uma pele que parecia estar cheia de pedras. Tinha um queixo comprido, e dois olhos verde-musgo. O cabelo lhe fazia falta. Usava uma capa negra, que ia até o pulso e o calcanhar, mas não havia um capuz. Ele estava descalço, e não possuía uma unha se quer. Pensei que ia vomitar. Na outra vez que nos encontramos, ele não parecia tão horrível.

– Ah sim. Aqui em Plartya, esse é o meu corpo normal. Na Terra até que sou um tanto bonitinho, não acha?! – ele riu ironicamente

– Onde estão todos, Karanto? – Renan perguntou ofegante de medo

– Estão sendo acompanhados por uns amiguinhos meus. Venham.

Três homens com a cara desfigurada, como se tivesse sido derretida, os agarravam com suas mãos. Seus pés mais lembravam cascos.

– Mãe... – uma lágrima escorreu dos meus olhos

– Somos horríveis, não acha? Isso é culpa de Pluvius. Prendeu-nos em uma montanha, por milênios. E viramos parte dela. Entregue o livro e a chave. Ou matarei sua mamãe.

Um beco sem saída. E agora?

– Não vão entregar? Certo. – ele estralou os dedos, e algo invadiu a casa pela janela – Meu bebê é tão amigável, vai convencê-los.

Era aquele tigre negro. Veio em nossa direção, nos pressionando contra a parede. Bufou toda sua raiva em nossas faces. Tinha dentes tão poderosos, que cortariam até metal. Fechei os olhos. Comecei a pensar muito, mas muito em Finicci. Precisava de sua ajuda.

– O que você está fazendo? – Karanto me encarou – Entregue logo o livro e a chave.

Uma brisa entrou pelo buraco deixado pelo bicho na parede. Todos sentiram. Balançou os sinos, começou a vir mais rápido, bagunçando meu cabelo. Finicci apareceu parte a parte. O bicho tentou me atacar, mas Finicci balançou suas mãos no ar, e empurrou o animal contra os móveis.

– Fujam! – ele explodiu ar contra Karanto e as criaturas, soltando Carol, Motraide e Frittie.

– Vou ficar. – disse Motraide – Ele não vai conseguir sozinho.

– Eu também. – Frittie concordou

Sem hesitar, continuamos correndo naquela estrada de pedras. A casa emitia todos os sons. Estalos, gritos... Mas continuamos.

– Pegue o livro! – Renan gritou

Peguei, abri, dei a mão a minha mãe e pulamos. Estávamos novamente em Blanche, em casa. Corremos nas escadas, e saímos. A rua estava cheia de pessoas retirando móveis das casas, e tentando salvar o que restou.

– Onde é o prédio da redação do jornal, mãe? Papai deve estar lá. – uma chuva fina começou a cair

– O carro está ali, venha!

Entramos. Por dentro, ele estava literalmente inundado. A água invadiu. Mas nada disso importava.

– Oliver! – era impossível não reconhecer meu gatinho, que estava sobre uma pilha de entulhos, olhando para o nada – Venha!

Ele deu um pulo e correu na direção do carro. Minha mãe começou a dirigir em direção ao prédio. Enquanto estávamos no carro, víamos como a tempestade destruiu a cidade. Todas as casas foram afetadas, sem exceção. Destelhadas, caídas, com árvores caídas. Sem energia. Muitos sem razão pra continuar vivendo.

Chegamos à porta do pequeno prédio de três andares. O térreo estava totalmente inundado e seria impossível pegar o elevador. Pegamos a escada. Havia galhos, papéis, canetas, pedaços de madeira, folhas, gravetos parados na escada, provavelmente trazidos pelo tornado, que entrou no prédio. A porta do segundo andar não abria, então a forçamos. Algo estalou do lado de dentro, e uma enxurrada desceu as escadas. Pulamos a mesa que estava bem na porta, mas não havia ninguém no segundo andar. Vasculhamos, chamamos, porém ninguém. Mesas, cadeiras, papéis, de tudo boiava na água. Fomos à caminho da outra escada. Subimos ao terceiro andar, que estava apenas um pouco úmido. As mesas e tudo mais estavam jogadas, e havia dois corpos, mas nenhum do meu pai.

– Franccesco? – minha mãe gritou

Algum gemido vinha de um armário de metal, virado com a porta para o chão.

– Amor, é você? – o gemido continuou

– Pai!

– Venham me ajudar a levantar o armário!

Levantamos, e o armário abriu, e meu pai caiu ao chão, tossindo.

– Pai! – eu e minha mãe o abraçamos, e Renan olhava sorrindo – Como você sobreviveu?

– Começou a chover – ele tossiu – e então fechamos as janelas. Mas o vento assoviava, e então as telhas começaram a voar. As janelas estouraram e a energia elétrica parou. Então vimos ao longe o tornado vindo. A porta estava travada, e não conseguimos abrir. Entrei no armário, e tranquei por dentro. Só ouvi o tornado invadindo, e meus colegas gritando. Então ouvi o vento arrastando mesas, que bateram no armário e o derrubaram contra o chão. E agora vocês apareceram.

Alguns gritos eram ouvidos na rua, e um rugido forte atravessou as janelas do prédio.

– É Karanto! Ele está em cima daquele tigre negro Mi! Veio atrás de nós! – Renan gritou

O tigre rasgava ao meio qualquer um que estivesse em sua frente. Ofegante, sentia todos os cheiros daquele lugar, em busca do nosso.

– Precisamos sair daqui! – Caroline sussurrou

O tigre negro começou a vir em direção ao prédio.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não se esqueça dos reviews! :c



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Espelho De Plartya" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.