O Espelho De Plartya escrita por jho brunhara


Capítulo 6
Esse é só o começo


Notas iniciais do capítulo

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Parei de ouvir sons, de ver imagens, de sentir minha vida. Apenas estava lá. Prensada contra a parede, imaginando o que viria depois. O som, as cores, os sentidos foram voltando, e ouvi Renan gritar. Mas era um grito de surpresa. O chão do abrigo estremeceu, rachando em poucos segundos. Alguém saiu rapidamente do buraco que se formou. Nós não vimos Karanto ou a outra pessoa direito, nossos olhos doíam pela luz. Mas havia pessoas lá. Eu ouvia pouco, minha cabeça latejava. Algo intenso invadia nossos ouvidos, parecia que estávamos do lado de uma turbina de um avião. A outra pessoa partiu para cima de Karanto, e empurrou-o contra a parede. Karanto fez seus olhos explodirem em luz, e a atiraram contra a parede.  Karanto jogou um olhar contra Renan, que foi atingido. Não pude ver direito na hora. Algumas coisas saíram do chão, e agarraram Karanto, jogando-o contra o chão. Ele olhou com uma cara de vingança contra mim, e desapareceu. Nós não podíamos mais ver aquela outra pessoa que havia nos ajudado.

Me senti cansada demais para poder continuar lutando com meus olhos abertos, e adormeci nos ombros do Renan.

Acordei com um pombo despenado me olhando. Ele voou longe quando abri os olhos. Já havia amanhecido.

Olhei, e ao meu lado, estava meu novo companheiro fiel.

- Renan! – eu gritava desesperada – Você está bem?

Ele estava um pouco confuso e desnorteado.

- Mirella... – ele disse confuso – Algo me atingiu... Dói tanto...

Eu o abracei, chorando em seus ombros.

- Nós vamos sair daqui. – levantei, e dei minha mão à ele – Venha.

Ele levantou, e peguei minha mochila. Começamos a subir as escadas, e nada havia sobrado da biblioteca, só alguns pedaços da base. A parte no nível da rua da biblioteca havia voado junto ao tornado. Elizabeth estava longe agora. As escadas se cimento permaneceram. Havia páginas, capas, vigas de madeira, sofás, fios, árvores, espalhados por tudo. Saímos para a calçada. Blanche estava irreconhecível. Havia pessoas andando pelas ruas, chorando, em busca de algo perdido. Uma pessoa, um animal, ou até mesmo coisas pessoais. As casas haviam sido levadas pelo vento, e grande parte das ruas estava alagada. Não havia energia. Não havia carros. Não havia valentões agora. Todos eram iguais, e precisavam de ajuda.

- Meus pais... – eu disse tão baixo, que Renan nem percebeu

Olhei para ele.

Perdi o fôlego.

Seu peito estava sangrando.

- Renan! – entrei em desespero, pensando no que fazer

- Estou morrendo, Mirella.

- Não, não está não!

Abri minha mochila, peguei o livro, que estava ensopado, e a chave de Tarantum. Coloquei-a no relevo, e o espelho se mostrou. Peguei em sua mão e pulei no espelho, levando a chave junto.

O livro estava em minhas mãos, como isso era possível? O local era tão incrível... Era um campo de dentes-de-leão, e montanhas em volta. Mas não havia tempo para isso. Renan se deitou, cuspindo sangue. Não sei o que acontecia, mas não queria perde-lo.

- Nós somos filhos de Plartya, Renan. Estamos aqui agora. Nós somos parte desse mundo. Não vá Renan. – eu chorava em cima do seu peito – Eu te amo, irmão.

No exato momento que pronunciei essa palavra, uma montanha ao longe explodiu, e algo muito intenso começou a vir em nossa direção. Era alguém, e não algo. Uma moça muito bela. Usava um vestido laranja, e sapatilhas brancas. Uma flor prendia seu cabelo.

- Me ajude... – eu chorava – Por favor. Ele está morrendo.

Um vento intenso correu do campo dos dentes-de-leão, elevando todas as suas pequenas folhas brancas, parecidas com penas. Elas nos rodeavam agora. A mulher fechou os olhos, e com uma doce voz, disse algo bem baixinho, que eu não pude compreender. E encostou um de seus dedos no ferimento de Renan. Algo começou a brilhar do ferimento, e crescia, crescia cada vez mais. Ele apertou minha mão tão forte, que eu gritei. Seus olhos abriram espantosamente. A mulher se levantou, e foi andando, até esvaecer no nada. Os dentes-de-leão começaram a rodopiar, e rodopiar, e rodopiar, e rodopiar até que cessaram. Nós estávamos na rua.

Ele sentou, e me abraçou.

- Renan, aquela mulher salvou sua vida! – eu disse chorando de alegria

- Ela não é uma simples mulher... Ela é minha mãe, daqui de Plartya.

- O que?

- Enquanto eu dormia, ela veio nos meus sonhos, e me entregou uma carta. Deve estar aqui no meu casaco. – ele colocou a mão nos bolsos – Aqui está!  E nela estava escrito: “De mãe para filho, com amor.” Ela colocou a mão no meu peito, e disse: “Acorde.” E estou aqui.

Abrimos a carta.

“Motraide

Olá Renan. Não sei quando te entregarei isso. Espero que seja breve. Eu não sou sua mãe de verdade, mas sou como sua guardiã. A culpa de vocês dois, Mirella e Renan, serem os escolhidos, é minha e do Finicci. Mirella, ele é seu guardião. Cada um de nós pegou um amuleto, e jogou contra o portal. E os amuletos escolheram vocês. Não estivemos presentes durante a vida de vocês, pois nunca os achamos. Bom, se essa carta chegou as suas mãos, é porque eu os achei. Ou talvez Finicci achou. O sangue que corre em suas veias é o poder de Plartya. Os planos de Karanto são horríveis. Ele quer o poder que está no sangue de vocês, à todo custo. Muitas coisas vão acontecer. Vocês fazem parte de Plartya agora. A marca aparecerá nos seus pulsos. Por enquanto, são pessoas normais. Mas em breve, serão os próximos da linhagem. Karanto prega peças, pode se transformar em qualquer coisa, ou qualquer um. Desde uma inocente flor, à uma devastadora tempestade. Ele é mais forte que todos nós, mas vocês dois, juntos, são mais fortes que ele. Sejam espertos, sobrevivam. Estaremos sempre aqui, ajudando no possível. Morte à Karanto.”

- Ele era o homem da praça... – eu disse

- E o homem que foi até sua casa. – Renan completou

- Minha mãe... Meu Deus... – eu disse agoniada

- O que foi?

- Ela agiu estranha, e me deu um tapa no rosto. Ele fez algo à ela. Precisamos ir para lá agora!

Nós corremos e corremos. As ruas estavam destruídas. Postes, árvores, casas, tudo pelo chão. Havia cada vez mais pessoas chorando, porque perderam tudo.

- Isso pode ser só o começo, não é? – Renan fez um comentário triste

- Talvez. Ele queria que nós nos rendêssemos, mostrando o lado sombrio do que Plartya pode fazer. Mas Karanto talvez destruísse nosso planeta por brincadeira, apenas. – mordi meu lábio

Minha casa estava ali, bem naquela rua. Pelo menos o que restou.

Nossa chaminé estava no meio da rua. A cerca desapareceu. Grande parte dos tijolos que cobriam a casa sumiram. A árvore do vizinho entrou pela cozinha. Tentamos abrir a porta da frente, mas algo a segurava por dentro.

- Vamos tentar a janela da cozinha! – Renan disse

A árvore tinha feito um buraco, mas não conseguiríamos passar por ali. Não havia mais uma “janela” e sim um buraco na parede. Entramos por lá. Dentro da casa, estava ainda alagado em alguns pontos. A sala estava irreconhecível. O fogão estava na porta de entrada. A marca d’água era tão alta, que chegava ao quadro da parede. Parece que muita água havia descido pelas escadas, havia galhos, roupas, pedaços de móveis, tijolos, de tudo. Pulamos por partes secas, e conseguimos chegar às escadas. Subimos.

- Mãe? – eu gritava – Mãe? Você está aí?

Ouvimos algo que parecia um grito muito baixo, vindo de uma parte do quarto repleta de móveis, roupas entulhos, e tudo mais.

- MÃE?

Corremos, e começamos a tirar as coisas. Ela estava milagrosamente viva, mas amarrada, e parecia ter um corte sério na perna.

- Filha... – ela disse com um tom de voz cansado

A tiramos de lá. Estava encharcada e suja. A colocamos na cama, que estava ensopada.

Eu a abracei.

- Mãe, o que aconteceu?

- Ontem, um senhor veio aqui em casa, oferecendo uma proposta de emprego em uma escola que não me lembro do nome. Ele disse que queria conhecer a casa, eu disse que não. Mas ele continuou, e eu pedi para que saísse. Mas seus olhos começaram a brilhar, e ele cresceu, se transformando em um monstro. Agarrou meu pescoço, e olhou profundamente em meus olhos, me mandando ir até você pedir para que Renan fosse embora. Então perdi o controle de mim mesma. Eu subi as escadas, e então, te bati. Vocês fugiram. Mas ele me culpou. E disse que eu morreria. Amarrou-me, e jogou todas essas coisas em cima de mim.  Disse-me também que nossa cidade sofreria. Quem é ele filha?

- Mãe, você não pode mais ficar aqui. Ele é um forvênio, um monstro, um demônio, literalmente. Não há tempo para te explicar nada aqui, estamos todos correndo perigo. Precisamos ir para Plartya, encontrar um lugar seguro para você ficar. Blanche é só o começo.

- O que é Plartya? – minha mãe perguntou assustada

- É o mundo onde eu e Renan pertencemos. Venha.

Tirei o livro da mochila, e o portal já estava aberto. Puxei-a. 


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Notas finais do capítulo

Reviews? :c



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