Alone In The Dark E A Ilha Das Sombras escrita por Cris Varella


Capítulo 16
Capítulo 15 - A Cidade Perdida Abkanis




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Felipe estava no terraço do forte tentando erguer a antena. Retirou a tampa que obstruía a passagem e viu a antena já preparada, porém era muito pesada para que ele a levantasse sozinho.

– Como você levantava essa antena, Jeremy? – sussurrou Felipe a si mesmo. – Eu sei que você pensou em tudo, sei que tem um jeito de erguê-la. Vamos, Felipe, pense...

O historiador não conseguiu pensar em nada. E então se lembrou dos deuses da luz. Eles estavam ali para ajudar a quem precisasse, ainda mais para nós que estávamos nessa demanda.

Fechou os olhos, limpou a mente e disse:

– Deuses da luz, os senhores sabem que estou aqui lutando para salvar o Mundo da ameaça das trevas. Sei também que os senhores lutam para nos proteger. Mas há coisas que a mente e os olhos humanos não conseguem entender, ou passam despercebidos. Peço-vos que me ajudem a descobrir como erguer esta antena, pois não vejo uma alternativa.

Felipe abriu os olhos e por um instante achou que eles não o ouviram ou não poderiam ajudá-lo. Mas alguns segundos depois ele viu o céu nublado limpar-se, mostrando uma lua-cheia brilhante, iluminando todo o forte.

Através da iluminação do satélite natural da Terra, Felipe viu um metal brilhar logo acima dos muros. Havia uma corrente ligada a uma caixa pesada de madeira. A corrente seguia por baixo do concreto e, de acordo com a linha, seguia para a antena. Era isso! O peso da caixa de madeira ergueria a antena. Felipe olhou para o céu e agradeceu aos deuses.

Galgou o muro até chegar à corrente. Viu que havia um pino preso a um suporte. Puxou-o e liberou a caixa que desceu não tão rápido. A antena começou a subir e Felipe viu quão alto era ela, devia ter uns dez metros. Quando finalmente a antena se ergueu por completo, Felipe desceu e parou a alguns metros de distância.

Novamente Felipe precisaria da ajuda dos deuses, de um em especial, Zetalon. Olhou para o céu e gritou:

– Agora, Zetalon!

O céu novamente nublou-se e trovões começaram a ecoar. Um instante depois um raio acertou em cheio a antena. O raio desceu espectralmente pela antena com uma energia tão intensa que os cabelos do historiador se eriçaram.

No pátio, Aline também sentiu a energia e viu a luz verde acender no painel do perfurador. Apertou o botão que Felipe indicou e o perfurador começou a tremer, parecia estar acumulando energia para o disparo. Aline se distanciou precavidamente.

Uma luz começou a brilhar na ponta do perfurador e ia aumentando junto com o tremor. Quando a luz estava adequadamente intensa o suficiente, o perfurador disparou contra a parede na qual estava apontando.

Uma explosão abalou o forte e a parede se despedaçou, espalhando pedras para todos os lados. A parede devia ser muito grossa, pois o laser continuou perfurando, revelando uma passagem que mais parecia uma caverna.

Alguns minutos depois, não havia mais parede e o perfurador se desligou automaticamente, não tendo mais obstáculo à sua frente.

Poeira encheu todo o pátio, fazendo Aline tossir freneticamente. Felipe igualmente se intoxicara quando chegou próximo.

– Então parece que funcionou – disse Felipe. – Jeremy era mesmo um inventor impressionante.

– E agora o que fazemos? – disse Aline. – Entramos ou esperamos Carnby e Edenshaw.

Felipe ponderou e não disse nada. Não sabia o que fazer.

– Não esperavam se divertir sem mim, não é? – disse uma voz atrás.

Aline se virou e viu a sombra de um homem em meio à névoa empoeirada. Ao se aproximar eles viram que se tratava de Carnby, que trazia duas estatuetas nas mãos.

– Carnby! – exclamou Aline, e foi abraçá-lo. O detetive quase caiu pra trás com a força dos braços da etnóloga.

Carnby, pela primeira vez, viu como os olhos de Aline eram bonitos e seu sorriso preenchia seu rosto elegantemente. Viu sua boca e sentiu uma leve atração em beijá-la, mas se reteve. Não era sempre que isso acontecia com o detetive, não era sempre que ele se entregava às emoções. Mas toda aquela aventura o fez ver como a etnóloga era uma mulher extraordinária e especial.

Aline também sentiu a emanação dos sentimentos de Carnby, e não pôde deixar de expressá-los também. Percebeu que havia um sentimento crescendo dentro de si, desde o primeiro instante que o viu. Mas agora estava mais forte, à medida que ele se entregava na missão para ajudar, não só eles, mas todo o mundo.

Felipe pigarreou e os dois desviaram os olhares um do outro, disfarçando.

– Então, você conseguiu as estatuetas – disse o historiador.

– O quê? Ah... Sim... Consegui – gaguejou Carnby.

– Eu também consegui duas – disse Aline.

– Resta agora Edenshaw trazer mais duas e nós conseguirmos a última na cidade Abkanis – completou Carnby. – A propósito, vi que vocês conseguiram mesmo montar o perfurador. Muito bom, parabéns.

– Foi Felipe quem conseguiu – disse Aline, esboçando um sorriso ao historiador –, ele é mesmo um gênio.

– Ora, o que é isso... Eu não conseguiria sem a ajuda de Aline – disse Felipe, devolvendo o sorriso.

– Eu parabenizo vocês, meus jovens – disse outra voz por trás. Era Edenshaw achegando-se com mais duas estatuetas. – Orgulho-me de poder compartilhar essa missão com vocês.

– Edenshaw! – disseram Felipe e Aline em uníssono.

Aline também correu para abraçá-lo.

– Graças a Deus o senhor está bem – exclamou Aline.

– Me dêem as estatuetas – disse o xamã.

Os três as entregaram a Edenshaw que amarrou todas elas com uma corda, ligando-as todas juntas e jogou nas costas como uma mochila.

– Escutem, eu vou na frente para preparar o Ritual. Vocês sigam para a direita quando entrarem. Logo vocês verão uma ponte, atravesse-a e siga em frente. Após isso haverá um labirinto, tomem muito cuidado com ele.

– Um labirinto? – disse Felipe.

– Sim, mas não temam. Basta seguirem as marcas dos deuses da luz pelo chão, somente os Guerreiros da Luz podem vê-las. Mas prestem atenção: há espíritos malignos que tentarão desviá-los de seu caminho. Não dêem atenção a eles e siga as marcas dos deuses.

– Não seria melhor o senhor vir conosco? – balbuciou Felipe.

– Ora, vamos, Felipe – disse Aline. – Já passamos por tanta coisa, vai enfraquecer logo agora? Além do mais, Edenshaw já disse que precisa preparar o Ritual.

– Tem razão, eu sou corajoso – disse Felipe estufando o peito.

– O que devemos fazer depois de passar pelo labirinto? – perguntou Carnby.

– Sigam em frente e verão um andar inferior, onde há uma gruta. Dentro dela está a estatueta. Depois que pegá-la, volte pelo caminho e virem à esquerda e sigam em frente. Vocês chegarão ao Portal, onde estarei esperando por vocês.

Depois que Edenshaw terminou de falar, eles ouviram Felipe sussurrando:

– Depois voltar pelo caminho e seguir em frente até o Portal – ele estava anotando tudo aquilo em um caderninho. Viu que Carnby e Aline estavam encarando-o. – O que foi? Eu posso esquecer, é melhor anotar.

– Agora eu preciso ir – disse o xamã. – Boa sorte guerreiros – dito isso Edenshaw adentrou na passagem que o laser perfurara.

– Vamos, precisamos nos apressar – disse Carnby consultado seu relógio. – Só temos uma hora para recuperarmos a última estatueta e chegarmos ao Portal.

Eles também seguiram pela passagem e a adentraram.

Os três sacaram suas lanternas e suas armas. Conforme as instruções do xamã, ele seguiram pela direita e avistaram um manuscrito sobre uma rocha plana.

– Olhem, há marcas ali – disse Carnby. – Vocês conseguem ler?

– Eu acho que sim – disse Felipe, ajeitando seus óculos. – “O Portal está agora a vossa frente, o Portal que mantêm as trevas nas profundezas da Terra. Vós que puderes abri-lo, deverás saber que a luz empurra as trevas de volta ao seu covil, enquanto o medo as chama para fora. Então, se o Portal for aberto no último minuto do mês de outubro junto ao alinhamento dos planetas, as trevas serão derramadas sobre o Mundo, abrindo caminho para as suas criaturas que então irão vagar pela superfície da Terra, alimentando-se de toda a alegria e do sangue de todos os humanos.”

– Não me pareceu muito bom – disse Carnby.

– Ali tem outros desenhos – apontou Aline para a parede oposta. – Esses devem ser os sete deuses da luz.

– Sim – disse Carnby. – E aquele do meio deve ser Hecatonchires, o rei dos deuses.

Os três seguiram em frente e passaram pela ponte que Edenshaw havia falado. Conseguiram avistar uma cidade abaixo, a cidade perdida Abkanis. Eles construíram uma imensa civilização bem embaixo da Terra, incrível.

Eles continuaram até alcançar uma passagem estreita. Logo acima estava uma mensagem, com o mesmo manuscrito visto anteriormente.

– Felipe, o que quer dizer essa frase? – perguntou Aline.

O historiador fixou os olhos e traduziu:

– Quer dizer: “O Labirinto das Provações”.

Carnby e Aline se entreolharam. Mas não tinham tempo a perder, os três entraram.


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