...Harry saiu da penseira, e momentos depois deitou-se no carpete do chão. Uma voz exasperada soou atras dele.
-Tem que haver outra maneira.
Poucos segundos depois sentiu dois braços que o rodeavam. Hermione encontrava-se ajoelhada ao seu lado, com a cabeça apoiada em seu peito.
Não percebera o momento em que a amiga entrara, mas era bom te-la ali.
Finalmente, ele sabia a verdade. Caído com o rosto pressionado no carpete empoeirado do escritório onde outrora pensara estar aprendendo os segredos para a vitória, Harry compreendeu finalmente que ele não deveria sobreviver. A sua função era encaminhar-se para a Morte que o esperava de braços abertos. No caminho, ele teria que destruir as ligações restantes de Voldemort à vida, para que, quando finalmente eles estivessem frente a frente, e ele não levantasse a sua varinha para se defender, o fim seria fácil e o trabalho que deveria ter sido feito em Godric´s Hollow poderia ser terminado. Nenhum poderia viver, nem sobreviver.
Ele sentiu o seu coração bater velozmente no seu peito. Como era estranho que no seu medo da morte, ele bombeava tão forte, corajosamente, mantendo-o vivo. Mas ele teria que parar, e em breve. As suas batidas acalmaram. Quanto mais tempo ele levaria, para se erguer e encaminhar-se pelo castelo, uma última vez, para os terrenos e em direção à floresta?
O terror apoderou-se dele enquanto estava estendido no chão, com aquele tambor de funeral que soava dentro dele. Morrer seria doloroso? Em todos aquelas vezes em que havia pensado que estava prestes a acontecer e ele conseguia escapar, ele percebeu que nunca havia pensado na coisa em si: a sua vontade de viver sempre foi mais forte que o medo de morrer. Porém, não pensou que poderia fugir ou escapar de Voldemort agora. Acabou-se, ele sabia, e tudo o que lhe sobrava era a coisa em si: a morte.
-Não. Não tem outra maneira... - Respondeu Harry lentamente - tem que ser assim. Não vê Hermione?
Harry afastou-se da amiga o mais lentamente que pode. Sentia-se tão mortificado com a nova descoberta. Mas não poderia continuar ali, sabia sobre seu destino, isso era um ponto à favor e ficar ali protelando o inevitavel que ajudaria a todos era por demais egoísta.
-Queria que tudo tivesse sido diferente - sussurrou.
Hermione levantou-se prontamente, com o mesmo brilho nos olhos e a expressão que ficava toda vez quando algum professor perguntava algo que só ela sabia, ergueu a varinha e dela saiu um brilho prateado. Seu patrono.
-Hermione. Eu não sei pra quem você mandou isso mas, se você esta querendo me impedir. Eu tenho que acabar com isso de uma vez por todas e...
-Exatamente.
-E não vai adiantar nada... -Harry sentiu-se desconcertado com o brilho nos olhos da amiga- Oque?
-Exatamente. Temos que acabar com isso e como tudo seria se Voldemort nunca tivesse existido?
-Seria ...maravilhoso -Harry deixou-se sonhar acordado por alguns momentos, uma última vez. Ele poderia ter uma familia, sem Voldemort, sem uma cicatriz em forma de raio, ele seria um garoto normal. Normal, por um momento ponderou o significado daquela palavrinha e a ídeia trouxe um sorriso aos seus lábios.
-Então é isso que temos que fazer.
-Hermione. Sobre oque você esta falando?
A garota puxou a mão do amigo e correu para fora da sala do diretor, quase trombando com o amigo Rony que vinha ao encontro deles.
-Mas oque...
-Eu encontrei esse envelope dentro do "Os contos de Beedle o bardo" que o professor Dumbledore me deu, estava selado com um feitiço... acho que ele queria que nós tentassemos - a garota puxou um envelope amarelo de dentro de seu bolso e dele tirou uma corrente de ouro com um pingente em forma de uma gota vermelha, vermelha como sangue e colocou no pescoço - Eu li todos os livros que podia sobre ele, alguns eram livros trouxas. Chama-se Khronos ou Chronos que significa tempo no grego e no latim. É uma poção muito delicada, demora quase quinze anos só para cultivar os ingredientes, cinco para preparar a poção e depois de pronto, corre o risco de explodir quando entra em contato com quase tudo, inclusive o ár, por isso tem de ser guardado dentro de uma cúpula plásmatica - ela ergueu o pingente para o alto, fazendo com que a luz refletisse o líquido brilhante que continha dentro - Na mitologia grega, Khronos era a personificação do tempo, porque ao mesmo tempo que criava, devorava...
- Mas o que isso tem a ver? - Rony perguntara.
- Eu ja ia chegar aí. Enfim, é isso que temos que fazer, voltar no tempo e impedir Tom Riddle de se tornar Voldemort!