OITO

VAMOS ALUGAR UM PÉGASO

   Depois de minha mãe ter ido embora, eu ainda não tinha me habituado com a idéia dela ter partido de volta para São José, mas então Breno disse:

 — Pedro, sua mãe disse que nós não iríamos de avião, e ela estava correta!

 — Mas Breno, se não vamos de avião, como vamos para a Amazônia? Vamos a pé?

 — Engraçadinho, é claro que não, nós vamos com o aluguel de Pégaso!

 — Nossa são aqueles cavalos maneiros com asas que vemos nos jogos de God of War?

 — Sim! Eles existem também, como eu disse, cada detalhe da mitologia grega existe, menos Nix, que ninguém sabe se ela existe, mas os deuses ainda tem medo dela, mesmo não sabendo se é apenas uma lenda até mesmo dentro do olimpo!

— Nossa cara como esses deuses são confusos hein, mas agora me diz, onde nós pegamos um pégaso? Aqui ainda é um aeroporto!

 — Você ainda não aprendeu Pedro?

 — Aprendi o que?

— Que nesse mundo novo, nada é o que parece você pode achar que é um aeroporto, mas eu te garanto, é muito mais do  que isso, a visão dos mortais em relação ao mundo é muito limitada, sim claro, ainda é um aeroporto, mas também temos o correio interplanetário de Hermes, o aluguel de Pégasos de Poseidon e a loja de bugigangas de Dédalo e o aeroporto para os mortais, mas tudo gira em torno do mesmo conceito, as viagens, todo aeroporto no mundo tem as mesmas coisas gregas, sua estrutura muda é claro, mas a parte mágica dos aeroportos são todos iguais, elas não são independentes em si, mas elas são todas as mesmas, apenas há um “portal” que liga todos os aeroportos ao Aluguel de Pégasos, o correio de Hermes, e a loja de Dédalo, tudo está ligado, possivelmente vamos encontrar vários outros semideuses lá, até seres mitológicos como centauros, ciclopes, precisam mandar cartas e alugar um pégaso para chegar até algum lugar, lá é bem interessante, então vamos parar de enrolar e vamos chegar até lá!


  Depois que Breno terminou de falar, eu fiquei intrigado com todas as histórias dos deuses, nós continuamos então para dentro do aeroporto, ele era bem bonito, com algumas pilastras de mármore polido, o chão também era de mármore, parecia que tinha acabado de ser polido, estava brilhando, eu olhei fundo para o chão e consegui ver meu corpo e Breno e o teto refletidos no chão, era uma construção muito bonita, ele estava muito lotado, havia algumas pessoas esperando o seu vôo, sentadas no chão de mármore, algumas sentadas nos bancos, mas a maioria estava com suas malas na fila para comprar suas passagens, eu olhei no relógio, já eram nove horas, do dia quinze de novembro de dois mil e doze, meu aniversário seria dia vinte e três de novembro, sexta-feira, eu estava ansioso, mas provavelmente eu passaria meu aniversário com pessoas que eu não conhecia, e com a mais absoluta certeza eu sabia que teria que fazer muitas amizades para ter com quem comemorar meu aniversário.
  Depois de passarmos pela multidão que estava na fila para comprar as passagens, nós chegamos até um corredor, haviam dois homens altos, um negro careca e outro branco com os cabelos loiros, ambos estavam usando óculos escuros e fones de ouvido, como aqueles seguranças dos filmes que precisam proteger o presidente dos Estados Unidos, quando nós nos aproximamos eles disseram algo que eu entendi como: Poú na páo̱ ?, então eles repetiram Poú na páo̱ ?, dessa vez eu entendi, eles estavam falando em grego conosco, eles queriam dizer Onde vão?, então eu respondi:

 — Nós queremos alugar um pégaso!
  O homem negro careca respondeu:

 — Você quer falar português? Então tudo bem! Bem nome é Amilon, e eu vejo que você está com um sátiro, correto?

 — Sim, ele me trouxe aqui, nós queremos ir até a tribo!

— Mais semideuses perdidos querendo ir para a Tribo Goitacá, sim garoto, você pode até passar, mas antes vai ter que nos dar um dracma de ouro!

  Quando ele falou, eu me lembrei dos dracmas que íris havia nos dado, então peguei um em meu bolso e disse:

 — Tome aqui! — Depois disso entreguei o dracma na mão dele

 — Dracma novo hein garoto, parabéns, agora entre ai e faça o que tem que fazer!

  Depois disso os dois homens liberaram a passagem e nós entramos num salão, onde havia tudo que Breno tinha falado estava lá, de um jeito que ele não havia contado.