Hey, Ho. Let's Go! escrita por RubyRuby


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

A Magda não tem boas lembranças em boates, mas quem disse que ela quer que sejam "boas"? Ainda mais agora, que se separou do Miguel...



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Vinte e seis

Miguel saiu da minha casa e com ele, as minhas dúvidas_ e esperança. Então não estávamos mais juntos?

A Talita devia ter ido pra casa, afinal, sem o Nicolas pra ela encher o saco, não sobrava nada além disso. As coisas estavam ficando mais frias pra mim.

Ele provavelmente devia ter ido pro hospital onde ela estava. Não era o dele_ e eu achei isso uma burrice, já que ela "queria tanto ver ele". Sem querer, acabei pegando raiva dela. Não por ter voltado, mas por ter roubado Miguel de mim. Digo, se ela não tivesse voltado, ele ainda estaria comigo. Foi tudo uma questão de tempo. Mas de certa forma eu também a agradeço por ter voltado e me mostrado que ele não me amava de verdade, não o tanto que ele a amava.

Não posso negar, chorei. Chorei muito. Era o Miguel, o médico, o namorado, perfeito, que eu sempre sonhei em ter, que apareceu do nada enquanto eu ainda amava outro homem, que me fez ver que os meus sofrimentos na verdade são frescuras perante o que ele passa quase todos os dias. Eu não queria e nem esperava a nossa separação, de fato, achei que isso não ia acontecer tão cedo_ nem tão tarde. Estávamos bem, dispostos um com o outro, achei que nada fosse mudar isso. Nada além da Paola.

Não posso dizer que Miguel foi falso comigo, pelo contrário, foi muito verdadeiro. Tanto quando ainda me amava, quanto quando abriu o jogo e me disse tudo. Mas eu podia sentir que ele ainda gostava de mim quando disse que não estávamos mais juntos, como se ele estivesse mentindo pra "me deixar melhor". Acontece que isso acabou comigo.

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Fui para uma boate, aliás, A boate. Era o ponto de encontro mais movimentado da cidade. Na verdade, eu já tinha ido ali, há um tempo atrás, com o Nicolas, quando eu fiquei bêbada e quase entrei mar adentro se não fosse ele pra me salvar. Mas agora eu não o tinha mais.

Fui sozinha, mesmo, sem Roberta nem Talita. Sem Miguel. Pra quê? Não estava indo pra lá pra simplesmente me divertir e rir, queria esquecer as pessoas, as coisas, os sentidos, me esquecer. Talvez alguém na boate estivesse dispoto a me fazer esquecer tudo...

Coloquei um top e uma mini-saia, e um casacão enorme cobrindo tudo. Nada de salto alto, coloquei uma bota que estava guardada há bastante tempo_ presente da minha mãe de Natal. Coloquei alguns cordões pretos, com o cabelo grande todo derramado em mim. Pra falar a verdade, fiquei parecida com a Taylor Momsen sem toda aquela maquiagem.

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_Oi, gatinha!

Um homem pelo qual eu estava passando rapidamente, na entrada na boate, passa a mão no meu cabelo. Não era feio, na verdade, era bonito. Tinha seus cabelos pretos e curtos, olhos castanhos e não parecia ter mais que 20 anos. Ignorei-o e entrei na boate, podendo ainda ouvir um risinho de "tudo bem" vindo da parte dele.

Entrei e imeiatamente fui sugada pela multidão. Todo mundo dançando ou sendo empurrado, com música alta, gente gritando, rindo. E eu ali, não me encaixando em nenhum padrão existente de felicidade.

Fui para o balcão e pedi uma bebida, na tentativa de me soltar mais facilmente. Eu queria fazer isso. Pedi mais uma. E outra. E mais outra. Merda, ainda estava sóbria, mas já podia sentir o efeito do álcool.

Ainda longe de mim, quando me virei, avistei o mesmo homem o qual me "cumprimentou" na entrada da boate. Ele vinha vagarosamente na minha direção, deixando-me vê-lo. Eu ainda não queria nada com ele, nem com ninguém. Ainda.

Fui andando como quem não percebeu em direção ao outro lado da boate, onde ficavam alguns puffs e uns abajus coloridos_ a única luz do lugar. A música ainda estava alta e parte dela se tranformava em eco na minha cabeça. A outra era grito.

Tentando desviar dos grupinhos de conversa que ocupavam o meu caminho, cheguei à área dos puffs. Não tinha muita gente ali, afinal todos estavam dançando ou bebendo alguma coisa no balcão. Sentei-me num puff nos fundos do salão, com a intenção de ficar mais isolada possível.

De nada adiantou mudar de lugar, afinal, o homem ainda estava vindo em minha direção. Ele sorria discretamente, e trazia consigo uma bebida. Eu não sai de lá, sobretudo porque eu não me incomodaria caso ele quisesse falar comigo.

_Gatinha..._ ele se sentou no mesmo puff que eu, nos deixando ainda mais perto um do outro. Ele viu que eu não ia responder, então continuou._ Experimenta isso aqui.

Ele me ofereceu seu copo, mas eu o recusei.

_Ah, por que a gatinha não vai beber?

Eu fiquei em silêncio.

_Não vai falar comigo?

Continuei em silêncio.

_Bem, pra quê falar se tem coisa melhor pra fazer?

Ele me agarrou pelo cabelo e pressionou seu rosto contra o meu. Sua boca estava com gosto de álcool, e a bebida ainda mais forte do que a minha. Eu me afastei dele por impulso, mesmo sem ter quisto.

_Qual é o seu nome?

_Ah, então a gatinha fala. Afonso. E o seu?

_Magda.

_Magda, Magda. Bonito nome, Magda.

Estávamos falando demais, além do que eu queria. Saí do puff e fui em direção à pista principal de dança, não num intuito de me afastar dele, mas de parar de ouvi-lo falando. Ele, indeciso, foi atrás de mim. Comecei a dançar a música que estava tocando, e ele, sem perder a chance, foi dançar junto de mim. Fiquei ali, curtindo o álcool, sem me importar com o que ele poderia estar pensando de mim, ou querendo de mim. Eu não tinha um motivo pra ficar longe dele, mesmo não o conhecendo. Não havia nada de pior do que perder Miguel.

Começou outra música, e ele me empurrou pra parede.

_Você não quer dançar de verdade, quer?

E chegou mais perto de mim, querendo me beijar. Mas eu o interrompi, dizendo:

_Você conhece algum lugar mais silencioso?


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Notas finais do capítulo

Reviews? Críticas, plis!