Dezoito

Depois da visita inesperada de Nicolas e os clipes anos 80 até o meu apartamento, não nos restava outra coisa além de almoçar. Voltamos para a casa do Miguel.

_Nossa, dá pra sentir o cheiro da comida daqui!_ estávamos do lado de fora da casa.

_Bem, e deve dar pra você ouvir o meu estômago roncando, também!

Entramos e quando chegamos à cozinha, logo vimos uma mesa de almoço perfeita, como de novela. A Fatinha fazia uma comida maravilhosa.

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Miguel ligava a chave no carro quando ele me perguntou:

_Vem comigo?

_Pra onde?

_Confia em mim. Vem comigo, ou não?

_Claro.

Entrei dentro do carro sem a menor dúvida de que iríamos para algum lugar legal.

Miguel deve ter dirigido quase uma hora. Chegamos... na verdade, não chegamos a lugar nenhum. Era uma montanha enorme, com um pôr do sol lindo.

_Nossa, que lindo, Miguel...

_Você gostou?

_Amei! Quando você descobriu esse lugar?

_Bem... não queria falar sobre isso agora.

Eu o olhei, e ele me olhava de volta de uma forma “não insista, por favor”.

_Ok..._ achei estranho.

Ele pegou uma toalha, daquelas de piquenique, e forrou na grama baixa da montanha. E ficamos ali, sentados, vendo os sol se pôr, um agarrado no outro, até a noite chegar.

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Estávamos voltando para casa quando o meu celular toca. É a Talita, desesperada, procurando Nicolas, chorando.

_Magda, você sabe onde ele está? Estou aqui na casa dele, ele não tá aqui. O celular dele também não, ele não me atende. Magda, estou preocupada!

_Calma, Talita, eu vou ver se consigo ir aí, agora._ Miguel olha pra mim, em dúvida_ Eu vou tentar ligar pra ele, beijo.

_O que a Talita quer dessa vez?

_O Nicolas sumiu.

_Como assim?

_Sumiu, de sumir. Ela está na casa dele, desesperada.

_Vamos lá, então. Mas ela não estava separada do Nicolas?!

Aí que está. Por que ela estava tão preocupada assim? E como ela sabe que ele está desaparecido? Pode ser que ele esteja fora de casa, na casa de outra pessoa, e não queira atender ela. E por que chorar?!

_Pois é... vou tentar ligar pra ele.

Miguel me olhou meio ciumento, sério, mas quieto. Olhou pro trânsito, e fomos pra casa dele.

_Oi, Talita.

Ela veio me abraçando, chorando feio, mesmo, como se estivesse morrendo. Eu devo ter chorando assim quando Nicolas foi atropelado...

_Magda, ele não está em lugar nenhum, já liguei pra um montão de amigos dele, ele não está na casa de ninguém. Sorte minha que ele ainda não tinha ido na minha casa pegar a chave da casa dele...

_Vocês estão separados, certo?

_Sim.

Bom, pelo menos duas coisas eram certas: eles não estavam mais juntos, e ela não estava brigada comigo.

Eu tentei ligar pra ele novamente. Miguel calado.

_Ele não atende... mas é porque o celular dele está fora de área. Calma, Talita, às vezes ele...

_Calma? Eu estou tentando ligar pra ele desde hoje de manhã. Ainda estou brigada com ele, mas eu queria devolver umas coisas dele que estão comigo. Liguei um milhão de vezes, Magda. E agora são, sei lá...

_Seis e meia._ Miguel completou.

_...seis e meia e ele ainda não apareceu!_ chorou mais ainda.

Pedir calma pra Talita é a mesma coisa que o Miguel desculpar o Nicolas: podia até falar, mas não era de verdade. Ela podia até concordar em ficar calma, mas chorava mais ainda. Eu olhei pro Miguel, pensando no que podíamos fazer. Ele deu de ombros, e não queria ajudar, também.

_É... Talita. Você não acha melhor a gente ir pra casa, e esperar notícias? Qualquer coisa, amanhã, a gente vai na polícia...

_Tá, Magda. Se você e seu namoradinho não querem me ajudar, tudo bem.

Eu e Miguel nos entreolhamos, e simplesmente ignoramos o que ela disse. Ela foi pra casa antes da gente, como se fosse uma viúva triste e sem consolo.

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Miguel e eu, já sem Fatinha por perto, entramos pro quarto dele.

_O que será que aconteceu com o Nicolas?

_Ah, Magda, esquece isso.

Ele não tinha argumento, mas eu também não tinha por quê não concordar com ele.

Ele se deitou na cama, e eu deitei junto dele. Nos beijamos. Fomos trocar de roupa_ colocar pijama/ blusa e cueca. Só que fomos trocar de roupa juntos. Voltamos pra cama dele, e eu o beijei novamente. Estávamos indo bem... até que o meu celular toca. Era Nicolas.