Simples E Invisível escrita por Miyuki Hime


Capítulo 1
Capítulo 1




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Mais uma vez estava eu parada olhando para ele pela ampla janela, eu como sempre tentava disfarçar sempre que ele lançava olhares para o alto mesmo sabendo que não teria como ele perceber quem o olhava pela altura em que eu me encontrava, eu estava no quinto andar e ele no primeiro junto com um monte de garotos que passavam a bola um para o outro ao jogar futebol na educação física. Eu particularmente só comecei a gostar das aulas de informática porque era como uma hora livre em que eu podia olhar para ele sem que ele percebesse, o resto da turma nem ligava para mim, eu era conhecida como a garota invisível, ou aquela menina cujo ninguém sabe o nome, ou simplesmente como garota, em parte eu não os culpava, meu nome era realmente difícil e original demais para ser gravado facilmente, afinal o que pensa uma mãe quando coloca o nome de sua filha de Hallery Breonna. Embora eu gostasse do meu nome porque isso me diferencia das pessoas comuns, não que eu fosse muito normal afinal uma colegial de 15 anos que nunca tinha namorado ou beijado ninguém, tropeçava em tudo quando é coisa e que parecia meramente retardada além de não ter uma vida social era uma coisa realmente incomum pelo menos no meu ponto de vista dos tempos de hoje. De repente fui tirada de meus devaneios pelo sinal que bateu alto demais fazendo com que eu me assustasse e desse um pulo da cadeira que por sorte ninguém reparou já que eu ficava no lugar mais fundo da sala. O resto do dia foi como sempre, entediante e incrivelmente longo ate que chegou a aula de geografia com a Adriana.

— Para a prova desse mês vocês terão que fazer um trabalho em dupla, só dupla, não pode trabalho individual, não mais que duas pessoas ou menos que duas pessoas entenderam? – Disse a professora antes de escrever no quadro os nomes dos países que estariam no trabalho. – Quem escolhera os pares serei eu, e já vou avisando que não deixarei amigos fazerem o trabalho juntos e muito menos deixar menino com menina.

Todos na sala ficaram inquietos depois que ela disse isso inclusive eu, arrisco dizer que eu fui a que ficou pior, eu não era boa em fazer amizades, ou conversar com alguém por mais de uma hora com o assunto ainda interessante para ambos. Eu não ficava sempre sozinha por algum tipo de bullying, no fundo eu sabia que era culpa minha por ser tímida de mais ou covarde demais para conseguir fazer algum pregresso nessa área da amizade.

Adriana pegou seu diário analisando cada um dos nomes que continha naquilo. Cada vez que ela anunciava os nomes da dupla ouvia se um ruído em protesto ou se via uns olhares irritados em sua direção. A cada segundo que se passava eu ficava mais e mais nervosa, existiam só poucas opções agora e em sua maioria não era promissora ate que ela falou o nome que imediatamente me fez corar, suar, pensar em mil coisas e ao mesmo tempo não pensar em nada, tudo ocorreu em um único segundo após ela dizer:

— Thiago e Hallery.

Era ele, simplesmente ele, o menino de lindos olhos verdes mar, cabelos negros, com uma pele incrivelmente branca, um sorriso encantador tanto quando sua personalidade, o menino que entrava em meus sonhos quase todas as noites e pelo qual eu me esquecia de respirar só por lembra de seu tão magnífico rosto, não arrisquei nem um olhar rápido para trás, o que deve tê-lo deixado confuso já que não reconheceria qual pessoa que tinha se tornado sua parceira.

Ao fim da aula fui a primeira a pegar a mochila e disparar para a porta tomando o cuidado para não tropeçar ou esbarrar em nada pelo caminho, foi fácil me entrelaçar no mar adolescente e chegar ate a entrada da escola onde percebi que estava chovendo. Ótimo. Agora eu ainda teria que pegar chuva ou esperar pacientemente ate ela acabar, é claro que optei por esperar, me sentei em umas das cadeiras disponíveis no lugar mais fundo que consegui para que pudesse ouvir minha musica sem barulho, coloquei os fones, encostei a cabeça na parede fria ao meu lado e me distrai reparando em cada detalhe da escola, suas paredes amarelas, o teto que ia ate determinado ponto e se abria para a paisagem monótona de casas e ruas pouco movimentadas, as duas arvores grandes que estavam dos dois lados da escola grande e espaçosa, o piso verde claro que dava uma aparência colorida ao ambiente.

Passou-se mais ou menos uma hora e a chuva só aumentava, já estava começando a acreditar que teria que ir assim mesmo. Os adolescentes em sua maioria já tinha ido embora só sobravam eu, uma menina ruiva que conversava com mais quatro amigas, um menino que falava ao celular sozinho, e Thiago que conversava com dois amigos.

Depois de um longo tempo eu já estava quase dormindo quando ouvi uma voz familiar:

— Você que é a Hallery, né?

Rapidamente abri meus olhos me deparando com um lindo corpo a minha frente. Seus olhos que agora pareciam azuis estavam parados em meu rosto esperando por uma resposta que não saia, levei uns 12 segundos para reorganizar meus pensamentos e responder.

— S-sim, s-sou eu. – Me odiei por gaguejar e mais uma vez parecer uma idiota na frente de alguém importante.

— Eu sou o Thiago, sou seu parceiro no trabalho de geografia. – Apresentou-se ele esticando a mão para que eu apertasse.

— Há... Oi. – Como se eu não soubesse quem ele era pensei enquanto apertava a sua mão.

— Bem, pegamos a Espanha, como você gostaria de fazer o trabalho? – Disse ele enquanto sentava ao meu lado, o que me fez corar e suar frio.

— E-eu n-não sei, c-como você quer fazer? – Eu disse na tentativa de que ele falasse para que eu não precisasse falar e pagar de idiota novamente.

— Ah, acho que podíamos fazer um cartaz com imagens e... Bem, eu não sou bom nessas coisas. – Ele colocou o braço atrás da cabeça ao dizer isso.

— Eu também não na verdade. – Eu estava ficando um pouco mais calma, o que era ótimo, apesar de nunca olhar diretamente para os olhos dele.

— Então... Você acha melhor fazer o trabalho aonde?

— Não sei o-onde você quer fazer? – Ótimo a gagueira atacava novamente.

— Pensei na escola, mas como pode ser difícil pra mim porque eu vou de van, acho melhor na minha casa ou na sua se não tiver problema, claro.

Se ele ia de van – o que eu já sabia - porque estava há essa hora ainda na escola?

— P-pode ser na minha casa, j-já que eu não moro muito longe daqui. – Na verdade eu só não queria ir para a casa dele, se fosse à minha eu ficaria bem menos nervosa... Ou não.

— Tudo bem então... Você pode me dar o número do seu celular... Sabe, assim fica mais fácil de falar com você quando precisar.

— Tudo bem. M-me da o seu também então.

— Ok.

O resto da conversa foi sobre o que deveríamos fazer e usar no trabalho, na verdade a maioria das coisas era ele que falava e eu só concordava, nada de interessante. Quando não tinha sobre o que falar, ficamos em silêncio o que era constrangedor porem melhor do que falar e eu começar a gaguejar olhando sempre para frente ou para o chão.

Depois de mais ou menos uns 20 minutos assim já não tinha mais ninguém ali e eu me perguntava quando que ele iria embora, será que estava esperando alguém? Era o mais provável já que ele ia de van.

A chuva começou a ficar mais fraca até que ficou só no chuvisco, usei a oportunidade para escapar.

— Bem, já vou indo então.

— Ok. Tchau.

— Tchau.





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